Leia o texto para responder às questões de 01 a 03.
Como é mesmo o nome?
Levou
o manequim de madeira à festa porque não tinha companhia e não queria ir
sozinho. Gravata bordeaux, seda. Camisa pregueada, cambraia. Terno
riscado, lã. Tudo de bom. Suas melhores roupas na madeira bem talhada, bem
lixada, bem pintada, melhor corpo. Só as meias um pouco grossas, o que porém se
denunciaria apenas se o manequim cruzasse as pernas. Para o nariz firmemente
obstruído, um lenço no bolsinho. [...] Sorridentes, os donos da casa se
declararam encantados por ele ter trazido um amigo.
― Os amigos dos nossos amigos são nossos amigos ― disseram
saboreando a generosidade da sua atitude. E o apresentaram a outros convidados,
amigos e amigos de nossos amigos. Todos exibiam os dentes em amável sorriso.
Recebeu
o copo de uísque, sua senha. E foi colocado no canto esquerdo da sala, entre a
porta e a cômoda inglesa, onde mais se harmonizaria com a decoração. [...]
A
própria dona da casa ocupou-se dele na refrega de gentilezas. Trocou-lhe o copo
ainda cheio e suado por outro de puras pedras e âmbar. Atirou-se à conversa sem
preocupações de tema, cuidando apenas de mantê-lo entretido. [...].
Um
doutor enalteceu-lhe a modéstia. Um senhor acusou-lhe a empáfia. E o jovem que
o segurou pelo braço surpreendeu-se com sua rígida força viril.
Nenhum
suor na testa. Nenhum tremor na mão. Sequer uma ponta de tédio. Imperturbável,
o manequim de madeira varava a festa em que os outros aos poucos se
descompunham. Já não eram como tinham chegado. As mechas escapavam, amoleciam
os colarinhos, secreções escorriam nas peles pegajosas. Só os sorrisos se
mantinham, agora descorados.
No
relógio torneado do pulso rijo a festa estava em tempo de acabar. [...].
Mais
tarde, a dona da casa, tirando a maquilagem na paz final do banheiro, dedos no
pote de creme, comentava a festa com o marido.
― Gostei
― concluiu alastrando preto e vermelho no rosto em nova máscara ― gostei mesmo
daquele convidado, aquele atencioso, de terno riscado, aquele, como é mesmo o nome?
COLASSANTI, M. O leopardo é um animal delicado. Rio
de Janeiro: Rocco, 1998. p.131-133.
QUESTÃO 01 - O boneco adquire durante a festa aspectos da
personalidade humana. Essa personificação é construída com base
(A) nas atitudes soberbas do boneco para com os
demais convidados da festa.
(B) na referência à sua amizade com os anfitriões e
com os demais convidados da festa.
(C) na valorização de sua beleza física comparada
com a dos demais convidados.
(D) nas características de diferentes tipos humanos
traduzidas nos julgamentos dos convidados.
(E) na exaltação das fraquezas humanas demonstradas
pelo manequim de madeira.
QUESTÃO 02 - O texto tece uma crítica a um comportamento típico
da sociedade atual. Que comportamento é esse?
(A) A supervalorização dos atributos intelectuais.
(B) O excesso de gentileza espontânea.
(C) A busca pelo consumismo exagerado.
(D) O desprezo pelas regras de etiqueta.
(E) A superficialidade das relações pessoais.
QUESTÃO 03 - Na caracterização do manequim de madeira, o termo “Só”,
na linha 5, marca uma
(A) contradição entre seus gostos simplórios e os
gostos sofisticados do amigo.
(B) oposição entre o que ele é e o que ele foi
preparado para aparentar ser.
(C) negação da tarefa de acompanhar o amigo a um
evento social.
(D) retomada de sua capacidade de adaptação a
diferentes contextos sociais.
(E) dúvida quanto à escolha de um figurino que seja
apropriado para a festa.
Leia a charge para responder às questões de 04 a
07.
QUESTÃO 04 - Analisando as imagens e as falas na charge, conclui-se que a expressão “eu quero” é polissêmica porque seu sentido é estabelecido conforme
(A) a postura política exigida pelos
interlocutores.
(B) as crenças religiosas das personagens em cena.
(C) o valor dos objetos adquiridos pelos fregueses.
(D) o lugar ideológico de cada sujeito enunciador.
(E) o estilo artístico criado pelo pintor.
QUESTÃO 05 - Observando as falas na charge, é correto afirmar
que a mudança de significado dos objetos encomendados se dá pela
(A) repetição dos substantivos referentes à encomenda.
(B) substituição dos artigos indefinidos por
definidos.
(C) qualificação da personagem com adjetivos
depreciativos.
(D) gradação por meio de advérbios na descrição da
cena.
(E) sucessão de um verbo de ação por um de estado.
QUESTÃO 06 - No primeiro quadro da charge, para demonstrar que
tanto o locutor quanto o interlocutor possuem familiaridade com a arte, foi
utilizada como recurso a
(A) metonímia. (B) sinestesia. (C) catacrese. (D) antítese. (E) prosopopeia.
QUESTÃO 07 - Considerando que a charge tece uma crítica aos
problemas da realidade, pode-se afirmar que o segundo quadro da charge
relaciona-se ao seguinte trecho de notícia:
(A) A Polícia Federal tentará descobrir se as
pedras preciosas vendidas por E. R. S. para os policiais civis do Deic e Denarc
têm origem legal ou se elas foram extraídas de garimpos clandestinos nas
regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. (Folha de S. Paulo, 13 jun. 2008. p. C4)
(B) Os policiais civis A. P. e J. R. A. são
acusados de ter sequestrado o enteado de M. C., chefe do PCC, e ter exigido R$
300 mil para não prendê-lo. Também foram denunciados por negociar fuga de
traficante da delegacia de Suzano. (Folha de S. Paulo, 13 jun. 2008. p. C4)
(C) Para M. A., Diretor da Pinacoteca do Estado de
São Paulo, “a questão é: o que leva as pessoas a fazerem esses roubos? São
obras conhecidas que obviamente nunca vão poder ser comercializadas legalmente.
Temos que nos perguntar quem está por trás disso”. (Folha de S. Paulo, 13 jun. 2008. p. C3)
(D) O advogado do tenente V. G. M. A., suspeito de
comandar os militares que entregaram os jovens a traficantes, afirmou que seu
cliente não sabia que eles seriam mortos pelos traficantes. (Folha de S. Paulo, 18 jun. 2008. p. C3)
(E) Uma operação da Polícia Federal prendeu 40
suspeitos de participação em uma quadrilha de contrabandistas. Os suspeitos
serão indiciados por contrabando e descaminho, formação de quadrilha e tráfico
internacional de arma de fogo. (Folha de S. Paulo, 18 jun. 2008. p. C8. (Adaptado)
Leia o texto para responder às questões de 08 a
10.
A MENINA COM A MAÇÃ
Vimos
que a neurociência e a linguística tratam de dois aspectos (como o cérebro
funciona? O que é a linguagem?) do mesmo problema. A questão, assim, não é defender
esta ou aquela filosofia da mente. A mente e o cérebro seriam duas entidades
separadas ou, de acordo com a teoria da identidade, os processos mentais
coincidiriam com os do sistema nervoso central? Ou deveríamos defender a tese
do interacionismo, segundo a qual mente e cérebro se influenciam mutuamente?
Como fazemos para compreender os outros? “Se vejo uma menina comendo uma maçã,
como sei o que ela está fazendo e, ainda mais, como compreendo sua intenção, o
porquê de sua ação?” São esses os termos do problema formulado pelo eminente neurologista
Giacomo Rizzolatti.
[...]
Os antropólogos sustentam, há muito tempo, a hipótese de que a linguagem nasceu
ao longo da evolução do hominídeo, primeiro como linguagem de sinais, depois como
articulação fonética. Apoiado em sua descoberta e auxiliado por hipóteses
paleoantropológicas, Rizzolatti formulou uma tese sobre a evolução da linguagem
segundo a qual a capacidade de organizar sons ou gestos expressivos para
comunicar teria sido desenvolvida em um contexto no qual os símbolos estariam
vinculados a operações do campo manual. Em outras palavras, a comunicação
suporia a gesticulação e, mais importante, o impulso a imitar a concatenação de
operações dos semelhantes, com a possibilidade de inibir a ação motora e
transferir a imitação para o plano dos símbolos expressivos. A teoria de
Rizzolatti sobre a origem da comunicação é conhecida como hipótese de “sistema
espelho”.
A
compreensão do outro, sugere Rizzolatti, está ligada a imagens que são antes
imagens de gestos que traços acústicos, mas, depois, as imagens acústicas
também passam a fazer parte dessa gramática simbólica da interação. O outro é
agora uma presença intermitente dentro de mim, penetra em meu “cubículo” graças
à gramática comum do gesto, que é também a gramática da palavra. “Enfim”,
conclui Rizzolatti, “qualquer analogia entre cérebro e computador desmorona,
não só por causa da diferença de funcionamento, mas pela lógica intrínseca do
cérebro, que é estreitamente ligada ao mundo exterior e aos outros. O
surpreendente vínculo entre a nossa ação e a dos outros pode estar na base do
comportamento altruístico, como sugeriu recentemente Jean-Pierre Changeux, e
representar a base natural, biológica, do comportamento ético.”
MENTE E CÉREBRO. Ano XIII. n. 151, São
Paulo: Duetto Editorial, 2005. p. 65.
Altruístico:
relativo a altruísmo, que significa amor ao próximo; abnegação, filantropia.
(MICHAELIS, p. 117).
QUESTÃO 08 - Analisando a estrutura de construção do texto “A
menina com a maçã”, é correto afirmar que se trata de um texto de divulgação
científica porque
(A) os recursos linguísticos utilizados dificultam
o entendimento dos leitores acerca das questões científicas.
(B) a narrativa se desenvolve com os personagens
dialogando sobre o mesmo tema.
(C) a tese é apresentada e desenvolvida por meio da
explicação de seu funcionamento.
(D) o assunto discutido extrapola os limites da
ficção científica e alcança a realidade.
(E) as informações e os conceitos mobilizados
comprometem o rigor exigido pela pesquisa científica.
QUESTÃO 09 - No primeiro período do texto, há a informação de
que a neurociência e a linguística tratam de dois aspectos do mesmo problema.
Considerando o primeiro parágrafo, esse problema pode ser resumido com a
seguinte questão:
(A) a linguagem é um aparato mental ou o resultado
de um condicionamento comportamental?
(B) os estudos devem defender a filosofia
mentalista ou a filosofia da linguagem?
(C) a investigação deve se apoiar na teoria da
identidade ou na noção de coincidência dos processos mentais?
(D) o sistema nervoso central é constituído por uma
estrutura inata ou pela experiência do indivíduo?
(E) a mente e o cérebro são duas entidades
distintas ou se influenciam mutuamente?
QUESTÃO 10 - Para fundamentar a teoria sobre a origem da
comunicação, Giacomo Rizzolatti vale-se da hipótese de que há
(A) um vínculo entre a gesticulação e a imitação na
compreensão entre indivíduos.
(B) uma analogia entre cérebro e computador por
ambos ligarem-se estreitamente ao mundo exterior e aos outros.
(C) uma semelhança entre imitação e imagens
acústicas na dificuldade de compreensão entre os indivíduos.
(D) uma oposição entre mente e cérebro que
compromete o funcionamento de traços acústicos na linguagem.
(E) um antagonismo entre a base natural da ética e
as ações altruístas dos indivíduos.
LITERATURA
QUESTÃO 11 - Leia o soneto de Olavo Bilac.
O incêndio de Roma
Raiva o incêndio. A ruir, soltas, desconjuntadas,
As muralhas de pedra, o espaço adormecido
De eco em eco acordando ao medonho estampido,
Como a um sopro fatal, rolam esfaceladas.
E os templos, os museus, o Capitólio erguido
Em mármore frígio, o Foro, as erectas arcadas
Dos aquedutos, tudo as garras inflamadas
Do incêndio cingem, tudo esbroa-se partido.
Longe, reverberando o clarão purpurino,
Arde em chamas o Tibre e acende-se o horizonte...
– Impassível, porém, no alto do Palatino,
Nero, com o manto grego ondeando ao ombro, assoma
Entre os libertos, e ébrio, engrinaldada a fronte,
Lira em punho, celebra a destruição de Roma.
BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de
Marisa Lajolo. São Paulo: Global, 2003. p. 31.
Esse soneto atualiza um acontecimento que se
refere, em específico, a um dos comportamentos insanos registrados pela
História Antiga. A poetização desse fato atinge seu auge com a
(A) descrição de edifícios públicos destruídos.
(B) constatação da influência grega em Roma.
(C) abrangência de lugares atingidos pelo incêndio.
(D) indiferença da conduta mantida pelo Imperador.
(E) transformação do fogo em elemento ativo.
QUESTÃO 12 - No livro de contos O leopardo é um animal
delicado, Marina Colasanti recorre a possibilidades estilísticas variadas, sendo
predominante a
(A) prática da metalinguagem.
(B) utilização da prosa poética.
(C) descrição do espaço físico.
(D) ênfase no enredo convencional.
(E) enunciação em discurso direto.
QUESTÃO 13 - As narrativas A confissão, de Flávio
Carneiro, e Memorial de Aires, de Machado de Assis, apresentam intrigas
em que se
(A) evidencia o caráter autorreflexivo dos
narradores.
(B) ocultam os principais mistérios dos
protagonistas.
(C) marca a estrutura linearizada dos
acontecimentos.
(D) elaboram as mínimas variações das descrições.
(E) restringem os espaços físicos das ações.
QUESTÃO 14 - Leia os fragmentos extraídos do livro Melhores
poemas, de Olavo Bilac.
Tercetos
I
Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
“Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!
[...]
– E ela abria-me os braços. E eu ficava.
II E,
já manhã, quando ela me pedia
Que de seu claro corpo me afastasse,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
“Não pode ser! não vês que o dia nasce?
A aurora, em fogo e sangue, as nuvens corta...
Que diria de ti quem me encontrasse?
[...]
– E ela abria-me os braços. E eu ficava.
BILAC, Olavo. Melhores poemas. São Paulo:
Global, 2003. p. 87-90.
Nesses excertos, comparecem duas características
frequentes na poesia amorosa de Bilac, que são
(A) situação dialogada e materialização do amor e
da mulher.
(B) vocabulário rebuscado e separação do par
amoroso.
(C) inversões sintáticas e descrição da intimidade
do casal.
(D) severidade formal e visão submissa da figura
feminina.
(E) frases complexas e sensualidade da mulher e da
natureza.
QUESTÃO 15 - Em A confissão, de Flávio Carneiro, um
narrador anônimo conta a uma mulher várias histórias em algumas horas, havendo,
na composição do romance, a relativização
(A) do sobrenatural, ao elucidar o fantástico e o
irreal.
(B) da loucura, ao diferenciar realidade e
fantasia.
(C) da violência, ao justificar assassinatos e
latrocínios.
(D) do tempo, ao abrandar acontecimentos e
vivências.
(E) da verdade, ao apresentar monólogo e descrição.
QUESTÃO 16 - Leia os fragmentos do poema “À beira de teu corpo”,
do livro Nova antologia poética, de Afonso Felix de Sousa.
À beira de teu corpo
I
À beira de teu corpo eu busco, e alcanço-a, e
agarro-a,
a mão que, de onde estás, já não me estendes, a mão
que em criança, com toda a confiança, me estendias.
E então, de mãos dadas, saíamos pelo mundo
com que te deslumbravas e eu ia aos poucos
tentando explicar, a ti que o contemplavas
com os olhos arregalados, e o colorias
a teu modo, com tintas próprias, e te soltavas
[...]
II
[...]
Tento fechar tua boca, cobrir teus dentes
que tanto amavam morder os quitutes do mundo,
deste mundo que com ternura mas mordaz olhavas
e em vão à tua maneira refazias.
SOUSA, Afonso Felix de. Nova antologia poética.
Goiânia: Cegraf/UFG, 1991. p. 160-61.
Esse poema e o conto “Ainda resiste”, da coletânea O
leopardo é um animal delicado, de Marina Colasanti, tematizam a ausência do
filho. Essa ausência está associada, respectivamente, para o pai, no poema, e
para a mãe, no conto, à
(A) angústia do presente e à memória de conflitos
do passado.
(B) incompreensão diante da morte e à indignação
pelo abandono do filho.
(C) quebra de expectativas e à falta de
solidariedade da família.
(D) solidão diante da perda e à dor pelo
afastamento sem contato.
(E) presentificação do passado e à ilusão do
retorno do filho.
QUESTÃO 17 - Na peça Tarsila, publicada em 2004, Maria
Adelaide Amaral aborda fatos do início do século XX, valendo-se de estratégias composicionais
contemporâneas, entre as quais é central a
(A) mutação do cenário pela iluminação.
(B) marcação temporal pelas músicas.
(C) exposição de fotografias da época.
(D) modalidade do gênero da entrevista.
(E) mostra de quadros das personagens.
QUESTÃO 18 - Observe a capa do romance A confissão, de
Flávio Carneiro.
Na composição da capa desse romance, a parte superior é vermelha e a inferior é em tons de cinza e, ao centro e no primeiro plano, há uma divisão de espaços com uma cadeira vazia. A correspondência dos elementos compositivos da capa, que reportam ao enredo do livro, dá-se
(A) pela cadeira vazia, que remete ao enunciador da
confissão.
(B) pelas divisões de planos, que remetem ao
percurso das personagens.
(C) pela instalação do confessionário, que remete à
atitude do narrador.
(D) pelos tons de cinza, que remetem à cronologia
dos episódios.
(E) pela cor vermelha, que remete ao sangue das
mulheres vitimadas.
QUESTÃO 19 - Leia o excerto do poema de Afonso Felix de Sousa.
Diálogo com o pai, companheiro da infância e
enamorado das estrelas
Depois de muita cabeçada,
os rumos não deram em nada
e o fim da estrada é outra estrada.
– E agora, pai?
– Meter o peito para a frente,
a favor ou contra a corrente:
de um desses matos, de repente
um coelho sai.
– Um coelho, mas não na medida
que quero.
– E que queres da vida?
– Ó pai, o que quero da vida?
O quê, meu pai?
– Tenhas ou não um sub-reptício
jeito de ser, viver é o ofício
de ir levantando um edifício
que se ergue, e cai.
– Mas vai indo, a gente se cansa
de dar tantas voltas na dança.
– Ora, filho, e a fé? e a esperança?
– E daí, pai?
– Como viste ou talvez não viste,
seja a música alegre ou triste,
o homem que é homem não desiste
e a si não trai.
– Mas acho o avesso tão direito!
De que massa estranha fui feito?
Por que esta alma assim sem jeito?
Por que, meu pai?
– Não bebas tanto esses venenos
da alma, e olha: não és mais nem menos
que os outros que vão ao teu lado.
Assim como eles, um recado
tens gravado na mão, lembrando
a Morte, não se sabe quando.
[...]
SOUSA, Afonso Felix de. Nova antologia poética.
Goiânia: Cegraf/UFG, 1991. p. 28-29.
Esse texto apresenta um aspecto recorrente na
poesia de Afonso Felix, que pode ser sintetizado
(A) pela atualização da temática regional.
(B) pelo questionamento sobre o fazer poético.
(C) pela abordagem de conflitos familiares.
(D) pela indagação sobre o sentido da vida.
(E) pela centralidade de símbolos religiosos.
QUESTÃO 20 - O enredo de Memorial de Aires, de Machado de
Assis, é dinamizado por uma aposta feita entre o Conselheiro Aires e sua irmã
Rita, referente
(A) à permanência do jovem casal no Rio de Janeiro.
(B) aos últimos dias do regime imperial.
(C) aos desdobramentos da Lei Áurea.
(D) aos ganhos financeiros de Aguiar.
(E) à fidelidade da viúva à memória do falecido.
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bom eu achei as perguntas mais na onde estao as resposta
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