Prova
de língua portuguesa - UNIFESP 2010
Tio
Meu
tio está velho
e
não entende
o
que se fala
(ouve
menos)
mas
está aqui,
ali,
sentadinho,
sem
camisa,
magro,
os
pelos do peito
esbranquiçados.
O
meu velho tio olha ao redor,
às
vezes trocamos ideias
(tentamos).
É
correto afirmar que o eu lírico
(A)
apresenta o tio como um peso à rotina familiar, o que se pode comprovar com os
versos Meu tio está velho / e não entende o que se fala / (ouve menos).
(B)
se reporta à fragilidade do tio e demonstra afeição por ele, o que se comprova
com os versos mas está aqui, / ali, sentadinho.
(C)
se distanciou deliberadamente do tio, o que se comprova com os versos às vezes
trocamos ideias / (tentamos).
(D)
tem o tio como uma pessoa atenciosa e cautelosa, o que pode ser comprovado com
o verso O meu velho tio olha ao redor.
(E)
sente que o tio tem pouco interesse pelas pessoas, o que se comprova com os
versos e não entende / o que se fala.
02.
Considere a charge e as afirmações.
I.
O advérbio já, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança.
II.
Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar
inédito no país.
III.
Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco
sugere o aumento de idosos no país.
Está
correto o que se afirma em
(A)
I apenas. (B) II apenas. (C) I e II apenas. (D) II e III apenas. (E) I, II e
III.
Instrução:
Leia o texto, para responder às questões de números 03 a 06.
É
fácil errar quando uma empresa ou seus dirigentes não têm clareza sobre o que
de fato significam as bonitas palavras que estão em suas missões e valores ou
em seus relatórios e peças de marketing. Infelizmente, não passa um dia sem
vermos claros sintomas
de confusão. O que dizer de uma empresa que mal começou a praticar coleta
seletiva e já sai por aí se intitulando “sustentável”? Ou da que anuncia sua
“responsabilidade social” divulgando em caros anúncios os trocados que doou a
uma creche ou campanha de solidariedade? Na melhor das hipóteses, elas não
entenderam o significado desses conceitos. Ou, se formos um pouco mais
críticos, diremos tratar-se de oportunismo irresponsável, que não só prejudica
a imagem da empresa mas – principalmente – mina a credibilidade de algo muito
sério e importante. Banaliza conceitos vitais para a humanidade, reduzindo-os a
expressões efêmeras, vazias.
(Guia
Exame – Sustentabilidade, outubro de 2008.)
03.
O texto faz uma crítica ao
(A)
uso inexpressivo de expressões efêmeras e vazias, o que coíbe a prática do
oportunismo irresponsável.
(B)
trabalho social das empresas, que priorizam ações sociais sem utilizarem um
marketing adequado.
(C)
discurso irresponsável das empresas que, na verdade, destoa das práticas
daqueles que o proferem.
(D)
excesso de discursos sobre sustentabilidade e responsabilidade em empresas
engajadas em assuntos de natureza social.
(E)
uso indiscriminado do marketing na divulgação da responsabilidade social das
empresas.
04.
Considerando o ponto de vista do autor, a frase – O que dizer de uma empresa
que mal começou a praticar coleta seletiva e já sai por aí se intitulando
“sustentável”? – deixa evidente que uma empresa
(A)
pode prescindir do real sentido do termo “sustentável”.
(B)
já é sustentável, quando começa a fazer coleta seletiva.
(C)
deve fazer seu marketing desatrelado de sua prática.
(D)
deve consolidar suas práticas antes de defini-las.
(E)
começa mal, caso se dedique à coleta seletiva.
05.
No contexto, as palavras mina e efêmeras assumem, respectivamente, o sentido de
(A)
abala e passageiras. (B)
reduz e mensuráveis.
(C) altera e transitórias. (D) atenua e perenes. (E) reforça e duradouras.
(C) altera e transitórias. (D) atenua e perenes. (E) reforça e duradouras.
06.
Nas duas ocorrências, as aspas indicam que as expressões incorporadas ao texto
(A)
não pertencem ao autor. (B)
são coloquialismos.
(C)
estão livres de ambiguidade. (D)
não são de uso corrente. (E)
constituem neologismos.
07.
Considere o texto.
(A)
Cai a prática de sexo casual.
(B)
Mais idade, mais sexo consciente.
(C)
Mulheres se protegem mais no sexo.
(D)
Muito sexo, pouca proteção.
(E)
Sexo em tempos de internet.
Instrução:
As questões de números 08 a 12 baseiam-se no trecho de A Cidade e as Serras, de
Eça de Queirós.
Jacinto e eu, José Fernandes, ambos nos
encontramos e acamaradamos em Paris, nas escolas do Bairro Latino – para onde me
mandara meu bom tio Afonso Fernandes Lorena de Noronha e Sande, quando aqueles
malvados me riscaram da universidade por eu ter esborrachado, numa tarde de
procissão, na Sofia, a cara sórdida do Dr. Pais Pita.
Ora nesse tempo Jacinto concebera uma
ideia... Este príncipe concebera a idéia de que o homem só é “superiormente
feliz quando é superiormente civilizado”. E por homem civilizado o meu camarada
entendia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as noções
adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus
órgãos com todos os mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se
torna um magnífico Adão quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a
recolher dentro de uma sociedade e nos limites do progresso (tal como ele se comportava
em 1875) todos os gozos e todos os proventos que resultam de saber e de poder...
Pelo menos assim Jacinto formulava copiosamente a sua ideia, quando conversávamos
de fins e destinos humanos, sorvendo bocks poeirentos, sob o toldo das cervejarias
filosóficas, no Boulevard Saint-Michel.
Este conceito de Jacinto impressionara
os nossos camaradas de cenáculo, que tendo surgido para a vida intelectual, de
1866 a 1875, entre a Batalha de Sadowa e a Batalha de Sedan e ouvindo constantemente
desde então, aos técnicos e aos filósofos, que fora a espingarda de agulha que
vencera em Sadowa e fora o mestre-de-escola quem vencera em Sedan, estavam
largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivíduos, como a das
nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da mecânica
e
da erudição. Um desses moços mesmo, o nosso inventivo Jorge Calande, reduzira a
teoria de Jacinto, para lhe facilitar a circulação e lhe condensar o brilho, a
uma forma algébrica: suma ciência X = suma felicidade. suma potência
08.
Conforme o pensamento de Jacinto, que ganhou a forma algébrica desenvolvida por
Jorge Calande, a concepção de um homem superiormente feliz envolve
(A)
a dissimulação da força e da sabedoria.
(B)
a busca pela simplicidade.
(C)
o conhecimento e o progresso científico.
(D)
a dissociação entre progresso e filosofia.
(E)
o distanciamento dos preceitos filosóficos.
09.
Se a civilização era enaltecida por Jacinto, era de se esperar que, para ele, a
vida apartada do progresso
(A)
ficaria consideravelmente limitada, reduzindo-se a prática intelectual.
(B)
aguçaria a intelectualidade, ampliando a relação do homem com o saber.
(C)
daria espaço para o real sentido de viver e de tornar-se uma pessoa feliz.
(D)
equilibraria a relação do homem com o saber, permitindo-lhe ser pleno e feliz.
(E)
impediria a felicidade do homem, sem, contudo, influenciar a prática
intelectual.
10.
Considere as afirmações.
I.
O Realismo surge num momento de grande efervescência do cientificismo. No
texto, isso se comprova pelas referências à vida intelectual e ao
desenvolvimento da sociedade do século XIX.
II.
Um personagem como Fabiano, de Vidas Secas, conforme descrito no trecho –
Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como
vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na
presença dos brancos e julgava-se cabra. – seria infeliz na ótica de Jacinto,
apresentada no texto.
III.
Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar,
e lembrou-me escrever um livro. Jurisprudência, filosofia e política
acudiram-me, mas não me acudiram as forças necessárias. Essas palavras de Dom Casmurro,
na obra homônima de Machado de Assis, assinalam uma personagem preocupada com o
desenvolvimento da erudição, candidata à felicidade postulada por Jacinto.
Está
correto o que se afirma em
(A)
I apenas. (B) II apenas. (C) I e II apenas. (D) II e III apenas. (E) I, II e
III.
11.
Leia os versos de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.
Eia
comboios, eia pontes, eia hotéis à hora do jantar
Eia
aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos,
Instrumentos
de precisão, aparelhos de triturar, de cavar.
