Tema de redação – UEMA – 2015
Leia a coletânea atentamente. Todos os textos são válidos
e indispensáveis para você refletir sobre o tema e elaborar a sua redação.
Texto I - O indivíduo que nunca lê nada é uma
vítima do analfabetismo – vítima voluntária, certo, mas analfabeta do mesmo
jeito. Exagero? Se você se recusa a ler ou escrever porque acha chato, inútil,
obsoleto ou por qualquer outro motivo, faça o seguinte teste: tente explicar,
no duro, qual é realmente a diferença entre você e um analfabeto – além, naturalmente,
da capacidade de ler letreiros, assinar seu nome num pedaço de papel e outras
miudezas. Vamos ver quem consegue.
Privar-se, por livre e espontânea vontade, do que escreveram
Machado de Assis, Charles Dickens ou Victor Hugo – ou Nélson Rodrigues, Balzac
e Fitzgerald, numa sucessão de gênios que passa de 100, talvez 200 nomes – é um
desperdício que mete medo. Será que toda essa gente estava errada, e que só
agora depois da vinda ao mundo do iPhone, a humanidade começou enfim a entrar no
caminho correto, dispensando-se da “ultrapassada tarefa” de ler? Será que
abolir da vida a imaginação e a curiosidade, como tanta gente está fazendo,
torna as pessoas mais inteligentes, produtivas ou eficazes?
Fonte: GUZZO, J.R. Revista Veja. Edição 2377. São
Paulo: Abril, 2014. (adaptado)
Texto II - “Quando fantasio / É quando sou mais
sincero”. A icônica frase de Waly Salomão (1943-2003), mestre da poesia tresloucada
e da subversão de quem fazia versos como quem morde, inspirou a Revista da
Cultura a seguir seus passos rumo à fantasia para colocar em prática, ao
menos por algumas páginas, o projeto que ele tinha como Secretário Nacional do
Livro e da Leitura no Ministério da Cultura na gestão de Gilberto Gil, durante
o primeiro mandato do governo Lula. O Fome de Livro consistia em entregar
cestas básicas de livros nas escolas, “transformar o livro numa carta de
alforria”*, como dizia o poeta. Waly não teve tempo de concretizar o
desejo. Mas afinal, de que nutrientes vitais é feito um livro? De que tipo de
sustento estamos cuidando quando botamos uma história para dentro? É tudo
fantasia, mas e se fosse verdade? Que livro você colocaria em uma cesta básica?
Fonte: PENZANI, Renata. Revista da Cultura. Ed. 86,
setembro. São Paulo: Livraria Cultura, 2014.
Texto III - Ler pode ser uma fonte de alegria.
“Pode ser”. Nem sempre é. Por isso mesmo tenho dó das crianças e dos
adolescentes que, depois de muito sofrer nas aulas de gramática, análise
sintática e escolas literárias, saem das escolas sem ter sido iniciados nos
polimórficos gozos da leitura. É como se lhes faltassem órgãos de prazer. São castrados.
Sabem ler, mas são analfabetos. Porque, como dizia Mário Quintana, analfabeto é
precisamente aquele que, sabendo ler, não lê.
Fonte: ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência.
São Paulo: Edições Loyola, 2004. (adaptado)
Texto IV - Imagino leituras livres, felizes. Asas
levíssimas da imaginação, antes mesmo e apesar de todas as resistências do
real. É claro que imagino uma vitória do prazer sobre a realidade, da alegria
sobre o dever, da liberdade sobre a necessidade.
Porém, leitores são formados em sociedade. Livros não
nascem em árvores, para serem colhidos quando maduros, feliz estado da natureza,
por crianças e jovens livres. Tudo passa pela classe social, pela família e
pela escola, pela religião e pela cultura, pela política e pelo poder. Hoje em
dia, há os que defendem uma educação pela imagem, a educação e a leitura
passando pela via que dispensa o livro e a cultura letrada. Aí tudo torna-se
mais fácil: o mundo mágico da mercadoria e das imagens da mercadoria muda de
sinal, onde todos podem brincar à vontade, desobrigados de pensar e de imaginar
algo diferente disso que apenas existe, tem peso e exerce seu poder.
Leitura e literatura são inseparáveis da tradição
crítica que forma o mundo moderno. Não como panaceia* ou via de salvação, apenas
como certeza de que a ignorância serve sempre ao poder e à dominação.
Ler é fazer perguntas. Ler para entender a História,
a vida cotidiana, o alarido e o tumulto, velozes, que podem a qualquer um confundir.
Ler, para imaginar. Ler, para não esquecer. Ler é nunca parar de fazer
perguntas, uma depois da outra, numa enfiada sem fim.
Ler, até entender que a vida em sociedade é móvel,
jamais fixa, estável e natural.
Fonte: BUENO, André. Formas de crise: estudos de
literatura, cultura e sociedade. Rio de Janeiro: Graphia, 2002. (adaptado)
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Com base na leitura da coletânea apresentada e,
considerando as ideias dos trechos em negrito (Texto II e Texto IV), redija um
texto dissertativo-argumentativo, em prosa, com, no mínimo, quinze linhas,
sobre o tema:
- LIVROS NA VIDA DE UM LEITOR:
PANACEIA OU CARTA DE ALFORRIA?
ATENÇÃO
Ao elaborar a sua redação,
- selecione suas próprias ideias sobre o tema proposto,
relacionando-as com os textos motivadores.
- organize argumentos e fatos para defender seu ponto de
vista.
- não copie trechos dos textos
motivadores.
INSTRUÇÕES
O candidato deve
- usar a norma culta-padrão da língua portuguesa;
- obedecer, obrigatoriamente, ao tema e à tipologia
textual indicados;
- atribuir um título apropriado à sua produção textual;
- articular suas próprias informações às ideias
apresentadas nos textos motivadores, desenvolvendo seu ponto de vista, de modo
a justificar a conclusão a que pretende chegar, mantendo, assim, coerência
argumentativa;
- obedecer ao que consta no Edital nº 116/2014 – PROG/UEMA
a respeito da correção da Produção Textual.
Será atribuída nota zero à prova de produção
textual (redação) do candidato que identificar a folha destinada à sua produção
textual; desenvolver o texto em forma de verso; desenvolver o texto sob forma
não articulada verbalmente (apenas com números, desenhos, palavras soltas);
fugir à temática e à tipologia textual propostas ou sugeridas na prova;
escrever de forma ilegível; escrever a lápis; escrever menos de quinze linhas;
deixar a produção textual (redação) em branco.
Leia também:
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