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quinta-feira, 29 de março de 2018

INSPER – Prova de Análise Verbal – 2010 – 1º Semestre

INSPER – Prova de Análise Verbal – 2010 – 1º Semestre


Utilize o texto abaixo para responder aos testes de 1 a 3.

É tudo Brasil

Vanusa, a musa do iê-iê-iê, anda sendo massacrada por ter cantado em público o hino nacional errando tudo: melodia, harmonia, ritmo e letra. O fato, já velho de meses, se deu numa cerimônia da Assembleia Legislativa de São Paulo. Mas só agora, via YouTube, o país, pasmo, o está assistindo.
Na semana passada, Sasha, 11 anos, filha de Xuxa, também foi para o castigo por escrever no Twitter uma mensagem dizendo que estava filmando e ia fazer "uma sena com a cobra" – ela queria dizer "cena". E, há poucos dias, a apresentadora (e bióloga em disponibilidade) Ana Maria Braga, ao comentar uma receita de bolo em seu programa de TV, louvou a castanha-do-pará como uma delícia da "fauna brasileira".
Seria fácil listar essas ratas produzidas por três (perdão, ouvintes) ícones da cultura e vergastar a indigência mental em que vive o Brasil. Ou acreditar nas justificativas oferecidas para dois dos casos. Segundo seu agente, Vanusa teria se atrapalhado com a música por estar sob o efeito de um remédio para labirintite. E, segundo Xuxa, Sasha não sabe escrever direito em português porque foi alfabetizada em inglês.
Pois ouso pensar diferente. Vanusa, farta de ouvir o hino nacional tocado compulsoriamente antes de cada competição esportiva em São Paulo, queria apenas fugir da patriotada e da cafonice. Daí tentou emprestar ao hino um caráter quase jazzístico, quebrando o ritmo, embaralhando a letra e alterando a melodia. E, quando ia partir para o "scat", foi cortada sem piedade pelo locutor do evento.
Quanto à menina Sasha, seu erro foi insignificante para alguém que, admitido pela própria mãe, é analfabeta em sua língua. E, interpretando um possível raciocínio de Ana Maria Braga, e daí se a castanha-do-pará vem da
flora ou da fauna? "É tudo Brasil, não?". Sim. É tudo Brasil.

(Ruy Castro, Folha de São Paulo, 05/09/2009)

1. Considere as afirmações:

I – Do ponto de vista da gramática normativa, há um erro de regência em “... o está assistindo”, uma vez que, no sentido de “ver”, o verbo “assistir” é transitivo indireto.
II – O advérbio “compulsoriamente”, empregado no quarto parágrafo, denota circunstância de tempo.
III – A locução adjetiva presente no aposto que qualifica a cantora Vanusa – chamada de “musa do iê-iê-iê” – tem origem onomatopaica.

Está(ão) correta(s):

(a) Apenas I e II. (b) Apenas I e III. (c) Apenas II e III. (d) Apenas I. (e) I, II e III.

2. A alternativa que apresenta uma impropriedade vocabular semelhante à cometida por Ana Maria Braga é:

(a) O deputado pretendia renunciar para evitar que seu mandato fosse caçado.
(b) A secretaria de Relações Institucionais deverá ser o elo de ligação do Estado com os demais poderes da República.
(c) A ingestão contínua de bebida alcoólica provoca asfixia nos neurônios.
(d) Assaltante manteu mulher refém, durante 5 horas, no ABC.
(e) Quando os problemas acabarem, a normalidade voltará.

3. Considerando-se o contexto em que foram usados, identifique a alternativa que melhor preserva o sentido original dos termos grifados no trecho abaixo.

“Seria fácil listar essas ratas produzidas por três (perdão, ouvintes) ícones da cultura e vergastar a indigência mental em que vive o Brasil”

(a) paladinos, exaltar, penúria.
(b) heróis, repreender, incivilidade.
(c) símbolos, criticar, degenerescência.
(d) arautos, aviltar, preguiça.
(e) ídolos, humilhar, opulência.