Engenhos,
brocas, máquinas rotativas!
Eia!
eia! eia!
A
leitura dos versos, comparativamente ao texto de Eça de Queirós, permite
afirmar que
(A)
traduzem a nova ordem social, rechaçando as modificações advindas do cientificismo,
atitude contrária à dos camaradas de Jacinto, que se deslumbravam com a
modernidade.
(B)
apresentam a modernidade numa ótica positivista, fundamentada na observação e
experimentação da realidade, o que contraria a visão romântica dos camaradas de
Jacinto.
(C)
expressam, com certa reserva, os adventos da nova ordem social e tecnológica,
ficando implícita a ideia dos camaradas de Jacinto, que eram pouco afeitos ao
cientificismo.
(D)
fazem uma apologia da modernidade, de forma semelhante ao entusiasmo dos
camaradas de Jacinto, deslumbrados com a nova ordem da vida urbana, social e
tecnológica.
(E)
trazem uma visão apaixonada da realidade, portanto, subjetiva e desprovida da
observação e experimentação, atitude comum também aos camaradas de Jacinto.
12.
O trecho a seguir é o início do penúltimo capítulo de A Cidade e as Serras.
E agora, entre roseiras que rebentam, e
vinhas que se vindimam, já cinco anos passaram sobre Tormes e a serra. O meu príncipe
já não é o último Jacinto, Jacinto ponto final – porque naquele solar que
decaíra, correm agora, com soberba vida, uma gorda e vermelha Teresinha, minha
afilhada, e um Jacintinho, senhor muito da minha amizade. E, pai de família,
principiara a fazer-se monótono, pela perfeição da beleza moral, aquele homem tão
pitoresco pela inquietação filosófica, e pelos variados tormentos da fantasia
insaciada. Quando ele agora, bom sabedor das coisas da lavoura, percorria
comigo a quinta, em sólidas palestras agrícolas, prudentes e sem quimeras – eu
quase lamentava esse outro Jacinto que colhia uma teoria em cada ramo de
árvore, e riscando o ar com a bengala, planeava queijeiras de cristal e
porcelana, para fabricar queijinhos que custariam mil réis cada um!
Pelas
considerações de Zé Fernandes apresentadas no trecho, é correto afirmar que Jacinto
(A)
assumiu um estilo de vida que diverge daquele concebido em Paris. Malgrado
algum senão de Zé Fernandes, o amigo via com bons olhos esse novo Jacinto.
(B)
formou uma família e se transformou, sem, contudo, abandonar seus preceitos
filosóficos tão bem estruturados em Paris, ainda na companhia de Zé Fernandes.
(C)
teve seu entusiasmo pela modernidade retirada pela família, razão pela qual
sofre, o que faz com que Zé Fernandes se lamente pela situação degradante do
antigo amigo.
(D)
resolveu dedicar-se à vida junto à natureza, o que, conforme deixa claro Zé
Fernandes, não entra em choque com os ideais intelectuais que os jovens
conceberam em Paris.
(E)
optou por formar uma família longe da cidade e da modernidade. Fica evidente
que Zé Fernandes condena com veemência essa opção, que afasta a ambos da intelectualidade.
13.
Leia a tira.
A
tira dialoga com um poema de Carlos Drummond de Andrade, no qual a imagem do
anjo torto está relacionada
(A)
à aceitação dos desígnios divinos como verdadeiramente legítimos e importantes
para a vida do poeta.
(B)
ao modo de o poeta ver e viver sua vida próximo ao senso comum, incorporando as
regras da sociedade.
(C)
a uma concepção de vida e, por extensão, de arte, que se pretende livre das
convenções sociais.
(D)
a uma visão crítica da arte que, a exemplo dos preceitos parnasianos, deve
buscar a excelência da forma.
(E)
a um estilo de arte que se pretende livre das convenções, quanto à forma, mas
que segue os temas tradicionais.
Instrução:
Leia o texto, para responder às questões de números 14 a 19.
Gripe:
sala de aula vazia, shopping cheio
Durante a epidemia de influenza (a
“gripe espanhola”) que grassou no país em 1918, as autoridades municipais de
Curitiba determinaram o fechamento de todas as casas de espetáculos e proibiram
aglomerações, inclusive o acompanhamento dos enterros e a frequência a templos
religiosos. Ante os parcos recursos e conhecimentos médico-científicos de
então, estima-se que a epidemia tenha matado cerca de 50 milhões de pessoas no
mundo.
Agora, no século 21, nossas autoridades
estão permitindo a desinformação e o caos. Enquanto diversas escolas adiaram o
início das aulas do segundo semestre ou as suspenderam, e a Secretaria de Saúde
do Estado de São Paulo determinou a volta às aulas apenas no dia 17 de agosto,
o secretário de Saúde do Paraná inicialmente criticou as instituições
curitibanas pela atitude “precipitada” – depois, acabou cedendo, embora argumentando
que os motivos não são técnicos, e que aderiu à medida apenas para tranquilizar
as famílias. Várias vozes qualificadas classificaram o adiamento como inútil e
inócuo.
Os especialistas divergem. Uns dizem que
a gripe A tem gravidade e letalidade parecidas com a da gripe sazonal e que
bastam as ações preventivas que estão sendo tomadas para conter riscos maiores.
Outros especialistas, por sua vez, afirmam que a situação é mais grave do que
se noticia e que deveriam ser tomadas medidas mais drásticas, justificando a
suspensão das aulas.
Quando nem as autoridades da saúde se
entendem, como o cidadão pode ter uma orientação segura? Se há uma pandemia,
trata-se de um problema de saúde pública – portanto, cabe ao Poder Público orientar
e inclusive baixar normas a respeito, determinando que atitudes devem ser
tomadas. Se não o faz, ou o faz de modo contraditório, continuamos nessa situação
absurda, com suspensão de algumas atividades e de outras não. A capa da Gazeta
do Povo de 30/07 é sintomática: ao mesmo tempo em que noticia em grande
manchete a suspensão de aulas, apresenta a chamada: “Férias e chuva lotam
shoppings de Curitiba”. O texto dessa chamada informa que “julho foi um mês de
ouro para os shoppings”, por causa das férias escolares e do clima frio e
chuvoso, capaz de encher lojas e cinemas. E o texto completa: “a previsão é de um
agosto ainda melhor”. Portanto, a suspensão das aulas provavelmente terá como
efeito a aglomeração de pessoas em outros ambientes, com riscos iguais ou
maiores que a frequência às aulas.
(Gazeta
do Povo, 01.08.2009. Adaptado.)
14.
De acordo com o texto, as autoridades, no que diz respeito às questões de saúde
pública em Curitiba,
(A)
têm uma visão muito mais clara do problema e das ações emergenciais a serem
tomadas, o que se deve à experiência vivida no passado com a gripe espanhola.
(B)
mostram-se pouco familiarizadas com esse tipo de problema, o que pode ser
comparado com a negligência vivenciada no passado, ao se tratar da gripe
espanhola.
(C)
têm sido alvo de críticas pelas informações contraditórias que veiculam na
mídia, mas agem acertadamente quando se trata das ações efetivas de combate à
gripe A.
(D)
apresentam muita dificuldade para lidar com o problema, uma vez que hoje, assim
como no passado, a escassez de recursos impede a tomada de ações eficazes.
(E)
atuaram de forma mais diligente no passado, havendo, no momento atual, atitudes
pouco consistentes face à gravidade do problema representado pela gripe A.
15.
O texto deixa claro que o cidadão de hoje
(A)
não é afetado pelas opiniões contraditórias dos especialistas.
(B)
consegue diferenciar a gripe comum da gripe A.
(C)
carece de informações mais claras e pontuais sobre a gripe A.
(D)
tem informações suficientes para resguardar-se das doenças.
(E)
age de forma precipitada por qualquer problema de saúde.
16.
O último parágrafo retoma a ideia contida no título do texto, mostrando
(A)
falta de bom senso das pessoas num momento de crise da saúde, pois gastam
inadvertidamente, sem poupar recursos para cuidados médicos.
(B)
contradição no comportamento das pessoas, pois os alunos não vão à escola, mas
acabam lotando os shoppings, onde se expõem à gripe da mesma forma.
(C)
falta de políticas públicas mais coercitivas, que deveriam proibir a exploração
comercial decorrente de um problema de saúde pública.
(D)
falta de bom senso da população, que não se mobiliza para exigir das
autoridades maior empenho e agilidade para eliminar os focos da gripe.
(E)
contradição nas decisões dos governos, que baixam normas para a população sem
levar em consideração os riscos a que se expõe a maioria das pessoas.
17.
No primeiro parágrafo do texto, a palavra então
(A)
indica a causa de uma informação.
(B)
expressa circunstância de modo.
(C)
tem valor conclusivo.
(D)
pode ser substituída por agora.
(E)
reporta ao sentido de época.
18.
No texto, a informação – ... nossas autoridades estão permitindo a
desinformação e o caos... – é exemplificada por
(A)
... as autoridades municipais de Curitiba determinaram o fechamento de todas as
casas de espetáculos e proibiram aglomerações...
(B)
... a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo determinou a volta às aulas
apenas no dia 17 de agosto...
(C)
Se há uma pandemia, trata-se de um problema de saúde pública – portanto, cabe
ao Poder Público orientar...
(D)
Se não o faz, ou o faz de modo contraditório, continuamos nessa situação
absurda, com suspensão de algumas atividades e de outras não.
(E)
O texto dessa chamada informa que “julho foi um mês de ouro para os shoppings”,
por causa das férias escolares e do clima frio e chuvoso, capaz de encher lojas
e cinemas.
19.
A frase que reproduz uma ideia do texto de maneira gramaticalmente correta é:
(A)
Em 1918, com a gripe espanhola, em Curitiba, ficou proibidas as aglomerações,
inclusive o acompanhamento dos enterros e a frequência a templos religiosos.
(B)
Estimam-se que cerca de 50 milhões de pessoas no mundo tenham sido vítima da
gripe espanhola no início do século.
(C)
Evidentemente cabem ao Poder Público a orientação e a publicação de normas,
determinando que atitudes devem ser tomadas.
(D)
Não seria de se espantar se muitos jornais trouxessem a seguinte manchete:
“Férias lota shoppings de Curitiba”.
(E)
Existe divergências entre os especialistas: uns dizem que a gripe A têm
gravidade e letalidade parecidas com a da gripe sazonal, outros afirmam que a
situação é mais grave.
20.
Leia o texto.
No
texto, há um erro que se corrige com a substituição de
(A)
voltam por volta.
(B)
voltam às aulas por voltam as aulas.
(C)
Com a decisão por Pela decisão.
(D)
às aulas de creches por as aulas de creches.
(E)
próxima semana por semana seguinte.
21.
Leia a tira.
(A)
de que ... a ... Por que ... Porque
(B)
que ... a ... Porque ... Porque
(C)
de que ... a ... Por quê ... Por que
(D)
que ... à ... Por que ... Por quê
(E)
de que ... à ... Por quê ... Porque
22.
Leia o texto de Gil Vicente.
DIABO
— Essa dama, é ela vossa?
FRADE
— Por minha a tenho eu
e sempre a tive de meu.
DIABO
— Fizeste bem, que é fermosa!
E não vos punham lá grosa
nesse convento santo?
FRADE
— E eles fazem outro tanto!
DIABO
— Que cousa tão preciosa!
No
trecho da peça de Gil Vicente, fica evidente uma
(A)
visão bastante crítica dos hábitos da sociedade da época. Está clara a censura
à hipocrisia do religioso, que se aparta daquilo que prega.
(B)
concepção de sociedade decadente, mas que ainda guarda alguns valores
essenciais, como é o caso da relação entre o frade e o catolicismo.
(C)
postura de repúdio à imoralidade da mulher que se põe a tentar o frade, que a
ridiculariza em função de sua fé católica inabalável.
(D)
visão moralista da sociedade. Para ele, os valores deveriam ser resgatados e a
presença do frade é um indicativo de apego à fé cristã.
(E)
crítica ao frade religioso que optou em vida por ter uma mulher, contrariando a
fé cristã, o que, como ele afirma, não acontecia com os outros frades do
convento.
Instrução:
As questões de números 23 a 26 baseiam-se na música da dupla sertaneja
Alvarenga e Ranchinho.
Trabalha,
trabalha, trabalha
Trabalha,
trabalha, trabalha
Só
no fim do mês recebe
Paga,
paga, paga, paga
Tudo
o que deve
No
domingo eu vou na missa,
Não
posso trabalhar
Segunda-feira
preguiça,
Preciso
descansar
Terça-feira
é dia santo,
Se
eu trabalho é pecado
Quarta-feira
eu tô doente,
Quinta-feira
é feriado
Não
trabalho na sexta, que é dia de azar
Sábado
é fim de semana
Tenho
que descansar.
23.
Os cinco versos iniciais da música mostram que o eu nela presente vê a relação
entre trabalhar e pagar como
(A)
equilibrada, ainda que se precise de muita dedicação ao trabalho para cumprir
os compromissos financeiros.
(B)
compatível com o esforço dedicado ao trabalho, o que o torna atraente em razão
das vantagens econômicas.
(C)
desigual, não se configurando o trabalho como atividade financeiramente vantajosa
nem prazerosa.
(D)
paradoxal, decorrente de uma remuneração alta em razão do trabalho realizado.
(E)
justa, já que se recebe por aquilo que é trabalhado e se paga pelo que é
consumido.
24.
Na música, para cada dia da semana há uma situação impeditiva ao trabalho.
Considerando
as frases
I.
O trabalho enobrece e dignifica o homem. (dito popular)
II.
Pra mim vai ser domingo todo dia, / pois é essa alegria de todo trabalhador. (Golden
Boys)
III.
Deus ajuda quem cedo madruga. (dito popular)
IV.
Todo mundo gosta de acarajé / O trabalho que dá pra fazer que é / Todo mundo
gosta de acarajé / Todo mundo gosta de abará / Ninguém quer saber o trabalho
que dá. (Dorival Caymmi)
é
correto afirmar que a relação do homem com o trabalho, conforme apresentada na
música de Alvarenga e Ranchinho, é incompatível apenas com o sentido expresso
por
(A)
I e II. (B)
II e III. (C)
I, II e III. (D)
I, III e IV. (E)
II, III e IV.
25.
Dizer “só no fim do mês recebe” é diferente de “no fim do mês recebe”, pois, no
primeiro caso, é flagrante a ideia de
(A)
intensidade. (B)
demora. (C)
tempo indefinido. (D)
rapidez. (E)
probabilidade.
26.
Considere o trecho da música:
Não
trabalho na sexta, que é dia de azar
Sábado
é fim de semana
Tenho
que descansar.
Sobre
a ocorrência da palavra que, é correto afirmar que ela
(A)
poderia ser substituída, no primeiro caso, por no qual, e por qual, no segundo.
(B)
tem valor de conclusão nos dois casos, podendo ser substituída por então.
(C)
poderia ser substituída por quando no primeiro caso e por logo que, no segundo.
(D)
tem valor causal no primeiro caso e equivale a no entanto, no segundo.
(E)
tem valor explicativo no primeiro caso e equivale à preposição de, no segundo.
Instrução:
Leia o texto de Flávio José Cardozo para responder às questões de números 27 e
28.
Manuel Bandeira, passeando pelo interior
de Pernambuco, pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho:
“Anacoluto, traz água pro moço, Anacoluto!” O menino obedeceu, Bandeira bebeu a
água e saiu dando pulo: não é todo dia que alguém tem a fortuna de dar com um
nome desses. Anacoluto é um senhor nome e descobri-lo é quase como descobrir a
América. Feliz Manuel Bandeira.
27.
Leia os textos.
I.
Mas esse astro que fulgente
Das
águias brilhara à frente,
Do
Capitólio baixou.
(Soares
de Passos)
II.
Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
(Mário
Quintana)
III.
No berço, pendente dos ramos floridos,
Em
que eu pequenino feliz dormitava:
Quem
é que esse berço com todo o cuidado
Cantando
cantigas alegre embalava?
(Casimiro
de Abreu)
Segundo
Celso Cunha & Lindley Cintra, o anacoluto é a mudança de construção
sintática no meio do enunciado, geralmente depois de uma pausa sensível, o que
faz uma expressão ficar desligada e solta no período. Com base nesses dados, o
nome do menino faz uma alusão a uma figura de sintaxe que está exemplificada
apenas em
(A)
I. (B)
II. (C)
III. (D)
I e II. (E)
I e III.
28.
Em discurso indireto, as informações iniciais do texto assumem a seguinte
redação:
(A)
Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho, cujo
nome era Anacoluto, que lhe trouxesse água.
(B)
Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho
Anacoluto que o traga água.
(C)
Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar Anacoluto para o filho
que me trouxesse água.
(D)
Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho traz
água a ele, Anacoluto.
(E)
Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho, que o
nome era Anacoluto, que traga-lhe água.
29.
Leia os versos de Fagundes Varela.
Roem-me
atrozes ideias,
A
febre me queima as veias,
A
vertigem me tortura!...
Oh!
por Deus! quero dormir,
Deixem-me
os braços abrir
Ao
sono da sepultura!
Despem-se
as matas frondosas,
Caem
as flores mimosas
Da
morte na palidez:
Tudo,
tudo vai passando,
Mas
eu pergunto chorando
—
Quando virá minha vez?
Os
versos filiam-se ao estilo
(A)
árcade, flagrado pela alusão à natureza como forma de fugir dos problemas.
(B)
ultrarromântico, influenciado pelo Mal do Século, e presentificam o pessimismo
e a morte.
(C)
condoreiro, distanciado da visão egocêntrica, pois estão voltados aos problemas
sociais.
(D)
parnasiano, cuja busca de perfeição formal é mais relevante que a expressão da
emoção.
(E)
simbolista, em que o pessimismo e a dor existencial levam o eu lírico à transcendência.
30.
Considere o trecho de O Cortiço, de Aluísio Azevedo.
Uma aluvião de cenas, que ela [Pombinha]
jamais tentara explicar e que até ali jaziam esquecidas nos meandros do seu passado,
apresentavam-se agora nítidas e transparentes. Compreendeu como era que certos
velhos respeitáveis, cuja fotografia Léonie lhe mostrou no dia que passaram
juntas, deixavam-se vilmente cavalgar pela loureira, cativos e submissos,
pagando a escravidão com a honra, os bens, e até com a própria vida, se a
prostituta, depois de os ter esgotado, fechava-lhes o corpo. E continuou a
sorrir, desvanecida na sua superioridade sobre esse outro sexo, vaidoso e
fanfarrão, que se julgava senhor e que, no entanto, fora posto no mundo simplesmente
para servir ao feminino; escravo ridículo que, para gozar um pouco, precisava
tirar da sua mesma ilusão a substância do seu gozo; ao passo que a mulher, a
senhora, a dona dele, ia tranquilamente desfrutando o seu império, endeusada e
querida, prodigalizando martírios, que os miseráveis aceitavam contritos, a
beijar os pés que os deprimiam e as implacáveis mãos que os estrangulavam.
— Ah! homens! homens! ... sussurrou ela
de envolta com um suspiro.
No
texto, os pensamentos da personagem
(A)
recuperam o princípio da prosa naturalista, que condena os assuntos repulsivos
e bestiais, sem amparo nas teorias científicas, ligados ao homem que põe em
primeiro plano
seus instintos animalescos.
(B)
elucidam o princípio do determinismo presente na prosa naturalista, revelando
os homens e as mulheres conscientes dos seus instintos em função do meio em que
vivem e, sobretudo, capazes de controlá-los.
(C)
trazem uma crítica aos aspectos animalescos próprios do homem, mas, por outro
lado, revelam uma forma de Pombinha submeter a muitos deles para obter
vantagens: eis aí um princípio do Realismo rechaçado no Naturalismo.
(D)
constroem uma visão de mundo e do homem idealizada, o que, em certa medida,
afronta o referencial em que se baseia a prosa naturalista, que define o homem
como fruto do meio, marcado pelo apelo dos seus sentidos.
(E)
consubstanciam a concepção naturalista de que o homem é um animal, preso aos
instintos e, no que dizem respeito à sexualidade, vê-se que Pombinha considera
a mulher
superior ao homem, e esse conhecimento é uma forma de se obterem vantagens.
GABARITO:
1 - B 2 - E 3 - C 4 - D 5 - A 6 - A
7 - D 8 - C 9 - A 10 - C 11 - D 12 - A 13 - C 14 - E
15 - C 16 - B 17 - E 18 - D 19 - C
20 - D 21 - A 22 - A 23 - C 24 - D 25 - B 26 - E
27 - C 28 - A 29 - B 30 - E 31 - D
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