Tema de Redação – FGV – 2011 – Economia – 2º fase
REDAÇÃO
Instrução:
Leia os textos e reflita sobre as questões por eles suscitadas.
Texto
1
Neste cenário de extrema mobilidade das
configurações familiares, novas formas de convívio vêm sendo improvisadas em torno
da necessidade – que não se alterou – de criar os filhos, frutos de uniões
amorosas temporárias, não importa que se trate de uma mãe solteira com seu único
filho ou de uma família resultante de três uniões desfeitas e refeitas, com
meia dúzia de filhos vindos de uniões anteriores de ambos os cônjuges, ou ainda
de um par homossexual que conseguiu adotar legalmente uma criança. Seja como
for, cabem aos adultos que assumiram o encargo das crianças o risco e a
responsabilidade de educá-las.
Deste lugar mal sustentado, é possível
também que os adultos não compreendam no que consiste sua única e radical
diferença em relação às crianças e adolescentes, que é a única ancoragem
possível da autoridade parental no contexto contemporâneo. Esta é, exatamente,
a diferença dos lugares geracionais. É porque os pais ocupam, desde o lugar da
geração adulta, as funções de pai e mãe (seja qual for o grau de parentesco que
mantenham com as crianças que lhes cabe educar) que eles estão socialmente autorizados
a mandar nessas crianças.
Educar, no contexto contemporâneo, é
assumir riscos ante a geração seguinte. É claro que, na adolescência dos
filhos, os riscos assumidos pelos pais serão cobrados – mais uma vez, nem
sempre de forma justa. Mas é possível responder à cobrança adolescente a partir
do lugar da responsabilidade: “eu assumi o encargo de cuidar de você e te
educar; prefiro correr o risco de errar do que te abandonar”. Este enunciado
fundamenta-se no desejo de paternidade ou de maternidade. No limite, o adulto está
dizendo: “eu assumo educar você porque eu quis ser seu pai (ou mãe, etc.)”.
Fora isso, sabemos que todos os “papéis”
dos agentes familiares são substituíveis – por isso é que os chamamos de
papéis. O que é insubstituível é um olhar de adulto sobre a criança, a um só
tempo amoroso e responsável, desejante de que esta criança exista e seja feliz
na medida do possível – mas não a qualquer preço. Insubstituível é o desejo do
adulto que confere um lugar a este pequeno ser, concomitante com a
responsabilidade que impõe os limites deste lugar. Isto é que é necessário para
que a família contemporânea, com todos os seus tentáculos esquisitos, possa
transmitir parâmetros éticos para as novas gerações.
(www.mariaritakehl.psc.br/agenda.php.
Adaptado.)
Texto
2
De posse de currículo envernizado por
carimbos de boas universidades e em meio a uma carreira que, não raro, segue
trajetória ascendente, um grupo de mulheres brasileiras tem chamado atenção por
uma recente e radical mudança de comportamento.
Na
contramão de suas antecessoras, que lutaram por décadas para fincar espaço num
universo eminentemente masculino, elas estão hoje abdicando do trabalho para
cuidar única e exclusivamente dos filhos – opção não livre de conflitos, mas
que boa parte delas
descreve como “libertadora”.
(Veja,
14.07.2010.)
A
partir do conteúdo dos textos reproduzidos e obedecendo às regras da
norma-padrão da língua portuguesa, escreva uma redação de gênero disssertativo sobre
o tema:
Os
desafios da educação dos filhos diante do quadro social contemporâneo
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