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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

UNESP 2010 – Meio do ano – 1º Fase – Prova de Língua Portuguesa

UNESP 2010 – Meio do ano – 1º Fase – Prova de Língua Portuguesa



Instrução: As questões de números 01 a 05 tomam por base o seguinte fragmento do livro Reflexões sobre a linguagem, de Noam Chomsky (1928-):

Por que estudar a linguagem? Há muitas respostas possíveis e, ao focalizar algumas delas, não pretendo, é claro, depreciar outras ou questionar sua legitimidade. Algumas pessoas, por exemplo, podem simplesmente achar os elementos da linguagem fascinantes em si mesmos e querer descobrir sua ordem e combinação, sua origem na história ou no indivíduo, ou os modos de sua utilização no pensamento, na ciência ou na arte, ou no intercurso social normal. Uma das razões para estudar a linguagem – e para mim, pessoalmente, a mais premente delas – é a possibilidade instigante de ver a linguagem como “um espelho do espírito”, como diz a expressão tradicional. Com isto não quero apenas dizer que os conceitos expressados e as distinções desenvolvidas no uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e o universo do “senso comum” construídos pela mente humana. Mais intrigante ainda, pelo menos para mim, é a possibilidade de descobrir, através do estudo da linguagem, princípios abstratos que governam sua estrutura e uso, princípios que são universais por necessidade biológica e não por simples acidente histórico, e que decorrem de características mentais da espécie. Uma língua humana é um sistema de notável complexidade. Chegar a conhecer uma língua humana seria um feito intelectual extraordinário para uma criatura não especificamente dotada para realizar esta tarefa. Uma criança normal adquire esse conhecimento expondo-se relativamente pouco e sem treinamento específico. Ela consegue, então, quase sem esforço, fazer uso de uma estrutura intrincada de regras específicas e princípios reguladores para transmitir seus pensamentos e sentimentos aos outros, provocando nestes ideias novas, percepções e juízos sutis.

(Noam Chomsky. Reflexões sobre a linguagem. Trad. Carlos Vogt. São Paulo: Editora Cultrix, 1980.)

Questão 01 - No início do fragmento, Chomsky afirma que há muitos motivos para estudar a linguagem e aponta alguns deles. Releia o fragmento e, a seguir, assinale a única alternativa que contém um objetivo de estudo da linguagem não mencionado pelo autor:

(A) verificar os modos de utilização dos elementos da linguagem no pensamento.
(B) descobrir os efeitos da utilização dos elementos da linguagem humana sobre os animais próximos ao homem.
(C) descobrir a ordem e combinação dos elementos da linguagem.
(D) identificar a origem dos elementos da linguagem na história.
(E) verificar os modos de utilização dos elementos da linguagem na ciência e na arte.

Questão 02 - Lendo atentamente o fragmento apresentado, percebemos que Chomsky considera que os princípios abstratos e universais que regem a linguagem decorrem de características mentais da espécie. Isso significa que considera a linguagem ligada

(A) ao plano da divindade.
(B) a acidentes históricos.
(C) a fenômenos aleatórios da natureza.
(D) ao plano biológico.
(E) à necessidade de sobrevivência.

Questão 03 - No terceiro período do texto, o autor emprega três vezes o possessivo “sua”. Considerando que os possessivos apresentam nos textos uma função anafórica, ou seja, fazem referência a um termo oracional anterior, aponte a alternativa que indica o núcleo desse termo:

(A) elementos.   (B) linguagem.   (C) pessoas.   (D) ordem.   (E) ciência.

Questão 04 - Chomsky usa para explicar seu ponto de vista uma expressão tradicional: a linguagem como “espelho do espírito”. O autor quer dizer, ao utilizar tal imagem,

(A) que a linguagem é o melhor meio de comunicação entre os homens.
(B) que o estudo da linguagem tem de se basear em fundamentos rigorosamente científicos.
(C) que descobrir como a linguagem funciona pode conduzir ao conhecimento de como o pensamento funciona.
(D) que a linguagem, como um espelho, pode revelar o espírito, mas não em sua totalidade.
(E) que o homem tem um modo de ser peculiaríssimo que não se revela pela linguagem.

Questão 05 - Aponte a alternativa que apresenta, respectivamente, a as acepções utilizadas pelo autor no emprego das palavras “depreciar” e “questionar” em: “Há muitas respostas possíveis e, ao focalizar algumas delas, não pretendo, é claro, depreciar outras ou questionar sua legitimidade.”

(A) desprezar – garantir.       (B) valorizar – desvalorizar.
(C) menosprezar – refutar.    (D) marginalizar – negar.        (E) desvalorizar – discutir.

Instrução: As questões de números 06 a 10 tomam por base uma passagem do livro Palhaços, do docente e pesquisador da UNESP Mario Fernando Bolognesi:

[...] O circo é a exposição do corpo humano em seus limites biológico e social. O espetáculo fundamenta-se na relação do homem com a natureza, expondo a dominação e a superação humanas. O adestramento de feras é demonstração do controle do homem sobre o mundo natural, confirmando, assim, a sua superioridade sobre as demais espécies animais. Acrobacias, malabarismos, equilibrismos e ilusionismos diversos deixam evidente a capacidade humana de superação de seus próprios limites. Mas, ao apresentar espetacularmente a superação, terminam por confirmar a contingência natural da existência, expressa na sublimidade do corpo altivo, distante do cotidiano.
Os riscos dos artistas circenses são reais, dentro do contexto espetaculoso de cada função. No espetáculo, os artistas não apresentam “interioridades”; eles são puro corpo exteriorizado, sublime ou grotesco, que se realiza e se extingue na dimensão mesma do seu gesto. Eles não são atores a interpretar um “outro”, uma realidade externa e distante. O espetáculo, assim, se aproxima de um ritual que se repete e que evidencia a possibilidade concreta de fracasso. A emoção da plateia então oscila entre uma possível frustração diante do malogro do acrobata e a sugestão de superação de limites presente cada número. Um trapezista pode cair, como acontece vez ou outra. Por isso o público não afasta o olhar das evoluções aéreas. Estabelece-se, assim, uma relação ritualística que encontra eco, em última instância, nas estruturas coletivas de sobrevivência e necessidade de transposição dos percalços do cotidiano. Se o artista falha, ele é aplaudido porque ao menos tentou. Ele ousou, e isso já é o bastante para impulsionar a fantasia coletiva da superação.
Os números cômicos, por sua vez, ao explorar os estereótipos e situações extremas, evidenciam os limites psicológicos e sociais do existir. Eles trabalham, no plano simbólico, com tipos que não deixam de ser máscaras sociais biologicamente determinadas (os palhaços são desajeitados, lerdos, fisicamente deformados, estúpidos etc.). Esses limites se revelam com o riso espontâneo que escancara as estreitas fronteiras do social. Quando os palhaços entram no picadeiro, o olhar espetaculoso se desloca objetivamente para a realidade diária da plateia.
[...]
[...] O movimento de superação da natureza e a possibilidade (quando não a capacidade) de subjugar as limitações biológicas e de criticar as máscaras sociais garantem a legitimidade do exercício do sonho. Está aberto, no espetáculo de circo, o terreno da utopia.

(Mario Fernando Bolognesi. Palhaços. São Paulo: Editora da Unesp, 2003.)

Questão 06 - Mas, ao apresentar espetacularmente a superação, terminam por confirmar a contingência natural da existência, expressa na sublimidade do corpo altivo, distante do cotidiano.
Examine as quatro afirmações seguintes:

I. Os feitos dos artistas circenses superam a limitação física do homem.
II. Os artistas do circo são homens comuns e fazem o mesmo que os homens comuns.
III. A superação das limitações físicas pelos artistas circenses acaba comprovando essas mesmas limitações nas pessoas comuns.
IV. O homem comum se sente humilhado ante os feitos espetaculares dos artistas circenses.

Marque a alternativa que aponta todas as afirmações coincidentes com a opinião manifestada pelo autor no trecho mencionado:

(A) I e II. (B) I e III. (C) I e IV. (D) I, II e IV. (E) II, III e IV.

Questão 07 - Aponte, entre as características abaixo, todas aquelas que, segundo a exposição do autor, diferenciam o artista circense do ator:

I. Os riscos são reais.                                                  II. O artista representa a si mesmo.
III. O artista se apresenta a um público específico.    IV. O artista não revela “interioridades”.

(A) I e II. (B) I e III. (C) I e IV. (D) I, II e IV. (E) II, III e IV

Questão 08 - Pelo que se depreende do posicionamento assumido pelo autor em todo o fragmento, o emprego da palavra utopia, no final,

(A) chama a atenção para o fato de que a superação dos limites físicos do homem pelos artistas circenses introduz o espectador no terreno do sonho e da fantasia.
(B) inspira as pessoas à prática do bem e de ações em prol da felicidade geral de todos em todas as partes.
(C) demonstra que todo espetáculo circense é fingido e que os limites físicos jamais são superados.
(D) leva a imaginar uma sociedade ideal, onde todas as pessoas tenham os mesmos direitos e as mesmas obrigações.
(E) revela que o espectador não é capaz de ver o circo como realmente é, mas tão somente como o quer imaginar.

Questão 09 - No segundo parágrafo do fragmento, foram utilizados pelo autor os termos:
I. Ritual. II. Fracasso. III. Malogro. IV. Fantasia.

Marque a alternativa que indica, entre os termos acima, todos aqueles que o autor associa à ideia de frustração da expectativa do público:

(A) I e II. (B) II e III. (C) II e IV. (D) I, III e IV. (E) II, III e IV.

Questão 10 - Está aberto, no espetáculo de circo, o terreno da utopia.
Na oração, “o terreno da utopia” exerce a função sintática de:

(A) objeto direto.                 (B) complemento nominal.   (C) sujeito. 
(D) predicativo do sujeito.   (E) predicativo do objeto.


Instrução: As questões de números 11 a 15 tomam por base o soneto Acrobata da dor, do poeta simbolista brasileiro Cruz e Sousa (1861-1898):

Acrobata da Dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
Salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta...

Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa,
nessas macabras piruetas d’aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.

(João da Cruz e Sousa. Obra completa. Rio de Janeiro: Editora Aguilar, 1961.)

Questão 11 - O soneto Acrobata da dor revela, entre outras, uma das características notáveis do estilo poético de Cruz e Sousa, que é a grande presença de adjetivos, colocados antes ou após os substantivos a que se referem. Observe estes cinco exemplos retirados do texto:

I. Riso absurdo. II. Gargalhada atroz. III. Agonia lenta. IV. Macabras piruetas. V. Tristíssimo palhaço.

Aponte os dois exemplos em que o adjetivo precede o substantivo:

(A) I e II. (B) II e III. (C) I e III. (D) II e IV. (E) IV e V

Questão 12 - Cruz e Sousa utiliza o verso tradicionalmente empregado no soneto, o decassílabo de origem italiana. Aponte a alternativa cujo verso apresenta o esquema acentual 1-4-6-10:

(A) Da gargalhada atroz, sanguinolenta.
(B) Agita os guizos, e convulsionado.
(C) Nessas macabras piruetas d’aço.
(D) Vamos! Retesa os músculos, retesa.
(E) De uma ironia e de uma dor violenta.

Questão 13 - No poema, os conceitos relacionados com a alegria e o riso, característicos da imagem dos palhaços, são aproximados de conceitos como dor, tristeza, agonia, sangue. Aponte a alternativa que melhor justifica essa aproximação de conceitos contraditórios:

(A) As imagens de “palhaço” e “coração” apontam a um mesmo significado, o próprio homem, apresentado como um ser cuja imagem de alegria apenas disfarça tristezas, dores, sofrimentos.
(B) O “palhaço” é comparado com o “acrobata” que caiu, donde a ocorrência de imagens relacionadas com sangue e dor.
(C) O poema de Cruz e Sousa constitui uma alegoria da vida circense em todos os seus aspectos.
(D) É tradicional na literatura explorar o tema do palhaço sob os vieses da superação e da frustração.
(E) Os poetas simbolistas tinham uma tendência doentia a utilizar temas relacionados com dor, sangue e sofrimento.

Questão 14 - Como se verifica na leitura atenta do soneto, o eu-lírico dirige-se ao coração servindo-se do tratamento de segunda pessoa do singular (tu, te, ti, contigo). Se utilizasse o tratamento de segunda pessoa do plural, o último terceto assumiria a seguinte forma:

(A) E embora caiais sobre o chão, fremente, / afogado em vosso sangue estuoso e quente, / rides! coração, tristíssimo palhaço.
(B) E embora caisteis sobre o chão, fremente, / afogado em vosso sangue estuoso e quente, / riais! coração, tristíssimo palhaço.
(C) E embora caís sobre o chão, fremente, / afogado em vosso sangue estuoso e quente, / riais! coração, tristíssimo palhaço.
(D) E embora caiais sobre o chão, fremente, / afogado em seu sangue estuoso e quente, / riai! coração, tristíssimo palhaço.
(E) E embora caiais sobre o chão, fremente, / afogado em vosso sangue estuoso e quente, / ride! coração, tristíssimo palhaço.

Questão 15 - O Simbolismo se caracterizou, entre outros aspectos, pela exploração dos sons da língua para estabelecer nos poemas uma musicalidade característica, por meio de diferentes processos de repetição de sons ao longo dos versos e em estrofes inteiras. Na primeira estrofe do soneto de Cruz e Sousa nota-se esse procedimento de repetição, especialmente no

I. primeiro verso.   II. segundo verso.   III. terceiro verso.   IV. quarto verso.

(A) I e II. (B) I e III. (C) I e IV. (D) I, II e IV. (E) II, III e IV.

Instrução: As questões de números 16 a 20 tomam por base uma matéria assinada por Danilo Albergaria na revista eletrônica COMCIÊNCIA:

Cinema e Telejornalismo: Convergência de Linguagens para Divulgar Ciência

Encampando um ponto de vista em que um vídeo de divulgação científica não deve apenas ensinar e informar, mas também entreter, motivar e gerar curiosidade, Iara Cardoso defendeu a convergência das linguagens telejornalística e cinematográfica para incrementar as produções de vídeo voltadas para a ciência: “A convergência é possível, é necessária, e cada vez mais acessível com as novas tecnologias digitais”, disse a jornalista em apresentação durante o Foro Iberoamericano de Comunicação e Divulgação Científica, que ocorreu na Unicamp entre os dias 23 e 25 de novembro.
A ideia de mesclar linguagens aparentemente distantes surgiu quando Cardoso começou a produzir o vídeo SitRaios, encomendado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para divulgar a ciência por trás de um software que localizava mais facilmente descargas elétricas atmosféricas nas linhas de energia e possibilitava um religamento mais rápido da eletricidade. “Seria maçante produzir esse vídeo da maneira tradicional. Então, introduzimos, num vídeo que usualmente estaria destinado a ser muito próximo do telejornalismo, a linguagem do cinema. Utilizamos conceitos como o de revelação e de aumento de expectativa – introduzimos uma narrativa, enfim”, afirma Cardoso. Além da roteirista e diretora, a equipe, enxuta, teve apenas mais um editor e um cinegrafista. “Esse tipo de convergência não demanda mais recursos do que uma produção tradicional”, defende.
As produções de cinema são tradicionalmente mais dispendiosas do que vídeos jornalísticos. Porém, contrariando o que o senso comum pensa sobre os custos dos vídeos que incorporam linguagens cinematográficas, Cardoso esclarece que os custos de produção tornaram-se mais acessíveis com o surgimento das novas tecnologias digitais. Ela aponta, por exemplo, que tornaram-se amplamente acessíveis as câmeras digitais, hoje largamente utilizadas tanto no cinema quanto na produção jornalística. “Os próprios cineastas estão, cada vez mais, filmando com o suporte digital”, afirma. Outra facilidade está na edição digital: “Mesmo quem ainda não aderiu ao suporte digital nas filmagens nunca deixa de utilizar a edição digital, que se tornou imprescindível. Perto da edição em computadores, os antigos métodos tornaram-se inviáveis”, avalia.
Enquanto o suporte tecnológico facilita a convergência e aproxima linguagens, o que é realmente fundamental, na visão da jornalista, são as ideias por trás do vídeo: são elas, as concepções, que vão formar um roteiro interessante, as bases do apelo dos vídeos de ciência para o grande público. Segundo a diretora, a incorporação da dramaticidade, do suspense – ferramentas usuais na narrativa ficcional – ajudam um vídeo a tornar mais atraente uma teoria ou explicação científica. Ao mesmo tempo, se feita com o devido preparo e seriedade, não compromete a qualidade da informação transmitida — pelo contrário, a potencializa.

(Danilo Albergaria. Cinema e telejornalismo: convergência de linguagens para divulgar ciência. COMCIÊNCIA, www.comciencia.br, 26.11.2009.)

Questão 16 - O texto apresentado se encontra em uma conceituada revista eletrônica de divulgação científica e revela como tema central:

(A) A importância do cinema para a divulgação científica.
(B) O caráter essencial do estilo telejornalístico no que se refere a divulgar conteúdos de ordem científica.
(C) A importância da convergência das linguagens telejornalística e cinematográfica para a divulgação da ciência.
(D) A inviabilidade da tecnologia analógica na criação de vídeos de divulgação científica.
(E) O incremento da produtividade na criação de vídeos por meio da tecnologia digital.

Questão 17 - Para a jornalista entrevistada, a divulgação de ciência

(A) deve ser subjetiva, mas sem perder o caráter objetivo, porque a ciência é essencialmente objetiva.
(B) não deve apenas ensinar e informar, mas também entreter, motivar e gerar curiosidade.
(C) precisa basear-se um pouco na poesia e no lirismo, cuja linguagem sentimental pode ser excelente para a clareza das informações.
(D) não tem necessariamente de provocar curiosidade, mas deve limitar-se a informar diretamente.
(E) só pode ser feita eficazmente com o emprego da própria linguagem científica.

Questão 18 - Examine as seguintes opiniões sobre a tecnologia digital:
I. A tecnologia digital encarece os custos de produção.
II. A tecnologia digital torna mais acessíveis os custos de produção.
III. É preferível continuar empregando a tecnologia analógica para a produção de vídeos.
IV. A edição digital tornou-se imprescindível.

Indique quais dessas opiniões são assumidas pela jornalista entrevistada:

(A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) II e IV. (E) II, III e IV.

Questão 19 - Numerosas palavras da língua inglesa tornaram-se comuns em nosso idioma em virtude da tecnologia da comunicação e da computação. No segundo parágrafo do texto apresentado, encontra-se a palavra inglesa software, que o jornalista não colocou em
itálico, como é praxe no caso das palavras de origem estrangeira.

Indique a alternativa que descreve corretamente a abrangência do significado atribuído a essa palavra no texto:

(A) Um novo sistema operacional para computador utilizado pela Aneel para controlar a distribuição de energia no país.
(B) Um programa de computador para previsão e captação de descargas atmosféricas.
(C) Um equipamento tecnológico destinado a religar a eletricidade após apagões de qualquer natureza.
(D) Um equipamento de vídeo denominado SitRaios, destinado a filmar as descargas elétricas atmosféricas nas linhas de transmissão de energia e avaliar sua potência.
(E) Um programa de computador que permitia localizar mais facilmente descargas elétricas atmosféricas nas linhas de energia e possibilitava um religamento mais rápido da eletricidade.

Questão 20 - O vocábulo suspense, que o português tomou emprestado da língua inglesa (e esta, por sua vez, da língua francesa), é empregado no último parágrafo do texto no sentido de:

(A) Recurso tecnológico de suspensão do ator ou de objetos em cena por meio de cordas ou cabos invisíveis.
(B) Expediente cinematográfico de colagem, num filme, de cenas de filmes anteriores.
(C) Apresentação do desfecho da narrativa logo no início, para não deixar margem de dúvida ao leitor.
(D) Técnica cinematográfica que procura gerar tensão no espectador, ao deixar por maior ou menor tempo sem solução uma ou mais sequências de ações.
(E) Desfecho de uma narrativa de cinema, televisão ou literatura, em que o conflito não é solucionado.

GABARITO

1 – B     2 – D   3 – A   4 – C  5 – E   6 – B    7 – D   8 – A   9 – B 10 – C
11 – E 12 – D 13 – A 14 – E 15 – B 16 – C 17 – B 18 – D 19 – E  20 – D



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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Texto: “A agenda” – Luis Fernando Verissimo

A agenda

Um homem chamado Cordeiro abre a agenda em cima da sua mesa de trabalho e vê escrito: "Comprar arma”.
Ele não se lembra de ter escrito aquilo. Como tem agenda justamente para ajudá-lo a se lembrar das coisas, compra uma arma, mesmo não sabendo para quê. 
No dia seguinte, vê na agenda: "Marcar almoço com Rodrigues." 
Mais uma vez, não se lembra de ter escrito aquilo, nem tem qualquer razão para almoçar com o canalha do Rodrigues. Mas marca o almoço. Durante o qual ouve do canalha do Rodrigues a notícia de que pretende se afastar da companhia e vender sua parte ao canalha do Pires, que assim terá a maioria e mandará na companhia, inclusive no Cordeiro.
Cordeiro insiste para que Rodrigues venda sua parte a ele e não ao Pires, mas Rodrigues ri na sua cara e ainda por cima não paga a sua parte no almoço. 
Naquela tarde, Cordeiro vê na sua agenda: "Matar Rodrigues. Simular assalto." E o dia e a hora em que deve acontecer o assassinato, sublinhados com força.
E na mesma folha: "Providenciar álibi: lancha.”
Lancha? Cordeiro vira a página. Lá está o plano, meticulosamente detalhado. Sair com a lancha no domingo, assegurando-se de que todos no clube o vejam sair com a lancha, encostá-la em algum lugar ermo onde deixou seu carro no dia anterior, ir de carro até a casa de Rodrigues, matá-lo, jogar a arma fora, voltar de carro para a lancha e voltar de lancha para o clube, onde todos o veriam chegar como se nada tivesse acontecido. É o que faz. 
Na segunda-feira, Cordeiro arregala os olhos e finge estar chocado quando chega à firma e ouve do Pires a notícia de que houve um assalto no fim de semana e o Rodrigues foi baleado, e está morto.
Pires revela que estava desconfiado de que Rodrigues iria vender sua parte na companhia a Cordeiro. Pretendia marcar um almoço para discutir o assunto com o canalha do Rodrigues, mas no dia Rodrigues dissera que tinha outro compromisso para o almoço. 
Na saída do escritório, Pires diz que na última reunião dos três sócios tinha saído por engano com a agenda do Cordeiro e pergunta se por acaso o Cordeiro não ficou com a sua agenda.
Ou então: 
Na segunda-feira, Cordeiro arregala os olhos e finge estar chocado quando chega à firma e ouve do Pires a notícia de que houve um assalto no fim de semana e o Rodrigues foi baleado, e está morto.
Os dois marcam uma reunião para tratar do que fazer com a parte do Rodrigues, mas não chegam a um acordo e brigam. Naquele mesmo dia, Cordeiro vê escrito na sua agenda: "Incriminar Pires."
É o que faz. Orientado pela agenda, consegue plantar pistas falsas e convencer a polícia de que Pires matou Rodrigues porque este pretendia vender sua parte na firma a Cordeiro. Com Pires afastado, Cordeiro assume o comando da firma e a faz crescer como nunca ― sempre seguindo as ordens da agenda, que não erra uma.
Até que um dia a agenda lhe manda juntar todo o dinheiro em caixa na firma, vender o que for possível para levantar mais dinheiro e jogar tudo na bolsa. ”Agora!", ordena a agenda.
Cordeiro jogou na bolsa todo o dinheiro que tinha, o seu e o da firma. Foi na véspera da grande queda. Perdeu tudo. Quando consultou a agenda de novo, desesperado, sem saber o que fazer encontrou apenas a frase: "Quem entende a bolsa?”.
E no dia seguinte:
"Comprar arma”.

(Luis Fernando Verissimo)

www.veredasdalingua.blogspot.com.br

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“Um sonho de simplicidade” – Rubem Braga
Olegário Mariano – O Poeta das Cigarras
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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

UNESP 2013 – Meio do ano – 1º Fase – Prova de Língua Portuguesa

UNESP 2013 – Meio do ano – 1º Fase – Prova de Língua Portuguesa




Instrução: As questões de números 01 a 05 tomam por base uma passagem da crônica O pai, hoje e amanhã, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).

A civilização industrial, entidade abstrata, nem por isso menos poderosa, encomendou à ciência aplicada a execução de um projeto extremamente concreto: a fabricação do ser humano sem pais.
A ciência aplicada faz o possível para aviar a encomenda a médio prazo. Já venceu a primeira etapa, com a inseminação artificial, que, de um lado, acelera a produtividade dos rebanhos (resultado econômico) e, de outro, anestesia o sentimento filial (resultado moral).
O ser humano concebido por esse processo tanto pode considerar-se filho de dois pais como de nenhum. Em fase mais evoluída, o chamado bebê de proveta dispensará a incubação em ventre materno, desenvolvendo-se sob condições artificiais plenamente satisfatórias. Nenhum vínculo de memória, gratidão, amor, interesse, costume – direi mesmo: de ressentimento ou ódio – o ligará a qualquer pessoa responsável por seu aparecimento. O sêmen, anônimo, obtido por masturbação profissional e recolhido ao banco especializado, por sua vez cederá lugar ao gerador sintético, extraído de recursos da natureza vegetal e mineral. Estará abolida, assim, qualquer participação consciente do homem e da mulher no preparo e formação de uma unidade humana. Esta será produzida sob critérios políticos e econômicos tecnicamente estabelecidos, que excluem a inútil e mesmo perturbadora intromissão do casal. Pai? Mito do passado.
Aparentemente, tal projeto parece coincidir com a tendência, acentuada nos últimos anos, de se contestar a figura tradicional do pai. Eliminando-se a presença incômoda, ter-se-ia realizado o ideal de inúmeros jovens que se revoltam contra ela – o pai de família e o pai social, o governo, a lei – e aspiram à vida isenta de compromissos com valores do passado.
Julgo ilusória esta interpretação. O projeto tecnológico de eliminação do pai vai longe demais no caminho da quebra de padrões. A meu ver, a insubmissão dos filhos aos pais é fenômeno que envolve novo conceito de relações, e não ruptura de relações.

(De notícias e não notícias faz-se a crônica, 1975.)

Questão 01 - Com ironia e fingida concordância, o cronista afirma que o resultado final do projeto encomendado à ciência aplicada será

(A) a prova de que a ciência é mais poderosa que qualquer divindade.
(B) o monopólio genético, com um só país produzindo a população.
(C) a eliminação das diferenças culturais no planeta.
(D) a exclusão dos pais na geração de bebês.
(E) a criação de androides, que substituirão os seres humanos.

Questão 02 - De acordo com a crônica, o autor acredita que a inseminação artificial apresentará uma consequência no sistema de valores familiares:

(A) anestesia do sentimento filial.   (B) negação do poder de Deus.
(C) valorização da figura paterna.   (D) divinização da ciência.        (E) quebra das leis da natureza.

Questão 03 - Com o termo unidade humana, empregado no penúltimo período do terceiro parágrafo, Drummond sugere que

(A) cada ser humano será como um produto industrial qualquer.
(B) cada indivíduo já nascerá como um democrata por natureza.
(C) não haverá diferença de sexo entre as pessoas.
(D) os homens se tornarão solidários e dotados de livre arbítrio.
(E) a população mundial agirá como se fosse um só ser.

Questão 04 - Pai? Mito do passado.
Esta pergunta e sua resposta, de acordo com o conteúdo da crônica, sintetizam um dos argumentos que, aparentemente, fundamentaram o projeto:

(A) a autoridade dos filhos sobre os pais foi a base da civilização.
(B) a figura paterna é necessária à sociedade.
(C) a mãe educa melhor o filho para a vida real.
(D) a estrutura familiar não foi descrita em mitos e lendas.
(E) a função do pai é hoje ultrapassada e dispensável.

Questão 05 - [...] e aspiram à vida isenta de compromissos com valores do passado.
Na frase apresentada, a colocação do acento grave sobre o “a” informa que

(A) o “a” deve ser pronunciado com alongamento, já que se trata de dois vocábulos, um pronome átono e uma preposição, representados por uma só letra.
(B) o “a”, por ser pronome átono, deve ser sempre colocado após o verbo, em ênclise, e pronunciado como um monossílabo tônico.
(C) o verbo “aspirar”, na regência em que é empregado, solicita a preposição “a”, que se funde com o artigo feminino “a”, caracterizando uma ocorrência de crase.
(D) o “a”, como artigo definido, é um monossílabo átono, e o acento grave tem a finalidade de sinalizar ao leitor essa atonicidade.
(E) o termo “de compromissos com valores do passado” exerce a função de adjunto adverbial de “isenta”.

Instrução: As questões de números 06 a 10 tomam por base um fragmento de Glória moribunda, do poeta romântico brasileiro Álvares de Azevedo (1831-1852).

É uma visão medonha uma caveira?
Não tremas de pavor, ergue-a do lodo.
Foi a cabeça ardente de um poeta,
Outrora à sombra dos cabelos loiros.
Quando o reflexo do viver fogoso
Ali dentro animava o pensamento,
Esta fronte era bela. Aqui nas faces
Formosa palidez cobria o rosto;
Nessas órbitas — ocas, denegridas! —
Como era puro seu olhar sombrio!

Agora tudo é cinza. Resta apenas
A caveira que a alma em si guardava,
Como a concha no mar encerra a pérola,
Como a caçoula a mirra incandescente.

Tu outrora talvez desses-lhe um beijo;
Por que repugnas levantá-la agora?
Olha-a comigo! Que espaçosa fronte!
Quanta vida ali dentro fermentava,
Como a seiva nos ramos do arvoredo!
E a sede em fogo das ideias vivas
Onde está? onde foi? Essa alma errante
Que um dia no viver passou cantando,
Como canta na treva um vagabundo,
Perdeu-se acaso no sombrio vento,
Como noturna lâmpada apagou-se?
E a centelha da vida, o eletrismo
Que as fibras tremulantes agitava
Morreu para animar futuras vidas?

Sorris? eu sou um louco. As utopias,
Os sonhos da ciência nada valem.
A vida é um escárnio sem sentido,
Comédia infame que ensanguenta o lodo.
Há talvez um segredo que ela esconde;
Mas esse a morte o sabe e o não revela.
Os túmulos são mudos como o vácuo.
Desde a primeira dor sobre um cadáver,
Quando a primeira mãe entre soluços
Do filho morto os membros apertava
Ao ofegante seio, o peito humano
Caiu tremendo interrogando o túmulo...
E a terra sepulcral não respondia.

(Poesias completas, 1962.)

Questão 06 - Do segundo ao último verso da primeira estrofe do poema, revelam-se características marcantes do Romantismo:

(A) conteúdos e desenvolvimentos bucólicos.
(B) subjetivismo e imaginação criadora.
(C) submissão do discurso poético à musicalidade pura.
(D) observação e descrição meticulosa da realidade.
(E) concepção determinista e mecanicista da natureza.

Questão 07 - Como a concha no mar encerra a pérola, Como a caçoula a mirra incandescente.
Nos versos em destaque, após a palavra caçoula, está subentendida, por elipse, a forma verbal

(A) teme. (B) seca. (C) brilha. (D) queima. (E) encerra.

Questão 08 - Morreu para animar futuras vidas?
No verso em destaque, sob forma interrogativa, o eu lírico sugere com o termo animar que

(A) a morte de uma pessoa deve ser festejada pelos que ficam.
(B) o verdadeiro objetivo da morte é demonstrar o desvalor da vida.
(C) a vida do poeta é mais consistente e animada que todas as outras.
(D) a alma que habitou o corpo talvez possa reencarnar em novo corpo.
(E) outras pessoas passam a viver melhor quando um homem morre.

Questão 09 - E a centelha da vida, o eletrismo
No contexto em que é empregado, o termo eletrismo, que não consta dos dicionários, significa:

(A) o fato de a morte ter sido por choque elétrico.
(B) o dinamismo presente em todos os tecidos do ser vivo.
(C) a característica de quem é versado nas belas-letras.
(D) o resultado do longo processo de letramento.
(E) a existência eletrizante dos poetas românticos.

Questão 10 - Mas esse a morte o sabe e o não revela.
Nas duas orações que constituem este verso, os termos em destaque apresentam o mesmo referente, a saber:

(A) vácuo. (B) escárnio. (C) lodo. (D) cadáver. (E) segredo.
Instrução: As questões de números 11 a 15 tomam por base um fragmento da crônica Letra de canção e poesia, de Antonio Cicero.

Como escrevo poemas e letras de canções, frequentemente perguntam-me se acho que as letras de canções são poemas. A expressão “letra de canção” já indica de que modo essa questão deve ser entendida, pois a palavra “letra” remete à escrita. O que se quer saber é se a letra, separada da canção, constitui um poema escrito.
“Letra de canção é poema?” Essa formulação é inadequada. Desde que as vanguardas mostraram que não se pode determinar a priori quais são as formas lícitas para a poesia, qualquer coisa pode ser um poema. Se um poeta escreve letras soltas na página e diz que é um poema, quem provará o contrário?
Neste ponto, parece-me inevitável introduzir um juízo de valor. A verdadeira questão parece ser se uma letra de canção é um bom poema. Entretanto, mesmo esta última pergunta ainda não é suficientemente precisa, pois pode estar a indagar duas coisas distintas: 1) Se uma letra de canção é necessariamente um bom poema; e 2) Se uma letra de canção é possivelmente um bom poema.
Quanto à primeira pergunta, é evidente que deve ter uma resposta negativa. Nenhum poema é necessariamente um bom poema; nenhum texto é necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra é necessariamente um bom poema. Mas talvez o que se deva perguntar é se uma boa letra é necessariamente um bom poema. Ora, também a essa pergunta a resposta é negativa. Quem já não teve a experiência, em relação a uma letra de canção, de se emocionar com ela ao escutá-la cantada e depois considerá-la insípida, ao lê-la no papel, sem acompanhamento musical? Não é difícil entender a razão disso.
Um poema é um objeto autotélico, isto é, ele tem o seu fim em si próprio. Quando o julgamos bom ou ruim, estamos a considerá-lo independentemente do fato de que, além de ser um poema, ele tenha qualquer utilidade. O poema se realiza quando é lido: e ele pode ser lido em voz baixa, interna, aural. Já uma letra de canção é heterotélica, isto é, ela não tem o seu fim em si própria. Para que a julguemos boa, é necessário e suficiente que ela contribua para que a obra lítero-musical de que faz parte seja boa. Em outras palavras, se uma letra de canção servir para fazer uma boa canção, ela é boa, ainda que seja ilegível. E a letra pode ser ilegível porque, para se estruturar, para adquirir determinado colorido, para ter os sons ou as palavras certas enfatizadas, ela depende da melodia, da harmonia, do ritmo, do tom da música à qual se encontra associada.

( Folha de S.Paulo, 16.06.2007.)

Questão 11 - No primeiro parágrafo de sua crônica, Antonio Cicero apresenta como indagação central:

(A) A literatura é superior ou inferior à música?
(B) Primeiro veio a letra e depois a música, ou ao contrário?
(C) A letra, divorciada da música, é um poema?
(D) Numa canção, o que vale mais: partitura ou execução?
(E) Poema e música são artes distintas ou constituem a mesma arte?

Questão 12 - Nenhum poema é necessariamente um bom poema; nenhum texto é necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra é necessariamente um bom poema.

O advérbio necessariamente, nas três ocorrências verificadas na passagem mencionada, equivale, pelo sentido, a:

(A) forçosamente. (B) raramente. (C) suficientemente. (D) independentemente. (E) frequentemente.

Questão 13 - Sobre a qualidade da canção, o cronista acredita que

(A) qualquer poema que se escreva funcionará bem com a música.
(B) combinar letra e música é pura questão de sorte.
(C) uma letra em nada contribui para a qualidade da canção.
(D) uma boa canção é resultado de boa música e de boa letra.
(E) a música sem a letra se torna descolorida e insossa.

Questão 14 - Com o conceito expresso pelo termo autotélico, o cronista considera que

(A) o poema, quando escrito, já tem implícita uma possível canção.
(B) uma canção é boa ou má segundo o gosto predominante na época.
(C) um poema é um objeto dotado de sua própria finalidade.
(D) tanto letra quanto música são dotadas de sua própria finalidade.
(E) a letra de uma canção pode funcionar sozinha ou com a música.

Questão 15 - Para que a julguemos boa, é necessário e suficiente que ela contribua para que a obra lítero-musical de que faz parte seja boa.
No período em destaque, a oração Para que a julguemos boa indica, em relação à oração principal,

(A) comparação.   (B) concessão.   (C) finalidade.   (D) tempo.   (E) proporção.

Instrução: As questões de números 16 a 20 tomam por base uma passagem de um livro de José Ribeiro sobre o folclore nacional. Curupira

Na teogonia* tupi, o anhangá, gênio andante, espírito andejo ou vagabundo, destinava-se a proteger a caça do campo. Era imaginado, segundo a tradição colhida pelo Dr. Couto de Magalhães, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo.
Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhangá e a visão determinava logo a febre e, às vezes, a loucura. O caapora é o mesmo tipo mítico encontrado nas regiões central e meridional e aí representado por um homem enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a proteção da caça do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de grandes dimensões, dando de quando em vez um grito para impelir a vara. Quem o encontra adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser mal sucedido em tudo que intentar. Dele se originaram as expressões portuguesas caipora e caiporismo, como sinônimo de má sorte, infelicidade, desdita nos negócios. Bilac assim o descreve: “Companheiro do curupira, ou sua duplicata, é o Caapora, ora gigante, ora anão, montado num caititu, e cavalgando à frente de varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho”.
Ambos representam um só mito com diferente configuração e a mesma identidade com o curupira e o jurupari, numes que guardam a floresta. Todos convergem mais ou menos para o mesmo fim, sendo que o curupira é representado na região setentrional por um “pequeno tapuio” com os pés voltados para trás e sem os orifícios necessários para as secreções indispensáveis à vida, pelo que a gente do Pará diz que ele é músico. O Curupira ou Currupira, como é chamado no sul, aliás erroneamente, figura em uma infinidade de lendas tanto no norte como no sul do Brasil. No Pará, quando se viaja pelos rios e se ouve alguma pancada longínqua no meio dos bosques, “os romeiros dizem que é o Curupira que está batendo nas sapupemas, a ver se as árvores estão suficientemente fortes para sofrerem a ação de alguma tempestade que está próxima. A função do Curupira é proteger as florestas. Todo aquele que derriba, ou por qualquer modo estraga inutilmente as árvores, é punido por ele com a pena de errar tempos imensos pelos bosques, sem poder atinar com o caminho de casa, ou meio algum de chegar até os seus”. Como se vê, qualquer desses tipos é a manifestação de um só mito em regiões e circunstâncias diferentes.

( O Brasil no folclore, 1970.)

(*) Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mística relativa ao nascimento dos deuses, e que frequentemente se relaciona com a formação do mundo. 2. Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema relig religioso dum povo politeísta. (Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI.)

Questão 16 - Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhangá [...].
Se a frase apresentada for reescrita trocando-se perseguisse, que está no pretérito imperfeito do modo subjuntivo, por perseguir, futuro do mesmo modo, as formas estivesse e corria assumirão, por correlação de modos e tempos, as seguintes flexões:

(A) estiver e correu.    (B) estaria e correria.    (C) estará e corria. 
(D) esteja e correra.    (E) estiver e correrá.

Questão 17 - Segundo o texto, a lenda do Caapora foi responsável pela criação de uma palavra no português com o significado de dor, sofrimento, má sorte, fracasso. Tal palavra é:

(A) destino.   (B) fatalidade.   (C) jurupari.   (D) tapuio.   (E) caiporismo.

Questão 18 - [...] à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.
Eliminando-se o aposto, a frase em destaque apresentará, de acordo com a norma-padrão, a seguinte forma:

(A) à frente voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.
(B) à frente dele voam os vaga-lumes batedores, alumiando o caminho.
(C) à frente dele voam seus batedores, alumiando o caminho.
(D) à frente dele voam os vaga-lumes, alumiando o caminho.
(E) à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando.

Questão 19 - Anhangá e Caapora se identificam, segundo o texto, pelo fato de caracterizarem

(A) um mesmo tipo mítico com aparências diferentes.
(B) a influência do cristianismo nas lendas dos indígenas.
(C) a reação dos colonizadores ao impacto destruidor dos indígenas.
(D) a presença da mitologia grega nas lendas aborígines.
(E) lendas trazidas da Europa pelos portugueses.

Questão 20 - Tomando por base as informações do texto, as ações de Anhangá, Caapora e Curupira seriam consideradas, na atualidade,

(A) poéticas.   (B) ecológicas.   (C) comerciais.   (D) estéticas.   (E) esportivas.

GABARITO


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