Temas
de redação – Unicamp – 2016
Neste
caderno, na prova de Redação, deverão ser elaborados 2 textos (Texto 1 e Texto
2). Os 2 textos são de execução obrigatória. Não deverá haver nenhuma
identificação pessoal (nome, sobrenome, etc.) nos textos.
TEXTO
1
Você
é um estudante universitário que participará de um concurso de resenhas, promovido pelo Centro de Apoio ao Estudante
(CAE), órgão que desenvolve atividades culturais em sua Faculdade. Esse
concurso tem o objetivo de estimular a
leitura de obras literárias e ampliar
o horizonte cultural dos estudantes. A resenha
será lida por uma comissão julgadora
que deverá selecionar os dez melhores textos, a serem publicados. Você escolheu
resenhar a fábula de La Fontaine transcrita abaixo. Em seu texto, você deverá
incluir:
a)
uma síntese da fábula, indicando os seus elementos constitutivos;
b)
a construção de uma situação social análoga aos fatos narrados, que envolva um
problema coletivo;
c)
um fechamento, estabelecendo relações com a temática do texto original.
Seu
texto deverá ser escrito em linguagem
formal, deverá indicar o título da
obra e ser assinado com um pseudônimo.
A
Deliberação Tomada pelos Ratos
Rodilardo,
gato voraz,
aprontou
entre os ratos tal matança,
que
deu cabo de sua paz,
de
tantos que matava e guardava na pança.
Os
poucos que sobraram não se aventuravam
a
sair dos buracos: mal se alimentavam.
Para
eles, Rodilardo era mais que um gato:
era
o próprio Satã, de fato.
Um
dia em que, pelos telhados,
foi
o galante namorar,
aproveitando
a trégua,
os
ratos, assustados,
resolveram
confabular
e
discutir um modo de solucionar
esse
grave problema. O decano, prudente,
definiu
a questão: simples falta de aviso,
já
que o gato chegava, solerte. Era urgente
amarrar-lhe
ao pescoço um guizo,
concluiu
o decano, rato de juízo.
Acharam
a ideia excelente,
e
aplaudiram seu autor. Restava, todavia,
um
pequeno detalhe a ser solucionado:
quem
prenderia o guizo – e qual se atreveria?
Um
se esquivou, dizendo estar muito ocupado;
Outro
alegou que andava um tanto destreinado
em
dar laços e nós. E a bela ideia
teve
triste final. Muita assembleia, ao fim nada decide – mesmo sendo de frades
ou
de veneráveis abades...
Deliberar,
deliberar...
conselheiros,
existem vários;
mas
quando é para executar,
onde
estarão os voluntários?
(Fábulas
de La Fontaine. Tradução de Milton Amado e Eugênia Amado. Belo Horizonte:
Itatiaia, 2003, p. 134-136.)
Glossário
Abade:
superior de ordem religiosa que dirige uma abadia.
Frade:
indivíduo pertencente a ordem religiosa cujos membros seguem uma regra de vida
e vivem separados do mundo secular.
Decano:
o membro mais velho ou mais antigo de uma classe, assembleia, corporação, etc.
Guizo:
pequena esfera de metal com bolinhas em seu interior que, quando sacudida,
produz um som tilintante.
Solerte:
engenhoso, esperto, sagaz, ardiloso, arguto, astucioso.
TEXTO
2
Você
está participando de um curso sobre o livro O
sentimento de si: corpo, emoção e consciência, de autoria do neurocientista
António Damásio. Uma das avaliações do curso consiste na produção de um texto
de divulgação científica a ser publicado em um blog do curso. O objetivo do seu
texto será o de divulgar as ideias do autor para um público mais amplo,
especialmente para alunos do ensino médio. Você deverá escrever o seu texto sobre o tema da indução das emoções,
baseado no excerto abaixo, incluindo:
a)
uma explicação sobre indutores de emoção com exemplos do próprio texto;
b)
uma breve narrativa que exemplifique processos de indução de emoções;
c)
uma finalização baseada no fechamento do texto original.
Lembre-se
de que o texto de divulgação científica
deverá ter um título adequado aos
conteúdos tratados.
O induzir das emoções
As emoções acontecem em dois tipos
de circunstâncias. O primeiro tipo de circunstâncias tem lugar quando o
organismo processa determinados objetos ou situações através de um dos seus
dispositivos sensoriais, por exemplo, quando o organismo avista um rosto ou um
local familiar. O segundo tipo de circunstâncias tem lugar quando a mente de um
organismo recorda certos objetos e situações e os representa, como imagens, no
processo do pensamento, por exemplo, a recordação do rosto de uma amiga ou o
fato de esta ter acabado de falecer.
Um fato que se torna óbvio ao
considerarmos as emoções é que certas espécies de objetos ou acontecimentos
tendem a estar mais sistematicamente ligadas a determinado tipo de emoção que a
outros. As classes de estímulos que provocam alegria, medo ou tristeza tendem a
fazê- lo de forma consistente no mesmo indivíduo e em indivíduos que
compartilham os mesmos antecedentes culturais. Apesar de todas as possíveis
variações na expressão de uma emoção, e apesar do fato de podermos ter emoções
mistas, existe uma correspondência aproximada entre classes de indutores de
emoção e o resultante estado emocional. Ao longo da evolução, os organismos
adquiriram os meios para responder a determinados estímulos – sobretudo aos que
são potencialmente úteis ou perigosos sob o ponto de vista da sobrevivência –
através de um conjunto de respostas a que chamamos emoção.
Também é importante notar que
enquanto o mecanismo biológico das emoções é largamente predeterminado, os
indutores de emoção são externos e não fazem parte desse mecanismo. Os
estímulos que causam a emoção não se encontram, de modo algum, confinados aos
que ajudaram a formar nosso cérebro emocional ao longo da evolução e que podem
induzir emoção desde os primeiros dias de vida. À medida que se desenvolvem e
interagem, os organismos ganham experiência factual e emocional com diversos
objetos e situações do ambiente, tendo assim uma oportunidade de associar
muitos objetos e situações que poderiam ter permanecido emocionalmente neutros,
com os objetos e as situações que causam emoções naturalmente. A forma de
aprendizagem conhecida por condicionamento é uma das maneiras de obter esta
associação. Uma casa parecida com a que o leitor viveu uma infância feliz pode
fazê-lo sentir-se feliz, embora nada de especialmente bom ainda se tenha
passado na casa. Do mesmo modo, o rosto de uma belíssima desconhecida, que se
assemelha ao de uma pessoa ligada a um acontecimento terrível, pode causar-lhe
desconforto ou irritação. Pode até nunca chegar a perceber por quê.
A consequência de concedermos um
valor emocional aos objetos que não estavam biologicamente destinados a receber
essa carga emocional é tornar infinita a lista de estímulos que, potencialmente,
podem induzir emoções. De uma forma ou de outra, a maior parte dos objetos e
das situações conduzem a alguma reação emocional, embora uns em maior escala
que outros. A reação emocional pode ser fraca ou forte – e, felizmente para
nós, é fraca na maior parte das vezes – mas mesmo assim está sempre presente. A
emoção e o mecanismo biológico que lhe é subjacente são os companheiros
obrigatórios do comportamento, consciente ou não. Um certo grau de emoção
acompanha, forçosamente, o pensamento sobre nós mesmos ou sobre o que nos
rodeia.
(Adaptado
de António Damásio, O sentimento de si: corpo, emoção e consciência. Lisboa:
Círculo de Leitores, 2013, p.79-81.)
Leia também:
Temas de redação – Unicamp – 1998
Conheça as apostilas de literatura do blog Veredas da Língua. Clique em uma das imagens abaixo e saiba como adquiri-las.
ATENÇÃO: Além das apostilas, o aluno recebe também, GRATUITAMENTE, o programa em Powerpoint: 500 TEMAS DE REDAÇÃO
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário