Prova
de língua portuguesa – Unifesp 2013
(A) extasiada, pois considera que os versos
declamados pelo amigo são líricos.
(B) raivosa, pois considera que o amigo e Drummond
são péssimos poetas.
(C) irônica, pois sugere que os versos do amigo são
de má qualidade.
(D) perplexa, pois considera que os versos do amigo
são arte legítima.
(E) desdenhosa, pois sugere que Drummond é um poeta
sem atrativos.
Instrução: Leia o poema O constante diálogo,
de Carlos Drummond de Andrade, para responder às questões de números 02 a
05.
Há tantos diálogos
Diálogo com o ser amado
o semelhante
o diferente
o indiferente
o oposto
o adversário
o surdo-mudo
o possesso
o irracional
o vegetal
o mineral
o inominado
Diálogo consigo mesmo
com a noite
os astros
os mortos
as ideias
o sonho
o passado
o mais que futuro
Escolhe teu diálogo
e
tua melhor palavra
ou
teu melhor silêncio
Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.
(Carlos Drummond de Andrade. Discurso de
primavera e algumas sombras, 1977.)
Questão 02 - O eu lírico, ao mostrar as variedades do diálogo, revela que Este
(A) é uma forma que, na verdade, dissimula um
monólogo.
(B) é uma realidade inerente à condição humana.
(C) implica necessariamente um outro, distinto do
eu.
(D) constrói a ideia de que comunicar exige
afinidade.
(E) concebe o presente desprovido das marcas do
passado.
Questão 03 - Na abordagem temática do poema, destaca-se a inserção do discurso
(A) da metafísica, marcando-se com imagens que
suscitam ideias relacionadas à morte e à fugacidade do tempo.
(B) da ausência, marcando-se pela tensão
existencial conflituosa e pela falta de sentimento entre as pessoas.
(C) do desalento, expressando-se uma visão
pessimista do mundo e das pessoas, decorrente da frustração com a vida.
(D) da comunicação, estabelecendo-se por meio dela
uma reflexão filosófica sobre o fazer poético.
(E) da autobiografia, evidenciando-se com sutileza
aspectos relacionados à vida do poeta em Minas Gerais.
Questão 04
Escolhe teu diálogo
e
tua melhor palavra
ou
teu melhor silêncio
Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.
Nesses versos da última estrofe do poema, o sentido
com que se emprega o imperativo afirmativo e a circunstância expressa pelas
expressões “no silêncio” e “com o silêncio” são, respectivamente:
(A) sugestão e modo. (B) sarcasmo e consequência.
(C) advertência e lugar. (D) orientação e causa. (E) ordem e movimento.
Instrução: Leia o texto para responder às questões
de números 05 a 08.
O silêncio é a matéria significante por
excelência, um continuum significante. O real da comunicação é o silêncio. E
como o nosso objeto de reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afirmação
que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso.
O homem está “condenado” a significar.
Com ou sem palavras, diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo
tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem está irremediavelmente
constituído pela sua relação com o simbólico.
Numa certa perspectiva, a dominante nos
estudos dos signos, se produz uma sobreposição entre linguagem (verbal e não-verbal)
e significação. Disso decorreu um recobrimento dessas duas noções, resultando uma
redução pela qual qualquer matéria significante fala, isto é, é remetida à
linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja atribuído sentido.
Nessa mesma direção, coloca-se o
“império do verbal” em nossas formas sociais: traduz-se o silêncio em palavras.
Vê-se assim o silêncio como linguagem e perde-se sua especificidade, enquanto
matéria significante distinta da linguagem.
(Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)
Questão 05 - A ideia comum entre o poema de Drummond e o texto de Eni Orlandi diz
respeito ao fato de que o silêncio
(A) consiste em repressão ao diálogo.
(B) é sinônimo de ausência de sentido.
(C) é também uma forma de comunicação.
(D) permite a interpretação mais objetiva.
(E) reconstrói a comunicação verbal.
Questão 06 - No segundo parágrafo do texto, empregam-se as aspas no termo “condenado”
para
(A) atribuir-lhe um segundo sentido, equivalente a
culpado.
(B) reforçar-lhe o sentido contextual, equivalente
a predestinado.
(C) marcá-lo com sentido conotativo, equivalente a
reprovável.
(D) enfatizar-lhe o sentido denotativo, equivalente
a desgraçado.
(E) destituí-lo do sentido literal, equivalente a
buliçoso.
Questão 07 - Ao analisar a prevalência da linguagem verbal na comunicação social, a
autora enfatiza que
(A) a exigência da comunicação implica o fim do
silêncio.
(B) a essência do silêncio se perde, quando ele é
traduzido pelas palavras.
(C) a verdadeira linguagem prescinde do silêncio e
das palavras.
(D) as palavras recuperam satisfatoriamente os
sentidos silenciados.
(E) a comunicação pelo silêncio é, de fato,
irrealizável.
Questão 08 - Na oração do 4.º parágrafo – [...] para que lhe seja atribuído sentido.
–, o pronome “lhe” substitui a expressão
(A) um recobrimento. (B) uma redução.
(C) linguagem e significação. (D) qualquer matéria significante. (E) o silêncio.
Questão 09 - Examine a tira.
O efeito de humor na situação apresentada decorre
do fato de a personagem, no segundo quadrinho, considerar que “carinho” e
“caro” sejam vocábulos
(A) derivados de um mesmo verbo. (B) híbridos.
(C) derivados de vocábulos distintos. (D) cognatos. (E) formados por composição.
Questão 10 - Essa poesia não logrou estabelecer-se em Portugal. De origem francesa,
suas primeiras manifestações datam de 1866, quando um editor parisiense publica
uma coletânea de poemas; em 1871 e 1876, saem outras duas coletâneas. Os poetas
desse movimento literário pregam o princípio da Arte pela Arte, isto é,
defendem uma arte que não sirva a nada e a ninguém, uma arte inútil, uma arte voltada para si própria.
A Arte procuraria a Beleza e a Verdade
que existiriam nos seres concretos, e não no sentimento do artista. Por isso, o
belo se confundiria com a forma que o reveste, e não com algo que existiria
dentro dele. Daí vem que esses poetas sejam formalistas e preguem o cuidado da
forma artística como exigência preliminar. Para consegui-lo, defendem uma
atitude de impassibilidade diante das coisas: não se emocionar jamais; antes,
impessoalizar-se tanto quanto possível pela descrição dos objetos, via de regra
inertes ou obedientes aos movimentos próprios da Natureza (o fluxo e refluxo
das ondas do mar, o voo dos pássaros, etc.). Esteticistas,
anseiam uma arte universalista.
Em Portugal, tentou-se introduzir esse
movimento; certamente, impregnou alguns poetas, exerceu influência, mas não
passou de prurido, que pouco alterou o ritmo literário do tempo. Na verdade, o
modo fortuito como alguns se deixaram contaminar da nova moda poética revelava
apenas veleidade francófila, em decorrência de razões de gosto pessoal ou de
grupos restritos: faltou-lhes intuito comum.
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa,
1999. Adaptado.)
As informações apresentadas no texto referem-se à
literatura
(A) simbolista, cuja busca pelo Belo implicou a
liberdade na expressão dos sentimentos. O texto deixa claro que essa literatura
alcançou notável aceitação entre os poetas da época.
(B) simbolista, cuja preocupação com a expressão do
sentimento filia-se à tradição poética do Renascimento. O texto deixa claro que
essa literatura teve um desenvolvimento tímido na cena literária portuguesa.
(C) parnasiana, cuja preocupação com a objetividade
a opõe ao subjetivismo romântico. O texto deixa claro que essa literatura não
se impôs na cena literária portuguesa.
(D) parnasiana, cuja liberdade de expressão e cujo
compromisso social permitem fundamentar a Arte pela Arte. O texto deixa claro
que essa literatura teve pouco espaço
na cena literária portuguesa.
(E) realista, cuja influência da tradição clássica
é fundamental para se chegar à perfeição. O texto deixa claro que essa
literatura teve uma disseminação irregular na
cena literária portuguesa.
Questão 11 - Leia os versos de Cesário Verde.
Duas igrejas, num saudoso largo,
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo.
(www.astormentas.com)
Em relação à Igreja, o eu lírico assume, nesses versos,
uma posição
(A) anticlerical. (B) submissa. (C) evangelizadora.
(D) saudosista. (E) ambígua.
Instrução: Leia o texto para responder às questões
de números 12 a 14.
Do chuchu ao xixi
A concessionária Orla Rio subiu em 50%,
de R$ 1 para R$ 1,50, o uso do banheiro público e de 60 para 65 anos o privilégio
da gratuidade.
A idade foi elevada com base em lei
estadual de 2002, um ano antes de o Estatuto do Idoso (2003) favorecer pessoas “com
idade igual ou superior a 60 anos”.
Se o mal está feito, os economistas devem agora se
preocupar com o choque do preço do uso do banheiro público na meta da inflação.
Em 1977, rimos quando a ditadura culpou
o chuchu. Não seria o caso de rir, na democracia, do impacto do xixi no custo
de vida?
(CartaCapital, 27.06.2012.)
Questão 12 - O autor mostra que a concessionária Orla Rio procedeu de forma
(A) contrária ao que preceitua o Estatuto do Idoso.
(B) incoerente em relação à lei estadual de 2002.
(C) semelhante à da época da ditadura.
(D) compatível com a atual meta de inflação.
(E) favorável aos cidadãos mais jovens.
Questão 13 - No texto, há uma crítica àqueles que
(A) deixam de se preocupar com suas demandas
pessoais, para se dedicarem a causas públicas irrelevantes.
(B) desconsideram os interesses coletivos e encontram
justificativas pouco plausíveis para as decisões que tomam.
(C) aumentam os impostos, sem levar em conta os
impactos que eles terão para as contas públicas.
(D) entendem perfeitamente as necessidades sociais
sem que, no entanto, lutem por uma sociedade melhor.
(E) desqualificam as decisões públicas por
acreditarem, na maioria das vezes, que estas prejudicam o povo.
Questão 14 - A relação de sentido entre “ditadura” e “democracia”, estabelecida no
último parágrafo do texto, também ocorre na seguinte passagem, extraída do
jornal Folha de S.Paulo, de 11.09.2012:
(A) Alguns fatos empolgavam o país até outro
dia. A volta do crescimento econômico, a descoberta do pré-sal, o desvencilhamento
dos credores estrangeiros e a criação dos Brics animaram o espírito nacional.
(B) Levantamento feito por esta Folha em
todos os Estados do país mostrou que a Lei da Ficha Limpa barrou, até agora,
317 candidatos entre os 15.551 que disputam as prefeituras brasileiras.
(C) “O dinheiro perdeu sua qualidade narrativa,
tal como aconteceu com a pintura antes. O dinheiro agora fala sozinho.”
(D) A evasão nas graduações em engenharia,
assinalam os professores, é alta demais. Só um quinto a um quarto dos
ingressantes termina por formar-se – segundo os autores, porque lhes faltam noções
básicas de matemática, que deveriam adquirir no ensino médio.
(E) “Até nas flores se encontra a diferença da
sorte: umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte.” Esse poema se aprendia
nas escolas do passado. Hoje, a diferença da sorte atinge até mesmo os partidos
políticos, que podem ser resumidos em situação e oposição.
Instrução: Leia o texto para responder às questões
de números 15 a 18.
Um sarau é o bocado mais delicioso que
temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplomata
ajusta, com um copo de champagne na
mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há quem deixe de ser
murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço
goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no
céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa
nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo
inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida
no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente,
desafinando um sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares,
se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que
qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam
sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis.
Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de
doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em
casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora
idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no
sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante
ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos. E o mais é que nós estamos num
sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e
senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida
sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o
prazer e o bom gosto. Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com
aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence em graças, encantos e
donaires, certo sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa.
(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha,
1997.)
Questão 15 - A forma como se dá a construção do texto revela que ele é predominantemente
(A) dissertativo, com o objetivo de analisar
criticamente o que é um sarau.
(B) descritivo, com o objetivo de mostrar o sarau
como uma festa fútil e sem atrativos.
(C) narrativo, com o objetivo de contar fatos
inusitados ocorridos em um sarau.
(D) descritivo, com o objetivo de apresentar as
características de um sarau.
(E) dissertativo, com o objetivo de relatar as
experiências humanas em um sarau.
Questão 16 - Levando em conta o contexto em que floresceu a literatura romântica, as
informações textuais refletem, com
(A) ufanismo, uma vida social de bem-aventurança.
(B) desprezo, a cultura de uma sociedade poderosa.
(C) entusiasmo, uma sociedade frívola e hipócrita.
(D) nostalgia, os valores de uma sociedade
decadente.
(E) amenidade, uma visão otimista da realidade
social.
Questão 17 - Considerando os papéis desempenhados pelas personagens no texto, é correto
afirmar que
(A) o diplomata é oportunista; o velho,
conservador; os rapazes usufruem exageradamente os prazeres da vida; e as moças
são frívolas.
(B) o diplomata é astuto; o velho, intimista; os
rapazes usufruem a vida dentro de suas possibilidades; e as moças vivem de
sonhos.
(C) o diplomata é perspicaz; o velho, saudosista;
os rapazes usufruem prazerosamente a vida; e as moças encantam a todos.
(D) o diplomata é trapaceiro; o velho,
desencantado; os rapazes usufruem a vida de modo fútil; e as moças investem tão-somente
na beleza exterior.
(E) o diplomata é esperto; o velho, avançado; os
rapazes usufruem a vida com parcimônia; e as moças vivem de devaneios.
Questão 18 - Assinale a alternativa em que a eliminação do pronome em destaque
implica, contextualmente, mudança do sujeito do verbo.
(A) Ali vê-se um ataviado dandy
[...].
(B) [...] aqui uma, cantando suave cavatina,
eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos [...].
(C) O velho lembra-se dos minuetes e das
cantigas do seu tempo [...].
(D) [...] mesmo na ocasião em que a moça se espicha
completamente [...].
(E) [...] daí a pouco vão outras, pelos braços
de seus pares, se deslizando pela sala [...].
Questão 19 - O Hatha yoga pradipika, sagrada
escritura do hatha yoga, escrita no século 15 da era atual, diz que,
antes de nos aventurarmos na prática de austeridade e códigos morais, devemos
nos preparar. Autocontrole e disciplina sem preparação adequada _____________ criar
mais problemas mentais e de personalidade do que paz de espírito. A beleza
dessa escritura é que ela resolve o grande problema que todo iniciante enfrenta:
dominar a mente.
Devido ___________ abordagem corporal,
o hatha yoga ficou conhecido – de modo
equivocado – como uma categoria de ioga __________ trabalha apenas as valências
físicas (força, flexibilidade, resistência, equilíbrio e outras), quase como
ginástica oriental. Isso não é verdade.
(Ciência Hoje, julho de 2012. Adaptado.)
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com
(A) pode – a essa – aonde. (B) podem – a essa – que.
(C) pode – à essa – o qual. (D) podem – essa – com que. (E) pode – essa – onde.
Questão 20 - Examine a tira.
Bastante comum na fala coloquial, o modo de se
empregar o pronome na fala da personagem – Maneiro encontrar tu! – também
ocorre em:
(A) Aquele livro era para nós uma joia, pois tinha
sido de nosso avô e de nosso pai.
(B) Era uma situação embaraçosa e para eu me livrar
dela seria bastante difícil mesmo.
(C) Todos tinham certeza de que ela ofereceria para
mim o primeiro pedaço de bolo.
(D) Quando o pessoal chegou na frente do prédio,
viu ali ele com a namorada nova.
(E) A todos volto a afirmar que entre mim e ti não
existem mais rancores nem tristezas.
Questão 21 - Leia o poema Prece, de Fernando Pessoa.
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem – ou desgraça ou ânsia –,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância –
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
(Fernando Pessoa. Mensagem, 1995.)
Extraído do livro Mensagem, o poema pode ser
considerado nacionalista, na medida em que o eu lírico
(A) apresenta Portugal como uma nação decadente,
que não faz jus ao seu passado de heroísmo e glórias.
(B) inspira-se no passado de heroísmo do povo
português que, no presente, já não acredita na sua história.
(C) busca reviver o sonho de uma da nação
grandiosa, cantando um Portugal almejado por seus feitos gloriosos.
(D) reconhece o desejo de o povo português
glorificar seus heróis, o que não foi possível até o seu presente.
(E) descreve o Portugal de seu tempo como uma nação
gloriosa e marcada por histórias de heroísmo.
Instrução: Leia o texto para responder às questões
de números 22 a 24.
___________ dois meses, a jornalista
britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi furtada. Só que não levaram sua carteira ou
seu carro, mas sua identidade virtual. Um hacker invadiu e tomou conta de seu e-mail e – além de
bisbilhotar suas mensagens e ter acesso a seus dados bancários – passou a escrever
aos mais de 5 mil contatos de Rowenna dizendo que ela teria sido assaltada em
Madri e pedindo ajuda em dinheiro.
Quando ela escreveu para seu endereço
de e-mail pedindo ao hacker ao
menos sua lista de contatos profissionais de volta, Rowenna teve como resposta
a cobrança de R$ 1,4 mil. Ela se negou a pagar, a polícia não fez nada. A
jornalista só retomou o controle do e-mail porque um amigo conhecia um funcionário
do provedor da conta, que desativou o processo de verificação de senha criado
pelo invasor.
(Galileu, dezembro de 2011. Adaptado.)
Questão 22 - A lacuna do início do texto deve ser corretamente preenchida com
(A) À. (B)
Há cerca de. (C) Fazem. (D) Acerca de. (E) A.
Questão 23 – As informações do segundo parágrafo permitem concluir que o hacker tentou
(A) extorquir a jornalista.
(B) pedir um donativo à jornalista.
(C) negociar legalmente com a jornalista.
(D) eximir-se da culpa pela invasão da conta do e-mail.
(E) reconhecer seu erro.
Questão 24 - Assinale a alternativa em que, na reescrita do trecho, houve alteração da
classe gramatical da palavra em destaque.
(A) ... mas sua identidade virtual. = mas
sua identificação virtual.
(B) ... que desativou o processo de
verificação de senha... = ... o qual desativou o processo de verificação
de senha...
(C) Só que não levaram sua carteira... = Só
que não levaram a carteira dela...
(D) ... a jornalista britânica Rowenna
Davis, 25 anos, foi furtada. = a britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi
furtada.
(E) ... e ter acesso a seus dados bancários...
= ... e ter acesso a seus dados do banco...
Instrução: Leia o texto para responder às questões
de números 25 a 27.
Quando o falante de uma língua depara
um conjunto de duas palavras, intuitivamente é levado a sentir entre elas uma
relação sintática, mesmo que estejam fora de um contexto mais esclarecedor.
Assim, além de captar o sentido básico
das duas palavras, o receptor atribui-lhes uma gramática – formas e conexões.
Isso acontece porque ele traz registrada em sua mente toda a sintaxe, todos os
padrões conexionais possíveis em sua língua, o que o torna capaz de
reconhecê-los e identificá-los. As duas palavras não estão, para ele, apenas dispostas
em ordem linear: estão organizadas em uma ordem estrutural.
A diferença entre ordem estrutural e
ordem linear torna-se clara se elas não coincidem, como nesta frase que um
aluno criou em aula de redação, quando todos deviam compor um texto para outdoor, sobre uma fotografia da célebre cabra
de Picasso: “Beba leite de cabra em pó!”. Como todos rissem, o autor da frase
emendou: “Beba leite em pó de cabra!”. Pior a emenda do que o soneto.
(Flávia de Barros Carone. Morfossintaxe,
1986. Adaptado.)
Questão 25 - Assinale a alternativa que traz uma explicação plausível para o riso dos
alunos.
(A) As expressões “de cabra” e “em pó” são regidas
pelo mesmo termo – “leite” – e, da forma como são empregadas, geram enunciados
ambíguos.
(B) As expressões “de cabra” e “em pó” estão
empregadas em sentido figurado, referindo-se ao mesmo termo regente – “leite”.
(C) O verbo da oração – “Beba” – pode admitir dois
complementos, havendo a falsa ideia de que “de cabra” seja um deles.
(D) O contexto da oração é insuficiente para
recuperar o referente das expressões “de cabra” e “em pó”, potencialmente referentes
a “Beba” e “leite”.
(E) O emprego da expressão “em pó” em sentido
figurado cria duplo sentido ao enunciado, interpretando-a como complemento do
verbo – “Beba”.
Questão 26 - Considere as seguintes passagens do texto: – [...] é levado a sentir
entre elas uma relação sintática, mesmo que estejam fora de um contexto
mais esclarecedor. – Como todos rissem, o autor da frase
emendou [...]. As conjunções destacadas expressam, respectivamente, relação
de
(A) alternância e conformidade. (B) conclusão e proporção.
(C) concessão e causa. (D) explicação e comparação. (E) adição e consequência.
Questão 27 - De acordo com o texto, a ordem estrutural diz respeito à macroestrutura da
frase e a ordem linear à manifestação concreta, palavra após palavra, dos
constituintes da oração. Assinale a alternativa em que, no par de palavras em
destaque, em texto de Paulo Cesarino Costa, publicado na Folha de S.Paulo de
02.08.2012, há coincidência entre essas duas ordens.
(A) Exceto pelo fato de que dividirão, com
outras dezenas de esportes, as atenções de TVs e rádios, portais de internet, jornais
e revistas nos próximos dias numa rara disputa, de onde sairão dois
retratos do Brasil.
(B) Nas paredes do Instituto Moreira Salles,
pode-se ver diferentes concepções de fotojornalismo: da beleza pouco comprometida
com a veracidade de Jean Manzon à objetividade das imagens de guerra de Luciano
Carneiro.
(C) Num mundo cada vez mais dominado pela
reprodução eletrônica e imagética dos acontecimentos, há uma interessante oportunidade
de resgatar o momento em que a
imagem começou a questionar o poder da palavra.
(D) A revista O Cruzeiro seguia a
cartilha da revista norteamericana Life, que preconizava “um novo
jornalismo, no qual as imagens formam o texto e as palavras ilustram as
imagens”.
(E) Serão 11 estrelas na tela, mas os ministros
do STF e suas capas negras pouco têm a ver com os 11 amarelinhos de Mano
Menezes na busca do ouro olímpico.
Instrução: Leia o texto para responder às questões
de números 28 e 29.
Apóstrofe à carne
Quando eu pego nas carnes do meu rosto,
Pressinto o fim da orgânica batalha:
– Olhos que o húmus necrófago estraçalha,
Diafragmas, decompondo-se, ao sol-posto.
E o Homem – negro e heteróclito composto,
Onde a alva flama psíquica trabalha,
Desagrega-se e deixa na mortalha
O tacto, a vista, o ouvido, o olfato e o gosto!
Carne, feixe de mônadas bastardas,
Conquanto em flâmeo fogo efêmero ardas,
A dardejar relampejantes brilhos,
Dói-me ver, muito embora a alma te acenda,
Em tua podridão a herança horrenda,
Que eu tenho de deixar para os meus filhos!
(Augusto dos Anjos. Obra completa, 1994.)
Questão 28 - No soneto de Augusto dos Anjos, é evidente
(A) a visão pessimista de um “eu” cindido, que
desiste de conhecer-se, pelo medo de constatar o já sabido de sua condição
humana transitória.
(B) o transcendentalismo, uma vez que o “eu”
desintegrado objetiva alçar voos e romper com um projeto de vida marcado pelo
pessimismo e pela tortura existencial.
(C) a recorrência a ideias deterministas que
impulsionam o “eu” a superar seus conflitos, rompendo um ciclo que naturalmente
lhe é imposto.
(D) a vontade de se conhecer e mudar o mundo em que
se vive, o que só pode ser alcançado quando se abandona a desintegração
psíquica e se parte para o equilíbrio do “eu”.
(E) o uso de conceitos advindos do cientificismo do
século XIX, por meio dos quais o poeta mergulha no “eu”, buscando assim
explorar seu ser biológico e metafísico.
Questão 29 - No plano formal, o poema é marcado por
(A) versos brancos, linguagem obscena, rupturas
sintáticas.
(B) vocabulário seleto, rimas raras, aliterações.
(C) vocabulário antilírico, redondilhas,
assonâncias.
(D) assonâncias, versos decassílabos, versos sem
rimas.
(E) versos livres, rimas intercaladas, inversões
sintáticas.
Questão 30
(A) ironia, verificada na fala da personagem como
intenção clara de afirmar o contrário daquilo que está dizendo.
(B) paronomásia, verificada pelo emprego de
palavras parecidas na escrita e na pronúncia, à moda de um trocadilho.
(C) metáfora, verificada pelo emprego de termos que
podem se cambiar como formas sinônimas no enunciado.
(D) metonímia, verificada pelo emprego de uma
palavra em lugar de outra por uma relação de contiguidade.
(E) onomatopeia, verificada pelo recurso à
sonoridade das palavras, que atribui outros sentidos ao enunciado.
GABARITO:
1
- C 2 - B 3 - D 4 - A 5 - C 6 - B 7 - B 8 - D 9 - D 10 - C 11 - A 12 - A 13 - B
14 - E
15
- D 16 - E 17 - C 18 - A 19 - B 20 - D 21 - C 22 - B 23 - A 24 - D 25 - A 26 -
C
27 - E 28 - E 29 - B 30 - B 31 - D
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