Para responder à questão 4, considere a tirinha e o poema abaixo.

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.

Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço

Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é,
Sentir, sinta quem lê!

4. Coloque V (verdadeiro) ou F (falso) para as afirmações que seguem.

( ) A tira explora a intertextualidade de modo jocoso, uma vez que transporta o(s) poeta(s) para um contexto prosaico atual, não relacionado aos temas da poesia de Fernando Pessoa.
( ) Os versos de Fernando Pessoa fazem alusão a um jogo de máscaras que também pode ser identificado na tirinha de Custódio.
( ) Nos versos, é possível identificar os traços que marcaram um dos heterônimos de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, o poeta da “dor do sentir”.
( ) Tanto na tira quanto no poema nota-se a presença da metalinguagem como recurso estilístico.

A sequência correta é:

(a) V, V, F, V. (b) F, V, F, V. (c) F, F, V, V. (d) V, V, F, F. (e) F, V, F, F.

5. Compare estes períodos:

I – É consensual que as poucas leis brasileiras sobre crimes ambientais não funcionam.
II – É consensual que poucas leis brasileiras sobre crimes ambientais não funcionam.
A alternativa que as analisa corretamente é:

(a) A presença do artigo definido, na frase I, permite inferir que a afirmação contém uma crítica à eficiência das leis ambientais.
(b) Na frase II, a ausência de artigo representa um erro gramatical, pois pronomes indefinidos exigem palavras que os determinem.
(c) A comparação das frases é um indício de que, apesar de atuarem como elementos coesivos, os artigos servem apenas para ligar palavras.
(d) O emprego do artigo na frase I representa um elogio à legislação brasileira que atua no combate aos crimes ambientais.
(e) Com ou sem artigo, as frases revelam que o governo brasileiro não é capaz de atuar na defesa do meio ambiente.

Utilize o texto abaixo para responder aos testes 6 e 7.

Foi às 23 horas, 56 minutos e 20 segundos (horário de Brasília) da fria noite de 20 de julho de 1969 que o homem pisou a Lua pela primeira vez. Há 40 anos, portanto. E pisou com o pé esquerdo. Não vai aqui nenhuma superstição, é que de fato foi esse o pé que o astronauta americano Neil Armstrong conseguiu pôr em primeiro lugar no poroso e irregular solo lunar, após descer a escada metálica do módulo (batizado de Águia) da Apollo 11. Armstrong era um homenzarrão de quase 100 quilos. Naquele momento, sem a gravidade da Terra, começou a andar em leves saltos e experimentou em seu corpo a sensação de pesar feito uma criança de 15 quilos. Nosso planeta conquistara a Lua.
A ciência espacial, dali para a frente, nunca mais seria a mesma – e seu desenvolvimento chegou ao inimaginável. Na verdade, deve-se à Lua – tal foi a tecnologia que se teve de criar para alcançá-la – um legado fantástico não somente nesse setor, mas em diversas áreas científicas. Também esse é um precioso ganho da conquista do nosso satélite natural. No que se relaciona diretamente ao espaço, hoje se sabe, por exemplo, que existe água em Marte e as sondas que lá estiveram devem um tributo à quarentona Apollo 11 – e, se lá há água, é bem provável que tenha havido vida ou, quem sabe, ainda existam formas de vida bacterianas em condições de sobrevivência em ambientes extremos.


6. A respeito das formas verbais do texto, é correto afirmar:
(a) Em “Nosso planeta conquistara a Lua”, o verbo poderia ser substituído, sem alteração de sentido, por “tinha conquistado”.
(b) O verbo “ser”, em “nunca mais seria a mesma”, expressa uma hipótese que não pode ser confirmada.
(c) O verbo “haver”, no último período, é impessoal na primeira ocorrência e, auxiliar na segunda.
(d) Em “no que se relaciona diretamente ao espaço”, o verbo está na voz passiva sintética.
(e) O verbo “existir”, em “ainda existam formas de vida bacteriana” deveria estar no singular, concordando com o sujeito “ainda”.

7. Considere as afirmações:

I – O emprego dos aumentativos “homenzarrão” e “quarentona”, no contexto em que foram empregados, apresentam sentido depreciativo.
II – Em “... um legado fantástico não somente nesse setor, mas em diversas áreas científicas”, a conjunção “mas” introduz ideia de oposição àquilo que foi mencionado anteriormente.
III – A anteposição do adjetivo em “... da fria noite de 20 de julho de 1969” revela uma conotação de afetividade, intensificando a importância da data histórica.
Está(ão) correta(s):

(a) Apenas I e II. (b) Apenas I e III. (c) Apenas II e III. (d) Apenas I. (e) I, II e III.

Utilize a tirinha abaixo para responder aos testes 8 e 9.

8. Da leitura da tira, pode-se depreender que

(a) Na opinião das duas meninas, a felicidade futura independe de fatores financeiros.
(b) O comportamento da personagem Mafalda, nos quadrinhos, sugere que ela defende ideias anarquistas.
(c) No último quadrinho, a fala de Mafalda indica que ela realmente se arrependeu de ter agredido a amiga.
(d) A pergunta da amiga, presente no segundo quadrinho, contesta uma visão comercial sobre projetos de vida.
(e) O humor da tira decorre da discordância das garotas sobre valores humanos e bens de consumo.

9. Assinale a alternativa correta.

(a) No primeiro quadrinho, “muitos” e “muita” são, respectivamente, pronome indefinido e advérbio de intensidade.
(b) A mistura de pronomes de 2ª e de 3ª pessoa, presente no segundo quadrinho, é uma marca típica da linguagem coloquial.
(c) A conjunção “se” (segundo quadrinho) denota ideia de finalidade em relação à oração anterior.
(d) Se estivesse na 2º pessoa do singular, o verbo “experimentar” (terceiro quadrinho) seria alterado para “experimente”.
(e) Na segunda ocorrência do verbo “ter”, no último quadrinho, o acento gráfico
diferencial foi abolido após o Acordo Ortográfico.

10. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas dos enunciados a seguir.

Respondeu, num tom seco e ..........., que era atualmente um especialista em crueldades da existência.
Após quase oito anos de guerra no Afeganistão, nota-se o ......................... do grupo radical islâmico Taleban.
Merecimento e tempo de serviço determinam a ................de quem atua em órgãos públicos da administração direta.
A ..............é que o presidente sancione hoje o projeto da reforma eleitoral.

(a) pretensioso, recrudecimento, ascensão, expectativa.
(b) pretencioso, recrudecimento, ascensão, espectativa.
(c) pretencioso, recrudescimento, ascenção, espectativa.
(d) pretensioso, recrudescimento, ascensão, expectativa.
(e) pretencioso, recrudescimento, ascenção, expectativa.

11. Sabe-se que, na fala e na escrita, a escolha de palavras ou expressões inapropriadas, além de afetar o sentido do enunciado, pode depreciar a imagem do enunciador que comete a gafe. Foi o que aconteceu com o presidente Lula num dos encontros do G-20, ao comentar sobre a crise global: "Esta certamente talvez seja uma das maiores crises que já enfrentamos".

Uma correção adequada para a frase é:

(a) Certamente esta talvez seja a maior crise que já enfrentamos.
(b) Esta certamente seja uma das maiores crises já enfrentadas pelo país.
(c) Talvez esta é uma das maiores crises a qual enfrentamos.
(d) Esta talvez seja uma das maiores crises que já enfrentamos.
(e) Uma das maiores crises de que enfrentamos é esta: com certeza.

Utilize o texto abaixo para responder ao teste 12.

Os problemas envolvendo concordância talvez sejam o mais evidente exemplo brasileiro de que um idioma é, acima de tudo, fato social: mesmo quando linguisticamente o "erro" não contraria a índole da língua, mesmo se há evidências de que o brasileiro cancela a regra em sua fala, é alto o peso social no modo como os falantes encaram o problema.
Para Maria Helena de Moura Neves, do Mackenzie e da Unesp de Araraquara, muito do que se diz sobre concordância em cartilhas e manuais é posto só em termos de regras a ser obedecidas. (...)
Com deslizes de concordância não parece haver distinção de classe e nem seria preciso puxar a memória para lembrar José Sarney, presidente do Senado, em uma de suas defesas no episódio dos atos secretos, nomeações e gastos na calada da noite, sem assinatura oficial. "Não há atos nenhum que não estão na rede", emendou o senador. Um escorregão gramatical de uma figura pública ganha relevo, muitas vezes desproporcional ao tropeço. Mas equívoco como o de Sarney, escancarado em jornais de grande circulação, ilustra como são maleáveis as regras de concordância na fala, em relação às impostas pela escrita.

(Revista Língua, setembro de 2009)

12. Analise as afirmações abaixo.

I – Especialistas em linguagem defendem que é necessário promover mudanças nas gramáticas em relação às regras de concordância.
II – O deslize cometido pelo presidente do senado é um claro exemplo de que as elites estão mais expostas aos desvios de concordância.
III – O teor do estudo da concordância, nas gramáticas, é prescritivo, sem que haja espaço para a observação das variantes linguísticas.
De acordo com o texto, está correto o que se afirma em:

(a) I, II e III. (b) Apenas I. (c) Apenas II e III. (d) Apenas II. (e) Apenas III.

Utilize o texto para responder ao teste 13.

Paraná ataca o estrangeirismo

Termos estrangeiros na linguagem cotidiana desvalorizam a língua portuguesa e aumentam a exclusão social? O governo do Paraná acha que sim. Aprovado em primeira votação, em 13 de julho, pelos deputados estaduais, o projeto de lei 16.177 obriga a tradução de estrangeirismos em propagandas paranaenses. Ela deve ter o mesmo destaque dos termos estrangeiros usados. O descumprimento significa multa de R$ 5 mil, duplicada com nova infração.
Se passar pela segunda votação, a medida será sancionada este ano pelo governador Roberto Requião (PMDB), cuja defesa é cristalina: um termo gringo é excludente e afronta a Constituição, que define o português como idioma oficial e a soberania como um fundamento da República.
A iniciativa não se iguala - em alcance e ambição - ao adormecido mas vivo projeto de lei de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que prevê a abolição do estrangeirismo no país. E lembra a já esquecida ação ajuizada pelo procurador Matheus Magnani, de Guarulhos (SP), que em 2006 queria exigir tradução do inglês usado em vitrines paulistas.
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou em dezembro de 2007 o projeto de Rebelo, que impõe a tradução, em igual destaque, de termos gringos em publicidade ou informes comerciais, e expurga o inglês dos documentos da administração pública. O projeto, aprovado pelo Senado, vai a plenário na Câmara, mas sem data para ser apreciado.
Em anúncio ou vitrine, textos em outros idiomas são dirigidos a quem domina o código ou o tem como sinal de status (modernidade, no caso do inglês; elegância, do francês; saber imemorial, do latim, vide Harry Potter). Pelo valor que assumem, muitas expressões atropelam termos nacionais até mais precisos. E tome upgrade (expansão), meeting (encontro), budget (orçamento), turn over (rotatividade), 50% off (metade do preço). O mercado, no entanto, pode ser um regulador de linguagem: um pequeno comércio afugentaria a freguesia com tabuletas anunciando sale, termo talvez palatável ao freguês classe média alta de um shopping. Numa espécie de "neoliberalismo da linguagem", não consta que o mercado use idioma que o faça perder dinheiro.

http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11832

13. Considerando as ideias veiculadas no texto acima, pode-se concluir que o autor

(a) reivindica agilidade na aprovação de projetos de lei que visam ao combate ao uso de estrangeirismos na língua portuguesa.
(b) condena o uso de termos estrangeiros em anúncios publicitários, meios de comunicação, documentos oficiais, letreiros de lojas e restaurantes.
(c) considera que o projeto de lei proposto pelos deputados paranaenses é ineficiente, já que os donos de estabelecimentos comerciais encontrariam dificuldades em usar a linguagem adequada à sua clientela.
(d) encara que a forte presença de estrangeirismos na linguagem cotidiana representa uma invasão que compromete o idioma e a identidade cultural.
(e) tem como objetivo principal informar os leitores, por isso não explicita sua opinião a respeito das diversas tentativas dos governantes de legislarem sobre usos de linguagem.

Utilize o texto abaixo para responder aos testes 14 a 16.

Morenos, negros e pardos

O IBGE vive se saindo com cada uma. Acompanho-o há anos, de longe, torcendo para saber o que anda tramando, ou desvendando. Semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para dar seu nome completo, divulgou uma porção de dados que me dão mais saudades do Brasil do que água de coco ou pastel de queijo. De cara, o Instituto veio logo de alisamento japonês: cresce o número de pessoas que se declaram pardas.
Cresceu em 1,3 ponto percentual entre 2007 e 2008. É muito pardo. De repente, assim sem mais nem menos. No mesmo período foram registradas reduções nos índices de pessoas que se declaram pretas. Entre estas, houve uma queda de 0,7 ponto percentual. Não chega a ser um exagero, mas dá para abrir inquérito para saber que fim levaram. Os que se afirmam brancos também decresceram. Uma queda de 0,8 ponto percentual. Os pardos estão comandando as ações. Com tudo e pouco prosas. Pretos (não é negro que se diz, hein, IBGE?) e brancos estão perdendo sua posição no ranking multicor nacional.
Pardo para mim quer dizer muito pouco. Me lembro de papel pardo, com que a gente fazia capa para proteger de nossas porcalhadas mesmo nossos cadernos de colégio. Era uma cor fosca que variava do amarelo ao marrom escuro, como quer o Houaiss, pai dos burros e das reformas ortográficas. O Houaiss, ao listar acepções para "pardo" beira o politicamente incorreto. Ofensivo mesmo, eu diria. Diz que pardo é "um branco sujo, escurecido". (...)
Parda era a tez de pessoas (não sei qual o plural de tez) em noticiário policial. Tinha nota de falecimento ou agressão e lá vinha: "Fulano de Tal, aparentando uns 30 anos, tez parda...", Et cetera e tal. Pardo também era um tipo de arroz. Dele se retirava a casca, mas não se polia. Arroz pardo. Eu preferia branco e fofo. Pardos eram os mulatos. Mulatos e mulatas. Pardos e pardas. Nunca, jamais, nos sambas e marchas. "O teu cabelo não nega, parda, porque és parda na cor..." Tentem cantar. Não dá mesmo. Confere? Pense numa outra musiquinha. Com parda no meio. Não tem. Não conheço uma única em nosso cancioneiro que tenha pardo no título, no meio, onde quiserem. Eram, repito, mulatos e mulatas.
Não entendo, pois, essa pontuação percentual a favor da designação "parda" ou "pardo". É negro mesmo. Ou preto, como prefere o IBGE. Tudo. Menos afro-brasileiro, espero ardentemente, dentro de minha pele morena e sob meus cabelos (já foram cãs) brancos. Teve uma época, aqui no Hemisfério Norte, em que eu também já fui pardo como vocês. Isso é uma história longa e chata e que hoje não estou com a menor vontade de contar.

(Lessa, Ivan. http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/25/09/09)

14. De acordo com o texto, é correto afirmar:


(a) O preconceito contra os negros pode ser constatado até mesmo entre os eruditos da língua.
(b) A designação “pardo” é ofensiva e deverá ser evitada pelo IBGE.
(c) O número de pardos cresceu pela recusa dos indivíduos em se identificarem como negros.
(d) O escritor do texto também é pardo como a maioria dos brasileiros atestada pelo IBGE.
(e) A designação “negro” é pejorativa e deveria ser evitada pelo IBGE.

15. “De cara, o Instituto veio logo de alisamento japonês: cresce o número de pessoas que se declaram pardas.” . Admite a mesma função sintática do termo grifado a seguinte alternativa:

(a) Limpar, para o bruto (era cor-de-rosa), já era uma luta.
(b) "O teu cabelo não nega, parda, porque és parda na cor..."
(c) Eram, repito, mulatos e mulatas.
(d) Teve uma época, aqui no Hemisfério Norte, em que eu também já fui pardo como vocês.
(e) Era uma cor fosca que variava do amarelo ao marrom escuro, como quer o Houaiss, pai dos burros e das reformas ortográficas.

16. “Me lembro de papel pardo, com o qual a gente fazia capa para proteger de nossas porcalhadas mesmo nossos cadernos de colégio.” Se a expressão “a gente fazia” for substituída por “fazia as vezes de”, o período ficaria:

(a) “Me lembro de papel pardo, que fazia as vezes de capa para proteger de nossas porcalhadas mesmo nossos cadernos de colégio.”
(b) “Me lembro de papel pardo, a qual fazia as vezes de capa para proteger de nossas porcalhadas mesmo nossos cadernos de colégio.”
(c) “Me lembro de papel pardo, do qual fazia as vezes de capa para proteger de nossas porcalhadas mesmo nossos cadernos de colégio.”
(d) “Me lembro de papel pardo, de que fazia as vezes de capa para proteger de nossas porcalhadas mesmo nossos cadernos de colégio.”
(e) “Me lembro de papel pardo, por qual fazia as vezes de capa para proteger de nossas porcalhadas mesmo nossos cadernos de colégio.”

Utilize o texto abaixo para responder aos testes 17 a 19.

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

(Drummond de Andrade, Carlos)

17. Assinale a alternativa correta:

(a) A morte do amigo, natural e súbita, pode ser inferida pelos versos “Antecipaste a hora” e “o não previsto nas leis da amizade e da natureza”.
(b) Dos versos “Teu ponteiro enlouqueceu” e “ Antecipaste a hora”, pode-se inferir que o amigo suicidou-se.
(c) De “o ato que não ousamos nem sabemos ousar” pode-se inferir que, diferentemente do que ocorre com o eu-lírico, o amigo agora ausente não temia a morte.
(d) A ausência enunciada no título do poema fica patente no verso “modulando sílabas conhecidas e banais”.
(e) Fica evidente em “Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.” que a morte do amigo eraprevista pelos que o amavam.

18. “...nem nos deixaste sequer o direito de indagar/ porque o fizeste, porque te foste.” O termo pode ser substituído sem prejuízo de sentido para o poema por:

(a) por que (b) uma vez que (c) quando (d) como (e) quem

19. “...tenho razão de te acusar./ Houve um pacto implícito que rompeste/ e sem te despedires foste embora.” Substituindo os termos grifados pela terceira pessoa do singular, ter-se-ia:

(a) “...tenho razão de lhe acusar./ Houve um pacto implícito que rompeu/ e sem se despedir foi embora.”
(b) “...tenho razão de vos acusar./ Houve um pacto implícito que rompestes/ e sem vos despedirdes fostes embora.”
(c) “...tenho razão de o acusar./ Houve um pacto implícito que rompeu/ e sem se despedires foi embora.”
(d) “...tenho razão de acusá-lo./ Houve um pacto implícito que rompeu/ e sem se despedir foi embora.”
(e) “...tenho razão de lhe acusar./ Houve um pacto implícito que rompeste/ e sem te despedires foste embora.”

