Prova de Língua Portuguesa – FEI – 2014 - 2º semestre
PORTUGUÊS
Leia atentamente o poema de Augusto dos Anjos e responda
às questões a seguir:
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
1ª Questão. O “verme” declara “guerra à vida”, segundo o
poema, porque:
(A) alimenta-se dos últimos sinais de vida humana para compor
a sua própria existência.
(B) nega-se a devorar um cadáver putrefato.
(C) opõe-se ao “eu”, a partir da consciência que tem do
que representa o “outro”.
(D) representa a renovação e a possibilidade de recriação
da existência.
(E) é o “operário das ruínas”, ser que conscientemente desenvolve
um trabalho de superação dos próprios limites.
2ª Questão. O termo em destaque em “Anda a espreitar meus
olhos para roê-los” (verso 12) poderia ser substituído, sem mudar significativamente
o sentido original, por:
(A) almejar (B) preterir (C) perscrutar (D) desafiar (E)
recobrir
3ª Questão. O “verme” se opõe ao “eu” representando,
dentro do contexto poético:
(A) a confirmação de que a morte confere identidade aos homens.
(B) a falta de sentido da existência e a constatação da fragilidade
da vida.
(C) a necessidade dos homens valorizarem o presente, vivendo-o
intensamente.
(D) o anseio por um futuro mais justo.
(E) a possibilidade de reencarnação do “eu” em outra dimensão
sombria.
4ª Questão. O título do poema – “Psicologia de um vencido”
– faz referência:
(A) ao desejo de autoconhecimento do “eu”.
(B) à dissecação das diferenças entre vencedores e
vencidos.
(C) ao estudo do comportamento dos vermes.
(D) à necessidade do “eu” de se integrar ao mundo que o circunda.
(E) à sensação de derrota do “eu” diante de si e do mundo.
5ª Questão. As estrofes, lidas em conjunto:
(A) apresentam uma gradação de ideias, que vai do
universal ao particular.
(B) apresentam uma gradação de ideias, que vai do
particular para as reflexões acerca da condição humana.
(C) apresentam um jogo de ideias em que elas são afirmadas
para posteriormente serem contestadas.
(D) trazem a mesma ideia, ainda que com diferentes
ênfases.
(E) apresentam ideias que se desenvolvem paralelamente.
6ª Questão. Verifica-se que o “eu-lírico” se apresenta
como:
(A) uma pessoa especial e fora do padrão, responsável pelo
seu trágico destino.
(B) desprovido de habilidades para definir seu destino, marcado
pela sorte e bem-aventurança.
(C) vítima das adversidades do contexto em que nasceu e viveu.
(D) condenado a pagar pelas más ações cometidas ao longo da
infância.
(E) consciente das suas qualidades, que são desprezadas pela
sociedade.
7ª Questão. A leitura atenta do poema evidencia:
(A) o elogio dos sentimentos que distinguem o homem dos animais.
(B) a crença de que a ciência pode explicar a psicologia
dos tipos humanos.
(C) a plena confiança de que a ciência significa o
progresso da humanidade.
(D) o pessimismo do eu-lírico com relação à vida.
(E) a visão otimista do eu-lírico com relação à vida.
8ª Questão. Reflita sobre os versos “Sobe-me à boca uma
ânsia análoga à ânsia / Que se escapa da boca de um cardíaco” (versos
7-8). Considerando o contexto em que a expressão em destaque aparece, é correto
afirmar:
(A) trata-se de uma expressão que modifica o termo “uma ânsia”.
(B) trata-se do sujeito do verbo “escapar”.
(C) trata-se de uma expressão que modifica o termo
“análoga”.
(D) trata-se do complemento do verbo “subir”.
(E) trata-se de uma expressão que modifica o verbo
“escapar”.
9ª Questão. Em “Este ambiente me causa
repugnância...” (verso 6), o termo em destaque:
(A) aponta um local indeterminado.
(B) evidencia que o ambiente está distante e é estranho ao
eulírico.
(C) determina um local que está distante do eu-lírico, mas
próximo ao verme.
(D) determina um local próximo ao eu-lírico.
(E) determina a atração inconsciente que o eu-lírico sente
pelo local.
10ª Questão. Sobre a expressão em destaque no verso 13 –
“E há de deixar-me apenas os cabelos” – é correto afirmar:
(A) está grafada erroneamente, o que, do ponto de vista da
liberdade poética, não caracteriza um problema gramatical.
(B) projeta uma ação para o futuro.
(C) apresenta-se no presente do indicativo.
(D) revela um fato passado observado no momento presente.
(E) caracteriza o uso da forma conhecida como imperativo afirmativo.
11ª Questão. Os verbos estão majoritariamente flexionados:
(A) no pretérito perfeito do indicativo.
(B) no futuro do presente do indicativo.
(C) no presente do indicativo.
(D) no pretérito imperfeito do indicativo.
(E) no futuro do subjuntivo.
12ª Questão. Os acentos graves indicadores de crase
observados no poema evidenciam que:
(A) ocorrem somente com substantivos femininos, dado que indicam
o encontro de dois “a”, sendo um deles o artigo definido.
(B) ocorrem somente depois de verbos.
(C) são acidentais.
(D) seguem uma regra aplicável apenas em casos de regência
nominal.
(E) ocorrem somente com os substantivos femininos, dado que
indicam o encontro de dois “a”, sendo um deles o artigo indefinido.
13ª Questão. “A influência má dos signos do zodíaco”
(verso 4) funciona sintaticamente como:
(A) objeto indireto
(B) complemento nominal
(C) sujeito
(D) predicativo do sujeito (E)
objeto direto
14ª Questão. Em “Já o verme — este operário das ruínas –”
(verso 9), o termo em destaque é classificado como:
(A) aposto (B) adjunto adnominal (C) complemento nominal (D)
vocativo (E) sujeito
15ª Questão. “Profundissimamente” (verso 5) é exemplo de:
(A) derivação por prefixação
(B) derivação imprópria
(C) derivação por sufixação
(D) composição por aglutinação
(E) derivação regressiva
16ª Questão. Analise atentamente as afirmações abaixo,
relacionando-as a seus conhecimentos. Assinale V, para verdadeiro, ou F, para falso:
I. As imagens do corpo em decomposição sugerem a degradação
moral dos homens.
II. A linguagem contradiz a tradição poética
sentimentalista.
III. As influências do Naturalismo e do Simbolismo se estabelecem
em torno do cientificismo e da decadência do eu.
IV. Os críticos do único livro de Augusto dos Anjos
observam sua militância político-ideológica, que o coloca entre os principais
poetas brasileiros de inclinação socialista.
(A) F, V, V, V
(B) V, V, V, F
(C) F, V, V, F
(D) V, F, V, F
(E) V, F, F, F
17ª Questão. A linguagem orgânica, cientificista, com
termos advindos da química, causou estranhamento na crítica da época. O estilo de
Augusto dos Anjos não se enquadrou nem mesmo dentro das escolas às quais ele
era contemporâneo, a saber:
(A) Romantismo e Barroco.
(B) Naturalismo e Arcadismo.
(C) Barroco e Parnasianismo.
(D) Simbolismo e Parnasianismo.
(E) Realismo e Barroco.
18ª Questão. Verifica-se no poema:
(A) Quatorze versos, brancos e livres, distribuídos igualmente
entre quatro estrofes.
(B) Dois quartetos e dois tercetos, que se apresentam sem metrificação.
(C) Versos brancos, mas com métrica, distribuídos aleatoriamente
em quatro estrofes.
(D) Versos com rimas fixas, mas sem métrica, distribuídos rigorosamente
em dois quartetos e dois tercetos.
(E) Quatorze versos, com rimas e métrica regular,
rigorosamente estruturados em dois quartetos e em dois tercetos.
19ª Questão. A forma poética do texto é conhecida como:
(A) Ode (B) Canção de amigo (C) Canção de amor (D) Soneto (E)
Écloga
20ª Questão. É possível afirmar que se trata de um poema,
porque:
(A) há a exploração dos recursos expressivos da linguagem,
como rima, ritmo, versificação e há profusão de metáforas.
(B) identifica-se a intencionalidade de comunicar o estado
de espírito do autor em uma linguagem prosaica.
(C) há o padrão culto da língua portuguesa, bem como a presença
de um “eu”, retratado de modo objetivo.
(D) a linguagem formal se mistura com as gírias e os modos
de falar mais populares.
(E) há uma temática amorosa que projeta um desejo de realização,
ainda que no pós-morte.
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