Prova de língua
portuguesa - UFG - 2010 - 1º semestre - 1º fase
LÍNGUA PORTUGUESA
Os textos I e II oferecem subsídios para responder às questões de 01 a
03.
TEXTO I
PORTINARI, Candido. Autorretrato (1956). São Paulo: Penakoteke, 2002/2003.
p. 18-19.
TEXTO II
AUTORRETRATO
A maneira de andar
como quem busca
estrelas pelo chão.
A cabeça a dar contra os muros.
Em cada olho, o mundo como um punhal
– cravado.
O pensamento a abrir estradas
numa várzea distante.
Os ângulos do sonho formando orlas
povoadas de fêmeas
que a meu encontro viriam
do outro lado, em lânguidas posturas.
Diante do mar, a sede, a sede
de beber a vida em infinitas viagens.
As garras de gato ante paredes impostas.
A impaciência de que chegue a manhã e a praia,
a tarde e o amor.
[…]
O coração que bate
ao som de fábulas.
Que bate
contra rochedos mortos
numa praia de cinza
onde palpita o primeiro amor.
O coração eterno.
O amor eterno
que bate.
[...]
SOUSA, Afonso Felix. Nova antologia poética. Goiânia: CEGRAF/ UFG,
1991. p. 15-16.
QUESTÃO 01 - Seja na pintura, seja na literatura, uma obra em autorretrato
(A) apresenta um texto voltado para temas pessoais em que autor e obra
remetem a um mesmo referente.
(B) prevê distanciamento entre a representação feita pelo autor e a
imagem original a que a obra se refere.
(C) leva o leitor a identificar sua autoimagem com base no perfil
reconstruído no texto.
(D) auxilia na composição da identidade presumida entre o autor e o
público leitor da obra.
(E) impõe ao leitor a compreensão limitada ao ponto de vista do autor da
obra.
QUESTÃO 02 - Quanto à recriação do real, a composição temática dos autorretratos de
Portinari e de Afonso Felix de Sousa
(A) integra um conjunto de obras relativas a um mesmo movimento
artístico e literário.
(B) resulta de uma figurativização realizada por imagens não verbais, na
pintura, e por imagens verbais, no poema.
(C) situa-se nos extremos de uma linha discursiva que vai do plano
subjetivo, no poema, ao plano objetivo, na pintura.
(D) sugere uma reelaboração baseada em características físicas comuns
entre as pessoas retratadas.
(E) recorre a estratégias estruturais exclusivas para os gêneros do
discurso poético.
QUESTÃO 03 - Quanto à caracterização das personagens, pode-se dizer que, no quadro e
no poema, há semelhança em relação
(A) à construção do perfil de um homem vaidoso, ao fim da vida, e
orgulhoso de seus feitos.
(B) ao modo de representação das marcas físicas dos protagonistas, que
remete às incertezas humanas.
(C) à escolha do gênero discursivo para o desenvolvimento da temática,
que envolve a velhice dos autores.
(D) ao trabalho com a memória na recuperação de traços identitários de
uma fase da vida dos retratados.
(E) ao estado de desilusão dos autores, que se angustiam perante a
efemeridade da vida.
Leia o texto para responder às questões de 04 a 08.
Capitu, Bentinho e Darwin
[…] A releitura do
clássico de Machado à luz da seleção natural está num artigo na revista
científica “Ometeca”, assinado por Marie-Odile Monier e Emma Otta
(respectivamente doutoranda e professora do Instituto de Psicologia da USP).
O título, traduzido do
original inglês: “Era Machado de Assis um Psicólogo Evolutivo?”. A resposta,
sugere a dupla, é um sonoro sim, ainda que o gênio brasileiro não se desse
muita conta desse fato curioso. [...]
A abordagem evolutiva
de um clássico da literatura é um dos ramos mais férteis e controversos da
crítica literária dos últimos tempos. Com a alcunha de darwinismo literário, a
ideia já foi aplicada a Homero, Flaubert e até a contos de fadas.
Um dos principais
expoentes do campo é Joseph Caroll, da Universidade do Missouri (Estados
Unidos), que se correspondeu com as pesquisadoras brasileiras e as incentivou
durante a análise da obra machadiana.
Otta explica que, para
a psicologia evolutiva e sua aplicação no darwinismo literário, é preciso ter
em mente que os seres humanos, como todas as demais coisas vivas, têm sua mente
moldada para a diretriz número 1 da seleção natural: ter sucesso reprodutivo.
“O sucesso reprodutivo,
a união sexual e a produção de uma prole bem-sucedida são centrais para as
preocupações humanas e, portanto, também para os trabalhos literários. A obra
literária, como outras manifestações artísticas, reflete e articula os motivos
e interesses dos seres humanos como organismos vivos”, resume Otta.
Com esse fato básico em
mente, não é difícil acompanhar a análise feita pelas pesquisadoras. Parece até
que Machado comete atos falhos de natureza darwinista. A começar pelo nascimento
do protagonista. Não seria um absurdo evolutivo a mãe de Bentinho prometer que,
se tivesse um filho, iria mandá-lo ao seminário (eliminando, portanto, suas
chances de descendência)?
Repare no que diz
Machado: “Tendo-lhe nascido morto o primeiro filho, minha mãe pegou-se com Deus
para que o segundo vingasse, prometendo, se fosse varão, metê-lo na Igreja.
Talvez esperasse uma menina”. A mãe de Bentinho, portanto, “troca” com Deus a
ausência de descendentes por uma chance de pelo menos 50% de passar seus genes adiante,
caso desse a sorte de ser mãe de uma menina.
Pista darwinista número
2: a relutância dos parentes solteirões da pia senhora (um irmão e uma prima)
em concordar com a transformação de Bentinho em seminarista. Os dois, sem prole
própria, têm no garoto a única chance de transmitir parte de seu patrimônio
genético às futuras gerações.
Toda a história
complicada do romance com Capitu ilustra outra tese da psicologia evolutiva: a
de que os homens em geral valorizam atrativos físicos, sinalizadores de
fertilidade, em uma parceira, enquanto as moças buscam segurança financeira no
amado (não é à toa que a família de Bentinho é de longe a mais endinheirada das
duas).
Finalmente, quando
Bentinho passa a desconfiar que o pequeno Ezequiel é, na verdade, filho de seu
amigo Escobar, outros fenômenos da psicologia evolutiva emergem. O mais marcante
é o efeito Cinderela, explica Chelini: “Os dados mostram que, em famílias nas
quais pelo menos um dos membros do casal não é o pai biológico dos filhos, os
maus-tratos podem ser 40 vezes mais frequentes”. A motivação, implacável, tem a
ver com a inutilidade de ajudar a propagar genes que não são os seus. Não é à
toa que Bentinho chega muito perto de matar Ezequiel com uma taça de café
envenenado. [...]
LOPES, Reinaldo José. Folha de S. Paulo, São Paulo, 4 out. 2009.
Ciência.
QUESTÃO 04 - Segundo o texto, a análise literária baseada na Teoria Evolutiva, de
Darwin, considera que
(A) a prole determina as escolhas amorosas dos humanos e das
personagens.
(B) a falha evolutiva é manifesta no comportamento dos protagonistas.
(C) a psicologia evolutiva deve diagnosticar personagens com distúrbios
emocionais.
(D) as personagens, como os seres humanos, ignoram a a descendência
genética.
(E) as personagens refletem características dos seres humanos como
organismos vivos.
QUESTÃO 05 - Observe o trecho do sexto parágrafo transcrito a seguir: “Tendo-lhe
nascido morto o primeiro filho, minha mãe pegou-se com Deus para que o segundo
vingasse, prometendo, se fosse varão, metê-lo na Igreja. Talvez esperasse uma
menina”. Que referente é retomado pelos termos sublinhados?
(A) O filho de Escobar. (B) Machado.(C) Bentinho.(D) O irmão de Bentinho.(E) O filho de Capitu.
QUESTÃO 06 - Conforme o texto, para a psicologia evolutiva, o drama vivido por Bentinho
diante da possibilidade de ter sido traído por Capitu, é motivado
(A) pela rejeição natural do ser vivo em propagar genes que não os seus.
(B) pelo fenômeno evolutivo que marca os traços físicos que sinalizam a
fertilidade.
(C) pela recusa humana em transmitir parte de sua genética a gerações
desconhecidas.
(D) pelo patrimônio genético que define os traços masculinos e femininos
das espécies.
(E) pela falha da diretriz da seleção natural responsável pelo sucesso
reprodutivo.
QUESTÃO 07 - Ao concluir que “não é à toa que Bentinho chega muito perto de matar
Ezequiel com uma taça de café envenenado”, o autor do artigo sugere que as
teses da psicologia evolutiva aplicadas à literatura
(A) recusariam a improcedente desconfiança de Bentinho quanto à
paternidade.
(B) confirmariam o enigma da obra Dom Casmurro, atestando a
traição de Capitu.
(C) fundamentariam a relutância de Capitu em revelar a paternidade do
filho.
(D) descartariam a traição do amigo Escobar pelo fato de este não
possuir um porte físico ideal.
(E) revelariam a impotência de Bentinho diante da suposta traição de
Capitu.
QUESTÃO 08 - De acordo com o texto, o que produz o fenômeno da psicologia evolutiva
conhecido como “efeito Cinderela”?
(A) Os ideais de felicidade eterna no casamento.
(B) A convivência entre irmãos não biológicos.
(C) Os maus-tratos de enteados por madrastas.
(D) A perda da mãe em decorrência do parto.
(E) O sonho das jovens por um príncipe encantado.
Leia a charge para responder às questões 09 e 10.
ANGELI. Disponível em: <http://www.olinguadetrapo.blogspot.com>.
QUESTÃO 09 - Uma leitura crítica da charge revela que a nova ordem mundial significa
(A) um equilíbrio entre forças políticas e forças naturais, expressando
o desejo dos defensores da igualdade entre os povos.
(B) uma melhoria na qualidade de vida da população mundial, com a
promoção do crescimento da economia global pelos países ricos.
(C) um novo ordenamento político das nações sob o comando de um único
governante, promotor da harmonia entre países do Sul e do Norte.
(D) uma proposta política baseada na força econômica dos países
emergentes, futuros detentores de poder no mundo globalizado.
(E) uma reconfiguração global fundamentada na relação assimétrica entre
os países desenvolvidos e os países não desenvolvidos.
QUESTÃO 10 - Na imagem, o jogo metafórico construído com a denominação dos mares
sugere que
(A) os países pobres e os países ricos estão envolvidos por problemas
graves.
(B) os países pobres lutam até a morte por seus ideais e direitos.
(C) os países ricos são responsáveis pela carência socioeconômica dos
países pobres.
(D) os países pobres são indiferentes às guerras promovidas pelos países
ricos.
(E) os países ricos e os países pobres são intolerantes quanto às
diferenças étnicas.
LITERATURA
QUESTÃO 11 - Leia os trechos do poema “I - Canção do exílio”, da coletânea As
primaveras, de Casimiro de Abreu.
I
Canção do exílio
[...]
Oh! que saudades tamanhas
Das montanhas,
Daqueles campos natais!
Daquele céu de safira
Que se mira,
Que se mira nos cristais!
[...]
Debalde eu olho e procuro...
Tudo escuro
Só vejo em roda de mim!
Falta a luz do lar paterno
Doce e terno,
Doce e terno para mim.
Distante do solo amado
— Desterrado —
A vida não é feliz.
Nessa eterna primavera
Quem me dera,
Quem me dera o meu país!
[...]
ABREU, Casimiro de. As primaveras. São Paulo: Martin Claret,
2009. p. 23-24.
A estética romântica, impulsionada pelo cenário histórico que vinha se
desenhando no país, teve como projeto a busca do nacional pelos escritores, que
passaram a dar uma nova significação para os elementos da natureza do Brasil. Dentro
desse projeto, Casimiro de Abreu, no poema acima, que abre o “Livro primeiro”
da coletânea As primaveras, exprime o amor e a saudade da terra natal.
Entretanto, o modo como o poeta canta a pátria diferencia-se da maneira como os
demais românticos o fizeram, por evidenciar
(A) intimismo nostálgico.
(B) pessimismo acentuado.
(C) lirismo amoroso.
(D) descritivismo paisagístico.
(E) egocentrismo exaltado.
QUESTÃO 12 - Um dos motores essenciais do riso na comédia é o quiproquó, situação na
qual equívocos, mentiras, trocas de objetos ou de pessoas acabam por gerar
confusões que alimentam o conflito dramático. Logo nas primeiras cenas de O
demônio familiar, de José de Alencar, há referência a um quiproquó,
instaurado quando Pedro
(A) entregou a Azevedo uma carta de Carlotinha destinada a Henriqueta,
levando Alfredo a sentir-se enganado.
(B) distorceu as palavras de Azevedo, induzindo Vasconcelos a se
indispor com o pretendente de Henriqueta.
(C) inventou falsas pretensões de Vasconcelos e este se irritou,
indispondo-se com Azevedo.
(D) entregou a Azevedo uma violeta, inventando ter sido enviada, com um
beijo, por Carlotinha.
(E) mentiu a Eduardo sobre Henriqueta e este fechou sua janela, fazendo
a jovem sentir-se desprezada por ele.
QUESTÃO 13 - No romance A Confissão, de Flávio Carneiro, o protagonista afirma
que o tempo “já não se resolve mais do modo normal” (p. 11). Na narração dos
eventos que compõem o enredo desse romance, observa-se
(A) inexistência de elementos sugestivos de um tempo mítico.
(B) ênfase nas lembranças do passado com recurso do fluxo de consciência.
(C) interrupção do discurso no presente com recuperação de eventos
anteriores.
(D) ausência de traços de subjetividade na elaboração temporal.
(E) recorrência a elementos formais com sugestão de um eterno presente.
QUESTÃO 14 - Leia o fragmento do relato do viajante Johann Emanuel Pohl, que recolheu
impressões do Brasil no início do século XIX.
Se algum ponto do Novo Mundo merece, por sua situação e condições
naturais, tornar-se um dia teatro de grandes acontecimentos, um foco de
civilização e cultura, um empório do comércio mundial é, ao meu ver, o Rio de
Janeiro.
POHL, Johann Emanuel. Viagem no interior do Brasil empreendida nos
anos de 1817 a 1821. Tradução Milton Amado e Eugenio Amado. Rio de Janeiro:
INL, 1951. p. 38.
O relato de viagem transcrito, tomado como fonte pela História, e a
representação ficcional sobre o Rio de Janeiro da época de D. João VI, no
romance Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de
Almeida, produzem discursos
(A) análogos, porque promovem imagens positivas desse período,
ressaltando o desenvolvimento social da capital da colônia.
(B) díspares, pois o registro histórico positivo desse período opõe-se
ao retrato caricaturesco do Rio do “tempo do rei”, no romance.
(C) imparciais, na medida em que representam um quadro despretensioso da
sociedade carioca do “tempo do rei”.
(D) complementares, pois o fragmento projeta um futuro promissor para o
Rio de Janeiro, e o romance confirma essa ideia.
(E) satíricos, visto que promovem uma visão crítica do Brasil colonial,
retratado pelas falhas morais de sua sociedade.
QUESTÃO 15 - Leia o fragmento do soneto III de “Três sonetos crepusculares” do livro Nova
antologia poética, de Afonso Felix de Sousa, e o trecho do conto “Livro dos
homens”, da obra homônima, de Ronaldo Correia de Brito.
Três sonetos crepusculares
[...]
III
E o resto do caminho? E o resto? E o resto?
Bússola alguma vindo em meu socorro
e a dúvida é o menos indigesto
dos pratos que rumino enquanto morro.
Que morro em ter adiante esse funesto
ter que morrer. E o resto? E o resto? Escorro
rampa abaixo, e é em vão qualquer protesto
como em vão é o uivar do meu cachorro
ou a armadura do Anjo que me guarda.
Fé, esperança, amor – e onde a certeza?
Onde Deus, que não falha, e tarda? E tarda?
[…]
SOUSA, Afonso Felix de. Nova antologia poética. Goiânia: Cegraf/UFG,
1991. p. 142. (Grifos nossos).
[...] Falou o pai de Oliveira, aprovado pelos fazendeiros que também perdiam
seus rebanhos naquela demanda escusa. O dinheiro não contava mais, dessem-no
por perdido. A justiça, sim, precisava ser feita, pelo único modo que
conheciam. A justiça de Deus tarda, mas não falha. A dos homens tarda e
falha. Com firmeza e coragem, ela podia ser apressada. O nome de Oliveira estava registrado no Livro dos Homens,
na paróquia onde foi batizado. Honrasse o livro ou nunca mais voltasse para
casa. [...]
BRITO, Ronaldo Correia de. Livro dos homens. São Paulo: Cosac Naify,
2005. p. 171-172. (Grifos nossos).
As expressões em negrito remetem a uma reflexão frequente tanto na
poesia de Afonso Felix de Sousa como nos contos de Ronaldo Correia de Brito. Os
sentidos dessas expressões no soneto e no conto são, respectivamente,
(A) descrença na imediata providência divina; inconformismo com a
justiça implacável de Deus.
(B) crença na bondade infinita de Deus; incerteza da impunidade das
transgressões humanas.
(C) angústia ante a morte iminente; questionamento da crença na justiça
divina.
(D) medo do mistério da morte inevitável; perplexidade ante os
acontecimentos imprevisíveis da vida.
(E) incerteza sobre a salvação pela fé; capacidade de reação às
injustiças humanas.
QUESTÃO 16 - Leia os excertos dos poemas “Fragmento”, do “Livro negro”, da coletânea As
primaveras, de Casimiro de Abreu, e “Ofício de viver”, do livro Nova
antologia poética, de Afonso Felix de Sousa.
Excerto I
Fragmento
…..............................................................
O mundo é uma mentira, a glória – fumo,
A morte – um beijo, e esta vida um sonho
Pesado ou doce, que s'esvai na campa!
O homem nasce, cresce, alegre e crente
Entra no mundo c'o o sorrir nos lábios,
Traz os perfumes que lhe dera o berço,
Veste-se belo d'ilusões douradas,
Canta, suspira, crê, sente esperanças,
E um dia o vendaval do desengano
Varre-lhe as flores do jardim da vida
E nu das vestes que lhe dera o berço
Treme de frio ao vento do infortúnio!
[...]
Até que a morte lhe desmancha os sonhos.
Pobre insensato – quer achar por força
Pérola fina em lodaçal imundo!
[...]
ABREU, Casimiro de. As primaveras. São Paulo: Martin Claret, 2009.
p. 188.
Excerto II
Ofício de viver
O mundo que encontrei já era isso.
O jeito foi bordá-lo
com palavras.
Palavras e palavras, esta a herança
que tive e vou deixando.
O jeito foi juntá-las
untá-las
soprá-las
dobrá-las a meu jeito.
[…]
O mundo é isso
e o jeito é ir chutando e vou chutando
e vou driblando e vou sendo driblado
[…]
Mestres
meus mestres
qual o sentido
de tudo isso?
SOUSA, Afonso Felix de. Nova antologia poética. Goiânia: Cegraf/UFG,
1991. p. 17-18.
Entre as características identificadoras da poesia de Casimiro de Abreu
e de Afonso Felix de Sousa, há uma que está presente no excerto I e predomina
no “Livro negro”; e outra, que aparece no excerto II e sobressai em Nova
antologia poética. Essas características são, respectivamente,
(A) a confissão do medo da morte; a rendição ao desencanto do mundo.
(B) a tematização do tempo da infância; a indagação sobre o sentido da
vida.
(C) a sensação de desalento do eu lírico; a significação da vida pela
poesia.
(D) a constatação das ilusões perdidas; a comparação da vida a um jogo.
(E) a reflexão sobre o destino humano; a negação da herança poética.
QUESTÃO 17 - Nos livros Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio
de Almeida, e O demônio familiar, de José de Alencar, as personagens
Leonardo (o filho) e Pedro são retratadas como anti-herois. Nessa condição e no
contexto das obras, tais personagens representam a
(A) banalização de aventuras épicas.
(B) negação da idealização romântica.
(C) satirização do sistema escravocrata.
(D) adesão à moral social vigente.
(E) ridicularização dos preceitos religiosos.
QUESTÃO 18 - Leia os fragmentos do poema “Amor e medo”, do livro As primaveras,
de Casimiro de Abreu, e do romance A confissão, de Flávio Carneiro.
Amor e medo
I
Quanto eu te fujo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, oh! bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
“ - Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!”
[...]
II
[…]
Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço
Anjo enlodado nos pauis da terra.
[...]
Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito,
És bela – eu moço; tens amor – eu, medo!...
[...]
ABREU, Casimiro de. As primaveras. São Paulo: Martin Claret,
2009. p.119, 121.
[...] Uma das garotas queria escrever um musical um dia, quando desse, já
tinha a ideia toda do roteiro, uma história de amor e medo, ela disse, alguém
lembrou que existia um poema com esse título, amor e medo, de um poeta do
romantismo, não se lembrava do nome, tinha o livro em casa, pegaria para ela
[…]
CARNEIRO, Flávio. A confissão. Rio de Janeiro: Rocco, 2006. p.
200.
No trecho transcrito do romance A confissão, o protagonista remete
a um poema de Casimiro de Abreu, o qual tematiza a relação amor e medo. Diante
do desejo pela mulher amada, o que aproxima o eu lírico do poema e o
protagonista do romance é a
(A) vontade mórbida de atrair e subjugar mulheres.
(B) ânsia de corromper a inocência da amada.
(C) falta de escrúpulos no jogo da sedução.
(D) consciência dos efeitos da realização amorosa.
(E) satisfação momentânea do prazer erótico.
QUESTÃO 19 - Embora individualmente os contos do Livro dos homens representem,
por sentidos diversos, um espaço característico da geografia brasileira, no
conjunto da obra, Ronaldo Correia de Brito caracteriza esse espaço pelo aspecto
(A) cultural, representando situações-limite intensificadas em dramas
individuais.
(B) físico, explorando a descrição de um espaço marcado pela seca.
(C) político, mostrando as relações de poder apoiadas em leis próprias.
(D) econômico, apresentando o retrato do sertanejo marcado pela miséria.
(E) natural, evidenciando o sertão de modo estereotipado pela descrição
física.
QUESTÃO 20 - Os poemas “Ecce Homo”, “Gênese” e “Soneto do essencial”, da Nova
antologia poética, compartilham uma reflexão pela qual se identifica uma
das vertentes da lírica de Afonso Felix de Sousa na obra. Tal reflexão
relaciona-se
(A) à ideia da morte. (B) a questões amorosas.
(C) a imagens da infância. (D) à palavra poética. (E) à implacabilidade do tempo.
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Leia também:
UFG - 2001 - 1º Fase - Prova de Língua Portuguesa
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