Prova de Língua Portuguesa - UFG - 2006 - 1ºfase
QUESTÃO 01 - Observe o texto abaixo:
O efeito de sentido criado pela charge faz alusão
(A) ao descumprimento das promessas políticas
relativas à diminuição do desemprego.
(B) à valorização do jornalismo sensacionalista
pelos meios de comunicação.
(C) à ocupação de funções públicas por parentes de políticos.
(D) à fantasia das pessoas comuns em relação às
obrigações da vida parlamentar.
(E) ao papel fiscalizador da imprensa no combate ao
trabalho infantil.
Leia o texto abaixo para responder às questões de 02
a 04.
Líquido que não respinga
O
segredo para espalhar água num mergulho é a pressão atmosférica. Quando uma
gota normalmente cai sobre uma superfície, ela se espalha em uma poça ondulada
que se parte em respingos.
Buscando
controlar a ação, físicos da Universidade de Chicago liberaram gotas de álcool
em uma câmara de vácuo sobre uma superfície de vidro lisa e seca e gravaram os
resultados com uma câmera que fotografa 47 mil quadros por segundo.
Com
cerca de um sexto da pressão atmosférica normal, o respingo praticamente
desapareceu; as gotas simplesmente se dissolviam sem ondulações visíveis. Os
pesquisadores suspeitam que as gotas respingam porque a pressão do gás as
desestabiliza. A descoberta, apresentada na reunião de março da Sociedade Americana
de Física, poderia ajudar a controlar o respingo em combustíveis e impressoras
a tinta.
SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL. São Paulo, n. 38, jul.
2005, p. 20.
QUESTÃO 02 - Ao tentar controlar a queda de uma gota sobre uma
superfície, os pesquisadores observaram que
(A) a gota se espalha em forma de uma poça ondulada
que se parte em múltiplos respingos.
(B) a gravação com uma câmera fotográfica de 47 mil
quadros capta a quantidade de respingos.
(C) a pressão atmosférica é alterada pela liberação
de gotas de álcool em uma superfície.
(D) a descoberta soluciona o problema do respingo
em combustíveis e impressoras a tinta.
(E) o respingo praticamente desaparece quando a
pressão atmosférica se aproxima de um sexto da normal.
QUESTÃO 03 - No texto, além de localizar cronologicamente os
acontecimentos, pode-se afirmar, quanto aos tempos verbais, que
(A) as formas no passado apontam para a eficácia da
experiência científica.
(B) as vozes do verbo relacionam as informações
sobre a experiência e o seu grau de importância.
(C) a marca de gerúndio constitui uma estratégia de
polidez voltada para a autoria da pesquisa.
(D) a alternância presente/passado distingue os
comentários da descrição da experiência.
(E) a ocorrência do imperfeito destaca a relevância
dos procedimentos experimentais.
QUESTÃO 04 - Uma das relações semânticas estabelecidas na sequência
de orações introduzida por quando pode ser assim descrita:
(A) o espalhamento da gota é oposto à sua queda em uma
superfície.
(B) a queda da gota sobre uma superfície é condição
para o espalhamento em ondulações.
(C) a queda da gota é proporcional às ondulações de
uma poça d’água.
(D) o espalhamento da gota de água é simultâneo à queda
na superfície.
(E) a queda da gota é complementar ao seu
espalhamento sobre uma superfície.
Leia o texto abaixo para responder às questões 05
e 06:
“Medo da
própria sombra”
A
expressão nasceu de um fato bem literal: um cavalo que tinha medo da própria
sombra. Mas não era um cavalo qualquer – era o animal que Alexandre, o Grande, queria
comprar.
Por
volta de 340 a.C, o pai de Alexandre, Filipe II, rei da Macedônia, disse para o
dono de um cavalo nervoso que estava à venda que aquele animal não servia para
nada, já que ninguém podia montá-lo. Alexandre, aos 15 anos, retrucou: “Eu
posso montá-lo”. Filipe II brigou com o filho, mas Alexandrinho insistia. Até
que o rei, enfezado, disse que se o filho subisse no cavalo ele compraria o
bicho.
O
rapaz percebeu que o animal se agitava quando via sua sombra. Colocou-o de
frente para o sol. Com a sombra para trás, o cavalo se acalmou. Alexandre o
montou, ganhou o bicho e o batizou de Bucéfalo. Desde então, diz-se que alguém
bastante covarde é como Bucéfalo: tem medo da própria sombra.
AVENTURAS NA HISTÓRIA. São Paulo, ago. 2005, p. 19.
QUESTÃO 05 - A inserção no sistema linguístico de construções do
tipo “medo da própria sombra” é favorecida pela
(A) variação de significados originados a partir de
contextos linguísticos distintos.
(B) associação de conteúdos que demonstram reflexão
sobre fatos históricos.
(C) comparação de ideias aproximadas que levam à cristalização
da expressão.
(D) projeção de eventos do mundo real para
descrever situações fictícias.
(E) representação de conceitos oriundos de uma
língua estrangeira.
QUESTÃO 06 - A expressão diz-se que (linha 16) funciona
no texto como um indicador
(A) de uma informação geral enunciada por um
locutor genérico.
(B) da erudição inerente a relatos de natureza
histórico-científica.
(C) da relevância dos papéis sociais desempenhados
na comunicação.
(D) de reformulação do projeto textual desenvolvido
pelo autor.
(E) de exercício de avaliação sobre o conteúdo
enunciado.
QUESTÃO 07 - Leia o texto a seguir:
Próximo Domingo, 15/5, “O Fabuloso Destino de Amélie
Poulain”, uma comédia francesa que fez sucesso até em Hollywood.
FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 12 mai. 2005, p. 8A.
A força apelativa do anúncio se constrói com o
auxílio do até, uso que
(A) introduz o pressuposto de que as comédias
francesas são pouco aceitas em Hollywood.
(B) evita mal-entendidos quanto ao sucesso da
comédia francesa no Brasil.
(C) ironiza a origem da comédia “O fabuloso destino
de Amélie Poulain”.
(D) confere autoridade à voz do anunciante do filme
junto ao público-alvo.
(E) indica contradição nas críticas direcionadas ao
cinema comercial francês.
QUESTÃO 08
Einstein com a língua de fora é uma das imagens
mais exploradas pela publicidade. Essa foto é produtiva como recurso persuasivo
no discurso publicitário porque
(A) instiga o leitor a recuperar valores emocionais
despertados em um dos maiores físicos da história.
(B) estimula o público consumidor a questionar as
verdades científicas estabelecidas antes do século XX.
(C) vincula a credibilidade da propaganda ao
princípio físico de que a percepção da realidade é relativa.
(D) concorre para a promoção do jogo com o
inesperado, ao mostrar a irreverência de um renomado cientista.
(E) sugere que os textos das propagandas devem ser tão
atuais quanto as inovações tecnológicas.
QUESTÃO 09 - Leia o texto abaixo:
Uma
mensagem comum em fotologs...
“Oiieee...
td bemmm galera!?! espero q sim... essa fotin eh um pokito antigs, mas como eu
xonei nelaaa to postandu... pra qm naum conhece, esse eh meu cafofo, moh lindu,
fla seriu!! Ahuahuaha. Essa semana foi xuper cansativa, altas provas e talz...
nd + a declarar... huhu... Lunch entre amigonasss, tarde sussa... =) dps
preciso de ajuda nakele post special das p.i.’s* dessa semana gnt!! Hauhauha...
Aguardem!! grd bjooo...”
* p.i.’s: piadas internas
FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 24 abr. 2005, p. C6.
Pode-se dizer a respeito da constituição textual em
“Uma mensagem comum em fotologs” que se trata de
(A) um vocabulário restrito aos jovens, cuja
composição remete a um único campo semântico, como em “galera”, “amigonasss” e “gnt”.
(B) seqüências de orações sem valor referencial,
como se pode observar em expressões do tipo “xonei nelaaa to postandu...”.
(C) um tipo discursivo cuja estruturação recruta
elementos de textos mais formais, como se vê na afirmação “nd + a declarar”.
(D) formas lingüísticas que atestam a velocidade
das mudanças sofridas pela língua escrita padrão, como no caso do diminutivo “fotin”.
(E) um padrão de organização segundo normas da
língua falada e recursos da escrita, como a segmentação das palavras em “moh
lindu, fla seriu!!”.
QUESTÃO 10 - Leia o texto a seguir:
Caindo na real 1
Neste
meio de semana, a Copa dos Campeões começa para outros grandes além do
Liverpool. Ajax, Inter e Manchester United tentam passar pela terceira fase
classificatória. Mas Luxemburgo deve ficar de olho aberto em dois duelos:
Everton x Villarreal e Betis x Monaco.
Caindo na real 2
Apesar
de a Copa dos Campeões ter batido recorde de brasileiros e de o país ter vários
“brazucas” candidatos a melhor atleta do torneio, a Uefa deve premiar o inglês
Gerrard, do Liverpool.
FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 5 mai. 2005. p. D6.
Em ambas as notas, a organização das informações autoriza
o uso do título “Caindo na real”, pois
(A) a escolha das palavras aciona referências do
discurso futebolístico.
(B) a relação entre os conteúdos enunciados provoca
quebra de expectativa.
(C) a seqüência das frases determina o grau de
subjetividade do autor.
(D) a estruturação em um único parágrafo favorece a
concisão das ideias.
(E) a descrição de times e de atletas leva a
interpretações ambíguas.
QUESTÃO 11 - No texto introdutório ao Ubirajara, José de
Alencar adverte que historiadores, cronistas e viajantes do período colonial
fixaram uma imagem do índio brasileiro. Para contrapor-se a ela, o autor
constrói um protagonista que
(A) quebra um dos costumes culturais da tribo ao
recusar o casamento.
(B) enfrenta outros povos indígenas para manter o
poder pessoal.
(C) modifica as regras de hospitalidade na jornada
iniciática.
(D) assegura o nível hierárquico de jovem caçador
da nação aborígene.
(E) assume postura de cavalheiro diante do inimigo
vencido em combate.
QUESTÃO 12 - Quanto aos aspectos estéticos, Espumas
Flutuantes, de Castro Alves, caracteriza-se por
(A) versos brancos e caráter antidiscursivo.
(B) linguagem condoreira e alusões paródicas.
(C) metáforas pessimistas e alegorias religiosas.
(D) variação formal e recorrência a epígrafes.
(E) diálogos coloquiais e descrições realistas.
QUESTÃO 13 - Da leitura de Os melhores contos, de
Bernardo Élis, pode-se dizer que prevalece na obra
(A) a caracterização pitoresca da linguagem,
promovida pelo narrador.
(B) o tratamento mítico das personagens, enfatizado
nas suas ações.
(C) a abordagem utópica do espaço, marcado por
elementos urbanos.
(D) a estilização impressionista da natureza,
presente nas descrições.
(E) a composição convencional da narrativa,
construída de modo linear.
QUESTÃO 14 - No Romanceiro da Inconfidência, Cecília
Meireles mescla os três gêneros literários, entre os quais o lírico e o épico
podem ser identificados, respectivamente,
(A) nos trechos referentes ao amor de Marília por
Dirceu e no fio narrativo da obra.
(B) na descrição objetiva dos fatos e na
manifestação da imparcialidade dos protagonistas.
(C) na escolha da forma romance e na marcação do tempo
nas partes intituladas de Cenários.
(D) na grandiloqüência da linguagem e na fala
dramática das personagens.
(E) nos monólogos e diálogos expressos em versos e
na fusão do narrador com o mundo narrado.
QUESTÃO 15 - Em Desmundo, de Ana Miranda, o narrador está
inserido nas situações que conta, o que lhe permite
(A) o conhecimento amplo que favorece a análise da integração
étnica e a flexibilidade com a qual o colonizador tratou os costumes alheios.
(B) o discurso parcial que recupera os registros
linguísticos da época e a explicitação de crendices e superstições do povo
português.
(C) a condição sagaz que desvela os planos dos seus
superiores e o desconhecimento da organização social dos grupos indígenas.
(D) o ímpeto heróico que alicerça a ótica sobre as
ações principais e o posicionamento esclarecido perante a política
colonialista.
(E) a perspectiva lírica que atravessa o desterro
lusitano e a crítica à Coroa em controlar seu projeto expansionista.
QUESTÃO 16 - Em Calabar, de Chico Buarque e Ruy Guerra,
as personagens Mathias de Albuquerque e Maurício de Nassau pertencem a
diferentes metrópoles europeias. Apesar de trabalharem para países distintos,
eles têm em comum
(A) o ideal de representar a síntese do povo
brasileiro em Souto, Dias e Camarão.
(B) o plano de punir Calabar pela traição e pelos
danos causados aos seus países.
(C) o desejo de tornar o Brasil autônomo em relação
à Europa.
(D) a necessidade de neutralizar a ação delatora do
agente da CIO.
(E) a convicção de receber o apoio de Frei Manoel
do Salvador.
QUESTÃO 17 - O confronto entre classes está presente na seleta Os
melhores contos, de Bernardo Élis. Como exemplo disso, tem-se na narrativa “A
enxada” a menção à
(A) natural divisão entre poderosos e
desfavorecidos, simbolizada pelo dia de Santa Luzia.
(B) revelação da crueldade dos superiores,
comprovada na submissão de Supriano.
(C) flexível hierarquia entre os homens, indicada
pelas fogueiras oferecidas aos santos.
(D) socialização no interior, expressa na prática
de hospedagem dos festeiros.
(E) emancipação dos trabalhadores, representada
pela enxada como instrumento de poder.
QUESTÃO 18 - Calabar,
de Chico Buarque e Ruy Guerra, e Romanceiro da Inconfidência, de Cecília
Meireles, trazem episódios da História do Brasil para o plano literário e, nessa
releitura,
(A) o tópico da traição é relativizado e exposto de
forma poética.
(B) o açúcar e o ouro constituem temas secundários
desenvolvidos alegoricamente.
(C) os negros e as mulheres são subjugados e
excluídos das cenas dramáticas.
(D) a consolidação dos heróis da Independência
recebe tratamento irônico.
(E) o fracasso dos primeiros ideais de brasilidade
é mostrado por diversas vozes.
QUESTÃO 19 - Ubirajara,
de José de Alencar, e Espumas Flutuantes, de Castro Alves, são obras do
Romantismo porque
(A) resgatam os comportamentos heróicos da Idade Média.
(B) valorizam os temas lendários, regionais e
exóticos.
(C) exploram as identificações entre a natureza e o
ser humano.
(D) confirmam as características do individualismo
moderno.
(E) ilustram as discussões de ordem política de sua
época.
QUESTÃO 20 - Em relação a Oribela, Bárbara e Chica da Silva,
personagens das obras Desmundo, Calabar e Romanceiro da Inconfidência,
respectivamente, pode-se afirmar:
(A) Relacionam-se com seus pares visando interesse econômico.
(B) Transgridem o papel social das mulheres
determinado pela época.
(C) Sofrem a influência dos dogmas transmitidos
pela Igreja.
(D) Possuem conhecimento sistemático dos movimentos
políticos.
(E) Atuam como coadjuvantes nos grandes feitos das personagens
masculinas.
Leia também:
UFG - 2001 - 1º Fase - Prova de Língua Portuguesa
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