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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

TORQUATO NETO – POEMAS

TORQUATO NETO – POEMAS

Soneto da contradição enorme

Faço força em esconder o sentimento
Do mundo triste e feio que eu vejo.
Tento esconder de todos o desejo
Que eu não sinto em viver todo o momento

Que passa. Mas que nunca passa inteiro.
Deixa comigo o rosto da lembrança
E o fantasma de só desesperança
Que me empurra e de mim me faz obreiro

De sonhos. Faço força em esconder
Do mundo, a dor, a mágoa e a cabeça
Que pensa tão-somente em não viver.

Faço força mas sei que não consigo
E em versos integral eu me derramo
Para depois sofrer. E então, prossigo.

(Torquato Neto, in "Torquatália)

Desejo

Mas...
se eu pudesse um dia
com as mãos o sol pegar;
a lua apertar entre os meus pés
e
trêmulo de prazer,
em plena Via Láctea, todos os astros reter comigo,
um gozo frenético e sem fim,
apesar de tanta infelicidade
eu chegaria a ter pena de mim mesmo
pois, indiscutivelmente,
eu estaria louco,
demente!

(Torquato Neto, in "Torquatália)

Um dia desses eu me caso com você

de tanto me perder, de andar sem sono
por essa noite sem nenhum destino
por essa noite escura em que abandono
uns sonhos do meu tempo de menino
de tanto não poder mais ter saudade
de tudo o que já tive e já perdi
dona menina, eu me resolvo agora
a ir-me embora pra longe daqui.

um dia desses eu me caso com você
você vai ver, você vai ver
um dia desses, de manhã, com padre e pompa
você vai ver como eu me caso com você

meu tempo de brincar já foi-se embora
e agora, o que é que eu vou fazer?
não tenho onde morar, vou caminhando
sem sono, sem mistérios, sem você;
pra terra onde nasci
não volto nunca mais
e esta cidade alheia tem segredos
que eu faço tudo pra não compreender

meu pobre coração não vale nada
anda perdido, não tem solução
mas se você quiser ser minha namorada
vamos tentar, não é?
não custa nada
até pode dar certo
e se não der
eu pego um avião, vou pra xangai
e nunca mais eu volto pra te ver.

(Torquato Neto, in "Torquatália)

Literato cantabile


Agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início;

agora não se fala nada 
e tudo é transparente em cada forma 
qualquer palavra é um gesto 
e em sua orla 
os pássaros de sempre cantam assim: 
do precipício: 

a guerra acabou 
quem perdeu agradeça 
a quem ganhou. 
não se fala. não é permitido 
mudar de ideia. é proibido. 
não se permite nunca mais olhares 
tensões de cismas crises e outros tempos 
está vetado qualquer movimento 
do corpo ou onde que alhures. 
toda palavra envolve o precipício 
e os literatos foram todos para o hospício. 
e não se sabe nunca mais do fim. agora o nunca. 
agora não se fala nada, sim. fim, a guerra 
acabou 
e quem perdeu agradeça a quem ganhou.

Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.

Você não tem que me dizer
O número do mundo deste mundo
Não tem que me mostrar
A outra face
Face ao fim de tudo

Só tem que me dizer
O nome da república ao fundo
O sim do fim
Do fim de tudo
E o tem do tempo vindo;

Não tem que me mostrar
A outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de ideia. É proibido
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos
está vetado qualquer movimento.


(Torquato Neto, in “Os últimos dias de paupéria”)

Bilhetinho sem maiores consequências

Uma retificação, meu bom Vinicius:
Você falou em “bares repletos de homens vazios”
e no entanto se esqueceu
de que há bares
lares
teatros, oficinas
aviões, chiqueiros
e sentinas,
cheinhos (ao contrário)
de homens cheios.
Homens cheios
(e você bem sabe)
entulhados da primeira à última geração
da imoralidade desta vida
das cotidianas encruzilhadas e decepções
da patente inconsequência disso tudo.
Você se esqueceu
Vinicius, meu bom,
dos bares que estão repletos de homens cheios da maldade das
coisas e dos fatos,
dos bares que estão cheios de homens cheios
da maldade insaciável
dos que fazem as coisas e organizam os fatos.
E você
que os conhece tão de perto
Vinicius “Felicidade” de Morais
não tinha o direito de esquecer
essa parcela imensa de homens tristes,
condenados candidatos naturais
a títulos de tão alta racionalidade
a deboches de tão falsa humanidade.

Com uma admiração “deste tamanho”.

Rio, 7/7/62.

(Torquato Neto, in "Torquatália)

Hai ― Kaisinho

caminho no escuro
que é
que eu procuro?

(Torquato Neto)

Cogito

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.

(Torquato Neto)

Pessoal intransferível

Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolso e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.

Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, ‘herdeiro’ da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.

E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão.

(Torquato Neto, in "Os últimos dias de Paupéria")

O poeta é a mãe das armas
O Poeta é a mãe das armas
& das Artes em geral —
alô, poetas: poesia
no país do carnaval;
Alô, malucos: poesia
não tem nada a ver com os versos
dessa estação muito fria.

O Poeta é a mãe das Artes
& das armas em geral:
quem não inventa as maneiras
do corte no carnaval
(alô, malucos), é traidor
da poesia: não vale nada, lodal.

A poesia é o pai da artimanha de sempre:
quentura no forno quente
do lado de cá, no lar
das coisas malditíssimas;
alô poetas: poesia!
poesia poesia poesia poesia!
O poeta não se cuida ao ponto
de não se cuidar: quem for cortar meu cabelo
já sabe: não está cortando nada
além da MINHA bandeira ////////// =
sem aura nem baúra, sem nada mais pra contar.
Isso: ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. a
r: em primeiríssimo, o lugar.

poetemos pois

(Torquato Neto, in "Os últimos dias de Paupéria")



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TEMA DE REDAÇÃO – UFAL – 2010

TEMA DE REDAÇÃO – UFAL – 2010


Os textos abaixo versam sobre o otimismo do povo brasileiro. Com base neles e em outras informações e ideias que julgar pertinentes, redija uma dissertação argumentativa, com posição favorável ou contrária ao tema, justificando-a com argumentos convincentes.

O feijão e o sonho - José Geraldo Couto - (Folha de S.Paulo. 2 jan. 2010)

        O brasileiro, neste fim de década, prossegue dando mais importância ao sonho do que ao feijão. É o que indica uma pesquisa Datafolha publicada na última quarta-feira (caderno especial “Folha Corrida”).
        Na enquete espontânea sobre qual teria sido a melhor notícia do ano de 2009, mais gente citou a escolha do Rio como sede da Olimpíada-2016 do que o fim da crise econômica e a retomada do  crescimento. Mais entrevistados mencionaram a conquista do título nacional pelo Flamengo do que a redução do desmatamento da Amazônia. “Brasileiro, Profissão Esperança” é o título de uma peça de Paulo Pontes dos anos 60. De lá para cá a expressão se banalizou, mas ao que parece continua dando conta de um fato muito real. Contra a dureza do cotidiano, nós nos refugiamos na fantasia. Como nas
telenovelas, no final tudo vai dar certo. Como no futebol, o novo ano será a hora e a vez do nosso time. Deus dará, Deus dará, cantou Chico Buarque com ironia. [...]

Pessimismo - Gustavo H. B. Franco- http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/a115.htm - 13.05.2001

        [...] Felizmente, o pessimismo brasileiro, quando não hipócrita, é volúvel, dando rapidamente lugar a um otimismo endêmico, quase sempre oculto, mas que sempre pareceu governar o nosso inconsciente coletivo. Dessa forma, a experiência passada sugere que, seguindo-se a uma onda de pessimismo, virá outra de otimismo, igualmente infundado. [...]

Brasileiro está mais confiante na economia - http://www.correiodobrasil.com.br/noticia 01/2010

        A maioria dos brasileiros está mais confiante acerca do bom desempenho econômico do país, segundo pesquisa do Instituto Datafolha, divulgado neste sábado. De acordo com o estudo, 57% dos brasileiros acreditam que, ao longo deste ano, a vida vai melhorar. [...]

1. A dissertação deve ter a extensão mínima de 20 linhas e máxima de 30, considerando-se letra de tamanho regular.


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TEMA DE REDAÇÃO – UFAL – 2009

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“Em tempos de alta competição no mundo do trabalho, muitas famílias começam a pensar que a finalidade da escola é apenas a formação profissional. A escola deve lembrá-las que, para alguém chegar a ser um bom profissional, não basta formação técnica.”

Prof. Paulo Pozzebon. Universidade São Francisco - São Paulo.

1. Com base no comentário acima, desenvolva suas ideias num texto dissertativo, com a argumentação que as justifique, a respeito da questão:

Tema: “A educação tem por objetivo primordial a formação do caráter.”

2. A dissertação deve ter a extensão mínima de 20 linhas e máxima de 30, considerando-se letra de tamanho regular.


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TEMA DE REDAÇÃO – UFAL – 2008

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Elabore um comentário opinativo, no qual você desenvolva o tema proposto abaixo. Apresente argumentos que fundamentem o ponto de vista que você defende. Dê um título a seu texto.

TEMA: O papel da imagem na época contemporânea: com que “força” ela atua sobre as pessoas? Que “poderes” cria?

CRITÉRIOS BÁSICOS DE AVALIAÇÃO:

• fidelidade ao tema escolhido;
• relevância das informações apresentadas;
• coerência, coesão e clareza na exposição das idéias;
• atendimento às normas da língua padrão;
• atenção ao limite de linhas (20 a 30).


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