Meus oito anos
No tempo de pequenino
eu tinha medo da cuca
velhinha de óculos pretos
que morava atrás da porta. . .
Um gato a dizer corrumiau
de noite na casa escura. . .
De manhã, por travessura,
pica-pau, pau-pau.
Quando eu era pequenino
fazia bolotas de barro,
que punha ao sol pra secar.
Cada bolota daquela,
dura, redonda, amarela,
jogada com o meu certeiro
bodoque de guatambu
matava canário, rolinha,
matava inambu.
Quando eu era pequenino
vivia armando arapuca
pra caçar "vira" e urutau.
Mas de noite vinha a cuca
com o seu gato corrumiau. . .
Como este menino é mau!
Rolinha caiu no laço. . .
Ia contar, não conto não.
Como batia o coração
daquele verde sanhaço
na palma da minha mão!
Ah! se eu pudesse, algum dia,
caçar a vida num poema,
em seu minuto de dor
ou de alegria suprema,
que bom que pra mim seria
ter a vida em minha mão
pererecando de susto
como um sanhaço qualquer
na grade de um alçapão!
Mas. . . de noite vinha a cuca
(e por sinal que a noite parecia uma arapuca
com grandes pássaros de estrelas)
vinha com o gato corrumiau:
menino mau, menino mau,
meninomaumeninomau.
eu tinha medo da cuca
velhinha de óculos pretos
que morava atrás da porta. . .
Um gato a dizer corrumiau
de noite na casa escura. . .
De manhã, por travessura,
pica-pau, pau-pau.
Quando eu era pequenino
"Childhood Memories". Svetoslav Roerich. |
fazia bolotas de barro,
que punha ao sol pra secar.
Cada bolota daquela,
dura, redonda, amarela,
jogada com o meu certeiro
bodoque de guatambu
matava canário, rolinha,
matava inambu.
Quando eu era pequenino
vivia armando arapuca
pra caçar "vira" e urutau.
Mas de noite vinha a cuca
com o seu gato corrumiau. . .
Como este menino é mau!
Rolinha caiu no laço. . .
Ia contar, não conto não.
Como batia o coração
daquele verde sanhaço
na palma da minha mão!
Ah! se eu pudesse, algum dia,
caçar a vida num poema,
em seu minuto de dor
ou de alegria suprema,
que bom que pra mim seria
ter a vida em minha mão
pererecando de susto
como um sanhaço qualquer
na grade de um alçapão!
Mas. . . de noite vinha a cuca
(e por sinal que a noite parecia uma arapuca
com grandes pássaros de estrelas)
vinha com o gato corrumiau:
menino mau, menino mau,
meninomaumeninomau.
Na minha imaginação
ficou pra sempre o pica-pau.
Pica-pau batendo o bico
numa casca de pau.
Pica-pau, pau-pau.
Corrumiau miando de noite. . .
Corrumiau, miau-miau.
ficou pra sempre o pica-pau.
Pica-pau batendo o bico
numa casca de pau.
Pica-pau, pau-pau.
Corrumiau miando de noite. . .
Corrumiau, miau-miau.
(Cassiano Ricardo)
Leia também:
“Amar”– Carlos Drummond de Andrade
“Negócio de menino com menina” — Ivan Ângelo
"O homem; as viagens" — Carlos Drummond de Andrade
“Os dois lados” – Murilo Mendes
www.veredasdalingua.blogspot.com.br
Conheça as apostilas do blog Veredas da Língua. Clique em uma das imagens abaixo e saiba como adquiri-las.
PREPARE-SE PARA OS PRINCIPAIS VESTIBULARES DO PAÍS. ADQUIRA AGORA MESMO O PROGRAMA 500 TEMAS DE REDAÇÃO!
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário