Fatec
– Prova de Língua Portuguesa - 1º Semestre – 2013
Leia o texto para responder às questões de números 50 a 53.
O labirinto dos
manuais
Há alguns meses, troquei meu
celular. Um modelo lindo, pequeno, prático. Segundo a vendedora, era capaz de
tudo e mais um pouco. Fotografava, fazia vídeos, recebia e-mails e até servia
para telefonar. Abri o manual, entusiasmado. “Agora eu aprendo”, decidi,
folheando as 49 páginas. Já na primeira, tentei executar as funções. Duas horas
depois, eu estava prestes a roer o aparelho. O manual tentava prever todas as
possibilidades. Virou um labirinto de instruções!
Na semana seguinte, tentei baixar o
som da campainha. Só aumentava. Buscava o vibracall, não achava. Era só alguém
me chamar e todo mundo em torno saía correndo, pensando que era o alarme de
incêndio! Quem me salvou foi um motorista de táxi.
– Manual só confunde – disse
didaticamente. – Dá uma de curioso.
Insisti e finalmente descobri que
estava no vibracall há meses! O único problema é que agora não consigo botar a
campainha de volta!
Atualmente, estou de computador
novo. Fiz o que toda pessoa minuciosa faria. Comprei um livro. Na capa, a
promessa: “Rápido e fácil” – um guia prático, simples e colorido! Resolvi: “Vou
seguir cada instrução, página por página. Do que adianta ter um supercomputador
se não sei usá-lo?”. Quando cheguei à página 20, minha cabeça latejava. O livro
tem 342! Cada vez que olho, dá vontade de chorar! Não seria melhor gastar o
tempo relendo Guerra e Paz*?
Tudo foi criado para simplificar.
Mas até o micro-ondas ficou difícil. A não ser que eu queira fazer pipoca, que
possui sua tecla própria. Mas não posso me alimentar só de pipoca! Ainda se
emagrecesse... E o fax com secretária eletrônica? O anterior era simples. Eu
apertava um botão e apagava as mensagens. O atual exige que eu toque em um,
depois em outro para confirmar, e de novo no primeiro! Outro dia, a luzinha
estava piscando. Tentei ouvir a mensagem. A secretária disparou todas as
mensagens, desde o início do ano!
Eu sei que para a garotada que está
aí tudo parece muito simples. Mas o mundo é para todos, não é? Talvez alguém dê
aulas para entender manuais! Ou o jeito seria aprender só aquilo de que tenho
realmente necessidade, e não usar todas as funções. É o que a maioria das
pessoas acaba fazendo!
(Walcyr
Carrasco, Veja SP, 19.09.2007. Adaptado)
*Livro do escritor russo Liev Tolstói. Com mais de mil páginas e centenas de
personagens, é considerada uma das maiores obras da história da literatura.
Questão
50 - Pelos comentários
feitos pelo narrador, pode-se concluir corretamente que
(A) a leitura de
obras-primas da literatura é atividade mais produtiva do que utilizar celulares
e computadores.
(B) os manuais
cujas diversas instruções os usuários não conseguem compreender e pôr em
prática são improdutivos.
(C) a vendedora
foi convincente, pois o narrador comprou o celular, embora duvidasse das
qualidades prometidas pelo aparelho.
(D) o manual
sobre computadores, ao contrário de outros do gênero, cumpria a promessa
assumida nos dizeres impressos na capa.
(E) os jovens
deveriam ensinar computação aos mais velhos, pois, dessa forma, estes últimos
entenderiam as funções básicas do equipamento.
Questão
51 - Analise as
afirmações sobre trechos do texto e assinale a correta.
(A) Em – Há alguns
meses, troquei meu celular. –, o verbo haver indica tempo decorrido e
pode ser substituído, corretamente, por Fazem.
(B) Em –
Fotografava, fazia vídeos, recebia e-mails e até servia para telefonar.
–, o termo em destaque expressa a ideia de exclusão.
(C) Em – Virou
um labirinto de instruções! –, o termo em destaque foi empregado em
sentido figurado, indicando confusão, incompreensibilidade.
(D) Em – Fiz o
que toda pessoa minuciosa faria. –, o termo em destaque pode ser
substituído, corretamente e sem alteração do sentido do texto, por limitada.
(E) Em – Mas não
posso me alimentar só de pipoca! –, a conjunção em destaque expressa a ideia de
comparação.
Questão 52 - No trecho do 5o
parágrafo, observe que o cronista empregou um pronome para evitar a repetição
de palavras. Do que adianta
ter um supercomputador se não sei usá-lo? Tendo por
referência a gramática normativa, assinale a alternativa em que os pronomes
substituem, corretamente, as expressões em destaque no trecho: Tentei ouvir as
mensagens. A secretária eletrônica disparou todas as mensagens,
desde o início do ano!
(A) ouvi-las ...
disparou-as
(B) ouvi-las ...
disparou-lhes
(C) ouvir-las
... disparou-as
(D) ouvir-lhes
... disparou-as
(E)
ouvir-lhes ... disparou-lhes
Questão
53 - Entre as características
que definem uma crônica, estão presentes no texto de Walcyr Carrasco:
(A) a narração
em 3a pessoa e o uso expressivo da pontuação.
(B) a criação de
imagens hiperbólicas e o predomínio do discurso direto.
(C) o emprego de
linguagem acessível ao leitor e a abordagem de fatos do cotidiano.
(D) a existência
de trechos cômicos e a narrativa restrita ao passado do autor.
(E) a ausência
de reflexões de cunho pessoal e o emprego de linguagem em prosa poética.
Questão
54 - Muitos
escritores preocuparam-se em defender um ideário artístico que servisse de
orientação para outros companheiros. Podemos dizer, grosso modo, que
esses ideários assemelham-se a manuais.
Pensando nisso,
leia os versos a seguir, em que o autor defende a liberdade estética na criação
da poesia, e identifique o período literário a que esses versos pertencem.
(...)
Não acho mais
graça nenhuma nisso da gente
submeter
comoções a um leito de Procusto(1) para
que obtenham, em
ritmo convencional, número
convencional de
sílabas. Já, primeiro livro, usei
indiferentemente,
sem obrigação de retorno
periódico, os
diversos metros pares. Agora
liberto-me
também desse preconceito.
(...)
Marinetti(2) foi
grande quando redescobriu o
poder sugestivo,
associativo, simbólico,
universal,
musical da palavra em liberdade.
Aliás: velha
como Adão. Marinetti errou: fez
dela sistema. É
apenas auxiliar poderosíssimo.
Uso palavras em
liberdade. (...)
(1) Na mitologia
grega, Procusto era um bandido que tinha, em sua casa, uma cama (leito) de
ferro na qual convidava todos os viajantes a se deitarem. Se os hóspedes fossem
muito altos, ele amputava o excesso de comprimento do corpo desses viajantes
para ajustá-los à cama e, se tinham pequena estatura, eram esticados até
atingirem o comprimento determinado.
(2) Fillipo
Tommaso Marinetti
(A) Barroco. (B) Romantismo. (C)
Parnasianismo. (D) Realismo. (E)
Modernismo.
GABARITO:
50 - B 51 - C 52 - A 53 - C 54 - E
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