Tema de redação – UECE – 2013 - 1º semestre
Prezado(a)
Candidato(a),
Nesta
seleção de 2013.1, recorremos a uma afirmação de Rui Tavares, já citada na
prova de redação de 2011.2. Para esse historiador e cronista português, “O
ideal universitário é as ideias. Ideias sobre como são as coisas, sobre como
funcionam, sobre como deveriam funcionar, ideias sobre ideias”. Como já
dissemos naquela ocasião, em concordância com o autor, é de ideias que tratamos
quando lhe pedimos que escreva um texto. É de ideias que você, como aspirante a
uma vaga nesta universidade pública, deve saber tratar, uma vez que a sociedade
espera sua contribuição para o debate de problemas que a afetam.
O
problema a ser tratado nesta prova é o da MOBILIDADE URBANA.
Leia
os textos 1 e 2, que abordam essa questão e, em seguida, desenvolva uma das
sugestões de escrita, considerando que seu texto será divulgado nas redes
sociais.
Sugestão
A: Escreva um
texto argumentativo, tratando da mobilidade urbana como um problema cuja
solução diz respeito a todos os segmentos da sociedade.
Sugestão
B: Escreva uma
crônica futurista, falando da sua cidade no próximo século. Considere as
soluções que serão desenvolvidas para a mobilidade urbana.
TEXTO 1
- Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento
de Economia da FEA, do Instituto de Relações Internacionais da USP e
pesquisador do CNPq e da Fapesp, escreve o seguinte artigo publicado no jornal
Folha de S. Paulo em 14-12-2011.
Mobilidade
versus carrocentrismo
Automóveis individuais e combustíveis
fósseis são as marcas mais emblemáticas da cultura, da sociedade e da economia
do século XX.
A conquista da mobilidade é um
ganho extraordinário, e sua influência exprime-se no próprio desenho das
cidades. Entre 1950 e 1960, nada menos que 20 milhões de pessoas passaram a
viver nos subúrbios norte-americanos, movendo-se diariamente para o trabalho em
carros particulares. Há hoje mais de 1 bilhão de veículos motorizados.
Seiscentos milhões são automóveis.
A produção global é de 70 milhões
de unidades anuais e tende a crescer. Uma grande empresa petrolífera afirma em
suas peças publicitárias: precisamos nos preparar, em 2020, para um mundo com
mais de 2 bilhões de veículos.
O realismo dessa previsão não a
faz menos sinistra. O automóvel particular, ícone da mobilidade durante dois
terços do século 20, tornou-se hoje o seu avesso.
O desenvolvimento sustentável
exige uma ação firme para evitar o horizonte sombrio do trânsito paralisado por
três razões básicas.
Em primeiro lugar, o automóvel
individual com base no motor a combustão interna é de uma ineficiência
impressionante. Ele pesa 20 vezes a carga que transporta, ocupa um espaço
imenso e seu motor desperdiça entre 65% e 80% da energia que consome.
Em segundo lugar, o planejamento
urbano acaba sendo norteado pela monocultura carrocentrista. Ampliar os espaços
de circulação dos automóveis individuais é enxugar gelo, como já perceberam os
responsáveis pelas mais dinâmicas cidades contemporâneas.
A consequência é que qualquer
estratégia de crescimento econômico apoiada na instalação de mais e mais
fábricas de automóveis e na expectativa de que se abram avenidas tentando
dar-lhes fluidez é incompatível com cidades humanizadas e com uma economia
sustentável. É acelerar em direção ao uso privado do espaço público, rumo
certo, talvez, para o crescimento, mas não para o bem-estar.
Não se trata terceiro ponto
de suprimir o automóvel individual, e sim de estimular a massificação de seu
uso partilhado. Eficiência no uso de materiais e de energia, oferta real de
alternativas de locomoção e estímulo ao uso partilhado do que até aqui foi
estritamente individual são os caminhos para sustentabilidade nos transportes.
A distância com relação às prioridades dos setores público e privado no Brasil
não poderia ser maior.
(Texto adaptado.)
TEXTO
2 - 8 PRINCÍPIOS DA MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL
Habitável
hoje, sustentável no futuro.
Os princípios aqui delineados
visam inspirar-nos para melhorar a qualidade de vida nas cidades hoje, enquanto
asseguram sua viabilidade amanhã. A cidade bem-sucedida do século XXI será
repleta de escolhas, incluindo transporte não-motorizado, pós-combustível
fóssil, como opções de deslocamentos. O programa As Cidades Somos Nós convida
equipes de projetistas de dez cidades do mundo para aplicar esses princípios em
dez locais especialmente selecionados. Nosso desejo é que esses princípios
sirvam como inspiração para as autoridades nacionais e locais em todo o mundo.
1.
ANDAR A PÉ: desenvolver ambiência urbana que estimule o caminhar
Diminuir
a largura das ruas a atravessar; enfatizar a segurança e o conforto do
pedestre; incentivar atividades ao rés-do-chão e criar espaços públicos
adequados à convivência e ao relaxamento.
2.
USAR A BICICLETA: priorizar redes de ciclovias e ciclo faixas
Desenhar
ruas que propiciem conveniência e segurança para o ciclista; providenciar
estacionamento seguro para as bicicletas públicas e privadas.
3.
CONECTAR: criar sistemas compactos de ruas e caminhos
Criar
redes densas de ruas e travessas com alta permeabilidade para pedestres e
bicicletas; criar vias de alta capacidade para carros assim como passagens e
áreas verdes para estimular o transporte não motorizado.
4.
TRANSPORTAR: prover transporte coletivo de alta qualidade
Garantir
um serviço de transporte frequente, rápido e direto; estabelecer, no mínimo, um
corredor de alta capacidade com linhas exclusivas para o transporte público que
estejam a uma distância alcançável a pé para 80% da população; localizar
estações de transporte, locais de moradia, trabalho e serviços que estejam a
uma distância que possa ser percorrida a pé entre eles.
5.
MISTURAR: planejar o uso misto do espaço urbano
Harmonizar
moradia, comércio e serviços; oferecer parques e atividades de lazer em espaços
públicos ao ar livre.
6.
DENSIFICAR: estabelecer correspondência entre densidade urbana e capacidade do
sistema de transporte
Adaptar
a densidade à capacidade do sistema de transporte; maximizar a capacidade do
sistema de transportes.
7.
COMPACTAR: criar regiões compactas, coesas e bem conectadas
Reduzir
o espraiamento focando o desenvolvimento em áreas já ocupadas ou a ela
adjacentes; fazer coexistir, no mesmo espaço, trabalho e moradia para evitar
deslocamentos desnecessários.
8.
PROMOVER MUDANÇAS: aumentar a mobilidade regulando o estacionamento e o uso das
vias
Reduzir
o número de estacionamentos para desestimular o uso de automóveis particulares
nos horários de pico do trânsito; ajustar a cobrança de taxas pelo uso do
automóvel segundo hora do dia e destino. www.ascidadessomosnos.org/Index.html
Leia também:
Conheça as apostilas de literatura do blog Veredas da Língua. Clique em uma das imagens abaixo e saiba como adquiri-las.
ATENÇÃO: Além das apostilas, o aluno recebe também, GRATUITAMENTE, o programa em Powerpoint: 500 TEMAS DE REDAÇÃO
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário