Prova de Língua Portuguesa - UFG - 2009 - 1ºsemestre - 1ºfase
Leia
a charge para responder às questões de 01 a 03.
(A) presume uma dieta alimentar baseada tanto em proteína animal quanto
em proteína vegetal.
(B) compara os humanos que se alimentam de carne aos animais que são
carnívoros.
(C) separa os animais da ordem dos herbívoros dos da ordem dos
carnívoros.
(D) denuncia a fragilidade física daqueles que se alimentam de carne.
(E) mostra que as diferenças alimentares não impedem a convivência
social em um restaurante.
QUESTÃO 02 - A charge faz uma crítica aos defensores da alimentação vegetariana, produzindo
um efeito de humor e ironia por
(A) prever novas formas de restrição a práticas de consumo ainda
aceitáveis.
(B) sugerir hábitos sociais que estão de acordo com as previsões do
Apocalipse.
(C) recuperar antigos costumes alimentares abandonados pela sociedade
atual.
(D) propor regras como garantia de boas maneiras à mesa.
(E) discriminar o indivíduo que foge dos padrões de vida saudável.
QUESTÃO 03 - É possível associar a crítica feita na charge à seguinte opinião sobre o
tabagismo:
(A) “Hoje, sabe-se como os receptores cerebrais funcionam. Quem não
entende isso, o nervosismo, a ansiedade, não pode combater o tabagismo [...]
'Respira fundo, conta até dez que passa – a vontade vem, mas depois passa'.
Depois de quanto tempo? Isso é um
papo idiota”. (J. I., cardiologista. Folha de S. Paulo, 07 set.
2008).
(B) “Pelo que me falou, você fuma mais depois do almoço e depois do
café. Então você precisa reduzir o café e evitar fumar após o almoço”.
(Atendente do 0800 do Ministério da Saúde, respondendo a indagações de um suposto
fumante. Idem).
(C) “Você não pode obrigar o fumante a parar de fumar. Como você não
pode obrigar o prefeito a fazer o programa [de prevenção]”. (L. W. L., diretora
do Cratod. Idem).
(D) “Considerar o fumante um sintoma de um problema social é desumanizar
suas necessidades e direitos. Isso leva a uma cultura em que as pessoas
implicam com as outras para obter mudanças”. (T. C., prof. da Universidade de
Panw (Indiana-EUA). Idem).
(E) “A gente faz [campanha] educacional sempre. Eu mesmo, no Ministério
da Saúde, proibi a propaganda, que era propaganda enganosa (...). Introduzimos
as fotos nos maços de cigarro como advertência. E o fumo caiu no Brasil. Agora,
precisa continuar as medidas”. (J. S., ex-ministro da Saúde. Idem).
QUESTÃO 04 - Leia o trecho da obra Memorial de Aires apresentado a seguir.
24 de agosto.
Qual! Não posso interromper o Memorial; aqui me tenho outra vez
com a pena na mão. Em verdade, dá certo gosto deitar ao papel coisas que querem
sair da cabeça, por via da memória ou da reflexão. Venhamos novamente à notação
dos dias.
[...]
Se eu não tivesse os olhos adoentados dava-me a compor outro Eclesiastes,
à moderna, posto nada deva haver moderno depois daquele livro. Já dizia ele que
nada era novo debaixo do sol, e se o não era então, não o foi nem será nunca
mais. Tudo é assim contraditório e vago também.
ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. São Paulo: Ática, 2007. p.
65-66.
Ao dizer em seu texto que “nada era novo debaixo do sol”, o autor
emprega a
(A) reificação, para questionar a autoria dos textos da Bíblia.
(B) ambigüidade, para ilustrar a oposição de idéias presente no livro do
Eclesiastes.
(C) intertextualidade, para comparar a produção de seu memorial a um
livro da Bíblia.
(D) contradição, para mostrar a modernidade de sua obra em relação ao
Eclesiastes.
(E) negação, para reafirmar a presença da novidade nos textos bíblicos e
nos romances modernos.
QUESTÃO 05 - No ano de 1907, Machado de Assis inicia a produção do seu último
romance, Memorial de Aires. Essa obra
(A) privilegia o gênero crônica por apresentar anedotas em sua estrutura
composicional.
(B) é organizada segundo a estrutura clássica do gênero épico.
(C) inaugura o gênero novela por ter uma trama formada por vários
conflitos.
(D) constitui um gênero primário por se aproximar do gênero conto moderno.
(E) integra os gêneros diário e carta como forma de composição da trama.
Leia o texto a seguir para responder às questões de 06 a 08.
O darwinismo da linguagem
A teoria da evolução
das espécies (1859), de Charles Darwin, influenciou o pensamento científico da
época, com reflexos na lingüística. [...] A metáfora biológica, uma heresia
para um século 20 mais atento aos aspectos sociais e culturais (numa palavra, “humanos”)
da língua, hoje volta com força com os avanços da lingüística e das bio e
neurociências. Se a lingüística do século 19 se ocupou da evolução histórica e
a do 20, da organização estrutural da língua, há hoje a articulação de ambas as
perspectivas para compreender a linguagem como fenômeno a um tempo cultural e
biológico.
Vários estudos nestas
décadas correlacionam dados genéticos a culturais, especialmente a língua. Para
o geneticista italiano Luigi Luca Cavalli-Sforza, a transmissão linguística faz
parte da transmissão cultural. Segundo sua teoria da Eva Africana, se,
analogamente ao genes, a língua se transmite de uma geração a outra (embora por
meios diferentes), é possível que todas as línguas atuais descendam de uma
língua falada na África há 200 mil anos. Segundo o biólogo britânico Richard
Dawkins, fatos culturais (que ele chama “memes”) transmitem-se conforme a
dinâmica da transmissão dos genes. Fatos lingüísticos e a própria língua seriam
um caso particular de memes. [...]
A linguagem altera a
sociedade, que altera a linguagem. É por isso que a língua muda enquanto
funciona (interage com o meio, com os falantes) e funciona enquanto muda. Se
parasse de evoluir, cairia em desuso, pois não daria mais conta da mudança
social. Por outro lado, quando uma
língua cai em desuso, deixa de evoluir e permanece fossilizada nos registros
que deixou.
O termo mutação
linguística é um empréstimo tomado à biologia. Afinal, a inovação linguística
ocorre segundo um princípio similar ao da mutação genética. Nos seres vivos, as
moléculas de DNA produzem cópias de si mesmas. A falha nesse processo resulta
numa cópia imperfeita da molécula original. Conforme o DNA prossegue se
auto-replicando, essas falhas, ou mutações, vão se acumulando de modo que, após
gerações, alterações significativas nos organismos já podem ser notadas.
BIZZOCCHI, Aldo. Língua portuguesa, São Paulo: Segmento, ano 3,
n. 33, p. 56-58, jul. 2008. (Adaptado).
QUESTÃO 06 - O título do artigo “O darwinismo da linguagem” antecipa o entendimento de
que
(A) tanto as espécies biológicas quanto as línguas podem ser
compreendidas por suas evoluções.
(B) a genética da linguagem humana deve ser estudada fora da teoria
biológica.
(C) o corpo humano e a linguagem são sistemas estruturados de forma
estática.
(D) a linguagem e as espécies biológicas sofrem mutações dada a
existência de uma genética comum.
(E) a língua se compara a um organismo vivo por se manter imutável
diante do contato com outros seres.
QUESTÃO 07 - Pela leitura do texto, depreende-se a idéia de que a
(A) genética, assim como a lingüística, despreza o estudo da
neurociência na compreensão da anatomia e fisiologia das línguas.
(B) genética e a lingüística classificam-se como disciplinas científicas
responsáveis pelo desenvolvimento da linguagem em seu aspecto social.
(C) teoria darwinista fundamentada na genética representa, nos estudos
da linguagem, uma subversão de seus aspectos biológicos.
(D) lingüística e a genética se aproximam na concepção da linguagem como
um fenômeno de natureza cultural e biológica.
(E) metáfora biológica exclui de seus estudos as mutações semânticas que
provocam o distanciamento linguístico entre os falantes.
QUESTÃO 08 - O penúltimo parágrafo do texto pode ser ilustrado por meio da seguinte
afirmação:
(A) com o fim da escravidão, a palavra você, derivada de vossa
mercê, passou a ser usada no Brasil.
(B) como resultado das adaptações a novos usos, a forma a gente passou
a ser usada como pronome pessoal.
(C) a mudança da palavra treição para traição confirma a casualidade
e a desconexão das mutações linguísticas.
(D) o uso da palavra largato no lugar de lagarto descarta
a explicação dos princípios da mutação linguística.
(E) em português, a palavra mouse, derivada de rato em inglês, é
a única forma de se referir a um dispositivo do computador.
Leia a tira para responder às questões 09 e 10.
QUESTÃO 09 - O uso das aspas duplas no terceiro quadro da tira indica que o locutor
(A) desconhece a voz do sujeito que escreveu a afirmação que é notícia
do jornal.
(B) enfatiza a necessidade de paz mundial diante da agressividade das
brincadeiras infantis.
(C) ironiza a diferença entre as fantasias infantis e o desarmamento nuclear.
(D) expressa seu pensamento enquanto faz a leitura da notícia de jornal.
(E) demarca uma outra voz que não a sua para produzir um efeito de
credibilidade.
QUESTÃO 10 - A fisionomia da personagem no último quadro permite a compreensão de que
(A) as crianças superam os adultos quando se trata de criar fantasia.
(B) o imaginário infantil assegura o sucesso das grandes decisões
mundiais.
(C) o mundo adulto é tão fantasioso quanto a imaginação infantil.
(D) as crianças propõem soluções para os conflitos do mundo adulto em
suas fantasias.
(E) o universo infantil é tão artificial quanto a guerra inventada pelos
adultos.
LITERATURA
QUESTÃO 11 - Leia o fragmento do poema “A morte de Tapir”, do livro Melhores
poemas, de Olavo Bilac.
Que Tapir penetrou o seio da floresta.
Era de vê-lo assim, com o vulto enorme ao peso
Dos anos acurvado, o olhar faiscando aceso,
Firme o passo apesar da extrema idade, e forte.
Ninguém, como ele, em face, altivo e hercúleo, a morte
Tantas vezes fitou... Ninguém, como ele, o braço
Erguendo, a lança aguda atirava no espaço.
[...]
Quanta vez do inimigo o embate rechaçando
Por si só, foi seu peito uma muralha erguida,
Em que vinha bater e quebrar-se vencida
De uma tribo contrária a onda medonha e bruta!
BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção Marisa Lajolo. São Paulo: Global,
2003. p. 21-22.
Nesse poema, o parnasiano Bilac segue a tendência romântica da
tematização do índio. O indígena bilaquiano aproxima-se daquele do Romantismo
(A) pela caracterização superficial.
(B) pelo comportamento rude.
(C) pela dimensão cotidiana.
(D) pelo aspecto heróico.
(E) pelo temperamento passional.
QUESTÃO 12 - Observe o quadro “Abaporu” (1928) de Tarsila do Amaral, reproduzido na
contracapa do livro Tarsila, de Maria Adelaide Amaral.
Na peça Tarsila,
de Maria Adelaide Amaral, a protagonista presenteia Oswald por seu
aniversário com o quadro “Abaporu”. Nessa ocasião, Mário de Andrade, diante da
obra, refere-se a sua plasticidade, caracterizada por
(A) elementos nacionais que marcam uma perspectiva artística.
(B) figuras naturalistas que estabelecem um efeito de realidade.
(C) desenhos infantis que resgatam elementos da cultura popular.
(D) linhas simétricas que rompem com a tradição do Modernismo.
(E) formas proporcionais que marcam o equilíbrio da paisagem.
QUESTÃO 13 - Leia os fragmentos dos livros de Marina Colasanti e Maria Adelaide
Amaral.
Como nós, pensa agora Marta, emendando o fio no exato ponto em que o havia
partido, como nós. E vê-se, como se num filme, deitada na cama ao lado do
marido, os dois dormindo alheios um do outro num sono que podia durar horas ou
anos, dependendo apenas da maneira de contar o tempo.E dizer que começamos como
libélulas, segue Marta. Tínhamos brilho, alguma transparência. Caçadores delicados,
assim fomos no princípio. Chegamos a voar, a voar nos dias, na superfície dos
dias feito as libélulas voam sobre a superfície dos lagos. Como íamos saber que
aquilo era apenas o princípio? Só percebemos depois que acabou. E aí pareceu
tão curto.
COLASANTI, Marina. É a alma, não é?. O leopardo é um animal delicado.
Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 9.
OSWALD – Um sujeito quantos anos mais novo que você? Vinte?
TARSILA – (Segura) Vinte e um!
OSWALD – Vamos lá, Trolyr... eu sou um homem muito mais interessante do
que ele... com a vantagem que você conhece
melhor...
TARSILA – Acho que prefiro o risco do desconhecido.
AMARAL, M. Adelaide. Tarsila. São Paulo: Globo, 2004. p. 71.
Os contextos a que esses fragmentos pertencem delineiam perfis femininos
– a personagem Marta, do conto “É a alma, não é?”, de Marina Colasanti, e a
protagonista Tarsila, da peça teatral homônima, de Maria Adelaide Amaral.
Assim, a voz de Marta e de Tarsila, respectivamente,
(A) constata a solidão no casamento; demonstra a visão inovadora dos
valores sociais.
(B) manifesta o desejo de mudança; relaciona os conflitos do casamento
aos valores profissionais.
(C) associa a crise conjugal aos fatos sociais; denuncia o preconceito ao
amor na velhice.
(D) amplia o apelo erótico na vida conjugal; questiona a base social da
identidade feminina.
(E) atrela a vida conjugal aos avanços femininos; expressa a superação
de conflitos do passado.
QUESTÃO 14 - A confissão e o memorial são gêneros textuais praticados de modo
artístico em A confissão, de Flávio Carneiro, e em Memorial de Aires,
de Machado de Assis. Estão presentes em cada obra, respectivamente,
(A) a divulgação de ações censuráveis pela polícia e as recriações de
memórias passionais.
(B) a inconsciência de crimes praticados e a construção de apontamentos
imparciais.
(C) a anotação da vida recente e a ficcionalização de situações factuais.
(D) o reconhecimento de fatos verídicos e a confirmação de eventos
pessoais.
(E) o relato de atos cometidos e as anotações de quadros comportamentais.
QUESTÃO 15 - Leia os fragmentos da peça Tarsila, de Maria Adelaide Amaral.
TARSILA – Eu também fiquei pobre, Mário. Como você deve saber, estou
trabalhando na Pinacoteca.
MÁRIO – O que é a sua pobreza comparada com a minha, Tarsila? Você ainda
tem a fazenda...
TARSILA – Sabe Deus quando poderei resgatar a hipoteca! A única coisa
que eu tenho realmente é a minha arte, Mário...
[...]
OSWALD – Sabe que até as taças de cristal de minha mãe tive que
empenhar? (Sacode a cabeça e bebe um gole) Eu fui amigo de Gleizes, De
Chirico, Léger, Picasso, Cocteau,
Satie. Satie era parecido comigo, o humor dele fustigava a mediocridade
e a burrice. [...]
TARSILA – Eu gostaria de poder ajudar você, mas só tenho a minha arte...
escolha o quadro que quiser, Oswaldo...
AMARAL, M. Adelaide. Tarsila. São Paulo: Globo, 2004. p. 62 e 83.
Nos excertos, um evento de alcance coletivo é apresentado a partir de
histórias particulares. Neles, a situação vivenciada pelas personagens
relaciona-se com o seguinte acontecimento de ampla repercussão:
(A) a marcha da Coluna Prestes, em 1924.
(B) a eclosão da Revolução Liberal, em 1930.
(C) a queda da bolsa de Nova Iorque, em 1929.
(D) a realização da Semana de Arte Moderna, em 1922.
(E) a fundação do Partido Comunista Brasileiro, em 1922.
QUESTÃO 16 - Leia os textos “Inania verba”, de Olavo Bilac, e “Soneto do essencial”, de
Afonso Felix de Sousa.
Inania verba
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
– Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...
O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.
Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?
E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!
BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção Marisa Lajolo. São Paulo: Global,
2003. p. 81.
Vocabulário:
Inania verba: palavras vazias
Soneto do essencial
A vida, a que não tens e tanto buscas,
terás, se te entregares à poesia;
se andares entre as pedras, as mais bruscas,
da escarpa a que te leva a rebeldia;
se deres mais ao sonho, com que ofuscas
as luzes da razão e o próprio dia,
o coração que pulsa, se o rebuscas,
no eterno... Ou pulsa um deus que em ti havia?
Que pobre o teu sentir, se não te salvas
perdendo-te de vez nas terras alvas
que chamam da mais alta das estrelas.
Se a tanto te ajudar o engenho e arte,
ao impossível possas elevar-te
subindo em emoções, mas por vivê-las.
SOUSA, Afonso Felix de. Nova antologia poética. Goiânia:
Cegraf/UFG, 1991. p. 25.
Esses sonetos têm como tema a própria poesia, entretanto abordam
aspectos diferentes do fazer poético. Respectivamente, o soneto de Bilac e o de
Afonso Felix propõem
(A) o servilismo do poeta em relação à métrica; o abandono do poeta à
inspiração.
(B) a existência de uma forma perfeita; a pobreza do sentimento expresso
em poesia.
(C) o limite da palavra como meio de expressão; a poesia como
possibilidade de uma vida autêntica.
(D) a indignação do poeta com a frieza formal; a dificuldade de uma
existência consagrada à arte.
(E) a superioridade do sentimento em relação à palavra; a valorização da
vida em detrimento da poesia.
QUESTÃO 17 - Leia o fragmento do romance Memorial de Aires.
Estou só, totalmente só. Os rumores de fora, carros, bestas, gentes,
campainhas e assobios, nada disso vive para mim. Quando muito o meu relógio de
parede, batendo as horas, parece falar alguma coisa, – mas fala tardo, pouco e
fúnebre. Eu mesmo, relendo estas últimas linhas, pareço-me um coveiro.
ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. São Paulo: Editora Ática,
2007. p. 81.
Esse contexto de velhice fatalista é detalhadamente descrito na
narrativa, porém, uma atitude significativa do Conselheiro Aires torna positiva
tal fase da vida, ao
(A) enamorar-se novamente quando corteja a jovem viúva Noronha.
(B) empenhar-se na escrita de um diário com suas impressões cotidianas.
(C) preocupar-se com questões sociais pertinentes à família imperial.
(D) dirigir-se ao interior do Rio de Janeiro para rever os amigos.
(E) interessar-se por questões políticas da Corte Portuguesa.
QUESTÃO 18 - O leopardo é um animal delicado, de Marina
Colasanti, é uma coletânea de contos. Com relação aos aspectos temáticos, esses
contos, predominantemente,
(A) investem as personagens de caráter elevado, imprimindo sentido épico
às narrativas.
(B) adotam uma perspectiva do feminino, revelando a mulher alheia às
mudanças.
(C) exploram os fatos nacionais, evidenciando as adversidades dos
contextos sociais.
(D) incluem os acontecimentos triviais, atribuindo valores morais às
histórias.
(E) apresentam uma variação de temas, enfocando as complexidades
humanas.
QUESTÃO 19 - A obra A confissão, de Flávio Carneiro, está estruturada sob as
formas de romance confessional e de suspense, cujas marcas estilísticas são,
respectivamente,
(A) construção do verossímil e economia das descrições.
(B) rememoração dos fatos e previsibilidade do desfecho.
(C) disposição em diálogos e explanação de motivos.
(D) narração das experiências e elucidação de enigma.
(E) relativização do tempo e distanciamento do leitor.
QUESTÃO 20 - Leia o excerto do poema “A moça de Goiatuba”, do livro Nova antologia
poética, de Afonso Felix de Sousa.
Mal rompeu o dia – a moça
foi levar café com leite
para o filho do patrão.
Sentada à beira da cama,
como fez sempre, esperava,
como fez sempre, que o moço
lhe reclamasse mais pão.
Mas o moço não queria
nem pão nem café com leite.
Queria – e com que paixão
dentro dos olhos! – queria-lhe
os peitinhos em botão.
[...]
Daí o moço pediu-lhe
que ela tirasse o vestido,
depois a combinação,
depois deitasse na cama,
que era bem quente o colchão.
Mas a moça riu e disse
não estar com frio não,
que o vestido que vestia
tirar não podia não,
[...]
E quando foram chamá-lo,
o moço tinha dormido
e não acordou mais não.
SOUSA, Afonso Felix de. Nova antologia poética. Goiânia:
Cegraf/UFG, 1991. p. 78-79.
Nesse poema, filiado ao gênero lírico, é possível encontrar elementos do
gênero narrativo. Entre esses elementos, destaca-se a presença de
(A) diálogos que exprimem conflitos.
(B) personagens que vivem a história.
(C) voz central que expressa sentimentos.
(D) linguagem que explora a sonoridade.
(E) versos que aproveitam o popular.www.veredasdalingua.blogspot.com.br
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Leia também:
UFG - 2001 - 1º Fase - Prova de Língua Portuguesa
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