TEMA DE REDAÇÃO – UNIFESP
2010
Leia os textos seguintes e reflita sobre as questões por eles propostas.
Texto
1
(www.raulmarinhog.files.wordpress.com/2009/03/novela1.jpg
Adaptado.)
Texto
2
Considerar a telenovela um produto
cultural alienante é um tremendo preconceito da universidade. Quem acha que
novela aliena está na verdade chamando o povo de débil mental. Bobagem imaginar
que alguém é induzido a pensar que a vida é um mar de rosas só por causa de um
enredo açucarado. A telenovela brasileira é um produto cultural de alta
qualidade técnica, e algumas delas são verdadeiras obras de arte.
Ela é educativa no sentido de levantar
certas discussões para um público relativamente pouco informado. Na década de
70, os autores faziam isso de maneira mais sutil. Nos dias atuais, sem a
censura, as discussões podem ser mais abertas.
O problema não está no que a novela
transmite, mas na maneira como o assunto é debatido. O que precisa mudar com a
máxima urgência é essa situação em que os educadores ignoram a existência da
novela. As novelas estão aí, fazem um sucesso danado e mexem com a cabeça da
moçada. Eu diria até que alienam menos que os telejornais.
Como a novela é considerada um
subproduto, as pessoas preferem dizer que foram a um concerto de música
clássica a dizer que ficaram em casa vendo novela, como na verdade gostariam. A
pessoa pode até ter dormido durante o concerto, mas acha que é mais chique. Uma
bobagem, porque a telenovela é o grande produto cultural brasileiro, maior que
a literatura e a música.
(Trechos
adaptados da entrevista da professora Maria Aparecida Baccega, da USP, à
revista Veja, em 24.01.1996.)
Texto
3
Não vejo novelas. A última que me
prendeu ao sofá foi escrita pelo Dias Gomes, que era um craque. Hoje, 15
segundos de novela bastam para me matar de tédio. Os mesmos personagens, o
mesmo enredo, as mesmas caretas, as mesmas frases idiotas, as mesmas cenas
toscas, a mesma história chata.
As novelas são ridículas. Há um
provérbio – que dizem ser francês – que assegura que “o ridículo mata”.
(Roberto
Gomes. Gazeta do Povo, 16.08.2009.)
Texto
4
A dramatização e a representação da vida
conquistaram – não por acaso – o privilégio do melhor horário noturno, pois
mexem com mecanismos mentais muito fortes e decisivos. A telenovela não é uma
imposição forçada nem um mecanismo de fuga. Não se confunde com o sono, com o
uso da droga ou do álcool nem tenta escapar das obrigações sociais; ao
contrário, o grande público busca, pela telenovela, entrar inteiramente no
social, no conhecimento e no domínio das regras da sociedade.
J.S.R. Goodlad, autor dessa tese, afirma
que o motivo de se assistir às telenovelas é que por meio delas as pessoas
podem ordenar e organizar sua vivência social segundo o que é permitido na
sociedade, ou seja, de acordo com o “comportamento social adequado”.
Se o drama, segundo ele, assumiu
anteriormente a função social através dos mitos, dos contos populares e dos
rituais, é a telenovela que hoje atua como método de controle social.
Diante de uma vida problemática e sem
esperanças, da necessidade de ganhar dinheiro, de ter uma casa ou um negócio
próprio, de encontrar um companheiro, diante das exigências do trabalho, das
contas a pagar e dos compromissos, a esfera emotiva das pessoas retrai-se. A
vida que a televisão mostra é então, para o homem e para a mulher, uma
verdadeira troca, com vantagens, de sua vida real. (...) Ela é o alimento
espiritual desse corpo cansado, sugado e exaurido pelo trabalho industrial na
linha de montagem, pelo trabalho burocrático no banco ou na repartição, pelo
trabalho enfadonho dos escritórios e das lojas.
(Ciro
Marcondes Filho, Televisão: a vida pelo vídeo.)
Com
base nas informações e reflexões apresentadas nos textos de apoio e em seus
próprios conhecimentos, elabore uma dissertação argumentativa, em prosa e em
norma padrão, sobre o seguinte tema:
A
telenovela brasileira: conscientização ou alienação?
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