Utilize o cartum e o texto abaixo para responder aos testes 20 a 22.
(escoladeanimais.com/blog/2007/04/cartum.htm)

Conteúdo próprio para tirar força do YouTube

No final de março, foi lançado mundialmente o www.southparkstudios.com. Elaborado pelos criadores do desenho "South Park", Matt Stone e Trey Parker, o site permite que se assista às 12 temporadas da animação - por streaming e de graça. Ainda não existe algo desse calibre no Brasil, mas o pessoal já está se preparando. A Rede Record possui o site "Mundo Record" (www.mundorecord.com.br), que exibe os principais programas da emissora. Novelas são disponibilizadas 25 horas após serem exibidas na TV.
A Globo Vídeos (video.globo.com) também coloca no ar grande parte da programação que vai para a TV. Mas, para ter acesso a esse conteúdo, é preciso ser assinante da Globo.com - na Record é tudo liberado. Procurado pelo reportagem, o site global não se manifestou.  "Mundo Record", assim como a "Globo Vídeos", não exibe seus telejornais, folhetins e atrações em uma tacada só - um vídeo de 50 minutos, por exemplo. Tudo é "picotado" para ganhar o tal "tempo de internet". (...)
DUAS TELEVISÕES - O YouTube é o grande responsável pela popularização dos vídeos online, afinal dá para achar tudo nele - conteúdo legal e ilegal. Segundo dados do Nielsen/NetRatings, o serviço tem 8,6 milhões de usuários domiciliares no Brasil. De acordo também com dados do próprio Google, a cada minuto dez horas de vídeo são colocadas no site. Então como concorrer com esse gigante? A resposta: conteúdo próprio para a web. Multishow e MTV têm, hoje, seriados - importados e brasileiros - que são transmitidos apenas em seus sites. O ESPN 360 (www.espn.com.br/360), canal de vídeos da ESPN Brasil, também vem ganhando material próprio. Na Olimpíada de Pequim o site terá um videorrepórter especial para o evento. É como se, aos poucos, as emissoras começassem a criar duas TVs diferentes: a tradicional e a da internet. 
"Cada vez mais vemos que dá para fazer uma MTV própria na rede sem depender da própria MTV", explica Zico Goes, diretor de programação da emissora.
Para Goes, outro fato que aos poucos vai se relevando é que a MTV está ganhando dois públicos distintos: aquele que só vê o Overdrive (serviço online de vídeos da emissora) e o que só acompanha o canal pela própria televisão tradicional.
Outra tendência, que já acontece muito, é os canais colocarem em seus sites algo que ficou de fora da TV. "É pegar o material bruto que foi ao ar e readaptá-lo para a web. Pode ser desde os melhores momentos de um programa ou cenas de bastidores dele", diz Daniela Mignani, gerente de marketing do Multishow."Chamamos isso de conteúdo de degustação." A ESPN usa desse mesmo recurso em seus principais programas diários, como o noticiário SportsCenter, que vai ao ar à noite. Algumas horas depois, já de manhãzinha, é possível ver, editado, o "best of" do jornal esportivo no canal online 360.
A produção de material próprio para a rede ainda não é popular. Segundo Goes, os videoclipes correspondem a 40% da audiência do Overdrive. No ESPN 360, na Terra TV e na UOLTV, as reportagens são os campeões de visitas.

(http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo_virtual/2008/05/28)

20. Relacionando o texto com o cartum, assinale a alternativa correta.

(a) Cada vez mais, a programação própria da rede televisiva vem ganhando espaço na internet.
(b) A qualidade da programação própria das redes televisivas abertas é inferior
àquela disponibilizada pelos canais a cabo.
(c) Com a ascensão do Youtube, a produção do material próprio para a internet popularizou-se nos últimos anos.
(d) Para atender à grande demanda de usuários que acessam a internet, a programação das emissoras de tevê vem sendo “picotada”.
(e) A qualidade da programação das emissoras de tevê não tem melhorado a despeito de sua disponibilidade na internet.

21. A distinção entre a veiculação de imagens pela internet e pelas redes  televisivas reside

(a) exclusivamente no tipo de programa que pode ser transmitido pelas duas, de acordo com a demanda do público interessado.
(b) no tempo e no conteúdo que pode ser transmitido pelas duas, de acordo com o interesse do público que as utilizam.
(c) no fato de o conteúdo da internet ser selecionado previamente pelos assinantes dos provedores.
(d) no fato de as redes televisivas abertas não disporem de tecnologia suficiente para a transmissão dos conteúdos veiculados na internet.
(e) no fato de que a transmissão do conteúdo televisivo na internet é inviável devido ao tempo requerido na rede virtual.

22. Levando em consideração as normas da língua, ao transformar-se o discurso direto abaixo em indireto, ter-se-ia:
"Cada vez mais vemos que dá para fazer uma MTV própria na rede sem depender da própria MTV", explica Zico Goes, diretor de programação da emissora.

(a) Zico Goes, diretor de programação da emissora explica que cada vez mais vêem que dá para fazer uma MTV própria na rede sem depender da própria MTV.
(b) Zico Goes, diretor de programação da emissora, explica que cada vez mais vemos que dá para fazer uma MTV própria na rede sem depender da própria MTV.
(c) Zico Goes, diretor de programação da emissora, explica que cada vez mais vêem que dá para fazer uma MTV própria na rede sem depender da própria MTV.
(d) "Cada vez mais vêem que dá para fazer uma MTV própria na rede sem depender da própria MTV", explica Zico Goes, diretor de programação da emissora.
(e) Zico Goes, diretor de programação da emissora que “cada vez mais vêem que dá para fazer uma MTV própria na rede sem depender da própria MTV", explica.

Utilize o texto abaixo para responder ao teste 23.

Muito cedo para decidir

Gandhi se casou menino. Foi casado menino. O contrato, foram os grandes que assinaram. Os dois nem sabiam direito o que estava acontecendo, ainda não haviam completado 10 anos de idade, estavam interessados em brincar. Ninguém era culpado: todo mundo estava sendo levado de roldão pelas engrenagens dessa máquina chamada sociedade, que tudo ignora sobre a felicidade e vai moendo as pessoas nos seus dentes. Os dois passaram o resto da vida se arrastando, pesos enormes, cada um fazendo a infelicidade do outro.
Vocês dirão que felizmente esse costume nunca existiu entre nós: obrigar crianças que nada sabem a entrar por caminhos nos quais terão de andar pelo resto da vida é coisa muito cruel e... burra!

(Alves, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1995.)

23. Considerando as normas da língua e o sentido do texto, sobre “Foi casado menino”, pode-se afirmar:

(a) que o verbo “casar-se” não admite voz passiva; a forma “foi casado” denota que a obrigatoriedade da ação verbal recai sobre Gandhi.
(b) que ela é a forma passiva do verbo “casar-se”, empregado no pretérito-perfeito do indicativo no período anterior.
(c) que denota o fato de Gandhi ter sido casado em sua infância e juventude, mas não desfrutar mais de tal condição.
(d) que é uma forma apassivada do verbo intransitivo “casar”.
(e) que ela tem como sua correspondente na forma sintética o “se casou” do período anterior.

24. “Nunca deixou sequer a esperança de um dia revê-lo.” na voz passiva ficaria:

(a) Nunca deixara sequer a esperança de um dia revê-lo.
(b) Nunca foi deixado sequer a esperança de um dia revê-lo.
(c) Nunca se deixou sequer a esperança de um dia revê-lo.
(d) Nunca deixaram a esperança de um dia revê-lo.
(e) Nunca se deixaram a esperança de um dia revê-lo.

25. Em “Naquele momento, tínhamos precisão de que eles estivessem ali.”, a oração grifada equivale sintaticamente ao termo:

(a) Sempre careci de sua ajuda.
(b) Senti necessidade de falar-lhes.
(c) Pediu a nossa presença todo o tempo.
(d) Era necessária a sua permanência no recinto.
(e) Nunca o quis por perto.

26. Quando o ____, diga-lhe que _____ com o caráter que _____.

(a) ver, continue, possui
(b) vir, continue, possue
(c) ver, continui, possui
(d) vir, continui, possui
(e) vir, continue, possui

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