ENEM 2018 – PROVA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS
Questões de 06 a 45
QUESTÃO 06
“A Declaração Universal dos Direitos Humanos está
completando 70 anos em tempos de desafios crescentes, quando o ódio, a discriminação e a violência
permanecem vivos”, disse a diretora-geral da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Audrey Azoulay.
“Ao final
da Segunda Guerra Mundial, a humanidade inteira resolveu promover a dignidade humana em todos os
lugares e para sempre. Nesse espírito, as Nações Unidas adotaram a Declaração
Universal dos Direitos Humanos como um padrão comum de conquistas para todos os
povos e todas as nações”, disse Audrey.
“Centenas de milhões de mulheres e homens são
destituídos e privados de condições básicas de subsistência e de oportunidades.
Movimentos populacionais forçados geram violações aos direitos em uma escala
sem precedentes. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável promete não
deixar ninguém para trás – e os direitos humanos devem ser o alicerce para todo
o progresso.”
Segundo ela, esse processo precisa começar o quanto
antes nas carteiras das escolas. Diante disso, a Unesco lidera a educação em
direitos humanos para assegurar que todas as meninas e meninos saibam seus
direitos e os direitos dos outros.
Disponível em: https://nacoesunidas.org. Acesso em: 3 abr. 2018
(adaptado).
Defendendo a ideia de que “os direitos humanos devem ser o alicerce para
todo o progresso”,
a diretora-geral da Unesco aponta, como estratégia para atingir esse fim, a
A inclusão de todos na Agenda 2030.
B extinção da intolerância entre os indivíduos.
C discussão desse tema desde a educação básica.
D conquista de direitos para todos os povos e nações.
E promoção da dignidade humana em todos os lugares.
QUESTÃO 07
Disponível em: www.facebook.com/minsaude. Acesso em: 14 fev. 2018
(adaptado).
A utilização de determinadas variedades linguísticas em campanhas
educativas tem a função de atingir o público-alvo de forma mais direta e eficaz. No caso desse
texto, identifica-se essa estratégia pelo(a)
A discurso formal da língua portuguesa.
B registro padrão próprio da língua escrita.
C seleção lexical restrita à esfera da medicina.
D fidelidade
ao jargão da linguagem publicitária.
E uso de marcas linguísticas típicas da oralidade.
QUESTÃO 08
— Famigerado? [...]
— Famigerado é “inóxio”, é “célebre”, “notório”, “notável”...
— Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga:
é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?
— Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros
usos...
— Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia de
semana?
— Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece louvor, respeito...
ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2001.
Nesse texto, a associação de vocábulos da língua portuguesa a
determinados dias da semana remete ao
A local de origem dos interlocutores.
B estado emocional dos interlocutores.
C grau de coloquialidade da comunicação.
D nível de intimidade entre os interlocutores.
E conhecimento compartilhado na comunicação.
QUESTÃO 09 - Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por
vezes tratado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece nas
redes sociais: a democracia racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao largo
do que acontece diariamente nas comunidades virtuais do país. Levantamento inédito
realizado pelo projeto Comunica que Muda [...] mostra em números a
intolerância do internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um algoritmo vasculhou
plataformas [...] atrás de mensagens e textos sobre temas sensíveis, como
racismo, posicionamento político e homofobia. Foram identificadas 393 284
menções, sendo 84% delas com abordagem negativa, de exposição do preconceito e
da discriminação.
Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2017
(adaptado).
Ao abordar a postura do internauta brasileiro mapeada por meio de uma
pesquisa em plataformas virtuais, o texto
A minimiza o alcance da comunicação digital.
B refuta ideias preconcebidas sobre o brasileiro.
C relativiza responsabilidades sobre a noção de respeito.
D exemplifica
conceitos contidos na literatura e na sociologia.
E expõe a
ineficácia dos estudos para alterar tal comportamento.
QUESTÃO 10
Quebranto
às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo e me dou porrada
às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço
[...]
às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
sinto-me a miséria concebida como um eterno
começo
fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto em que me entrego.
às vezes!...
CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento).
Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente a
presença de elementos que traduzem experiências históricas de preconceito e
violência. No poema, essa vivência revela que o eu lírico
A incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.
B submete-se à discriminação como meio de fortalecimento.
C engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças.
D sofre uma perda de identidade e de noção de pertencimento.
E acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade igualitária.
QUESTÃO 11
TEXTO I
ALMEIDA, H. Dentro de mim
__________Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.
TEXTO II
A body art põe o corpo tão em evidência e o submete a
experimentações tão variadas, que sua influência estende-se aos dias de hoje.
Se na arte atual as possibilidades de investigação do corpo parecem ilimitadas
– pode-se escolher entre representar, apresentar, ou ainda apenas evocar o
corpo – isso ocorre graças ao legado dos artistas pioneiros.
SILVA, P. R. Corpo na
arte, body art, body modification: fronteiras.
II Encontro de História da Arte: IFCH-Unicamp, 2006 (adaptado).
Nos textos, a concepção de body art está relacionada à intenção
de
A estabelecer limites entre o corpo e a composição.
B fazer do corpo um suporte privilegiado de expressão.
C discutir políticas e ideologias sobre o corpo como arte.
D compreender a autonomia do corpo no contexto da obra.
E destacar o corpo do artista em contato com o expectador.
QUESTÃO 12
Deficientes
visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o
aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e disponível para os sistemas
operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser conectado à rede wi-fi
de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve
o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em andamento: o usuário,
então, pode ouvir a narração em seu celular.
O programa foi desenvolvido por pesquisadores da
Universidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem
o recurso e filmes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do
Whatscine!”, diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para o país.
“No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de Dança para
adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço. Concorda?”
Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 25 jun. 2014
(adaptado).
Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do
emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse fragmento, predomina a
função referencial da linguagem, porque há a presença de elementos que
A buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo.
B definem o
aplicativo, revelando o ponto de vista da autora.
C evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva.
D expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa.
E objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma indagação.
QUESTÃO 13
TEXTO I
Disponível em: http://revistaiiqb.usac.edu.gt. Acesso em: 25 abr. 2018
(adaptado).
TEXTO II
Imaginemos um cidadão, residente na periferia de um
grande centro urbano, que
diariamente acorda às 5h para trabalhar, enfrenta em média 2 horas de
transporte público, em geral lotado, para chegar às 8h ao trabalho. Termina o
expediente às 17h e chega
em casa às 19h para, aí sim, cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos etc. Como dizer a essa pessoa que ela deve praticar exercícios, pois é
importante para sua saúde? Como ela irá entender a mensagem da importância do
exercício físico? A
probabilidade de essa pessoa praticar exercícios físicos regularmente é
significativamente menor que a de pessoas da classe média/alta que
vivem outra realidade. Nesse caso, a abordagem individual do problema tende a
fazer com que a pessoa se sinta impotente em não conseguir praticar exercícios
e, consequentemente, culpada pelo fato de ser ou estar sedentária.
FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física escolar:
ampliando o enfoque. RBCE, n. 2, jan. 2001 (adaptado).
O segundo texto, que propõe uma
reflexão sobre o primeiro acerca do impacto de mudanças
no estilo de vida na saúde, apresenta uma visão
A medicalizada, que relaciona a prática de exercícios físicos por
qualquer indivíduo à promoção da saúde.
B ampliada, que considera aspectos sociais intervenientes na prática de
exercícios no cotidiano.
C crítica, que associa a interferência das tarefas da casa ao
sedentarismo do indivíduo.
D focalizada, que atribui ao indivíduo a responsabilidade pela prevenção
de doenças.
E geracional, que preconiza a representação do culto à jovialidade.
QUESTÃO 14 - No tradicional concurso de miss, as
candidatas apresentaram dados de feminicídio, abuso sexual e estupro no país. No
lugar das medidas de altura, peso, busto, cintura e quadril, dados da violência
contra as mulheres no Peru. Foi assim que as 23 candidatas ao Miss Peru
2017 protestaram contra os altos índices de feminicídio e abuso sexual no país
no tradicional desfile
em trajes de banho.
O tom político, porém, marcou a atração desde o
começo: logo no início, quando as peruanas se apresentaram, uma a uma,
denunciaram os abusos morais e físicos, a exploração sexual, o assédio, entre
outros crimes contra as mulheres.
Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 29 nov. 2017.
Quanto à materialização da linguagem, a apresentação de dados relativos
à violência contra a mulher
A configura
uma discussão sobre os altos índices de abuso físico contra as peruanas.
B propõe um novo formato no enredo dos concursos de beleza feminina.
C condena o rigor estético exigido pelos concursos tradicionais.
D recupera informações sensacionalistas a respeito desse tema.
E subverte a função social da fala das candidatas a miss.
QUESTÃO 15
Dia 20/10
É preciso não beber mais. Não é preciso sentir
vontade de beber e não beber: é preciso não sentir vontade de beber. É preciso
não dar de comer aos urubus. É preciso fechar para balanço e reabrir. É preciso
não dar de comer aos urubus. Nem esperanças aos urubus. É preciso sacudir a
poeira. É preciso poder beber sem se oferecer em holocausto. É preciso. É
preciso não morrer por enquanto. É preciso sobreviver para verificar. Não pensar mais na
solidão de Rogério, e deixá-lo. É preciso não dar de comer aos urubus. É preciso enquanto é tempo não morrer na via pública.
TORQUATO NETO. In: MENDONÇA, J. (Org.) Poesia (im)popular brasileira.
São Bernardo do Campo: Lamparina Luminosa, 2012.
O processo de construção do texto formata uma mensagem por ele
dimensionada, uma vez que
A configura
o estreitamento da linguagem poética.
B reflete
as lacunas da lucidez em desconstrução.
C projeta a persistência das emoções reprimidas.
D repercute a consciência da agonia antecipada.
E revela a fragmentação das relações humanas.
QUESTÃO 16
Somente uns tufos secos de capim empedrados crescem
na silenciosa baixada que se perde de vista. Somente uma árvore, grande e
esgalhada mas com pouquíssimas folhas, abre-se em farrapos de sombra. Único ser
nas cercanias, a mulher é magra, ossuda, seu rosto está lanhado de vento. Não
se vê o cabelo, coberto por um pano desidratado. Mas seus olhos, a boca, a pele
– tudo é de uma aridez sufocante. Ela está de pé. A seu lado está uma pedra. O
sol explode.
Ela estava de pé no fim do mundo. Como se andasse
para aquela baixada largando para trás suas noções de si mesma. Não tem
retratos na memória. Desapossada e despojada, não se abate em autoacusações e
remorsos. Vive. Sua sombra somente é que lhe faz companhia. Sua sombra, que se
derrama em traços grossos na areia, é que adoça como um gesto a claridade esquelética.
A mulher esvaziada emudece, se dessangra, se cristaliza, se mineraliza. Já é
quase de pedra como a pedra a seu lado. Mas os traços de sua sombra caminham e,
tornando-se mais longos e finos, esticam-se para os farrapos de sombra de
ossatura da árvore, com os quais se enlaçam.
FRÓES, L. Vertigens: obra reunida. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Na apresentação da paisagem e da personagem, o narrador estabelece uma
correlação de sentidos em que esses elementos se entrelaçam. Nesse processo, a
condição humana configura-se
A amalgamada
pelo processo comum de desertificação e de solidão.
B fortalecida pela adversidade extensiva à terra e aos seres vivos.
C redimensionada pela intensidade da luz e da exuberância local.
D imersa num drama existencial de identidade e de origem.
E imobilizada pela escassez e pela opressão do ambiente.
QUESTÃO 17
Aconteceu mais de uma vez: ele me abandonou. Como
todos os outros. O quinto. A gente já
estava junto há mais de um ano. Parecia que dessa vez seria para sempre. Mas não: ele desapareceu de
repente, sem deixar rastro. Quando me dei conta, fiquei horas ligando sem parar
– mas só chamava, chamava, e ninguém atendia. E então fiz o que precisava ser feito: bloqueei a linha.
A verdade é que nenhum telefone celular me suporta.
Já tentei de todas as marcas e operadoras, apenas para descobrir que eles são
todos iguais: na primeira oportunidade, dão no pé. Esse último aproveitou que
eu estava distraído e não desceu do táxi junto comigo. Ou será que ele já tinha
pulado do meu bolso no momento em que eu embarcava no táxi? Tomara que sim.
Depois de fazer o que me fez, quero mais é que ele tenha ido parar na sarjeta.
[...] Se ainda fossem embora do jeito que chegaram, tudo bem. [...] Mas já sei
o que vou fazer. No caminho da loja de celulares, vou passar numa papelaria.
Pensando bem, nenhuma das minhas agendinhas de papel jamais me abandonou.
FREIRE, R. Começar de novo. O Estado de S. Paulo, 24 nov. 2006.
Nesse fragmento, a fim de atrair
a atenção do leitor e de estabelecer um fio condutor de sentido, o autor utiliza-se de
A primeira pessoa do singular para imprimir subjetividade ao relato de
mais uma desilusão amorosa.
B ironia para tratar da relação com os celulares na era de produtos
altamente descartáveis.
C frases feitas na apresentação de situações amorosas estereotipadas
para construir a ambientação do texto.
D quebra de expectativa como estratégia argumentativa para ocultar
informações.
E verbos no tempo pretérito para enfatizar uma aproximação com os fatos
abordados ao longo do texto.
QUESTÃO 18
Enquanto isso, nos bastidores do universo
Você planeja passar um longo tempo em outro país,
trabalhando e estudando, mas o universo está preparando a chegada de um amor
daqueles de tirar o chão, um amor que fará você jogar fora seu atlas e criar
raízes no quintal como se fosse uma figueira.
Você treina para a maratona mais desafiadora de
todas, mas não chegará com as duas pernas intactas na hora da largada, e a
primeira perplexidade será esta: a experiência da frustração.
O universo nunca entrega o que promete. Aliás, ele
nunca prometeu nada, você é que escuta vozes.
No dia em que você pensa que não tem nada a dizer
para o analista, faz a revelação mais bombástica dos seus dois anos de terapia.
O resultado de um exame de rotina coloca sua rotina de cabeça para baixo. Você
não imaginava que iriam tantos amigos à sua festa, e tampouco imaginou que
justo sua grande paixão não iria. Quando achou que estava bela, não arrasou
corações. Quando saiu sem maquiagem e com uma camiseta puída, chamou a atenção.
E assim seguem os dias à prova de planejamento e contrariando nossas vontades,
pois, por mais que tenhamos ensaiado nossa fala e estejamos preparados para a
melhor cena, nos bastidores do universo alguém troca nosso papel de última
hora, tornando surpreendente a nossa vida.
MEDEIROS, M. O Globo, 21 jun. 2015.
Entre as estratégias argumentativas utilizadas para sustentar a tese
apresentada nesse fragmento, destaca-se a recorrência de
A estruturas sintáticas semelhantes, para reforçar a velocidade das
mudanças da vida.
B marcas de interlocução, para aproximar o leitor das experiências
vividas pela autora.
C formas verbais no presente, para exprimir reais possibilidades de
concretização das ações.
D construções de oposição, para enfatizar que as expectativas são
afetadas pelo inesperado.
E sequências descritivas, para promover a identificação do leitor com as
situações apresentadas.
QUESTÃO 19
BRANCO, A. Disponível em: www.oesquema.com.br. Acesso em: 30 jun. 2015
(adaptado).
A internet proporcionou o surgimento de novos paradigmas sociais e
impulsionou a modificação
de outros já estabelecidos nas esferas da comunicação e da informação. A
principal consequência criticada na tirinha sobre esse processo é a
A criação de memes.
B ampliação da blogosfera.
C supremacia das ideias cibernéticas.
D comercialização de pontos de vista.
E banalização do comércio eletrônico.
QUESTÃO 20
Vó Clarissa deixou cair os talheres no prato,
fazendo a porcelana estalar. Joaquim, meu primo, continuava com o queixo suspenso,
batendo com o garfo nos lábios, esperando a resposta. Beatriz ecoou a palavra
como pergunta, “o que é lésbica?”. Eu fiquei muda. Joaquim sabia sobre mim e me
entregaria para a vó e, mais tarde, para toda a família. Senti um calor letal
subir pelo meu pescoço e me doer atrás das orelhas. Previ a cena: vó, a senhora
é lésbica? Porque a Joana é. A vergonha estava na minha cara e me denunciava
antes mesmo da delação. Apertei os olhos e contraí o peito, esperando o tiro.
[...]
[...] Pensei na naturalidade com que Taís e eu
levávamos a nossa história. Pensei na minha insegurança de contar isso à minha
família, pensei em todos os colegas e professores que já sabiam, fechei os
olhos e vi a boca da minha vó e a boca da tia Carolina se tocando, apesar de
todos os impedimentos. Eu quis saber mais, eu quis saber tudo, mas não consegui
perguntar.
POLESSO, N. B. Vó, a senhora é lésbica? Amora. Porto Alegre: Não
Editora, 2015 (fragmento).
A situação narrada revela uma tensão fundamentada na perspectiva do
A conflito
com os interesses de poder.
B silêncio em nome do equilíbrio familiar.
C medo instaurado pelas ameaças de punição.
D choque imposto pela distância entre as gerações.
E apego aos protocolos de conduta segundo os gêneros.
QUESTÃO 21
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa
flâmula
— “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à
luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe
gentil,
Pátria amada, Brasil!
Hino Nacional do Brasil. Letra:
Joaquim Osório Duque Estrada. Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).
O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a)
A reverência de um povo a seu país.
B gênero solene de característica protocolar.
C canção concebida sem interferência da oralidade.
D escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.
E artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.
QUESTÃO 22
SILVA, I.; SANTOS, M. E. P.; JUNG, N. M. Domínios de Lingu@gem,
n. 4, out.-dez. 2016 (adaptado).
A fotografia exibe a fachada de
um supermercado em Foz do Iguaçu, cuja localização transfronteiriça é marcada tanto pelo limite com Argentina e Paraguai
quanto pela presença de outros povos. Essa fachada revela o(a)
A apagamento da identidade linguística.
B planejamento linguístico no espaço urbano.
C presença marcante da tradição oral na cidade.
D disputa de comunidades linguísticas diferentes.
E poluição visual promovida pelo multilinguismo.
QUESTÃO 23
O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter
vidros em caixas, etiquetá-las, selá-las, envolvê-las em papel celofane,
branco, verde, azul, conforme o produto, separá-las em dúzias... Era
fastidioso. Para passar mais rapidamente as oito horas havia o remédio: conversar.
Era proibido, mas quem ia atrás de proibições? O patrão vinha? Vinha o encarregado
do serviço? Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal viravam as costas,
voltavam a taramelar. As mãos não paravam, as línguas não paravam. Nessas conversas
intermináveis, de linguagem solta e assuntos crus, Leniza se completou. Isabela,
Afonsina, Idália, Jurete, Deolinda – foram mestras. O mundo acabou de se desvendar.
Leniza perdeu o tom ingênuo que ainda podia ter. Ganhou um jogar de corpo que
convida, um quebrar de olhos que promete tudo, à toa, gratuitamente.
Modificou-se o timbre de sua voz. Ficou mais quente. A própria inteligência se
transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepidante.
REBELO, M. A estrela sobe. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.
O romance, de 1939, traz à cena tipos e situações que espelham o Rio de
Janeiro daquela década. No fragmento, o narrador delineia esse contexto
centrado no
A julgamento da mulher fora do espaço doméstico.
B relato sobre as condições de trabalho no Estado Novo.
C destaque a grupos populares na condição de protagonistas.
D processo de inclusão do palavrão nos hábitos de linguagem.
E vínculo entre as transformações urbanas e os papéis femininos.
QUESTÃO 24
A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do
racismo
Resumo: Este
artigo tem por finalidade discutir a representação da população negra,
especialmente da mulher negra, em imagens de produtos de beleza
presentes em comércios do nordeste goiano. Evidencia-se que a presença de
estereótipos negativos nessas imagens dissemina um imaginário racista
apresentado sob a forma de uma estética
racista que camufla a exclusão e normaliza a inferiorização sofrida pelos(as) negros(as) na sociedade brasileira. A análise do material
imagético aponta a desvalorização estética do negro, especialmente da mulher
negra, e a idealização da beleza e do branqueamento a serem alcançados por meio
do uso dos produtos apresentados. O discurso midiático-publicitário dos
produtos de beleza rememora e legitima a prática de uma ética racista
construída e atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se que o
trabalho antirracismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o uso de
estratégias para uma “descolonização estética” que empodere os sujeitos negros
por meio de sua valorização estética e protagonismo na construção de uma ética
da diversidade.
Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade.
SANT’ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a
estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação básica.
Margens Interdisciplinar. Versão
digital. Abaetetuba, n.16, jun. 2017 (adaptado).
O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca
característica do gênero resumo de artigo acadêmico. Na estrutura desse texto,
essa função é estabelecida pela
A impessoalidade, na organização da objetividade das informações, como
em “Este artigo tem
por finalidade
B seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em
“imaginário
racista” e “estética do negro”.
C metaforização,
relativa à construção dos sentidos figurados, como nas expressões “descolonização estética” e “discurso midiático-publicitário”.
D nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na
formação de
palavras, como “inferiorização” e “desvalorização”.
E adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista, como
em “ética da
diversidade” e “descolonização estética”.
QUESTÃO 25
ROSA, R. Grande sertão: veredas: adaptação da obra de João
Guimarães Rosa. São Paulo: Globo, 2014 (adaptado).
A imagem integra uma adaptação em quadrinhos da obra Grande sertão:
veredas, de Guimarães
Rosa. Na representação gráfica, a inter-relação de diferentes linguagens caracteriza-se por
A romper com a linearidade das ações da narrativa literária.
B ilustrar
de modo fidedigno passagens representativas
C articular a tensão do romance à desproporcionalidade das formas.
D potencializar a dramaticidade do episódio com recursos das artes
visuais.
E desconstruir a diagramação do texto literário pelo desequilíbrio da
composição.
QUESTÃO 26
Tanto os Jogos Olímpicos quanto os Paralímpicos são
mais que uma corrida por recordes, medalhas e busca da excelência. Por trás
deles está a filosofia do barão Pierre de Coubertin, fundador do Movimento
Olímpico. Como educador, ele viu nos Jogos a oportunidade para que os povos
desenvolvessem valores, que poderiam ser aplicados não somente ao esporte, mas
à educação e à sociedade. Existem atualmente sete valores associados aos Jogos.
Os valores olímpicos são: a amizade, a excelência e o respeito, enquanto os
valores paralímpicos são: a determinação, a coragem, a igualdade e a
inspiração.
MIRAGAYA, A. Valores para toda a vida. Disponível em:
www.esporteessencial.com.br. Acesso em: 9 ago. 2017 (adaptado).
No contexto das aulas de Educação Física escolar, os valores olímpicos e
paraolímpicos podem ser
identificados quando o colega
A procura entender o próximo, assumindo atitudes positivas como
simpatia, empatia, honestidade,
compaixão, confiança e solidariedade, o que caracteriza o valor da igualdade.
B faz com que todos possam ser iguais e receber o mesmo tratamento,
assegurando imparcialidade, oportunidades e tratamentos iguais para todos, o
que caracteriza o valor da amizade.
C dá o melhor de si na vivência das diversas atividades relacionadas ao
esporte ou aos jogos, participando e progredindo de acordo com seus objetivos,
o que caracteriza o valor da coragem.
D manifesta a habilidade de enfrentar a dor, o sofrimento, o medo, a
incerteza e a intimidação nas atividades, agindo corretamente contra a
vergonha, a desonra e o desânimo, o que caracteriza o valor da determinação.
E inclui em suas ações o fair play (jogo limpo), a honestidade, o
sentimento positivo de consideração por outra pessoa, o conhecimento dos seus
limites, a valorização de sua própria saúde e o combate ao doping, o que
caracteriza o valor do respeito.
QUESTÃO 27 - Mais big do que bang
A
comunidade científica mundial recebeu, na semana passada, a confirmação oficial
de uma descoberta sobre a qual se falava com enorme
expectativa há alguns meses. Pesquisadores do Centro de Astrofísica
Harvard-Smithsonian revelaram ter obtido a mais forte evidência até agora de
que o universo em que vivemos começou mesmo pelo Big Bang, mas este não foi
explosão, e sim uma súbita expansão de matéria e energia infinitas concentradas em um
ponto microscópico que os cientistas chamam de “singularidade”. Essa
semente cósmica permanecia em estado latente e, sem que exista uma explicação
definitiva, começou a inchar rapidamente [...]. No intervalo de um piscar de
olhos, por exemplo, seria possível, portanto, que ocorressem mais de 10
trilhões de Big Bangs.
ALLEGRETTI, F. Veja, 26 mar. 2014 (adaptado).
No título proposto para esse
texto de divulgação científica, ao dissociar os elementos da expressão Big Bang, a autora revela a intenção de
A evidenciar a descoberta recente que comprova a explosão de matéria e
energia.
B resumir os resultados de uma pesquisa que trouxe evidências para a
teoria do Big Bang.
C sintetizar a ideia de que a teoria da expansão de matéria e energia
substitui a teoria da explosão.
D destacar
a experiência que confirma uma investigação anterior sobre a teoria de matéria e energia.
E condensar a conclusão de que a explosão de matéria e energia ocorre em
um ponto microscópico.
QUESTÃO 28
Disponível em: www.separeolixo.gov.br. Acesso em: 4 dez. 2017 (adaptado).
Nessa campanha, a principal estratégia para convencer o leitor a fazer a
reciclagem do lixo é a utilização da linguagem não verbal como argumento para
A reaproveitamento de material.
B facilidade na separação do lixo.
C melhoria da condição do catador.
D preservação de recursos naturais.
E geração de renda para o trabalhador.
QUESTÃO 29
TEXTO I
Também chamados impressões ou imagens
fotogramáticas [...], os fotogramas são, numa definição genérica, imagens realizadas sem a
utilização da câmera fotográfica, por contato
direto de um objeto ou material com uma superfície fotossensível exposta a uma
fonte de luz. Essa técnica, que nasceu junto com a fotografia e serviu de
modelo a muitas discussões sobre a ontologia da imagem fotográfica, foi
profundamente transformada pelos artistas da vanguarda, nas primeiras décadas
do século XX. Representou mesmo, ao lado das colagens, fotomontagens e outros
procedimentos técnicos,
a incorporação definitiva da fotografia à arte moderna e seu distanciamento da
representação figurativa.
COLUCCI, M. B. Impressões fotogramáticas e vanguardas: as experiências
de Man Ray. Studium, n. 2, 2000.
TEXTO II
RAY, M. Rayograph, 1922. 23,9 x 29,9 cm. MOMA, Nova York.
Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 18 abr. 2018 (adaptado).
Na fotografia de Man Ray, o
“distanciamento da representação figurativa” a que se refere o Texto I manifesta-se na
A ressignificação
do jogo de luz e sombra, nos moldes surrealistas.
B imposição do acaso sobre a técnica, como crítica à arte realista.
C composição experimental, fragmentada e de contornos difusos.
D abstração
radical, voltada para a própria linguagem fotográfica.
E imitação de formas humanas, com base em diferentes objetos.
QUESTÃO 30
Eu sobrevivi do nada, do nada
Eu não existia
Não tinha uma existência
Não tinha uma matéria
Comecei existir com quinhentos milhões
e quinhentos mil anos
Logo de uma vez, já velha
Eu não nasci criança, nasci já velha
Depois é que eu virei criança
E agora continuei velha
Me transformei novamente numa velha
Voltei ao que eu era, uma velha
PATROCÍNIO, S. In: MOSÉ, V. (Org.). Reino dos bichos e dos
animais é meu nome.
Rio de Janeiro: Azougue, 2009.
Nesse poema de Stela do Patrocínio, a singularidade da expressão lírica
manifesta-se na
A representação da infância, redimensionada no resgate da memória.
B associação de imagens desconexas, articuladas por uma fala delirante.
C expressão
autobiográfica, fundada no relato de experiências de alteridade.
D incorporação de elementos fantásticos, explicitada por versos incoerentes.
E transgressão à razão, ecoada na desconstrução de referências
temporais.
QUESTÃO 31
A história do futebol é uma triste viagem do prazer
ao dever. [...] O jogo se transformou em espetáculo, com poucos protagonistas e
muitos espectadores, futebol para olhar, e o espetáculo se transformou num dos
negócios mais lucrativos do mundo, que não é organizado para ser jogado, mas
para impedir que se jogue. A tecnocracia do esporte profissional foi impondo um futebol de
pura velocidade e força, que renuncia à alegria, atrofia a fantasia e proíbe a
ousadia. Por sorte, ainda aparece nos campos, [...]
algum atrevido que sai do roteiro e comete o disparate de driblar o time adversário
inteirinho, além do juiz e do público das arquibancadas, pelo puro prazer do corpo
que se lança na proibida aventura da liberdade.
GALEANO, E. Futebol ao sol e à sombra. Porto Alegre: L&PM
Pockets, 1995 (adaptado).
O texto indica que as mudanças
nas práticas corporais, especificamente no futebol,
A fomentaram uma tecnocracia, promovendo uma vivência mais lúdica e
irreverente.
B promoveram o surgimento de atletas mais habilidosos, para que fossem
inovadores.
C incentivaram a associação dessa manifestação à fruição, favorecendo o
improviso.
D tornaram a modalidade em um produto a ser consumido, negando sua
dimensão criativa.
E contribuíram para esse esporte ter mais jogadores, bem como
acompanhado de torcedores.
QUESTÃO 32
O grupo O Teatro Mágico apresenta composições autorais que têm
referências estéticas do rock, do pop e da música folclórica
brasileira. A originalidade dos seus shows tem relação com a ópera
europeia do século XIX a partir da
A disposição cênica dos artistas no espaço teatral.
B integração de diversas linguagens artísticas.
C sobreposição entre música e texto literário.
D manutenção de um diálogo com o público.
E adoção de
um enredo como fio condutor.
QUESTÃO 33
A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma
narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena
ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas
de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo
nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde
um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é
enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma
série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a
família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. A vida ao redor é a pseudorrealidade
criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica
celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. A Morte, perplexa
diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro
confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso
absoluto – e raro – de crítica e público.
Disponível em: www.odevoradordelivros.com. Acesso em: 24 jun. 2014.
Os gêneros textuais podem ser caracterizados, dentre outros fatores, por
seus objetivos. Esse fragmento é um(a)
A reportagem, pois busca convencer o interlocutor da tese defendida ao
longo do texto.
B resumo, pois promove o contato rápido do leitor com uma informação
desconhecida.
C sinopse, pois sintetiza as informações relevantes de uma obra de modo
impessoal.
D instrução,
pois ensina algo por meio de explicações sobre uma obra específica.
E resenha, pois apresenta uma produção intelectual de forma crítica.
QUESTÃO 34
TEXTO I
GRIMBERG, N. Estrutura vertical dupla.
Disponível em: www.normagrimberg.com.br. Acesso em: 13 dez. 2017.
TEXTO II
Urna cerimonial marajoara. Cerâmica.
1400 a 400 a.C. 81 cm.
Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Disponível em: www.museunacional.ufrj.br. Acesso em: 11 dez. 2017.
As duas imagens são produções que têm a cerâmica como matéria-prima. A
obra Estrutura vertical dupla se distingue da urna funerária marajoara
ao
A evidenciar a simetria na disposição das peças.
B materializar a técnica sem função utilitária.
C abandonar a regularidade na composição.
D anular possibilidades de leituras afetivas.
E integrar o suporte em sua constituição.
QUESTÃO 35
o que será que ela quer
essa mulher de vermelho
alguma coisa ela quer
pra ter posto esse vestido
não pode ser apenas
uma escolha casual
podia ser um amarelo
verde ou talvez azul
mas ela escolheu vermelho
ela sabe o que ela quer
e ela escolheu vestido
e ela é uma mulher
então com base nesses fatos
eu já posso afirmar
que conheço o seu desejo
caro watson, elementar:
o que ela quer sou euzinho
sou euzinho o que ela quer
só pode ser euzinho
o que mais podia ser
FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo:
Cosac Naify, 2013.
No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu lírico uma
identidade que aqui representa a
A hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum.
B mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher.
C tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina.
D importância da correlação entre ações e efeitos causados.
E valorização da sensibilidade como característica de gênero.
QUESTÃO 36
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a
imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás
de casa.
Passou um homem e disse: Essa volta que o
rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que
fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
BARROS, M. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Best Seller,
2008.
O sujeito poético questiona o uso do vocábulo “enseada” porque a
A terminologia mencionada é incorreta.
B nomeação minimiza a percepção subjetiva.
C palavra é
aplicada a outro espaço geográfico.
D designação atribuída ao termo é desconhecida.
E definição modifica o significado do termo no dicionário.
QUESTÃO 37
“Acuenda o Pajubá”: conheça o “dialeto secreto”
utilizado por gays e travestis
Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por travestis e ganhou a
comunidade
“Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué,
deixe de equê se não eu puxo teu picumã!” Entendeu as palavras dessa frase? Se
sim, é porque você manja alguma coisa de pajubá, o “dialeto secreto” dos gays e
travestis.
Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes
mais formais, um advogado afirma: “É claro que eu não vou falar durante uma audiência ou numa
reunião, mas na firma, com meus colegas de trabalho, eu falo ‘acué’ o tempo
inteiro”, brinca. “A gente tem que ter cuidado de
falar outras palavras porque hoje o pessoal já entende, né? Tá na internet, tem
até dicionário...”, comenta.
O dicionário a que ele se refere é o Aurélia, a dicionária da língua afiada,
lançado no ano de 2006 e escrito pelo jornalista Angelo Vip e por Fred Libi. Na
obra, há mais de 1300 verbetes revelando o significado das palavras do pajubá.
Não se sabe ao certo quando essa linguagem surgiu,
mas sabe-se que há claramente uma relação entre o pajubá e a cultura africana,
numa costura iniciada ainda na época do Brasil colonial.
Disponível em: www.midiamax.com.br. Acesso em: 4 abr. 2017 (adaptado).
Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto,
caracterizando-se como elemento de patrimônio linguístico, especialmente por
A ter mais de mil palavras conhecidas.
B ter palavras diferentes de uma linguagem secreta.
C ser consolidado por objetos formais de registro.
D ser utilizado por advogados em situações formais.
E ser comum em conversas no ambiente de trabalho.
QUESTÃO 38
Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa
que me pintou as costas que me pintou as costas de manchas sangrentas. Moído,
virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes lanhos
vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e
houve uma discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o
procedimento da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me à toa, sem querer.
Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó.
RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1998.
Num texto narrativo, a sequência dos fatos contribui para a progressão
temática. No fragmento, esse processo é indicado pela
A alternância das pessoas do discurso que determinam o foco narrativo.
B utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos variados.
C indeterminação dos sujeitos de ações que caracterizam os eventos
narrados.
D justaposição de frases que relacionam semanticamente os acontecimentos
narrados.
E recorrência de expressões adverbiais que organizam temporalmente a
narrativa.
QUESTÃO 39
Disponível em: www.facebook.com/omeusegredinho. Acesso em: 9 dez. 2017
(adaptado).
Essa imagem ilustra a reação dos celíacos (pessoas sensíveis ao glúten)
ao ler rótulos de alimentos sem glúten. Essas reações indicam que, em geral, os
rótulos desses produtos
A trazem informações explícitas sobre a presença do glúten.
B oferecem várias opções de sabor para esses consumidores.
C classificam o produto como adequado para o consumidor celíaco.
D influenciam o consumo de alimentos especiais para esses consumidores.
E variam na forma de apresentação de informações relevantes para esse
público.
QUESTÃO 40 - ABL lança novo concurso cultural:
“Conte o conto sem aumentar um ponto”
Em razão da grande repercussão do concurso de
Microcontos do Twitter da ABL, o Abletras, a Academia Brasileira de Letras
lançou no dia do seu aniversário de 113 anos um novo concurso cultural
intitulado “Conte o conto sem aumentar um ponto”, baseado na obra A
cartomante, de Machado de Assis.
“Conte um
conto sem aumentar um ponto” tem como objetivo dar um final distinto do
original ao conto A cartomante, de Machado de Assis,
utilizando-se o mesmo número de caracteres – ou inferior – que Machado concluiu
seu trabalho, ou seja, 1 778 caracteres.
Vale ressaltar que, para participar do concurso, o
concorrente deverá ser seguidor do Twitter da ABL, o Abletras.
Disponível em: www.academia.org.br. Acesso em: 18 out. 2015 (adaptado).
O Twitter é reconhecido por promover o compartilhamento de textos. Nessa
notícia, essa rede social foi utilizada como veículo/suporte para um concurso
literário por causa do(a)
A limite predeterminado de extensão do texto.
B interesse pela participação de jovens.
C atualidade do enredo proposto.
D fidelidade
aos fatos cotidianos.
E dinâmica da sequência narrativa.
QUESTÃO 41
Disponível em: www.sul21.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado).
Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu comportamento por
meio da associação de verbos no modo imperativo à
A indicação de diversos canais de atendimento.
B divulgação do Centro de Defesa da Mulher.
C informação sobre a duração da campanha.
D apresentação dos diversos apoiadores.
E utilização da imagem das três mulheres.
QUESTÃO 42 - A Casa de Vidro
Houve protestos.
Deram uma bola a cada criança e tempo para brincar.
Elas aprenderam malabarismos incríveis e algumas viajavam pelo mundo exibindo
sua alegre habilidade. (O problema é que muitos, a maioria, não tinham jeito e
eram feios de noite, assustadores. Seria melhor prender essa gente – havia quem
dissesse.)
Houve protestos.
Aumentaram o preço da carne, liberaram os preços
dos cereais e abriram crédito a juros baixos para o agricultor. O dinheiro que
sobrasse, bem, digamos, ora o dinheiro que sobrasse!
Houve protestos.
Diminuíram os salários (infelizmente aumentou o
número de assaltos) porque precisamos combater a inflação e, como se sabe,
quando os salários estão acima do índice de produtividade eles se tornam
altamente inflacionários, de modo que.
Houve protestos.
Proibiram os protestos.
E no lugar dos protestos nasceu o ódio. Então
surgiu a Casa de Vidro, para acabar com aquele ódio.
ÂNGELO, I. A casa de vidro. São Paulo: Círculo do Livro, 1985.
Publicado em 1979, o texto compartilha com outras obras da literatura
brasileira escritas no período as marcas do contexto em que foi produzido, como
a
A referência à censura e à opressão para alegorizar a falta de liberdade
de expressão característica da época.
B valorização de situações do cotidiano para atenuar os sentimentos de
revolta em relação ao governo instituído.
C utilização de metáforas e ironias para expressar um olhar crítico em
relação à situação social e política do país.
D tendência realista para documentar com verossimilhança o drama da
população brasileira durante o Regime Militar.
E sobreposição
das manifestações populares pelo discurso oficial para destacar o autoritarismo do momento histórico.
QUESTÃO 43
Encontrando
base em argumentos supostamente científicos, o mito do sexo frágil contribuiu historicamente para controlar as práticas corporais
desempenhadas pelas mulheres. Na história do Brasil, exatamente na transição
entre os séculos XIX e XX, destacam-se os esforços para impedir a participação da
mulher no campo das práticas esportivas. As desconfianças em relação à presença da mulher no esporte
estiveram culturalmente associadas ao medo de masculinizar o
corpo feminino pelo esforço físico intenso. Em relação ao futebol feminino, o
mito do sexo frágil atuou como obstáculo ao consolidar a crença de que o
esforço físico seria inapropriado para proteger a feminilidade da mulher
“normal”. Tal mito sustentou um forte movimento contrário à aceitação do futebol
como prática esportiva feminina. Leis e propagandas buscaram desacreditar o
futebol, considerando-o inadequado à delicadeza. Na verdade, as mulheres eram consideradas incapazes de se
adequar às múltiplas dificuldades do “esporte-rei”.
TEIXEIRA, F. L. S.; CAMINHA, I. O. Preconceito no futebol feminino: uma
revisão sistemática.
Movimento, Porto Alegre, n. 1, 2013 (adaptado).
No contexto apresentado, a relação entre a prática do futebol e as
mulheres é caracterizada por um
A argumento
biológico para justificar desigualdades históricas e sociais.
B discurso midiático que atua historicamente na desconstrução do mito do
sexo frágil.
C apelo para a preservação do futebol como uma modalidade praticada
apenas pelos homens.
D olhar
feminista que qualifica o futebol como uma atividade masculinizante para as
mulheres.
E receio de que sua inserção subverta o “esporte-rei” ao demonstrarem
suas capacidades de jogo.
QUESTÃO 44 – Farejador de Plágio: uma ferramenta contra a cópia ilegal
No mundo acadêmico ou nos veículos de comunicação,
as cópias ilegais podem surgir de diversas maneiras, sendo integrais, parciais
ou paráfrases. Para ajudar a combater esse crime, o professor Maximiliano
Zambonatto Pezzin, engenheiro de computação, desenvolveu junto com os seus
alunos o programa Farejador de Plágio.
O programa é capaz de detectar: trechos contínuos e
fragmentados, frases soltas, partes de textos reorganizadas, frases reescritas,
mudanças na ordem dos períodos e erros fonéticos e sintáticos.
Mas como o programa realmente funciona? Considerando
o texto como uma sequência de palavras, a ferramenta analisa e busca trecho por
trecho nos sites de busca, assim como um professor desconfiado de um
aluno faria. A diferença é que o programa permite que se pesquise em vários
buscadores, gerando assim muito mais resultados.
Disponível em: http://reporterunesp.jor.br. Acesso em: 19 mar. 2018.
Segundo o texto, a ferramenta Farejador de Plágio alcança seu objetivo
por meio da
A seleção de cópias integrais.
B busca em sites especializados.
C simulação da atividade docente.
D comparação de padrões estruturais.
E identificação
de fonemas.
QUESTÃO 45
TEXTO I
BRACCO, A; LOSCHI, M. Quando rotas se tornam arte. Retratos: a
revista do IBGE.
Rio de Janeiro, n. 3, set. 2017 (adaptado).
TEXTO II
Stephen Lund, artista canadense, morador em Victoria, capital da
Colúmbia Britânica (Canadá), transformou-se em fenômeno mundial produzindo
obras de arte virtuais pedalando sua bike. Seguindo rotas traçadas com o
auxílio de um dispositivo de GPS, ele calcula ter percorrido mais de 10 mil
quilômetros.
Disponível em: www.booooooom.com. Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado).
Os textos destacam a inovação artística proposta por Stephen Lund a
partir do(a)
A deslocamento das tecnologias de suas funções habituais.
B perspectiva de funcionamento do dispositivo de GPS.
C ato de guiar sua bicicleta pelas ruas da cidade.
D análise dos problemas de mobilidade urbana.
E foco na promoção cultural da sua cidade.
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