Tema de Redação – FGV
– 2017 – 1º semestre – ADMINISTRAÇÃO
Ser jovem hoje é pior do que antes, e
pode piorar
Se formos considerar alguns dos principais
desafios atuais —entre os quais a mudança do clima, a dívida pública e o
mercado de trabalho—, uma conclusão óbvia emergirá: ser jovem hoje é
relativamente pior do que era há um quarto de século. No entanto, na maioria
dos países, a dimensão geracional é notável pela ausência, no debate político.
1- Vamos começar pela mudança no clima.
Contê-la requer mudança de hábitos e investimento em redução de emissões para
que as futuras gerações tenham um planeta habitável. O alarme foi acionado pela
primeira vez em 1992, na Conferência Eco 92, no Rio de Janeiro, mas ao longo
dos últimos 25 anos pouco foi feito para conter as emissões.
Dada a imensa inércia inerente ao efeito
estufa, a distância entre comportamento responsável e irresponsável começará a
resultar em diferença nas temperaturas dentro de apenas um quarto de século, e
consequências graves surgirão dentro de apenas 50 anos. Qualquer pessoa que
tenha mais de 60 anos hoje mal perceberá a diferença entre os dois cenários.
Mas o destino da maioria dos cidadãos que hoje tenham menos de 30 anos será
afetado de maneira fundamental. Com o tempo, o prazo adicional para ação obtido
pelas gerações mais velhas terá de ser pago pelas mais novas.
2- Considere a dívida, a seguir. Desde 1990, a
dívida pública cresceu em cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) na União
Europeia e nos Estados Unidos (e muito mais no Japão). Dadas as taxas de juro
quase zero, o arrasto que isso acarreta para as rendas é quase zero, por
enquanto; mas, porque a inflação virtualmente inexiste e o crescimento é
anêmico, houve uma estabilização no endividamento. Com isso, a redução de dívidas
demorará mais do que se imaginava depois da crise financeira mundial, o que
privará as gerações futuras do espaço fiscal de que necessitariam para investir
em ações quanto ao clima ou na contenção de ameaças à segurança.
Os futuros aposentados representam outra forma
de dívida. Os sistemas de repartição em vigor em muitos países são gigantescos
esquemas de transferência intergeracional. É fato que todos contribuem enquanto
estão trabalhando, e todos se tornam beneficiários na aposentadoria.
Mas a geração baby boom (as pessoas nascidas
da metade dos anos 40 à metade dos anos 60) contribuiu pouco para o sistema de
aposentadorias em regime de repartição, porque o crescimento econômico, o
tamanho da população e a baixa expectativa de vida de seus pais tornavam fácil
financiar as aposentadorias. Tudo isso agora se inverteu: o crescimento se
desacelerou, a geração baby boom forma uma anomalia demográfica que pesa sobre
seus filhos, e a expectativa é de que suas vidas sejam longas.
Os países nos quais reformas foram
introduzidas cedo nos sistemas de aposentadoria conseguiram limitar o fardo que
recai sobre os jovens e manter um equilíbrio razoavelmente justo entre as
gerações. Mas os países nos quais as reformas foram postergadas permitiram que
esse equilíbrio coloque os jovens em posição desvantajosa.
3- Por fim, considere o mercado de trabalho.
Ao longo dos dez últimos anos, as condições pioraram consideravelmente para os
novos ingressantes, em muitos países. O número de jovens classificados como
“nem empregados e nem estudando ou em treinamento” é de 10,2 milhões nos
Estados Unidos e de 14 milhões na União Europeia. Além disso, muitas das
pessoas que ingressaram recentemente no mercado de trabalho vêm sofrendo de
baixa segurança no emprego e de períodos repetidos de desemprego. Na Europa
continental, especialmente, os trabalhadores jovens são os primeiros a sofrer
durante as desacelerações econômicas.
Quanto a todas essas questões, - clima,
dívida, aposentadorias e emprego -, as gerações mais jovens se saíram relativamente
pior do que as mais velhas, nos desdobramentos dos últimos 25 anos. Um símbolo
revelador é que muitas vezes a pobreza é maior entre os jovens do que entre os
idosos.
Isso tudo deveria ser uma questão política
importante, com implicações significativas para as finanças públicas, proteção
social, política tributária e regulamentação do mercado de trabalho. Mas o novo
conflito de gerações teve pouco efeito político direto. Mal é mencionado no
debate eleitoral e em geral não resultou no surgimento de novos partidos ou
movimentos.
Jean
Pisani-Ferry, professor da Escola Hertie de Administração Pública, em Berlim, é
comissário geral da France-Stratégie, instituição de consultoria política em
Paris. Folha de S. Paulo, 06/02/2016. Adaptado.
No texto acima reproduzido, um estudioso da
Administração Pública examina as perspectivas futuras dos jovens de hoje sob
três aspectos fundamentais — a mudança climática, a dívida pública e o mercado
de trabalho — para concluir que eles se encontram em situação pior que a dos
jovens de gerações anteriores.
Tendo em conta as ideias apresentadas nesse
texto e valendo-se de outras informações que você julgue relevantes, redija uma
dissertação em prosa, argumentando de modo a expor seu ponto de vista sobre o
tema A atual geração de jovens brasileiros e o
futuro: expectativas e possibilidades.
Instruções:
• A redação
deverá seguir as normas da língua escrita culta.
• O texto da
redação deverá ter, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas escritas. Redações
fora desses limites não serão corrigidas e receberão nota zero.
• A redação terá
nota zero, caso haja fuga total ao tema ou à estrutura definidos na proposta
apresentada.
• Transcreva o
rascunho da redação para a folha definitiva. O que estiver escrito na folha de
rascunho não será considerado para a correção.
• A redação
deverá ser redigida com letra legível e, obrigatoriamente, com caneta de tinta
azul ou preta. Redações que não seguirem essas instruções não serão corrigidas,
recebendo, portanto, nota zero.
• É recomendável
dar um título a sua redação.
Conheça as apostilas de gramática do blog Veredas da Língua. Clique em uma das imagens abaixo e saiba como adquiri-las.
ATENÇÃO: Além das apostilas, o aluno recebe também, GRATUITAMENTE, o programa em Powerpoint: 500 TEMAS DE REDAÇÃO
|
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário