ENEM 2011 – PROVA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS
ENEM
2011
QUESTÃO
96
Na modernidade, o corpo foi descoberto,
despido e modelado pelos exercícios físicos da moda. Novos espaços e práticas
esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a modelarem seus
corpos. Multiplicaram-se as academias de ginástica, as salas de musculação e o
número de pessoas correndo pelas ruas.
Diante do exposto, é possível perceber que
houve um aumento da procura por exercícios físicos aquáticos
(natação/hidroginástica), que são
A
exercícios de baixo impacto, evitando o atrito (não prejudicando as
articulações), e que previnem o envelhecimento precoce e melhoram a qualidade
de vida.
B
mecanismos que permitem combinar alimentação e exercício físico, que permitem a
aquisição e manutenção de níveis adequados de saúde, sem a preocupação com
padrões de beleza instituídos socialmente.
C
programas saudáveis de emagrecimento, que evitam os prejuízos causados na
regulação metabólica, função imunológica, integridade óssea e manutenção da
capacidade funcional ao longo do envelhecimento.
D
exercícios de relaxamento, reeducação postural e alongamentos, que permitem um
melhor funcionamento do organismo como um todo, bem como uma dieta alimentar e
hábitos saudáveis com base em produtos naturais.
E
dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais
macronutrientes (carboidratos, gorduras ou proteínas), bem como exercícios que
permitem um aumento de massa muscular e/ou modelar o corpo.
QUESTÃO
97
COSTA,
C. Superinteressante. Fev. 2011 (adaptado).
Os
amigos são um dos principais indicadores de bem-estar na vida social das
pessoas. Da mesma forma que em outras áreas, a internet também inovou as
maneiras de vivenciar a amizade. Da leitura do infográfico, depreendem-se dois
tipos de amizade virtual, a simétrica e a assimétrica, ambas com seus pós e
contras. Enquanto a primeira se baseia na relação de reciprocidade, a segunda
A
reduz o número de amigos virtuais, ao limitar o acesso à rede.
B parte do anonimato
obrigatório para se difundir.
C reforça a
configuração de laços mais profundos.
D
facilita a interação entre pessoas em virtude de interesses comuns.
E
tem a responsabilidade de promover a proximidade física.
QUESTÃO
98
Quem
é pobre,
pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de
rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: - Ze-Zim, por que é que você não cria
galinhas-d´angola, como todo mundo faz? – Quero criar nada não… – me deu
resposta: – Eu gosto muito
de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo
digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era
menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar eram todos
dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da
outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.
ROSA,
J. G. Grande sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).
Na
passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade
social típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras
e pela relação de dependência entre agregados e fazendeiros. No texto,
destaca-se essa relação porque o personagem-narrador
A relata a seu
interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar
seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de
trabalho.
B
descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em
proprietário de terra.
C
denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se
envolvem no trabalho da terra.
D
mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua
dupla condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.
E
mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de
proprietário de terras.
QUESTÃO
99
A
discussão sobre “o fim do livro de papel” com a chegada da mídia eletrônica me lembra a
discussão idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos
talvez não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo que isso aconteça,
os poemas de Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos continuarão
sendo publicados e lidos — em CD-ROM, em livro
eletrônico, em “chips quânticos”, sei lá o quê. O texto é uma espécie de
alma imortal, capaz de reencarnar em
corpos variados: página impressa, livro em Braille, folheto,
“coffee-table book”, cópia manuscrita, arquivo PDF… Qualquer texto pode se
reencarnar nesses (e em
outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem a São Saruê, se é
Macbeth ou O livro de piadas de Casseta
& Planeta.
TAVARES,
B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com.
Ao refletir sobre a possível extinção do
livro impresso e o surgimento de outros suportes em via eletrônica, o cronista
manifesta seu ponto de vista, defendendo que
A
o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço
da tecnologia.
B
o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões e de
valores culturais.
C
o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler
textos em livros e suportes impressos.
D
os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias,
mesmo que os livros desapareçam.
E
os livros impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras
literárias dos mais diversos gêneros.
QUESTÃO
100
TEXTO
I
Onde está a honestidade?
Você
tem palacete reluzente
Tem
joias e criados à vontade
Sem
ter nenhuma herança ou parente
Só anda de automóvel
na cidade…
E
o povo pergunta com maldade:
Onde está a
honestidade?
Onde está a
honestidade?
O
seu dinheiro nasce de repente
E
embora não se saiba se é verdade
Você
acha nas ruas diariamente
Anéis,
dinheiro e felicidade...
Vassoura
dos salões da sociedade
Que varre o que
encontrar em sua frente
Promove
festivais de caridade
Em
nome de qualquer defunto ausente...
ROSA,
N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
TEXTO
II
Um vulto da história da
música popular brasileira reconhecido nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em
1910, no Rio de Janeiro; portanto, se estivesse vivo,
estaria
completando 100 anos. Mas faleceu aos 26 anos de idade, vítima de tuberculose,
deixando um acervo de grande valor para o patrimônio cultural brasileiro.
Muitas de suas letras representam a sociedade contemporânea, como se tivessem
sido escritas no século XXI.
Disponível
em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
Um
texto pertencente ao patrimônio literário-cultural brasileiro é atualizável, na
medida em que ele se refere a valores e situações de um povo. A atualidade da
canção Onde está a honestidade?, de Noel Rosa, evidencia-se por meio
A
da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem duvidosa de alguns.
B
da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm herança.
C
da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade.
D
do privilégio de alguns em clamar pela honestidade.
E da insistência em
promover eventos beneficentes.
QUESTÃO
101
TEXTO
I
O
meu nome é Severino,
não
tenho outro de pia.
Como
há muitos Severinos,
que
é santo de romaria,
deram
então de me chamar
Severino
de Maria;
como
há muitos Severinos
com
mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da
Maria
do finado Zacarias,
mas
isso ainda diz pouco:
há
muitos na freguesia,
por
causa de um coronel
que
se chamou Zacarias
e
que foi o mais antigo
senhor
desta sesmaria.
Como
então dizer quem fala
ora
a Vossas Senhorias?
MELO
NETO, J. C. Obra complete. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1994 (fragment).
TEXTO
II
João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio,
transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue
no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do
texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se
define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre
partilhados por outros homens.
SECCHIN,
A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento).
Com
base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto
II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que
ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela
pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à
pergunta expressa no poema é dada por meio da
A
descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador.
B
construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com
a sua situação.
C
representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos
que compartilham sua condição.
D
apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta, em sua
crise existencial.
E
descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do
coronel Zacarias.
QUESTÃO
102
Disponível
em: www.ccsp.com.br. Acesso em: 26 jul. 2010 (adaptado).
O
anúncio publicitário está intimamente ligado ao ideário de consumo quando sua
função é vender um produto. No texto apresentado, utilizam-se elementos
linguísticos e extralinguísticos para divulgar a atração “Noites do Terror”, de
um parque de diversões. O entendimento da propaganda requer do leitor
A
a identificação com o público-alvo a que se destina o anúncio.
B
a avaliação da imagem como uma sátira às atrações de terror.
C
a atenção para a imagem da parte do corpo humano selecionada aleatoriamente.
D
o reconhecimento do intertexto entre a publicidade e um dito popular.
E
a percepção do sentido literal da expressão “noites do terror”,
equivalente à expressão “noites de terror”.
QUESTÃO
103
O hipertexto refere-se à escritura eletrônica
não sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor o acesso a um
número praticamente ilimitado de outros textos a partir de escolhas locais e
sucessivas, em tempo real. Assim, o leitor tem
condições de definer interativamente a leitura a partir de assuntos tratados no texto
sem se prender a uma sequência fixa ou tópicos estabelecidos por um
autor.
Trata-se de uma forma de estruturação textual que faz do leitor simultaneamente
coautor do texto final. O hipertexto se caracteriza, pois, como um processo de
escritura/leitura eletrônica multilinearizado, multisequencial e indeterminado,
realizado em um novo espaço de escrita. Assim, ao permitir vários níveis de
tratamento de um tema, o hipertexto oferece a possibilidade de múltiplos graus
de profundidade simultaneamente, já que não tem
sequência definida, mas liga
textos não necessariamente correlacionados.
Marcuschi, L. A.
Disponível em: http:/www.pucsp.br. Acesso em: 29 jun. 2011.
O
computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e o hipertexto pode ser
considerado como um novo espaço de escrita e leitura. Definido como um conjunto
de blocos autônomos de texto, apresentado em meio eletrônico computadorizado e
no qual há remissões associando entre si diversos elementos, o hipertexto
A
é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos totalmente abertos, desfavorece
o leitor, ao confundir os conceitos cristalizados tradicionalmente.
B
é uma forma artificial de produção da
escrita, que,
ao desviar o foco da leitura, pode ter como consequência o menosprezo pela
escrita tradicional.
C
exige do leitor um maior grau de conhecimentos prévios, por isso deve ser
evitado pelos estudantes nas suas pesquisas escolares.
D
facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação específica,
segura e verdadeira, em qualquer site de busca ou blog oferecidos na internet.
E
possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de leitura, sem seguir
sequência predeterminada, constituindo-se em atividade mais coletiva e
colaborativa.
QUESTÃO
104
Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas,
elementos verticais de sustentação, foram sofrendo modificações e incorporando novos
materiais com ampliação de possibilidades. Ainda que as clássicas colunas
gregas sejam retomadas, notáveis inovações são percebidas, por exemplo, nas
obras de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro
nascido no Rio de Janeiro em 1907. No desenho de Niemeyer, das colunas do Palácio da
Alvorada, observa-se
A
a presença de um capitel muito simples, reforçando a sustentação.
B
o traçado simples de amplas linhas curvas opostas, resultando em formas
marcantes.
C
a disposição simétrica das curvas, conferindo saliência e distorção à base.
D
a oposição de curvas em concreto, configurando certo peso e
rebuscamento.
E
o excesso de linhas curvas, levando a um exagero na ornamentação.
QUESTÃO
105
Conceitos e
importância das lutas
Antes de se tornarem esporte, as lutas ou as
artes marciais tiveram duas conotações principais: eram praticadas com o
objetivo guerreiro ou tinham um apelo filsófico como
concepção de vida bastante significativo.
Atualmente, nos deparamos com a grande
expansão das artes marciais em nível mundial. As raízes orientais foram se
disseminando, ora pela necessidade de luta pela
sobrevivência ou para “defesa pessoal”, ora pela possibilidade de ter as artes
marciais como própria filosofia de vida.
CARREIRO,
E. A. Educação física na escola. Implicações para a prática
pedagógica. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 (fragmento).
Um
dos problemas da violência que está presente principalmente nos grandes centros
urbanos são as brigas e os enfrentamentos de torcidas organizadas, além da
formação de gangues, que se apropriam de gestos das lutas, resultando, muitas
vezes, em fatalidades. Portanto, o verdadeiro objetivo da aprendizagem desses movimentos foi mal compreendido, afinal as lutas
A
se tornaram um esporte, mas eram praticadas com o
objetivo guerreiro a fim de garantir a sobrevivência.
B
apresentam a possibilidade de desenvolver o autocontrole, o respeito ao outro e
a formação do caráter.
C
possuem como objetivo principal a “defesa pessoal” por meio de golpes
agressivos sobre o adversário.
D
sofreram transformações em seus princípios filosóficos
em razão
de sua disseminação pelo mundo.
E
se disseminaram pela necessidade de luta pela sobrevivência ou como filosofia pessoal de vida.
QUESTÃO
106
O tema da velhice foi objeto de estudo de
brilhantes filósofos aos longo dos tempos. Um dos melhores livros
sobre o
assunto foi escrito pelo pensador e orador romano Cícero: A Arte do
Envelhecimento. Cícero nota, primeiramente, que todas as idades têm seus
encantos e suas dificuldades. E depois aponta para um paradoxo da humanidade. Todos
sonhamos ter uma vida longa, o que significa viver
muitos anos. Quando realizamos a meta, em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um
estado de melancolia e amargura. Ler as palavras de Cícero sobre envelhecimento
pode ajudar a aceitar melhor a passagem do tempo.
NOGUEIRA,
P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento. Época. 28 abr. 2008.
O
autor discute problemas relacionados ao envelhecimento, apresentando argumentos
que levam a inferir que seu objetivo é
A
esclarecer que a velhice é inevitável.
B
contar fatos sobre a arte de envelhecer.
C
defender a ideia de que a velhice é desagradável.
D
influenciar
o leitor para que lute contra o envelhecimento.
E
mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem angústia, o envelhecimento.
QUESTÃO
107
Não tem tradução
[…]
Lá
no morro, se eu fizer uma falseta
A
Risoleta desiste logo do francês e do inglês
A
gíria que o nosso morro criou
Bem
cedo a cidade aceitou e usou
[...]
Essa
gente hoje em dia que tem mania de exibição
Não
entende que o samba não tem tradução no idioma
francês
Tudo
aquilo que o malandro pronuncia
Com
voz macia é brasileiro, já passou de português
Amor
lá no morro é amor pra chuchu
As
rimas do samba não são I love you
E esse negócio de alô,
alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de
telefone
ROSA,
N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas. Revista
Língua Portuguesa. Ano
4, nº 54. São Paulo: Segmento, abr. 2010 (fragmento).
As
canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila Isabel, apesar de revelarem
uma aguçada preocupação do artista com seu tempo e com as mudanças político-culturais
no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são modernas. Nesse
fragmento do samba Não tem tradução,
por meio do recurso da metalinguagem, o poeta propõe
A
incorporar novos costumes de origem francesa e americana, juntamente com
vocábulos estrangeiros.
B
respeitar e preservar o português padrão como forma de fortalecimento do idioma
do Brasil.
C
valorizar a fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma
legítima de identidade nacional.
D
mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo
da música popular brasileira.
E
ironizar a malandragem carioca, aculturada pela invasão de valores étnicos de
sociedades mais desenvolvidas.
QUESTÃO
108
A dança é um importante componente cultural da
humanidade. O folclore brasileiro é rico em danças que representam as tradições
e a cultura de várias regiões do país. Estão ligadas aos aspectos religiosos,
festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e
brincadeiras
e caracterizam-se pelas músicas animadas (com letras simples e populares),
figurinos e cenários representativos.
SECRETARIA
DA EDUCAÇÃO. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Educação
física. São Paulo: 2009 (adaptado).
A
dança, como manifestação e representação da cultura rítmica,
envolve a expressão corporal própria de um povo. Considerando-a como elemento
folclórico, a dança
revela
A
manifestações afetivas, históricas, ideológicas,
intelectuais e espirituais de um povo, refletindo seu modo de expressar-se
no mundo.
B
aspectos eminentemente afetivos, espirituais e de entretenimento de um povo,
desconsiderando fatos históricos.
C acontecimentos do
cotidiano, sob influência mitológica e religiosa de cada região, sobrepondo aspectos políticos.
D
tradições culturais de cada região, cujas manifestações
rítmicas são classificadas em um ranking das mais originais.
E
uma vez que são inventadas, e servem apenas para a vivência lúdica de um povo.
QUESTÃO
109
Cultivar um estilo de vida saudável é
extremamente importante para diminuir o risco de infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter uma
alimentação saudável e praticar atividade física
regularmente já reduz, por sis só, as chances de desenvolver vários problemas. Além
disso, é importante para o controle da pressão arterial, dos níveis de
colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e
aumentar a capacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances de
infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e moderação, é
altamente recomendável.
ATALIA,
M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009.
As
ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na
construção do sentido. A esse respeito, identifica-se,
no fragmento, que
A
a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.
B
o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.
C
o termo “como”, em “como morte súbita e derrame” introduz uma
generalização.
D
o termo “Também” exprime uma justificativa.
E
o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de
glicose no sangue”.
QUESTÃO
110
O grafite
contemporâneo,
considerado em alguns momentos como uma arte marginal, tem sido comparado às
pinturas murais de várias épocas e às escritas
pré-históricas. Observando as imagens apresentadas, é possível reconhecer elementos
comuns entre os tipos de pinturas murais, tais como
A
a preferência por tintas naturais, em razão de seu efeito estético.
B
a inovação na técnica de pintura, rompendo com modelos estabelecidos.
C
o registro do pensamento e das crenças das sociedades em várias épocas.
D
a repetição dos temas e a restrição de uso pelas classes dominantes.
E
o uso exclusivista da arte para atender aos interesses da elite.
QUESTÃO
111
LEIRNER,
N. Tronco com cadeira (detalhe) 1964.
Disponível
em: http://www.itaucultural.org.br. Acesso em: 27 jul. 2010.
Nessa
estranha dignidade e nesse abandono, o objeto foi
exaltado de maneira ilimitada e ganhou um significado que se pode considerer
mágico. Daí sua vida “inquietante e absurda”. Tornou-se ídolo e, ao mesmo tempo,
objeto de zombaria. Sua realidade intrínseca foi anulada.
JAFFÉ,
A. O simbolismo nas artes plásticas. In: JUNG, C.G.
(org.). O homem e os seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
A
relação observada entre a imagem e o texto apresentados permite o entendimento
da intenção de um artista contemporâneo. Neste caso, a obra apresenta
características
A
funcionais e de sofisticação decorativa.
B
futuristas e do abstrato geométrico.
C
construtivistas e de estruturas modulares.
D
abstracionistas e de releitura do objeto.
E
figurativas e de representação do cotidiano.
QUESTÃO
112
No capricho
O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava
pelo delegado, olhava para um quadro, a pintura de uma senhora. Ao entrar a
autoridade e percebendo que o cabôco admirava tal
figura, perguntou: “Que tal? Gosta desse quadro?”
E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus
dá ao caboco da roça: “Mas pelo amor de Deus, hein, dotô! Que muié feia! Parece
fiote de cruis-credo, parente do deus-me-livre, mais
horríver que briga de cego no escuro.”
Ao que o delegado não teve como deixar de confessar, um pouco secamente: “É a minha mãe.” E o cabôco, em cima da
bucha, não perde a linha: “Mais dotô, inté que é uma feiura caprichada.”
BOLDRIN,
R. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo: Andreato
Comunicação e Cultura, nº 62, 2004 (adaptado).
Por
suas características formais, por sua função e uso, o texto pertence ao gênero
A
anedota, pelo enredo e humor característicos.
B
crônica, pela abordagem literária de fatos do cotidiano.
C
depoimento, pela apresentação de experiências pessoais.
D
relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos.
E
reportagem, pelo registro impessoal de situações reais.
QUESTÃO
113
Estrada
Esta
estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa
mais que uma avenida urbana.
Nas
cidades todas as pessoas se parecem.
Todo
mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.
Aqui,
não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada
criatura é única.
Até
os cães.
Estes cães da roça
parecem homens de negócios:
Andam
sempre preocupados.
E quanta gente vem e
vai!
E
tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro
a pé ou a carrocinha de leite puxada por um
bodezinho
manhoso.
Nem
falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz
dos
símbolos,
Que a vida passa! que
a vida passa!
E
que a mocidade vai acabar.
BANDEIRA,
M. O ritmo dissolute. Rio de Janeiro. Aguilar, 1967.
A
lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de
significados profundos a partir de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo
presente no contraste entre campo e cidade aponta para
A
o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela
sua nostalgia com relação à cidade.
B
a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da
aparente inércia da vida rural.
C
a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de
meditação sobre a sua juventude.
D
a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.
E
a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.
QUESTÃO
114
PICASSO,
P. Guernica. Óleo sobre tela, 349 x 777. Museu Reina Sofia, Espanha, 1937.
O
pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais valorizados no
mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto
históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena
cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional
de Artes Plásticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e
instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas
em 1981. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo
A
painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias
dimensões
de um evento, renunciando à realidade, colocando-se em plano frontal ao
espectador.
B horro da guerra de
forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse exemplo
brutal de crueldade do ser humano.
C uso das formas geométricas
no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado com o volume, a perspectiva e a sensação escultórica.
D
esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor
humana a serviço da objetividade, observada pelo uso do claro-escuro.
E
uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionalmente,
de forma fotográfica livre de sentimentalismo.
QUESTÃO
115
No Brasil, a condição cidadã, embora dependa
da leitura e da escrita, não se basta pela enunciação do direito, nem pelo
domínio desses instrumentos, o que, sem dúvida, viabiliza melhor participação
social. A condição cidadã depende, seguramente, da ruptura com o ciclo da
pobreza, que penaliza um largo contingente populacional.
Formação de leitores e
construção de cidadania, memória e presença do PROLER. Rio de Janeiro: FBN,
2008.
Ao
argumentar que a aquisição das habilidades de leitura e
escrita não são suficientes para garantir o exercício da cidadania, o autor
A
critica os processos de aquisição da leitura e da escrita.
B
fala sobre o domínio da leitura e da escrita no Brasil.
C
incentiva a participação efetiva na vida da comunidade.
D
faz uma avaliação crítica a respeito da condição cidadã do brasileiro.
E define instrumentos
eficazes para elevar a condição social da população do Brasil.
QUESTÃO
116
É água que não acaba mais
Dados preliminares divulgados por
pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontaram o Aquífero Alter do Chão como o maior depósito de água potável do planeta.
Com volume estimado em 86 000 quilômetros cúbicos de água doce, a reserva
subterrânea está localizada sob os estados do Amazonas,
Pará e Amapá. “Essa quantidade de água seria suficiente para abastecer a
população mundial durante 500 anos”, diz Milton Matta, geólogo da UFPA. Em termos
comparativos, Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água do Aquífero
Guarani (com 45 000 quilômetros cúbicos). Até então, Guarani era a maior
reserva subterrânea do mundo, distribuída por Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai.
Época. Nº 623, 26 abr. 2010.
Essa
notícia, publicada em uma revista de grande circulação, apresenta resultados de
uma pesquisa científica realizada por uma universidade brasileira.
Nessa situação específica de comunicação, a função referencial da linguagem
predomina, porque o autor do texto prioriza
A
as suas opiniões, baseadas em fatos.
B
os aspectos objetivos e precisos.
C
os elementos de persuasão do leitor.
D
os elementos estéticos na construção do texto.
E
os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa.
QUESTÃO
117
Pequeno concerto que virou canção
Não,
não há por que mentir ou esconder
A
dor que foi maior do que é capaz meu coração
Não, nem há por que
seguir cantando só para explicar
Não
vai nunca entender de amor quem nunca soube amar
Ah,
eu vou voltar pra mim
Seguir
sozinho assim
Até
me consumir ou consumir toda essa dor
Até
sentir de novo o coração capaz de amor
VANDRÉ,
G. Disponível em: http://www.letras.terra.com.br
Na
canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da função poética da linguagem,
que é percebida na elaboração artística e criativa da mensagem, por meio de
combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, entretanto, percebe-se,
também, a presença marcante da função emotiva ou expressiva, por meio da qual o
emissor
A
imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos.
B
transmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção.
C
busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo comportamento.
D
procura explicar a própria linguagem que utiliza para construir a canção.
E
objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada.
QUESTÃO
118
Quando
os portugueses se instalaram no Brasil, o país era povoado de índios. Importaram,
depois, da África, grande número de escravos. O Português, o Índio e o Negro
constituem, durante o período colonial, as três bases da população brasileira.
Mas no que se refere à cultura, a contribuição do Português foi de longe a mais
notada.
Durante muito tempo o português e o tupi
viveram lado a lado como línguas de comunicação. Era o tupi que utilizavam os
bandeirantes nas suas expedições. Em 1694, dizia
o Padre Antônio Vieira que “as famílias dos portugueses e índios em São Paulo estão
tão ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os filhos se criam
mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos
Índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender à escola.”
TEYSSIER, P. História
da língua portuguesa. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado).
A
identidade de uma nação está diretamente ligada à cultura de seu povo. O texto
mostra que, no período colonial brasileiro, o Português, o Índio e o Negro formaram
a base da população e que o patrimônio linguístico brasileiro é resultado da
A
contribuição dos índios na escolarização dos brasileiros.
B
diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos indígenas.
C
importância do padre Antônio Vieira para a literatura de língua portuguesa.
D
origem das diferenças entre a língua portuguesa e as línguas tupi.
E
interação pacífica no uso da língua portuguesa e da língua tupi.
QUESTÃO
119
Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico
dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo
em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de
Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um
chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o
sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o
corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais
ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram
lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada: eram ais convulsos,
chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia
de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo.
AZEVEDO, A. O
cortiço. São Paulo. Ática, 1983 (fragmento).
No
romance O Cortiço" (1890), de Aluízio Azevedo, as personagens são
observadas como elementos coletivos caracterizados por condicionantes de origem
social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e
portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois
A
destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.
B
exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português
inexpressivo.
C
mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.
D
destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.
E
atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais.
QUESTÃO
120
Guardar
Guardar
uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em
cofre não se guarda coisa alguma.
Em
cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é
olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la,
isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar
uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela,
isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto
é, estar por ela ou ser por ela.
Por
isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do
que um pássaro sem voos.
Por
isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por
isso se declara e declama um poema:
Para
guardá-lo:
Para
que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde
o que quer que guarda um poema:
Por
isso o lance do poema:
Por
guardar-se o que se quer guardar.
MACHADO,
G. In: MORICONI, I. (org.), Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2001.
A memória é um importante
recurso do patrimônio cultural de uma nação. Ela está presente nas lembranças
do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o fazer poético como uma
das maneiras de se guardar o que se quer, o texto
A
ressalta a importância dos estudos históricos para a
construção da memória social de um povo.
B
valoriza as lembranças individuais em detrimento das narrativas populares ou
coletivas.
C
reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores
humanos.
D
destaca a importância de reservar o texto literário àqueles
que possuem maior repertório cultural.
E
revela a superioridade da escrita poética como forma ideal
de preservação da memória cultural.
QUESTÃO
121
Lépida e leve
Língua
do meu Amor velosa e doce,
que
me convences de que sou frase,
que
me contornas, que me vestes quase,
como
se o corpo meu de ti vindo me fosse.
Língua
que me cativas, que me enleias
os
surtos de ave estranha,
em
linhas longas de invisíveis teias,
de
que és, há tanto, habilidosa aranha...
[...]
Amo-te
as sugestões gloriosas e funestas,
amo-te
como todas as mulheres
te amam, ó
língua-lama, ó língua-resplendor,
pela
carne de som que à ideia emprestas
e pelas frases mudas que proferes
nos silêncios de Amor!...
MACHADO,
G. In: MORICONI, I. (org.). ***** Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001 (fragmento).
A poesia de Gilka
Machado identifica-se com as concepções artísticas simbolistas. Entretanto, o texto
selecionado incorpora referências temáticas e formais modernistas, já que,
nele, a poeta
A
procura desconstruir a visão metafórica do amor e abandona o cuidado
formal.
B
concebe a mulher como um ser sem linguagem e questiona o poder da palavra.
C
questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa a construção do verso
livre.
D
propõe um modelo novo de erotização na lírica amorosa
e propõe a simplificação verbal.
E
explora a construção da essência feminina, a partir da polissemia de “língua”, e inova o léxico.
Texto para as questões
122 e 123
Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que
somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos
isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra
“mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar
por um eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos
agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade
e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar nasceu
há 29 anos (viu só? Não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na
publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer
isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da
propaganda ter o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a
propaganda se o consumidor não acreditasse nela?
Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma
peça publicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias
e, quando é o caso, aplica a punição.
Anúncio
veiculado na Revista Veja. São Paulo:
Abril. Ed. 2120, ano 42, n. 27, 8 jul. 2009.
QUESTÃO
122
Considerando
a autoria e a seleção lexical desse texto, bem como os argumentos nele
mobilizados, constata-se que o objetivo do autor do texto é
A
informar os consumidores em geral sobre a atuação do Conar.
B
conscientizar publicitários do compromisso ético ao elaborar suas peças
publicitárias.
C
alertar chefes de família, para que eles fiscalizem o conteúdo das
propagandas veiculadas pela mídia.
D
chamar a atenção de empresários e anunciantes em geral para suas
responsabilidades ao contratarem publicitários sem ética.
E
chamar a atenção de empresas para os efeitos nocivos que elas podem causar à
sociedade, se compactuarem com propagandas enganosas.
QUESTÃO
123
O recurso gráfico
utilizado pelo anúncio publicitário – de destacar a potencial supressão de
trecho do texto – reforça a eficácia pretendida, revelada na estratégia de
A
ressaltar a informação no título, em detrimento do restante do conteúdo
associado.
B
incluir o leitor por meio do uso da 1ª pessoa do plural no discurso.
C
contar a história da criação do órgão como argumento de autoridade.
D
subverter o fazer publicitário pelo uso de sua metalinguagem.
E
impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto.
QUESTÃO
124
Disponível
em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).
O
texto é uma propaganda de um adoçante que tem o seguinte
mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que o autor utiliza para o convencimento do
leitor baseia-se no emprego de recursos expressivos, verbais e não verbais, com
vistas a
A
ridicularizar a forma física do possível cliente do produto anunciado,
aconselhando-o a uma busca de mudanças estéticas.
B
enfatizar a tendência da sociedade contemporânea de buscar hábitos alimentares
saudáveis, reforçando tal postura.
C
criticar o consumo excessivo de produtos industrializados por parte da população,
propondo a redução desse consumo.
D
associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora de forma, sugerindo a
substituição desse produto pelo adoçante.
E
relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo humano que não desenvolve
atividades físicas, incentivando a prática esportiva.
QUESTÃO
125
TEXTO
I
O Brasil sempre deu respostas rápidas através
da solidariedade do seu povo. Mas a mesma força que nos motiva a ajudar o próximo deveria também nos motivar a ter atitudes
cidadãs. Não podemos mais transferir a culpa
para quem é vítima ou até mesmo para a própria natureza, como se essa seguisse
a lógica humana. Sobram
desculpas esfarrapadas e falta competência da classe política.
Cartas.
Istoé. 28 abr. 2010.
TEXTO
II
Não podemos negar ao povo sofrido todas as hipóteses de previsão dos desastres. Demagogos culpam os moradores; o
governo e a prefeitura apelam para as pessoas saírem das áreas de risco e agora
dizem que será compulsória a realocação. Então temos a realocar o Brasil
inteiro! Criemos um serviço, similar ao SUS, com alocação obrigatória de
recursos orçamentários com rede de atendimento preventivo, onde participariam arquitetos, engenheiros, geólogos. Bem ou mal, esse
“SUS” organizaria brigadas nos locais. Nos casos da dengue, por exemplo, poderia
verificar as condições
de acontecer epidemias. Seriam boas ações preventivas.
Carta
do Leitor. Carta Capital. 28 abr. 2010 (adaptado).
Os
textos apresentados expressam opiniões de leitores acerca de relevante assunto
para a sociedade brasileira. Os autores dos dois textos apontam para a
A
necessidade de trabalho voluntário contínuo para a resolução das mazelas
sociais.
B
importância de ações preventivas para evitar catástrofes, indevidamente
atribuídas aos políticos.
C
incapacidade política para agir de forma diligente na resolução das mazelas
sociais.
D
urgência de se criarem novos órgãos públicos com as mesmas
características do SUS.
E impossibilidade de o
homem agir de forma eficaz ou preventiva diante das ações da natureza.
QUESTÃO
126
SE NO INVERNO É
DIFÍCIL ACORDAR, IMAGINE
DORMIR.
Com a chegada do inverno, muitas pessoas
perdem o sono. São milhões de necessitados que lutam contra a fome e o frio.
Para vencer esta batalha, eles precisam de você. Deposite qualquer quantia.
Você ajuda milhares de pessoas a terem uma boa noite e dorme com a consciência
tranquila.
Veja.
05 set. 1999 (adaptado).
O
produtor de anúncios publicitários utiliza-se de estratégias persuasivas para influenciar o comportamento de seu leitor. Entre os
recursos argumentativos mobilizados pelo autor para obter a adesão do público à
campanha, destaca-se nesse texto
A
a oposição entre individual e coletivo, trazendo um ideário populista para o anúncio.
B
a utilização de tratamento informal com o leitor, o que suaviza a seriedade do
problema.
C
o emprego de linguagem figurada, o que desvia a
atenção da população do apelo financeiro.
D
o uso dos numerais “milhares” e “milhões”, responsável pela supervalorização
das condições dos necessitados.
E
o jogo de palavras entre “acordar” e “dormer”, o que relativiza o problema
do leitor em relação ao dos necessitados.
QUESTÃO
127
Entre ideia e tecnologia
O grande conceito por trás do Museu da Língua
é apresentar o idioma como algo vivo e fundamental para o entendimento do que é
ser brasileiro. Se nada nos define com clareza, a
forma como falamos o português nas mais diversas situações cotidianas é talvez a melhor
expressão da brasilidade.
SCARDOVELI,
E. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento,
Ano II, nº 6, 2006.
O texto propõe uma
reflexão acerca da língua portuguesa, ressaltando para o leitor a
A
inauguração do museu e o grande investimento em cultura no país.
B
importância da língua para a construção da identidade nacional.
C
afetividade tão comum ao brasileiro, retratada através da língua.
D
relação entre o idioma e as políticas públicas na área de cultura.
E
diversidade étnica e linguística existente no território nacional.
QUESTÃO
128
Palavra indígena
A história da tribo Sapucaí, que traduziu para
o idioma guarani os artefatos da era da computação que ganharam importância em
sua vida, como mouse (que eles chamam de angojhá) e windows (oventã)
Quando
a internet chegou àquela comunidade, que abriga em torno de 400 guaranis, há quatro
anos, por meio de um projeto do Comitê para Democratização da Informática
(CDI), em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta e com antena cedida pela
Star One (da Embratel), Potty e sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades
de comunicação que a web traz.
Ele conta que usam a rede, por enquanto,
somente para preparação e envio de documentos, mas perceberam que ela pode
ajudar na preservação da cultura indígena.
A apropriação da rede se deu de forma gradual,
mas os guaranis já incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida. A
importância da internet e da computação para eles está expressa num caso de
rara incorporação: a do vocabulário.
— Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me
ligou. “A gente não está querendo chamar computador de “computador”.
Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E criaram aiú irú rive, “caixa para acumular a língua”. Nós, brancos, usamos mouse, windows e
outros termos, que eles começaram a adaptar para o idioma deles, como angojhá
(rato) e oventã (janela) — conta
Rodrigo
Baggio, diretor do CDI.
Disponível
em: http://www.revistalingua.uol.com.br. Acesso em: 22 jul. 2010.
O
uso das novas tecnologias de informação e comunicação fez surgir uma série de
novos termos que foram acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original, como: mouse, windows, download, site, homepage, entre
outros. O texto trata da adaptação de termos da informática à língua indígena
como uma
reação
da tribo Sapucaí, o que revela
A
a possibilidade que o índio Potty vislumbrou em relação à comunicação que a web
pode trazer a seu povo e à facilidade no envio de documentos e na
conversação
em tempo real.
B
o uso da internet para preparação e envio de documentos, bem como a
contribuição para as atividades relacionadas aos trabalhos da cultura indígena.
C
a preservação da identidade, demonstrada pela conservação do idioma, mesmo com
a utilização de novas tecnologias características da cultura de outros grupos
sociais.
D
adesão ao projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), que, em
parceria com a ONG Rede Povos da Floresta, possibilitou o acesso à web, mesmo em ambiente inóspito.
E
a apropriação da nova tecnologia de forma gradual, evidente quando os guaranis
incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo
de vida com a possibilidade
de acesso à internet.
QUESTÃO
129
Há certos usos consagrados na fala, e até
mesmo na escrita, que, a depender do estrato social e do nível de escolaridade
do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em falantes que
dominam a variedade padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na
língua em seu processo de mudança que não podem
ser bloqueadas em nome de um “ideal linguístico” que estaria representado pelas
regras da gramática normativa. Usos como ter por haver em construções
existenciais (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na posição de
sujeito (para mim fazer o trabalho), a não-concordância das passivas com se
(aluga-se casas) são indícios da existência, não de uma norma única, mas de uma
pluralidade de normas, entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hábitos
linguísticos, sem implicar juízo de valor.
CALLOU,
D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino
de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).
Considerando
a reflexão trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso,
verifica-se que
A
estudantes que não conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada
empregam, indistintamente, usos aceitos na conversa com amigos quando vão
elaborar um texto escrito.
B
falantes que dominam a variedade padrão do português do Brasil demonstram usos
que confirmam a diferença entre a norma idealizada e a efetivamente
praticada, mesmo por falantes mais escolarizados.
C
moradores de diversas regiões do país que enfrentam dificuldades
ao se expresser na escrita revelam a constante modificação das regras de
emprego de pronomes
e os casos especiais de concordância.
D
pessoas que se julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola
gostam de apresentar usos não aceitos socialmente para esconderem seu
desconhecimento da norma padrão.
E
usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam
formas do verbo ter quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver,
contrariando as regras gramaticais.
QUESTÃO
130
MANDIOCA
– mais um presente da Amazônia
Aipim, castelinha, macaxeira, maniva,
maniveira. As designações da Manihot utilissima podem variar de região, no
Brasil, mas uma delas deve ser levada em conta em todo o
território nacional: pão-de-pobre – e por motivos óbvios.
Rica em fécula, a mandioca — uma planta
rústica e nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro, especialmente pelos
colonizadores portugueses — é a base de sustento de muitos brasileiros e o
único alimento disponível para mais de 600 milhões de pessoas em vários pontos
do planeta, e em particular em algumas regiões da África.
O melhor do Globo
Rural. Fev.
2005 (fragmento).
De
acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de nomes para a Manihot utilissima,
nome científico da mandioca. Esse fenômeno revela que
A
existem variedades regionais para nomear uma mesma espécie de planta.
B
mandioca é o nome específico para a espécie existente na região amazônica.
C
“pão-de-pobre” é designação específica para a planta da região
amazônica.
D
os nomes designam espécies diferentes da planta, conforme a região.
E
a planta é nomeada conforme as particularidades que apresenta.
QUESTÃO
131
Motivadas ou não historicamente, normas
prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação de complementaridade, sem, contudo, anular
a interseção de usos que configuram uma norma nacional distinta da do
português
europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não
só as normas do português de Portugal às normas do português brasileiro,
mas também as chamadas normas cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se
insistir na ideia de que essas normas se consolidaram em diferentes momentos da nossa história e que só a partir do século XVIII se pode
começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em consequência
de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios.
CALLOU,
D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
O
português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um
fenômeno natural, ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as
variedades linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser aprovadas ou
condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a
A
desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma
culta.
B
difusão do português de Portugal em todas as regiões
do Brasil só a partir do século XVIII.
C
existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil,
distinta da de Portugal.
D
inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um
determinado país.
E
necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem
ser aceitos.
QUESTÃO
132
VERÍSSIMO,
L. F. As cobras em: Se Deus existe que eu seja atingido por
um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997.
O
humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome
pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma padrão da
língua, esse uso é inadequado, pois
A
contraria o uso previsto para o registro oral da língua.
B
contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto.
C
gera inadequação na concordância com o verbo.
D
gera ambiguidade na leitura do texto.
E
apresenta dupla marcação de sujeito.
Imagem
para as questões 133 e 134.
Disponível
em: http://www.wordinfo.info. Acesso em: 27 abr. 2010.
QUESTÃO
133
O
argumento presente na charge consiste em uma metáfora relativa à teoria
evolucionista e ao desenvolvimento tecnológico.
Considerando o context apresentado, verifica-se que o impacto tecnológico pode
ocasionar
A o surgimento de um
homem dependente de um novo modelo tecnológico.
B
a mudança do homem em razão dos novos inventos que destroem sua realidade.
C
a problemática social de grande exclusão digital a partir da interferência da
máquina.
D a invenção de
equipamentos que dificultam o trabalho do homem, em sua esfera social.
E
o retrocesso do desenvolvimento do homem em face da criação de ferramentas como
lança, máquina e computador.
QUESTÃO
134
O
homem evoluiu. Independentemente de teoria, essa evolução ocorreu de várias
formas. No que concerne à evolução digital, o homem percorreu longo trajeto da
pedra lascada ao mundo virtual. Tal fato culminou em um problema físico
habitual, ilustrado na imagem, que propicia uma piora na qualidade de vida do
usuário, uma vez que
A
a evolução ocorreu e com ela evoluíram as dores de cabeça, o estresse e a falta
de atenção à família.
B
a vida sem o computador tornou-se quase inviável, mas se tem diminuído
problemas de visão cansada.
C
a utilização demasiada do computador tem proporcionado o surgimento de
cientistas que apresentam lesão por esforço repetitivo.
D
o homem criou o computador, que evoluiu, e hoje opera várias ações antes feitas
pelas pessoas, tornando-as sedentárias ou obesas.
E
o uso contínuo do computador de forma inadequada tem ocasionado má postura
corporal.
QUESTÃO
135
O que é possível dizer
em 140 caracteres?
Sucesso do Twitter no Brasil é oportunidade
única de compreender a importância da concisão nos gêneros de escrita
A
máxima “menos é mais” nunca fez tanto sentido como no caso do microblog Twitter, cuja
premissa é dizer algo — não importa o quê — em 140 caracteres. Desde que o
serviço foi criado, em 2006, o número de usuários da
ferramenta é cada vez maior, assim como a diversidade de usos que se faz dela.
Do estilo “querido diário” à literatura concisa, passando por aforismos, citações,
jornalismo, fofoca, humor etc., tudo ganha o espaço de um tweet (“pio” em inglês), e entender seu sucesso pode indicar um caminho
para o aprimoramento de um recurso vital à escrita: a concisão.
Disponível
em: http://www.revistalingua.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010 (adaptado).
O Twitter se presta a
diversas finalidades, entre elas, à comunicação concise, por isso a rede social
A
é um recurso elitizado, cujo público precisa dominar a língua padrão.
B
constitio recurso próprio para a aquisição da
modalidade escrita da língua.
C
é restrita à divulgação de textos curtos e pouco
significativos e, portanto, é pouco útil.
D
interfere negativamente no processo de escrita e acaba
por reveler uma cultura pouco reflexiva.
E
estimula a produção de frases com clareza e objetividade, fatores que potencializam
a comunicação interativa.
Leia
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