PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA - UERJ - 2011
1º EXAME DE QUALIFICAÇÃO
COM BASE
NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 1 A 3.
Os poemas
Os poemas
são pássaros que chegam
não se
sabe de onde e pousam
no livro
que lês.
Quando
fechas o livro, eles alçam voo
como de
um alçapão.
Eles não
têm pouso
nem porto
alimentam-se
um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas,
então, essas tuas mãos vazias,
no
maravilhado espanto de saberes
que o
alimento deles já estava em ti...
E olhas,
então, essas tuas mãos vazias,
no
maravilhado espanto de saberes
que o
alimento deles já estava em ti...
MÁRIO
QUINTANA - Poesia completa - . Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 2005.
01. De acordo
com esses versos, um dos efeitos da compreensão da leitura é :
(A) alimentar
o leitor com novas perspectivas e opções
(B) revelar
ao leitor suas próprias sensações e pensamentos
(C) transformar
o leitor em uma pessoa melhor e mais consciente
(D) deixar
o leitor maravilhado com a beleza e o encantamento do poema
02. O texto é
todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura é
denominada de:
(A) elipse (B) metáfora (C) metonímia (D) personificação
03. Eles não têm pouso / nem porto (v. 6-7)
Os versos
acima podem ser lidos como uma pressuposição do autor sobre o texto literário. Essa
pressuposição está ligada ao fato de que a obra literária, como texto público,
apresenta o seguinte traço:
(A) é
aberta a várias leituras
(B) provoca
desejo de transformação
(C) integra
experiências de contestação
(D) expressa
sentimentos contraditórios
COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 4 A 9.
Como e porque sou romancista
Minha mãe e minha tia se ocupavam com trabalhos de costuras, e as amigas para não ficarem ociosas as ajudavam. Dados os primeiros momentos à conversação, passava-se à leitura e era eu chamado ao lugar de honra.
Muitas vezes, confesso, essa honra me arrancava bem a contragosto de um sono começado ou de um folguedo querido; já naquela idade a reputação é um fardo e bem pesado. Lia-se até a hora do chá, e tópicos havia tão interessantes que eu era obrigado à repetição. Compensavam esse excesso, as pausas para dar lugar às expansões do auditório, o qual desfazia-se em recriminações contra algum mau personagem, ou acompanhava de seus votos e simpatias o herói perseguido.
Uma noite, daquelas em que eu estava mais possuído do livro, lia com expressão uma das páginas mais comoventes da nossa biblioteca. As senhoras, de cabeça baixa, levavam o lenço ao rosto, e poucos momentos depois não puderam conter os soluços que rompiam-lhes o seio.
Com a voz afogada pela comoção e a vista empanada pelas lágrimas, eu também cerrando ao peito o livro aberto, disparei em pranto e respondia com palavras de consolo às lamentações de minha mãe e suas amigas.
Nesse instante assomava à porta um parente nosso, o Revd.º Padre Carlos Peixoto de Alencar, já assustado com o choro que ouvira ao entrar – Vendo-nos a todos naquele estado de aflição, ainda mais perturbou-se:
- Que aconteceu? Alguma desgraça? Perguntou arrebatadamente.
As senhoras, escondendo o rosto no lenço para ocultar do Padre Carlos o pranto e evitar seus remoques, não proferiram palavra. Tomei eu a mim responder:
- Foi o pai de Amanda que morreu! Disse, mostrando-lhe o livro aberto.
Compreendeu o Padre Carlos e soltou uma gargalhada, como ele as sabia dar, verdadeira gargalhada homérica, que mais parecia uma salva de sinos a repicarem do que riso humano. E após esta, outra e outra, que era ele inesgotável, quando ria de abundância de coração, com o gênio prazenteiro de que a natureza o dotara.
Foi essa leitura contínua e repetida de novelas e romances que primeiro imprimiu em meu espírito a tendência para essa forma literária [o romance] que é entre todas a de minha predileção?
Não me animo a resolver esta questão psicológica, mas creio que ninguém contestará a influência das primeiras impressões.
JOSÉ DE ALENCAR. Como e porque sou romancista. Campinas: Pontes, 1990.
04 A reação do Padre Carlos é muito diferente daquela que apresentam as senhoras diante da “morte” do personagem, situação que, no texto, é demarcada também pelo emprego de certas palavras. A diferença entre a reação das senhoras e a do Padre Carlos é indicada pelo uso das seguintes palavras:
(A) consolo - riso (B) lágrimas - desgraça (C) homérica - inesgotável (D) comoção - gargalhada
Ao final
do texto o autor levanta uma questão, mas diz que não pode resolvê-la.
Entretanto, a segunda parte da frase sugere que o autor tem uma resposta. Este
é um conhecido processo retórico, pelo qual o autor adota o procedimento
indicado em:
(A) criticar
para negar (B) negar
para afirmar
(C) duvidar
para justificar (D) reconhecer
para criticar
06. Na composição das suas memórias, o escritor José de Alencar relaciona indiretamente sua infância a questões da vida adulta. Essa relação entre a memória da infância e uma reflexão sobre o presente está mais claramente estabelecida em:
(A) passava-se à leitura e era eu chamado ao lugar de honra. (l. 2-3)
(B) já naquela idade a reputação é um fardo e bem pesado. (l. 5)
(C) lia com expressão uma das páginas mais comoventes da nossa biblioteca. (l. 9-10)
(D) mas creio que ninguém contestará a influência das primeiras impressões. (l. 28-29)
07. Vendo-nos a todos naquele estado de aflição, (16)
O fragmento acima poderia ser reescrito, com o emprego de um conectivo.
A reescritura que preserva o sentido original do fragmento é:
(A) caso nos visse a todos naquele estado de aflição
(B) porém nos viu a todos naquele estado de aflição
(C) quando nos viu a todos naquele estado de aflição
(D) não obstante nos ver a todos naquele estado de aflição
08. Foi o
pai de Amanda que morreu! Disse, mostrando-lhe o livro aberto.
Compreendeu
o Padre Carlos e soltou uma gargalhada, (l21-22)
De acordo
com o texto, a compreensão que o padre teve da situação foi possível pela
combinação das palavras do narrador com:
(A) um
gesto simultâneo à fala
(B) um
senso apurado de humor
(C) uma
opinião formada sobre a família
(D) um
conhecimento prévio do problema
09. que
rompiam-lhes o seio. (l.11) O
vocábulo sublinhado faz referência a uma palavra já enunciada no texto. Essa
palavra a que se refere o vocábulo lhes é:
(A) soluços (B) páginas (C) senhoras (D) momentos
COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 10 A 13.
Ler e
crescer
Com a inacreditável capacidade humana de ter
ideias, sonhar, imaginar, observar, descobrir, constatar, enfim, refletir sobre
o mundo e com isso ir crescendo, a produção textual vem se ampliando ao longo
da história. As conquistas tecnológicas e a democratização da educação trazem a
esse acervo uma multiplicação exponencial, que começa a afligir homens e
mulheres de várias formas. Com a angústia do excesso. A inquietação com os
limites da leitura. A sensação de hoje ser impossível abarcar a totalidade do
conhecimento e da experiência (ingênuo sonho de outras épocas). A preocupação
com a abundância da produção e a impossibilidade de seu consumo total por meio
de um indivíduo. O medo da perda. A aflição de se querer hierarquizar ou
organizar esse material. Enfim, constatamos que a leitura cresceu, e cresceu
demais.
Ao mesmo tempo, ainda falta muito para quanto
queremos e necessitamos que ela cresça. Precisa crescer muito mais. Assim,
multiplicamos campanhas de leitura e projetos de fomento do livro. Mas sabemos
que, com todo o crescimento, jamais a leitura conseguirá acompanhar a expansão
incontrolável e necessariamente caótica da produção dos textos, que se
multiplicam ainda mais, numa infinidade de meios novos. Muda-se então o foco
dos estudiosos, abandona-se o exame dos textos e da literatura, criam-se os
especialistas em leitura, multiplicam-se as reflexões sobre livros e leitura,
numa tentativa de ao menos entendermos o que se passa, já que é um mecanismo
que recusa qualquer forma de domínio e nos fugiu ao controle completamente.
Falar em domínio e controle a propósito da
inquietação que assalta quem pensa nessas questões equivale a lembrar um
aspecto indissociável da cultura escrita, e nem sempre trazido com clareza à
consciência: o poder.
Ler e escrever é sempre deter alguma forma de
poder. Mesmo que nem sempre ele se exerça sob a forma do poder de mandar nos
outros ou de fazer melhor e ganhar mais dinheiro (por ter mais informação e
conhecer mais), ou sob a forma de guardar como um tesouro a semente do futuro
ou a palavra sagrada como nos mosteiros medievais ou em confrarias religiosas,
seitas secretas, confrarias de todo tipo. De qualquer forma, é uma caixinha
dentro da outra: o poder de compreender o texto suficientemente para perceber
que nele há várias outras possibilidades de compreensão sempre significou poder
– o tremendo poder de crescer e expandir os limites individuais do humano.
Constatar que dominar a leitura é se apropriar de
alguma forma de poder está na base de duas atitudes antagônicas dos tempos
modernos. Uma, autoritária, tenta impedir que a leitura se espalhe por todos,
para que não se tenha de compartilhar o poder. Outra, democrática, defende a
expansão da leitura para que todos tenham acesso a essa parcela de poder.
Do jeito que a alfabetização está conseguindo
aumentar o número de leitores, paralelamente à expansão da produção editorial
que está oferecendo material escrito em quantidades jamais imaginadas antes, e
ainda com o advento de meios tecnológicos que eliminam as barreiras entre
produção e consumo do material escrito, tudo levaria a crer que essa questão
está sendo resolvida. Será? Na verdade, creio que ela se abre sobre outras
questões. Que tipo de alfabetização é esse, a que tipo de leitura tem levado,
com que tipo de utilidade social?
ANA MARIA
MACHADO www.dubitoergosum.xpg.com.br
10. Com a inacreditável capacidade humana de ter ideias, sonhar, imaginar, observar, descobrir, constatar, enfim, refletir sobre o mundo e com isso ir crescendo , a produção textual vem se ampliando ao longo da história. (l 1-3)
O trecho destacado acima estabelece uma relação de sentido com o restante da frase.
Essa relação de sentido pode ser definida como:
(A) simultaneidade (B) consequência (C) oposição (D) causa
11. tudo levaria a crer que essa questão está sendo resolvida. Será? (l 35)
O emprego da forma verbal “levaria” e a forma interrogativa que se segue – “Será?” – sugerem um procedimento argumentativo, empregado no texto. Esse procedimento está explicitado em:
(A) a exposição de um problema que será detalhado
(B) a incerteza diante de fatos que serão comprovados
(C) a divergência em relação a uma ideia que será contestada
(D) o questionamento sobre um tema que se mostrará limitado12. Segundo o texto, as atitudes autoritárias e democráticas em relação à leitura possuem um pressuposto comum. Esse pressuposto está sintetizado em:
(A) o
reconhecimento de que a leitura se associa ao poder
(B) a
percepção de que a leitura se expande com o tempo
(C) a
expectativa de que a leitura se popularize na sociedade
(D) a
necessidade de que a leitura se identifique com a tecnologia
13. Enfim,
constatamos que a leitura cresceu, e cresceu demais.
Ao mesmo
tempo, ainda falta muito para quanto queremos e necessitamos que ela cresça.
Precisa crescer muito mais. (l 8-11)
Ao
afirmar que a leitura cresceu, mas ainda precisa crescer mais, a autora mostra
seu ponto de vista. Esse ponto de vista se relaciona com a seguinte
constatação:
(A) os
novos meios tecnológicos não aproximaram de imediato os leitores
(B) a
ampliação da produção textual não alterou o número de alfabetizados
(C) a
eliminação de barreiras não representou de verdade uma conscientização
(D) o
aumento de quantidade não se verificou do mesmo modo na qualidade
COM BASE NA IMAGEM ABAIXO E NO TEXTO ANTERIOR, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 14 A 15.
PEP MONTSERRAT
www.pepmontserrat.com
14. O processo de composição da imagem de Pep Montserrat é o de “colagem”, misturando e combinando signos visuais diferentes. Esse processo de mistura e combinação pode ser relacionado diretamente ao seguinte trecho do texto de Ana Maria Machado:
(A) jamais
a leitura conseguirá acompanhar a expansão incontrolável e necessariamente
caótica da produção dos textos, que se multiplicam ainda mais, numa infinidade
de meios novos.
(B) abandona-se
o exame dos textos e da literatura, criam-se os especialistas em leitura,
multiplicam-se
as reflexões sobre livros e leitura.
(C) o
poder de compreender o texto suficientemente para perceber que nele há várias
outras possibilidades de compreensão.
(D) Constatar
que dominar a leitura é se apropriar de alguma forma de poder está na base de duas
atitudes antagônicas dos tempos modernos.
15. A
imagem produzida pelo artista combina elementos de modo surpreendente,
inesperado na realidade cotidiana. A
figura da mão saindo do computador e oferecendo ao possível leitor um objeto
característico de outro espaço de leitura sugere principalmente o sentido de:
(A) coexistência
entre práticas diversas de leitura
(B) centralidade
da tecnologia na vida contemporânea
(C) artificialidade
das leituras instantâneas na sociedade
(D) ambiguidade
do leitor na relação com o aparato técnico
2º EXAME DE QUALIFICAÇÃO
CAULOS
Só doi quando eu respiro
. Porto Alegre: L&PM, 2001.01. No cartum apresentado, o significado da palavra escrita é reforçado pelos elementos visuais, próprios da linguagem não verbal. A separação das letras da palavra em balões distintos contribui para expressar principalmente a seguinte ideia:
(A) dificuldade
de conexão entre as pessoas
(B) aceleração
da vida na contemporaneidade
(C) desconhecimento
das possibilidades de diálogo
(D) desencontro
de pensamentos sobre um assunto
COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 2 A 4.
Múltiplo sorriso
Pendurou a última bola na árvore de Natal e deu alguns passos atrás. Estava bonita. Era um pinheiro artificial, mas parecia de verdade. Só bolas vermelhas. Nunca deixava de armar sua árvore, embora as amigas dissessem que era bobagem fazer isso quando se mora sozinha. Olhou com mais vagar. Na luz do fim da tarde, notou que sua imagem se espelhava nas bolas. Em todas elas, lá estava seu rosto, um pouco distorcido, é verdade – mas sorrindo. “Estão vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto.
“Eu não estou só.”
HELOÍSA SEIXAS Contos mais que mínimos . Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2010.
02. Ao dizer que o pinheiro era artificial, “mas parecia de verdade”, a narrativa realça um estado que define a personagem.Isto ajuda o leitor a compreender o fingimento da personagem em relação à:
(A) existência de suas amigas
(B) consciência de sua beleza
(C) presença de várias pessoas
(D) exposição de alguma intimidade03. Há um contraste irônico entre o título do conto e o seu desenvolvimento.
As ideias
essenciais desse contraste são:
(A) alegria
- isolamento (B) admiração
- distorção
(C) ornamentação
- inutilidade (D) multiplicidade
– contemplação
04. “Estão
vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto.
O trecho
acima revela o choque entre o mundo imaginário da personagem e a realidade de
sua solidão. Esse choque entre imaginação e realidade é enfatizado pela
utilização do seguinte recurso de linguagem:
(A) o uso
das aspas duplas
(B) o
emprego dos modos verbais
(C) a
presença da forma interrogativa
(D) a
referência à proximidade espacial
COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 5 A 10.
Competição
e individualismo excessivos ameaçam saúde dos trabalhadores
Ideologia
do individualismo
O novo cenário mundial do trabalho apresenta
facetas como a da competição globalizada e a da ideologia do individualismo. A
afirmação foi feita pelo professor da Universidade de Brasília (UnB) Mário
César Ferreira, ao participar do seminário Trabalho em Debate: Crise e
Oportunidades.
Segundo ele, pela primeira vez, há uma ligação
direta entre trabalho e índices de suicídio, sobretudo na França, em função das
mudanças focadas na ideia de excelência.
Fim da
especialização
“A configuração do mundo do trabalho é cada vez
mais volátil”, disse o professor. Ele destacou ainda a crescente expansão do
terceiro setor, do trabalho em domicílio e do trabalho feminino, bem como a
exclusão de perfis como o de trabalhadores jovens e dos fortemente
especializados. “As organizações preferem perfis polivalentes e
multifuncionais.” Desta forma, a escolarização clássica do trabalhador
amplia-se para a qualificação contínua, enquanto a ultraespecialização evolui
para a multiespecialização.
Metamorfoses
do trabalho
Ele ressaltou que as “metamorfoses” no cenário do
trabalho não são “indolores” para os que trabalham e provocam erros frequentes,
retrabalho, danificação de máquinas e queda de produtividade. Outra grande
consequência, de acordo com o professor, diz respeito à saúde dos
trabalhadores, que leva à alta rotatividade nos postos de trabalho e aos casos
de suicídio. “Trata-se de um cenário em que todos perdem, a sociedade, os governantes e, em
particular, os trabalhadores”, avaliou.
Articulação
entre econômico e social
Para a coordenadora da Diretoria de Cooperação e
Desenvolvimento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Christiane
Girard, a problemática das relações de trabalho envolve também uma questão:
qual o tipo de desenvolvimento que nós, como cidadãos, queremos ter?
Segundo Christiane, é preciso “articular” o
econômico e o social, como acontece na economia solidária. “Ela é uma das
alternativas que aparecem e precisa ser discutida. A resposta do trabalhador se
manifesta por meio do estresse, de doenças diversas e do suicídio. A gente não
se pergunta o suficiente sobre o peso da gestão do trabalho”, disse a
representante do Ipea.
Adaptado
de www.diariodasaude.com.br
05. No texto, as falas do professor universitário e da coordenadora do instituto de pesquisa reforçam o sentido geral antecipado pelo título da matéria jornalística. A citação de falas como as referidas acima é um recurso conhecido da argumentação. Esse recurso está corretamente descrito em:
(A) exemplificação de fatos enunciados no texto
(B) registro da divergência entre diferentes autores
(C) apoio nas palavras de especialistas em uma área
(D) apresentação de dados quantificados por pesquisas
06. Os subtítulos do texto organizam a leitura, sintetizando o que está diagnosticado ou proposto em cada parte. Dentre os subtítulos, aquele que anuncia uma proposta é:
(A) ideologia do individualismo (B) fim da especialização
(C) metamorfoses do trabalho (D) articulação entre econômico e social
07. Ele ressaltou que as “metamorfoses” no cenário do trabalho não são “indolores” para os que trabalham e provocam erros frequentes, retrabalho, danificação de máquinas e queda de produtividade.
No fragmento acima, a exemplo de outras passagens no texto, o emprego das aspas pelo autor tem a função de:
(A) dar destaque a termos pouco conhecidos (B) assinalar distanciamento de sentido irônico
(C) retomar uma ideia enunciada anteriormente (D) identificar citação de palavras do entrevistado
08. Na coesão
textual, os pronomes podem ser empregados para fazer a ligação entre o que está
sendo dito e o que foi enunciado anteriormente. O pronome sublinhado que
estabelece ligação com uma parte anterior do texto está na seguinte passagem:
(A) “A
configuração do mundo do trabalho é cada vez mais volátil”
(B) Outra
grande consequência, de acordo com o professor, diz respeito à saúde dos
Trabalhadores.
(C) “Trata-se
de um cenário em que todos perdem,”.
(D) qual
o tipo de desenvolvimento que nós , como cidadãos, queremos ter?
09. A
resposta do trabalhador se manifesta por meio do estresse, de doenças diversas
e do suicídio. A gente não se pergunta o
suficiente sobre o peso da gestão do trabalho”, disse a representante do Ipea.
A negação
expressa pela fala transcrita acima remete, na verdade, a uma afirmação. Essa
afirmação está corretamente enunciada em:
(A) a
gestão do trabalho deve ser mais bem avaliada
(B) o
mundo do trabalho deve secundarizar a gestão
(C) os
gestores precisam ser suficientemente saudáveis
(D) os
trabalhadores precisam atender melhor aos gestores
10. Dentre
as palavras usadas no texto para descrever o novo regime de trabalho, uma delas
implica uma contradição nos próprios termos, ou seja, uma palavra cuja
composição contém elementos que se
opõem. A palavra formada por elementos que sugerem sentidos opostos é:
(A) terceirização (B) escolarização (C) ultraespecialização (D) multiespecialização
Desde
então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da sala de jantar
Na
sentença acima, o processo metafórico se concentra no verbo “descascar”.
No
contexto, a metáfora expressa em “descascar” tem o seguinte significado:
(A) reduzir
(B) denunciar (C) argumentar (D) compreender
COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 11 A 15.
De
repente voltou-me a ideia de construir o livro. (...)
Desde
então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da sala de jantar (...).
Às vezes,
entro pela noite, passo tempo sem fim acordando lembranças. Outras vezes não me
ajeito com esta ocupação nova.
Anteontem
e ontem, por exemplo, foram dias perdidos. Tentei debalde canalizar para termo
razoável esta prosa que se derrama como a chuva da serra, e o que me apareceu
foi um grande desgosto. Desgosto e a vaga compreensão de muitas coisas que
sinto.
Sou um
homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde. (...) Não tenho doença
nenhuma.
O que
estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta
anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é
que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem
ferir cá dentro a sensibilidade embotada.
Cinquenta
anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber
para quê!
Comer e
dormir como um porco! Como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair
correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os
netos, para muitas gerações. Que estupidez! (...)
Coloquei-me
acima da minha classe, creio que me elevei bastante. Como lhes disse, fui guia
de cego, vendedor de doce e trabalhador alugado. Estou convencido de que nenhum
desses ofícios me daria os recursos intelectuais necessários para engendrar
esta narrativa. Magra, de acordo, mas em momentos de otimismo suponho que há
nela pedaços melhores que a literatura do Gondim. Sou, pois, superior a mestre Caetano
e a outros semelhantes. Considerando, porém, que os enfeites do meu espírito se
reduzem a
farrapos
de conhecimentos apanhados sem escolha e mal cosidos, devo confessar que a
superioridade que me envaidece é bem mesquinha.
(...)
Quanto às
vantagens restantes – casas, terras, móveis, semoventes, consideração de
políticos, etc. – é preciso convir em que tudo está fora de mim.
Julgo que
me desnorteei numa errada.
GRACILIANO
RAMOS São Bernardo . Rio de Janeiro: Record, 2004.
11. Desde então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da sala de jantar (l. 2)
Na sentença acima, o processo metafórico se concentra no verbo “descascar”. No contexto, a metáfora expressa em “descascar” tem o seguinte significado:
(A) reduzir (B) denunciar (C) argumentar (D) compreender
Na sentença acima, o processo metafórico se concentra no verbo “descascar”. No contexto, a metáfora expressa em “descascar” tem o seguinte significado:
(A) reduzir (B) denunciar (C) argumentar (D) compreender
12. Comer e dormir como um porco! Como um porco!
A repetição das palavras, neste contexto, constitui recurso narrativo que revela um traço relativo ao personagem. Esse traço pode ser definido como:
(A) carência (B) desespero (C) inabilidade (D) intolerância
13. O personagem reclama de uma vida na qual se dedicou a ações que agora vê como negativas. Essas ações estão melhor descritas em:
(A) Tentei debalde canalizar para termo razoável esta prosa que se derrama como a chuva
(B) E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações.
(C) Coloquei-me acima da minha classe, creio que me elevei bastante.
(D) fui guia de cego, vendedor de doce e trabalhador alugado.
14. As palavras do narrador expõem a extensão de seu sofrimento na tomada de consciência que impulsiona a escrita de seu livro. Na tentativa de descrever a si mesmo e confessar suas culpas, o personagem-narrador muitas vezes parece dirigir-se ao leitor.
Dos fragmentos transcritos abaixo, aquele que exemplifica esse diálogo sugerido com o leitor é:
(A) De repente voltou-me a ideia de construir o livro.
(B) Desgosto e a vaga compreensão de muitas coisas que sinto.
(C) Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde.
(D) Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros.15. Julgo que me desnorteei numa errada.
Na
sentença acima ocorre a elipse de um determinado termo, o qual, no entanto,
pode-se deduzir pelo contexto e pela construção gramatical. Esse termo está
indicado em:
(A) trilha
(B) atalho (C) desvio (D) armadilha
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