ENEM 2009 – PROVA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS
ENEM 2009
LINGUAGENS, CÓDIGOS E
SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 91 a 135
Questão 91
Os
melhores críticos da cultura brasileira trataram-na sempre no plural, isto é,
enfatizando a coexistência no Brasil de diversas culturas. Arthur Ramos
distingue as culturas não europeias (indígenas, negras) das europeias
(portuguesa, italiana, alemã etc.), e Darcy Ribeiro fala de diversos Brasis:
crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e de Brasis sulinos, a cada um deles
correspondendo uma cultura específica.
MORAIS,
F. O Brasil na visão do artista: o país e sua cultura. São Paulo: Sudameris,
2003.
Considerando
a hipótese de Darcy Ribeiro de que há vários Brasis, a opção em que a obra
mostrada representa a arte brasileira de origem negro-africana é:
A
Rubem
Valentim. Disponível em:http://www.ocaixote.com.br. Acesso: em 9 jul. 2009.
B
Athos
Bulcão. Disponível em: http://www.irbr.mre.gov.br. Acesso: em 9 jul. 2009.
C
Rubens
Gerchman. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br. Acesso em: 6 jul.
2009.
D
Victor
Vassarely. Disponível em: http://www.masterworksfineart.com. Acesso em: 5 jul.
2009.
E
Gougon.
Disponível em: http://www.ocaixote.com.br. Acesso em: 5 set. 2009.
Questão 92
Gerente
– Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
Cliente
– Estou interessado em financiamento para compra de veículo.
Gerente
– Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente?
Cliente
– Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco.
Gerente
– Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você
inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com
calma.
BORTONI-RICARDO,
S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).
Na
representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o
cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente
devido
A
à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela
informalidade.
B
à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do banco.
C
ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Gerais).
D
à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo.
E
ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio.
Questão 93
Analise
as seguintes avaliações de possíveis resultados de um teste na Internet.
Veja.
8 jul. 2009. p.102 (adaptado).
Depreende-se,
a partir desse conjunto de informações, que o teste que deu origem a esses
resultados, além de estabelecer um perfil para o usuário de sites de relacionamento,
apresenta preocupação com hábitos e propõe mudanças de comportamento
direcionadas
A
ao adolescente que acessa sites de entretenimento.
B
ao profissional interessado em aperfeiçoamento tecnológico.
C
à pessoa que usa os sites de relacionamento para complementar seu círculo de
amizades.
D
ao usuário que reserva mais tempo aos sites de relacionamento do que ao
convívio pessoal com os amigos.
E
ao leitor que se interessa em aprender sobre o funcionamento de diversos tipos
de sites de relacionamento.
endência
marcadamente teatral
da
gestualidade cênica, dada pela justaposição, colagem
de
ações isoladas seguindo um estímulo musical.
SILVA,
S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER (Org.). O surrealismo.
São
Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).
As
manifestações corporais na história das artes da cena muitas vezes demonstram
as condições cotidianas de um determinado grupo social, como se pode observar
na descrição acima do balé Parade, o qual reflete
A
a falta de diversidade cultural na sua proposta estética.
B
a alienação dos artistas em relação às tensões da Segunda Guerra Mundial.
C
uma disputa cênica entre as linguagens das artes visuais, do figurino e da
música.
D
as inovações tecnológicas nas partes cênicas, musicais, coreográficas e de
figurino.
E
uma narrativa com encadeamentos claramente lógicos e lineares.
Texto para as questões
96 e 97
BRASIL.
Ministério da Saúde, 2009 (adaptado).
Questão 96 – Os principais
recursos utilizados para envolvimento e adesão do leitor à campanha
institucional incluem
A
o emprego de enumeração de itens e apresentação de títulos expressivos.
B
o uso de orações subordinadas condicionais e temporais.
C
o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do imperativo.
D
a construção de figuras metafóricas e o uso de repetição.
E
o fornecimento de número de telefone gratuito para contato.
Questão 97 – O texto tem o
objetivo de solucionar um problema social,
A
descrevendo a situação do país em relação à gripe suína.
B
alertando a população para o risco de morte pela Influenza A.
C
informando a população sobre a iminência de uma pandemia de Influenza A.
D
orientando a população sobre os sintomas da gripe suína e procedimentos para
evitar a contaminação.
E
convocando toda a população para se submeter a exames de detecção da gripe
suína.
Questão 98
1
Para o Mano Caetano
O
que fazer do ouro de tolo
Quando
um doce bardo brada a toda brida,
4
Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
Geografia
de verdades, Guanabaras postiças
Saudades
banguelas, tropicais preguiças?
7
A boca cheia de dentes
De
um implacável sorriso
Morre
a cada instante
10
Que devora a voz do morto, e com isso,
Ressuscita
vampira, sem o menor aviso
[...]
13
E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo
Tipo
pra rimar com ouro de tolo?
Oh,
Narciso Peixe Ornamental!
16
Tease
me, tease me outra vez 1
Ou
em banto baiano
Ou
em português de Portugal
De
Natal
[...]
1
Tease
me (caçoe de mim, importune-me).
LOBÃO.
Disponível em: http://vagalume.uol.com.br. Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado).
Na
letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da
língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa
letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais
na seguinte passagem:
A
“Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2)
B
“Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3)
C
“Que devora a voz do morto” (v. 9)
D
“lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11-12)
E
“Tease me, tease me outra vez” (v. 14)
Questão 99
Cárcere
das almas
Ah!
Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando
nas trevas, entre as grades
Do
calabouço olhando imensidades,
Mares,
estrelas, tardes, natureza.
Tudo
se veste de uma igual grandeza
Quando
a alma entre grilhões as liberdades
Sonha
e, sonhando, as imortalidades
Rasga
no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó
almas presas, mudas e fechadas
Nas
prisões colossais e abandonadas,
Da
Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses
silêncios solitários, graves,
que
chaveiro do Céu possui as chaves
para
abrir-vos as portas do Mistério?!
CRUZ
E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura /
Fundação
Banco do Brasil, 1993.
Os
elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo
encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são
A
a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
B
a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática
nacionalista.
C
o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas
universais.
D
a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens
poéticas inovadoras.
E
a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica
tradicionais em favor de temas do cotidiano.
Texto para as questões
100 e 101
XAVIER,
C. Quadrinho quadrado. Disponível em: http://www.releituras.com. Acesso em: 5
jul. 2009.
Questão 100 – Tendo em vista a
segunda fala do personagem entrevistado, constata-se que
A
o entrevistado deseja convencer o jornalista a não publicar um livro.
B
o principal objetivo do entrevistado é explicar o significado da palavra
motivação.
C
são utilizados diversos recursos da linguagem literária, tais como a metáfora e
a metonímia.
D
o entrevistado deseja informar de modo objetivo o jornalista sobre as etapas de
produção de um livro.
E
o principal objetivo do entrevistado é evidenciar seu sentimento com relação ao
processo de produção de um livro.
Questão 101 – Quanto às variantes
linguísticas presentes no texto, a norma padrão da língua portuguesa é
rigorosamente obedecida por meio
A
do emprego do pronome demonstrativo “esse” em “Por que o senhor publicou esse
livro?”.
B
do emprego do pronome pessoal oblíquo em “Meu filho, um escritor publica um
livro para parar de escrevê-lo!”.
C
do emprego do pronome possessivo “sua” em “Qual foi sua maior motivação?”.
D
do emprego do vocativo “Meu filho”, que confere à fala distanciamento do
interlocutor.
E
da necessária repetição do conectivo no último quadrinho.
Questão 102
Gênero dramático é aquele em que o artista usa
como intermediária entre si e o público a representação. A palavra vem do grego
drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição
literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando
entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no
espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela
presença de personagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e à
ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que é o conjunto de atos
dramáticos, maneiras de
ser
e de agir das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem
composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela
situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais,
espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor
(dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por meio da representação.
COUTINHO,
A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973
(adaptado).
Considerando
o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral,
conclui-se que
A
a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem
individual, pois não é possível sua concepção de forma coletiva.
B
o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo
cenógrafo de modo autônomo e independente do tema da peça e do trabalho
interpretativo dos atores.
C
o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como
contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos
textuais, entre outros.
D
o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que
o mais importante é a expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a
trajetória do teatro até os dias atuais.
E
a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de
produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens
artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.
Questão 103
Saúde, no modelo atual de qualidade de vida, é
o resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, trabalho,
transporte, lazer, serviços médicos e acesso à atividade física regular. Quanto
ao acesso à atividade física, um dos elementos essenciais é a aptidão física,
entendida como a capacidade de a pessoa utilizar seu corpo — incluindo
músculos, esqueleto, coração, enfim, todas as partes —, de forma eficiente em
suas atividades cotidianas; logo, quando se avalia a saúde de uma pessoa, a
aptidão física deve ser levada em conta.
A
partir desse contexto, considera-se que uma pessoa tem boa aptidão física
quando
A
apresenta uma postura regular.
B
pode se exercitar por períodos curtos de tempo.
C
pode desenvolver as atividades físicas do dia-a-dia, independentemente de sua
idade.
D
pode executar suas atividades do dia a dia com vigor, atenção e uma fadiga de
moderada a intensa.
E
pode exercer atividades físicas no final do dia, mas suas reservas de energia
são insuficientes para atividades intelectuais.
Questão 104
Diferentemente do texto escrito, que em geral
compele os leitores a lerem numa onda linear – da esquerda para a direita e de
cima para baixo, na página impressa – hipertextos encorajam os leitores a
moveremse de um bloco de texto a outro, rapidamente e não sequencialmente.
Considerando que o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir,
podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas decisões como novos
caminhos, inserindo informações novas, o leitornavegador passa a ter um papel
mais ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de texto impresso.
Dificilmente dois leitores de hipertextos farão os mesmos caminhos e tomarão as
mesmas decisões.
MARCUSCHI,
L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio: Lucerna, 2007.
que
diz respeito à relação entre o hipertexto e o conhecimento por ele produzido, o
texto apresentado deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de
autoria, porque
A
é o leitor que constrói a versão final do texto.
B
o autor detém o controle absoluto do que escreve.
C
aclara os limites entre o leitor e o autor.
D
propicia um evento textual-interativo em que apenas o autor é ativo.
E
só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe para o leitor.
Questão 105
La
Vie en Rose
ITURRUSGARAI,
A. La Vie en Rose. Folha de S.Paulo, 11 ago. 2007.
Os
quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadrinhos constituem um gênero textual
A
em que a imagem pouco contribui para facilitar a interpretação da mensagem
contida no texto, como pode ser constatado no primeiro quadrinho.
B
cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara, que facilita a
compreensão, como se percebe na fala do segundo quadrinho: “</DIV>
</SPAN> <BR CLEAR
=
ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”.
C
em que o uso de letras com espessuras diversas está ligado a sentimentos
expressos pelos personagens, como pode ser percebido no último quadrinho.
D
que possui em seu texto escrito características próximas a uma conversação face
a face, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
E
que a localização casual dos balões nos quadrinhos expressa com clareza a
sucessão cronológica da história, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
Questão 106
A partir da metade do século XX, ocorreu um
conjunto de transformações econômicas e sociais cuja dimensão é difícil de ser
mensurada: a chamada explosão da informação. Embora essa expressão tenha
surgido no contexto da informação científica e tecnológica, seu significado,
hoje, em um contexto mais geral, atinge proporções gigantescas.
Por estabelecerem novas formas de pensamento e
mesmo de lógica, a informática e a Internet vêm gerando impactos sociais e
culturais importantes. A disseminação do microcomputador e a expansão da
Internet vêm acelerando o processo de globalização tanto no sentido do mercado
quanto no sentido das trocas simbólicas possíveis entre sociedades e culturas
diferentes, o que tem provocado e acelerado o fenômeno de hibridização
amplamente caracterizado como próprio da pósmodernidade.
FERNANDES,
M. F.; PARÁ, T. A contribuição das novas tecnologias da informação na geração
de conhecimento. Disponível em: http://www.coep.ufrj.br. Acesso em: 11 ago.
2009 (adaptado).
Considerando-se
o novo contexto social e econômico aludido no texto apresentado, as novas
tecnologias de informação e comunicação
A
desempenham importante papel, porque sem elas não seria possível registrar os
acontecimentos históricos.
B
facilitam os processos educacionais para ensino de tecnologia, mas não exercem
influência nas ciências humanas.
C
limitam-se a dar suporte aos meios de comunicação, facilitando sobretudo os
trabalhos jornalísticos.
D
contribuem para o desenvolvimento social, pois permitem o registro e a
disseminação do conhecimento de forma mais democrática e interativa.
E
estão em estágio experimental, particularmente na educação, área em que ainda
não demonstraram potencial produtivo.
Textos para as
questões 107 e 108
Texto I
É praticamente impossível imaginarmos nossas
vidas sem o plástico. Ele está presente em embalagens de alimentos, bebidas e
remédios, além de eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre devido à
sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em contato com outras substâncias,
o plástico não as contamina; ao contrário, protege o produto embalado. Outras
duas grandes vantagens garantem o uso dos plásticos em larga escala: são leves,
quase não alteram o peso do material embalado, e são 100% recicláveis, fato
que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em todo o mundo, a percentagem
de plástico reciclado, quando comparado ao total produzido, ainda é
irrelevante.
Revista
Mãe Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado).
Texto II
Sacolas plásticas são leves e voam ao vento.
Por isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando enchentes. São encontradas
até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos por
sufocamento.
Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas
para os consumidores, mas têm um custo incalculável para o meio ambiente.
Veja,
8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do Instituto Akatu pelo Consumo
Consciente.
Questão 107 – Em contraste com o
texto I, no texto II são empregadas, predominantemente, estratégias
argumentativas que
A
atraem o leitor por meio de previsões para o futuro.
B
apelam à emoção do leitor, mencionando a morte de animais.
C
orientam o leitor a respeito dos modos de usar conscientemente as sacolas
plásticas.
D
intimidam o leitor com as nocivas consequências do uso indiscriminado de
sacolas plásticas.
E
recorrem à informação, por meio de constatações, para convencer o leitor a
evitar o uso de sacolas plásticas.
Questão 108 – Na comparação dos
textos, observa-se que
A
o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da reciclagem de materiais
plásticos; o texto II justifica o uso desse material reciclado.
B
o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a versatilidade e as vantagens
do uso do plástico na contemporaneidade; o texto II objetiva alertar os
consumidores sobre os problemas ambientais decorrentes de embalagens plásticas
não recicladas.
C
o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do uso do plástico; o texto
II busca convencer o leitor a evitar o uso de embalagens plásticas.
D
o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de embalagens plásticas,
mostrando por que elas devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento de
consumidores comuns, que buscam praticidade e conforto.
E
o texto I apresenta um alerta a respeito da possibilidade de contaminação de
produtos orgânicos e industrializados decorrente do uso de plástico em suas
embalagens; o texto II apresenta vantagens do consumo de sacolas plásticas:
leves, descartáveis e gratuitas.
Questão 109
BROWNE,
C. Hagar, o horrível. Jornal O GLOBO, Segundo Caderno. 20 fev. 2009.
A
linguagem da tirinha revela
A
o uso de expressões linguísticas e vocabulário próprios de épocas antigas.
B
o uso de expressões linguísticas inseridas no registro mais formal da língua.
C
o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no segundo quadrinho.
D
o uso de um vocabulário específico para situações comunicativas de emergência.
E
a intenção comunicativa dos personagens: a de estabelecer a hierarquia entre eles.
Questão 110
O "Portal Domínio Público", lançado
em novembro de 2004, propõe o compartilhamento de conhecimentos de forma
equânime e gratuita, colocando à disposição de todos os usuários da Internet,
uma biblioteca virtual que deverá constituir referência para professores,
alunos, pesquisadores e para a população em geral.
Esse portal constitui um ambiente virtual que
permite a coleta, a integração, a preservação e o compartilhamento de
conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às
obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e
vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente
autorizada.
BRASIL.
Ministério da Educação. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br.
Acesso
em: 29 jul. 2009 (adaptado).
Considerando
a função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e
informação, o ambiente virtual descrito no texto exemplifica
A
a dependência das escolas públicas quanto ao uso de sistemas de informação.
B
a ampliação do grau de interação entre as pessoas, a partir de tecnologia
convencional.
C
a democratização da informação, por meio da disponibilização de conteúdo
cultural e científico à sociedade.
D
a comercialização do acesso a diversas produções culturais nacionais e
estrangeiras via tecnologia da informação e da comunicação.
E
a produção de repertório cultural direcionado a acadêmicos e educadores.
Questão 111
Cuitelinho
Cheguei
na bera do porto
Onde
as onda se espaia.
As
garça dá meia volta,
Senta
na bera da praia.
E
o cuitelinho não gosta
Que
o botão da rosa caia.
Quando
eu vim da minha terra,
Despedi
da parentaia.
Eu
entrei em Mato Grosso,
Dei
em terras paraguaia.
Lá
tinha revolução,
Enfrentei
fortes bataia.
A
tua saudade corta
Como
o aço de navaia.
O
coração fica aflito,
Bate
uma e outra faia.
E
os oio se enche d´água
Que
até a vista se atrapaia.
Folclore
recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação
em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004.
Transmitida
por gerações, a canção Cuitelinho manifesta aspectos culturais de um povo, nos
quais se inclui sua forma de falar, além de registrar um momento histórico.
Depreende-se disso que a importância em preservar a produção cultural de uma
nação consiste no fato de que produções como a canção Cuitelinho evidenciam a
A
recriação da realidade brasileira de forma ficcional.
B
criação neológica na língua portuguesa.
C
formação da identidade nacional por meio da tradição oral.
D
incorreção da língua portuguesa que é falada por pessoas do interior do Brasil.
E
padronização de palavras que variam regionalmente, mas possuem mesmo
significado.
Questão 112
ECKHOUT,
A. “Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br.
Acesso em: 9 jul. 2009.
A feição deles é serem pardos, maneira
d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem
nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas
vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o
rosto.
CAMINHA,
P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago.
2009.
Ao
se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de
Caminha, conclui-se que
A
ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e
melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.
B
o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira
realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.
C
a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o
habitante das terras que sofreriam processo colonizador.
D
o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a
cultura indígena.
E
há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio
representado é objeto da catequização jesuítica.
Questão 113
As tecnologias de informação e comunicação
(TIC) vieram aprimorar ou substituir meios tradicionais de comunicação e
armazenamento de informações, tais como o rádio e a TV analógicos, os livros,
os telégrafos, o fax etc. As novas bases tecnológicas são mais poderosas e
versáteis, introduziram fortemente a possibilidade de comunicação interativa e
estão presentes em todos os meios produtivos da atualidade.
As novas TIC vieram acompanhadas da chamada
Digital Divide, Digital Gap ou Digital Exclusion, traduzidas para o português
como Divisão Digital ou Exclusão Digital, sendo, às vezes, também usados os
termos Brecha Digital ou Abismo Digital. Nesse contexto, a expressão Divisão
Digital refere-se a
A
uma classificação que caracteriza cada uma das áreas nas quais as novas TIC
podem ser aplicadas, relacionando os padrões de utilização e exemplificando o
uso dessas TIC no mundo moderno.
B
uma relação das áreas ou subáreas de conhecimento que ainda não foram
contempladas com o uso das novas tecnologias digitais, o que caracteriza uma
brecha tecnológica que precisa ser minimizada.
C
uma enorme diferença de desempenho entre os empreendimentos que utilizam as
tecnologias digitais e aqueles que permaneceram usando métodos e técnicas
analógicas.
D
um aprofundamento das diferenças sociais já existentes, uma vez que se torna
difícil a aquisição de conhecimentos e habilidades fundamentais pelas
populações menos favorecidas nos novos meios produtivos.
E
uma proposta de educação para o uso de novas pedagogias com a finalidade de
acompanhar a evolução das mídias e orientar a produção de material pedagógico
com apoio de computadores e outras técnicas digitais.
Questão 114
Você sabia que as metrópoles são as grandes
consumidoras dos produtos feitos com recursos naturais da Amazônia? Você pode
diminuir os impactos à floresta adquirindo produtos com selos de certificação.
Eles são encontrados em itens que vão desde lápis e embalagens de papelão até
móveis, cosméticos e materiais de construção. Para receber os selos esses
produtos devem ser fabricados sob 10 princípios éticos, entre eles o respeito à
legislação ambiental e aos direitos de povos indígenas e populações que vivem
em nossas matas nativas.
Vida
simples. Ed. 74, dez. 2008.
O
texto e a imagem têm por finalidade induzir o leitor a uma mudança de
comportamento a partir do(a)
A
consumo de produtos naturais provindos da Amazônia.
B
cuidado na hora de comprar produtos alimentícios.
C
verificação da existência do selo de padronização de produtos industriais.
D
certificação de que o produto foi fabricado de acordo com os princípios éticos.
E
verificação da garantia de tratamento dos recursos naturais utilizados em cada
produto.
Questão 115
A
dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa
energia para o corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico,
dançamos desde cinco horas da manhã até seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro
dançando quando os padrinhos planejam a dança dos adolescentes. O padrinho é
como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por exemplo, o
padrinho sonha com um determinado canto e
planeja
para todos entoarem. Todos os tipos de dança vêm dos primeiros xavantes: Wamarĩdzadadzeiwawẽ,
Butséwawẽ, Tseretomodzatsewawẽ, que foram descobrindo através da sabedoria como
iria ser a cultura Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração.
Quando o adolescente fura a orelha é obrigatório ele dançar toda a noite, tem
de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório, eles vão chamando um
ao outro com um grito especial.
WÉRÉ'
É TSI'RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista
do Programa de Pós-Graduação em Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.
A
partir das informações sobre a dança Xavante, concluise que o valor da
diversidade artística e da tradição cultural apresentados originam-se da
A
iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto.
B
excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
C
multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
D
inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo
ineditismo.
E
preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos
cantos a serem entoados.
Texto para as questões
116 e 117
Canção
do vento e da minha vida
O
vento varria as folhas,
O
vento varria os frutos,
O
vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[...]
O
vento varria os sonhos
E
varria as amizades...
O
vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O
vento varria os meses
E
varria os teus sorrisos...
O
vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA,
M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.
Questão 116 – Predomina no texto a
função da linguagem
A
fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.
B
metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.
C
conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.
D
referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos
reais.
E
poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da
estrutura do texto.
Questão 117 – Na estruturação do
texto, destaca-se
A
a construção de oposições semânticas.
B
a apresentação de ideias de forma objetiva.
C
o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo.
D
a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
E
a inversão da ordem sintática das palavras.
Questão 118
Teatro do Oprimido é um método teatral que
sistematiza exercícios, jogos e técnicas teatrais elaboradas pelo teatrólogo
brasileiro Augusto Boal, recentemente falecido, que visa à desmecanização
física e intelectual de seus praticantes. Partindo do princípio de que a
linguagem teatral não deve ser diferenciada da que é usada cotidianamente pelo
cidadão comum (oprimido), ele propõe condições práticas para que o oprimido se
aproprie dos meios do fazer teatral e, assim, amplie suas possibilidades de
expressão. Nesse sentido, todos podem desenvolver essa linguagem e,
consequentemente, fazer teatro. Trata-se de um teatro em que o espectador é
convidado a substituir o protagonista e mudar a condução ou mesmo o fim da
história, conforme o olhar interpretativo e contextualizado do receptor.
Companhia
Teatro do Oprimido. Disponível em: www.ctorio.org.br. Acesso em: 1 jul. 2009
(adaptado).
Considerando-se
as características do Teatro do Oprimido apresentadas, conclui-se que
A
esse modelo teatral é um método tradicional de fazer teatro que usa, nas suas
ações cênicas, a linguagem rebuscada e hermética falada normalmente pelo cidadão
comum.
B
a forma de recepção desse modelo teatral se destaca pela separação entre atores
e público, na qual os atores representam seus personagens e a plateia assiste
passivamente ao espetáculo.
C
sua linguagem teatral pode ser democratizada e apropriada pelo cidadão comum,
no sentido de proporcionar-lhe autonomia crítica para compreensão e
interpretação do mundo em que vive.
D
o convite ao espectador para substituir o protagonista e mudar o fim da
história evidencia que a proposta de Boal se aproxima das regras do teatro
tradicional para a preparação de atores.
E
a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a concepção do teatro
clássico aristotélico, que visa à desautomação física e intelectual de seus
praticantes.
Questão 119
Texto I
O professor deve ser um guia seguro, muito
senhor de sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na “língua
brasileira”, refúgio nefasto e confissão nojenta de ignorância do idioma
pátrio, recurso vergonhoso de homens de cultura falsa e de falso patriotismo.
Como havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade se somos os
primeiros a descuidar daquilo que exprime e representa o idioma pátrio?
ALMEIDA,
N. M. Gramática metódica da língua portuguesa. Prefácio. São Paulo: Saraiva,
1999 (adaptado).
Texto II
Alguns leitores poderão achar que a linguagem
desta Gramática se afasta do padrão estrito usual neste tipo de livro. Assim, o
autor escreve tenho que reformular, e não tenho de reformular; pode-se colocar
dois constituintes, e não podem-se colocar dois constituintes; e assim por
diante. Isso foi feito de caso pensado, com a preocupação de aproximar a
linguagem da gramática do padrão atual brasileiro presente nos textos técnicos
e jornalísticos de nossa época.
REIS,
N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. São Paulo:
Ática, 1996.
Confrontando-se
as opiniões defendidas nos dois textos, conclui-se que
A
ambos os textos tratam da questão do uso da língua com o objetivo de criticar a
linguagem do brasileiro.
B
os dois textos defendem a ideia de que o estudo da gramática deve ter o
objetivo de ensinar as regras prescritivas da língua.
C
a questão do português falado no Brasil é abordada nos dois textos, que
procuram justificar como é correto e aceitável o uso coloquial do idioma.
D
o primeiro texto enaltece o padrão estrito da língua, ao passo que o segundo
defende que a linguagem jornalística deve criar suas próprias regras
gramaticais.
E
o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da língua, enquanto o
segundo defende uma adequação da língua escrita ao padrão atual brasileiro.
Questão 120
No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a
tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da mesma
língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por
formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por
isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do
Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com
bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas,
refletindo as características locais.
CANDIDO,
A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática,
2003.
Com
relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da
paisagem de determinadas regiões nacionais, sabe-se que
A
o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana,
colocando em relevo a formação do homem por meio da mescla de características
locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia.
B
José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a
temática da urbanização das cidades brasileiras e das relações conflituosas
entre as raças.
C
o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do
vocabulário, pelo temário local, expressando a vida do homem em face da
natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos
favorecidos.
D
a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis,
põe em relevo a formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as
raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo.
E
Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas
das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem
urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo.
Texto para as questões
121 e 122
Quando eu falo com vocês, procuro usar o
código de vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser aquela de 500
anos atrás, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma
que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas com
diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos, europeus, africanos, e todo
mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o
pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da sua
rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de
vocês. Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres
humanos, como pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser
tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o Brasil de vocês, nós
queremos compartilhar esse Brasil com vocês.
TERENA,
M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro:
Garamond, 2000 (adaptado).
Questão 121 – Os procedimentos
argumentativos utilizados no texto permitem inferir que o ouvinte/leitor, no
qual o emissor foca o seu discurso, pertence
A
ao mesmo grupo social do falante/autor.
B
a um grupo de brasileiros considerados como não índios.
C
a um grupo étnico que representa a maioria europeia que vive no país.
D
a um grupo formado por estrangeiros que falam português.
E
a um grupo sociocultural formado por brasileiros naturalizados e imigrantes.
Questão 122 – Na situação de
comunicação da qual o texto foi retirado, a norma padrão da língua portuguesa é
empregada com a finalidade de
A
demonstrar a clareza e a complexidade da nossa língua materna.
B
situar os dois lados da interlocução em posições simétricas.
C
comprovar a importância da correção gramatical nos diálogos cotidianos.
D
mostrar como as línguas indígenas foram incorporadas à língua portuguesa.
E
ressaltar a importância do código linguístico que adotamos como língua
nacional.
Questão 123
Se os tubarões fossem
homens
Se os
tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos?
Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam
construir resistentes gaiolas no mar para os peixes pequenos, com todo o tipo
de alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem
sempre água fresca e adotariam todas as providências sanitárias. Naturalmente haveria também escolas nas
gaiolas. Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos
tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia para localizar os
grandes tubarões deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria,
naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles seria ensinado que o ato
mais grandioso e mais sublime é o sacrifício alegre de um peixinho e que todos
deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando estes dissessem que cuidavam
de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria
garantido se aprendessem a obediência.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns
peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena Ordem das Algas e
receberia o título de herói.
BRECHT,
B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo: Ed. 34, 2006 (adaptado).
Como
produção humana, a literatura veicula valores que nem sempre estão
representados diretamente no texto, mas são transfigurados pela linguagem
literária e podem até entrar em contradição com as convenções sociais e revelar
o quanto a sociedade perverteu os valores humanos que ela própria criou. É o
que ocorre na narrativa do dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada. Por meio
da hipótese apresentada, o autor
A
demonstra o quanto a literatura pode ser alienadora ao retratar, de modo
positivo, as relações de opressão existentes na sociedade.
B
revela a ação predatória do homem no mar, questionando a utilização dos
recursos naturais pelo homem ocidental.
C
defende que a força colonizadora e civilizatória do homem ocidental valorizou a
organização das sociedades africanas e asiáticas, elevando-as ao modo de
organização cultural e social da sociedade moderna.
D
questiona o modo de organização das sociedades ocidentais capitalistas, que se
desenvolveram fundamentadas nas relações de opressão em que os mais fortes
exploram os mais fracos.
E
evidencia a dinâmica social do trabalho coletivo em que os mais fortes
colaboram com os mais fracos, de modo a guiá-los na realização de tarefas.
Questão 124 – Oximoro, ou paradoxismo,
é uma figura de retórica em que se combinam palavras de sentido oposto que
parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.
Dicionário
Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Considerando a definição apresentada,
o fragmento poético da obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que
pode ser encontrada a referida figura de retórica é:
A
“Dos dois contemplo
rigor
e fixidez.
Passado
e sentimento
me
contemplam” (p. 91).
B
“De sol e lua
De
fogo e vento
Te
enlaço” (p. 101).
C
“Areia, vou sorvendo
A
água do teu rio” (p. 93).
D
“Ritualiza a matança
de
quem só te deu vida.
E
me deixa viver
nessa
que morre” (p. 62).
E
“O bisturi e o verso.
Dois
instrumentos
entre
as minhas mãos” (p. 95).
Questão 125
Veja,
7 maio 1997.
Na
parte superior do anúncio, há um comentário escrito à mão que aborda a questão
das atividades linguísticas e sua relação com as modalidades oral e escrita da
língua. Esse comentário deixa evidente uma posição crítica quanto a usos que se
fazem da linguagem, enfatizando ser necessário
A
implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura, naturalidade e segurança
no uso da língua .
B
conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a obtenção de clareza na
comunicação oral e escrita.
C
dominar as diferentes variedades do registro oral da língua portuguesa para
escrever com adequação, eficiência e correção.
D
empregar vocabulário adequado e usar regras da norma padrão da língua em se
tratando da modalidade escrita.
E
utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da variedade padrão da
língua para se expressar com alguma segurança e sucesso.
Texto para as questões
126 e 127
BRASIL.
Ministério da Saúde. Revista Nordeste, João Pessoa, ano 3, n. 35, maio/jun.
2009.
Questão 126 – O texto exemplifica um
gênero textual híbrido entre carta e publicidade oficial. Em seu conteúdo, é
possível perceber aspectos relacionados a gêneros digitais. Considerando-se a
função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação
presentes no texto, infere-se que
A
a utilização do termo download indica restrição de leitura de informações a
respeito de formas de combate à dengue.
B
a diversidade dos sistemas de comunicação empregados e mencionados reduz a
possibilidade de acesso às informações a respeito do combate à dengue.
C
a utilização do material disponibilizado para download no site
www.combatadengue.com.br restringe-se ao receptor da publicidade.
D
a necessidade de atingir públicos distintos se revela por meio da estratégia de
disponibilização de informações empregada pelo emissor.
E
a utilização desse gênero textual compreende, no próprio texto, o detalhamento
de informações a respeito de formas de combate à dengue.
Questão 127 – Diante dos recursos
argumentativos utilizados, depreende-se que o texto apresentado
A
se dirige aos líderes comunitários para tomarem a iniciativa de combater a
dengue.
B
conclama toda a população a participar das estratégias de combate ao mosquito
da dengue.
C
se dirige aos prefeitos, conclamando-os a organizarem iniciativas de combate à
dengue.
D
tem como objetivo ensinar os procedimentos técnicos necessários para o combate
ao mosquito da dengue.
E
apela ao governo federal, para que dê apoio aos governos estaduais e municipais
no combate ao mosquito da dengue.
Questão 128
A
partida
1
Acordei pela madrugada. A princípio com
tranquilidade,
e logo com obstinação, quis novamente
dormir.
Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução,
4
acendi um fósforo: passava das três. Restava-me,
portanto,
menos de duas horas, pois o trem chegaria
às
cinco. Veio-me então o desejo de não passar mais
7
nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada,
deixar
quanto antes minhas cadeias de disciplina e de
amor.
10
Com receio de fazer barulho, dirigi-me à
cozinha,
lavei o rosto, os dentes, penteei-me e,
voltando
ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos,
13
sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó
continuava
dormindo. Deveria fugir ou falar com ela?
Ora,
algumas palavras... Que me custava acordá-la,
16
dizer-lhe adeus?
LINS,
O. A partida. Melhores contos. Seleção e prefácio de Sandra Nitrini. São Paulo:
Global, 2003.
o
texto, o personagem narrador, na iminência da partida, descreve a sua hesitação
em separar-se da avó. Esse sentimento contraditório fica claramente expresso no
trecho:
A
“A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir”
(ℓ. 1-3).
B
“Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco” (ℓ.
4-6).
C
“Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama” (ℓ. 12-13).
D
“Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e
amor” (ℓ. 7-9).
E
“Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...” (ℓ. 14-15).
Questão 129
Serafim da Silva Neto defendia a tese da
unidade da língua portuguesa no Brasil, entrevendo que no Brasil as
delimitações dialetais espaciais não eram tão marcadas como as isoglossas1 da
România Antiga. Mas Paul Teyssier, na sua História da Língua Portuguesa,
reconhece que na diversidade socioletal essa pretensa unidade se desfaz. Diz
Teyssier: “A realidade, porém, é que as
divisões ‘dialetais’ no Brasil são menos geográficas que socioculturais. As
diferenças na maneira de falar são maiores, num determinado lugar, entre um
homem culto e o vizinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nível
cultural originários de duas regiões distantes uma da outra.”
SILVA,
R. V. M. O português brasileiro e o português europeu contemporâneo: alguns
aspectos da diferença. Disponível em:
www.uniroma.it. Acesso em: 23 jun. 2008.
1isoglossa
– linha imaginária que, em um mapa, une os pontos de ocorrência de traços e
fenômenos linguísticos idênticos.
FERREIRA,
A. B. H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1986.
De
acordo com as informações presentes no texto, os pontos de vista de Serafim da
Silva Neto e de Paul Teyssier convergem em relação
A
à influência dos aspectos socioculturais nas diferenças dos falares entre
indivíduos, pois ambos consideram que pessoas de mesmo nível sociocultural
falam de forma semelhante.
B
à delimitação dialetal no Brasil assemelhar-se ao que ocorria na România
Antiga, pois ambos consideram a variação linguística no Brasil como decorrente
de aspectos geográficos.
C
à variação sociocultural entre brasileiros de diferentes regiões, pois ambos
consideram o fator sociocultural de bastante peso na constituição das
variedades linguísticas no Brasil.
D
à diversidade da língua portuguesa na România Antiga, que até hoje continua a
existir, manifestandose nas variantes linguísticas do português atual no
Brasil.
E
à existência de delimitações dialetais geográficas pouco marcadas no Brasil,
embora cada um enfatize aspectos diferentes da questão.
Questão 130
Nestes últimos anos, a situação mudou bastante
e o Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e no mal. Houve
um mútuo reconhecimento entre os dois países de expressão portuguesa de um lado
e do outro do Atlântico: o Brasil descobriu Portugal e Portugal, em um retorno
das caravelas, voltou a descobrir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado
por expressões linguísticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a comida e
as formas de tratamento brasileiros. O mesmo, embora em nível superficial, dele
excluído o plano da língua, aconteceu com a Europa, que, depois da diáspora dos
anos 70, depois da inserção na cultura da bossa-nova e da música popular
brasileira, da problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da problemática
social emergente do
fenômeno
dos meninos de rua, e até do álibi ocultista dos romances de Paulo Coelho,
continua todos os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil. Se, no fim
do século XIX, Sílvio Romero definia a literatura brasileira como manifestação
de um país mestiço, será fácil para nós defini-la como expressão de um país
polifônico: em que já não é determinante o eixo Rio-São Paulo, mas que, em cada
região, desenvolve originalmente a sua unitária e particular tradição cultural.
É esse, para nós, no início do século XXI, o novo estilo brasileiro.
STEGAGNO-PICCHIO,
L. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004
(adaptado).
No
texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história, foi, aos
poucos, construindo uma identidade cultural e literária relativamente autônoma
frente à identidade europeia, em geral, e à portuguesa em particular. Sua análise
pressupõe, de modo especial, o papel do patrimônio literário e linguístico, que
favoreceu o surgimento daquilo que ela chama de “estilo brasileiro”.
Diante
desse pressuposto, e levando em consideração o texto e as diferentes etapas de
consolidação da cultura brasileira, constata-se que
A
o Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século XIX, o que o fez assimilar
novos gêneros artísticos e culturais, assim como usos originais do idioma,
conforme ilustra o caso do escritor Machado de Assis.
B
a Europa reconheceu a importância da língua portuguesa no mundo, a partir da
projeção que poetas brasileiros ganharam naqueles países, a partir do século
XX.
C
ocorre, no início do século XXI, promovido pela solidificação da cultura
nacional, maior reconhecimento do Brasil por ele mesmo, tanto nos aspectos
positivos quanto nos negativos.
D
o Brasil continua sendo, como no século XIX, uma nação culturalmente mestiça,
embora a expressão dominante seja aquela produzida no eixo Rio-São Paulo, em
especial aquela ligada às telenovelas.
E
o novo estilo cultural brasileiro se caracteriza por uma união bastante
significativa entre as diversas matrizes culturais advindas das várias regiões
do país, como se pode comprovar na obra de Paulo Coelho.
Questão 131 – Compare os textos I
e II a seguir, que tratam de aspectos ligados a variedades da língua portuguesa
no mundo e no Brasil.
Texto I
Acompanhando os navegadores, colonizadores e
comerciantes portugueses em todas as suas incríveis viagens, a partir do século
XV, o português se transformou na língua de um império. Nesse processo, entrou
em contato — forçado, o mais das vezes; amigável, em alguns casos — com as mais
diversas línguas, passando por processos de variação e de mudança linguística.
Assim, contar a história do português do Brasil é mergulhar na sua história
colonial e de país independente, já que as línguas não são mecanismos
desgarrados dos povos que as utilizam. Nesse cenário, são muitos os aspectos da
estrutura linguística que não só expressam a diferença entre Portugal e Brasil
como também definem, no Brasil, diferenças regionais e sociais.
PAGOTTO,
E. P. Línguas do Brasil. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br. Acesso
em: 5 jul. 2009 (adaptado).
Texto II
Barbarismo é vício que se comete na escritura
de cada uma das partes da construção ou na pronunciação. E em nenhuma parte da
Terra se comete mais essa figura da pronunciação que nestes reinos, por causa
das muitas nações que trouxemos ao jugo do nosso serviço. Porque bem como os
Gregos e Romanos haviam por bárbaras todas as outras nações estranhas a eles,
por não poderem formar sua linguagem, assim nós podemos dizer que as nações de
África, Guiné, Ásia, Brasil barbarizam quando querem imitar a nossa.
BARROS,
J. Gramática da língua portuguesa. Porto: Porto Editora, 1957 (adaptado).
Os
textos abordam o contato da língua portuguesa com outras línguas e processos de
variação e de mudança decorridos desse contato. Da comparação entre os textos,
conclui-se que a posição de João de Barros (Texto II), em relação aos usos
sociais da linguagem, revela
A
atitude crítica do autor quanto à gramática que as nações a serviço de Portugal
possuíam e, ao mesmo tempo, de benevolência quanto ao conhecimento que os povos
tinham de suas línguas.
B
atitude preconceituosa relativa a vícios culturais das nações sob domínio
português, dado o interesse dos falantes dessas línguas em copiar a língua do
império, o que implicou a falência do idioma falado em Portugal.
C
o desejo de conservar, em Portugal, as estruturas da variante padrão da língua
grega — em oposição às consideradas bárbaras —, em vista da necessidade de
preservação do padrão de correção dessa língua à época.
D
adesão à concepção de língua como entidade homogênea e invariável, e negação da
ideia de que a língua portuguesa pertence a outros povos.
E
atitude crítica, que se estende à própria língua portuguesa, por se tratar de
sistema que não disporia de elementos necessários para a plena inserção
sociocultural de falantes não nativos do português.
Textos para as
questões 132 e 133
Texto I
[...]
já foi o tempo em que via a convivência como viável, só exigindo deste bem
comum, piedosamente, o meu quinhão, já foi o tempo em que consentia num
contrato, deixando muitas coisas de fora sem ceder contudo no que me era vital,
já foi o tempo em que reconhecia a existência escandalosa de imaginados
valores, coluna vertebral de toda ‘ordem’; mas não tive sequer o sopro
necessário, e, negado o respiro, me foi imposto o sufoco; é esta consciência
que me libera, é ela hoje que me empurra, são outras agora minhas preocupações,
é hoje outro o meu universo de problemas; num mundo estapafúrdio —
definitivamente fora de foco — cedo ou tarde tudo acaba se reduzindo a um ponto
de vista, e você que vive paparicando as ciências humanas, nem suspeita que
paparica uma piada: impossível ordenar o mundo dos valores, ninguém arruma a
casa do capeta; me recuso pois a pensar naquilo em que não mais acredito, seja
o amor, a amizade, a família, a igreja, a humanidade; me lixo com tudo isso! me
apavora ainda a existência, mas não tenho medo de ficar sozinho, foi
conscientemente que escolhi o exílio, me bastando hoje o cinismo dos grandes
indiferentes [...].
NASSAR,
R. Um copo de cólera. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
Texto II
Raduan Nassar lançou a novela Um Copo de
Cólera em 1978, fervilhante narrativa de um confronto verbal entre amantes, em
que a fúria das palavras cortantes se estilhaçava no ar. O embate conjugal
ecoava o autoritário discurso do poder e da submissão de um Brasil que vivia
sob o jugo da ditadura militar.
COMODO,
R. Um silêncio inquietante. IstoÉ. Disponível em: http://www.terra.com.br.
Acesso em: 15 jul. 2009.
Questão 132
Na novela Um Copo de Cólera, o autor lança mão
de recursos estilísticos e expressivos típicos da literatura produzida na
década de 70 do século passado no Brasil, que, nas palavras do crítico Antonio
Candido, aliam “vanguarda estética e amargura política”. Com relação à temática
abordada e à concepção narrativa da novela, o texto I
A
é escrito em terceira pessoa, com narrador onisciente, apresentando a disputa
entre um homem e uma mulher em linguagem sóbria, condizente com a seriedade da
temática político-social do período da ditadura militar.
B
articula o discurso dos interlocutores em torno de uma luta verbal, veiculada
por meio de linguagem simples e objetiva, que busca traduzir a situação de
exclusão social do narrador.
C
representa a literatura dos anos 70 do século XX e aborda, por meio de
expressão clara e objetiva e de ponto de vista distanciado, os problemas da
urbanização das grandes metrópoles brasileiras.
D
evidencia uma crítica à sociedade em que vivem os personagens, por meio de
fluxo verbal contínuo de tom agressivo.
E
traduz, em linguagem subjetiva e intimista, a partir do ponto de vista interno,
os dramas psicológicos da mulher moderna, às voltas com a questão da
priorização do trabalho em detrimento da vida familiar e amorosa.
Questão 133 – Considerando-se os
textos apresentados e o contexto político e social no qual foi produzida a obra
Um Copo de Cólera, verifica-se que o narrador, ao dirigir-se à sua parceira,
nessa novela, tece um discurso
A
conformista, que procura defender as instituições nas quais repousava a
autoridade do regime militar no Brasil, a saber: a Igreja, a família e o
Estado.
B
pacifista, que procura defender os ideais libertários representativos da
intelectualidade brasileira opositora à ditadura militar na década de 70 do
século passado.
C
desmistificador, escrito em um discurso ágil e contundente, que critica os
grandes princípios humanitários supostamente defendidos por sua interlocutora.
D
politizado, pois apela para o engajamento nas causas sociais e para a defesa
dos direitos humanos como uma única forma de salvamento para a humanidade.
E
contraditório, ao acusar a sua interlocutora de compactuar com o regime
repressor da ditadura militar, por meio da defesa de instituições como a
família e a Igreja.
Questão 134
Nunca se falou e se preocupou tanto com o
corpo como nos dias atuais. É comum ouvirmos anúncios de uma nova academia de
ginástica, de uma nova forma de dieta, de uma nova técnica de autoconhecimento
e outras práticas de saúde alternativa, em síntese, vivemos nos últimos anos a
redescoberta do prazer, voltando nossas atenções ao nosso próprio corpo. Essa
valorização do prazer individualizante se estrutura em um verdadeiro culto ao
corpo, em analogia a uma religião, assistimos hoje ao surgimento de novo
universo: a corpolatria.
CODO,
W.; SENNE, W. O que é corpo(latria). Coleção Primeiros Passos. Brasiliense,
1985 (adaptado).
Sobre
esse fenômeno do homem contemporâneo presente nas classes sociais brasileiras,
principalmente, na classe média, a corpolatria
A
é uma religião pelo avesso, por isso outra religião; inverteram-se os sinais, a
busca da felicidade eterna antes carregava em si a destruição do prazer, hoje
implica o seu culto.
B
criou outro ópio do povo, levando as pessoas a buscarem cada vez mais grupos
igualitários de integração social.
C
é uma tradução dos valores das sociedades subdesenvolvidas, mas em países
considerados do primeiro mundo ela não consegue se manifestar porque a
população tem melhor educação e senso crítico.
D
tem como um de seus dogmas o narcisismo, significando o “amar o próximo como se
ama a si mesmo”.
E
existe desde a Idade Média, entretanto esse acontecimento se intensificou a
partir da Revolução Industrial no século XIX e se estendeu até os nossos dias.
Questão 135
Confidência do
Itabirano
Alguns
anos vivi em Itabira.
Principalmente
nasci em Itabira.
Por
isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa
por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta
por cento de ferro nas almas.
E
esse alheamento do que na vida é porosidade e
[comunicação.
A
vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem
de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e
[sem
horizontes.
E
o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é
doce herança itabirana.
De
Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta
pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este
São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este
couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este
orgulho, esta cabeça baixa...
Tive
ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje
sou funcionário público.
Itabira
é apenas uma fotografia na parede.
Mas
como dói!
ANDRADE,
C. D. Poesia completa.
Rio
de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Carlos
Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com
seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as
inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre
o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema
Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do
texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema
acima
A
representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à
utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.
B
apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação
objetiva de fatos e dados históricos.
C
evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio
de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a
constituição do indivíduo.
D
critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e
da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira.
E
apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da
saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos
pomposos.
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