Prova
de língua portuguesa – Unifesp 2015
QUESTÃO 01
Considerando-se a
situação de comunicação entre Garfield e seu dono, a frase, em linguagem
coloquial, que preenche o balão do último quadrinho é:
(A) Tenho de
saboreá-lo bem?
(B) Devo saborear a ele muito bem?
(B) Devo saborear a ele muito bem?
(C) Convém que eu
o saboreie bem?
(D) Saboreá-lo-ei muito bem?
(E) Eu tenho de saborear bem ele?
(D) Saboreá-lo-ei muito bem?
(E) Eu tenho de saborear bem ele?
Leia o texto para
responder às questões de números 02 a 04.
A
palavra falada é um fenômeno natural; a palavra escrita é um fenômeno cultural.
O homem natural pode viver perfeitamente sem ler nem escrever. Não o pode o
homem a que
chamamos civilizado: por isso, como disse, a palavra escrita é um fenômeno
cultural, não da natureza mas da civilização, da qual a cultura é a essência e
o
esteio.
Pertencendo,
pois, a mundos (mentais) essencialmente diferentes, os dois tipos de palavra
obedecem forçosamente a leis ou regras essencialmente diferentes. A palavra
falada é um caso, por assim dizer, democrático. Ao falar, temos que obedecer à
lei do maior número, sob pena de ou não sermos compreendidos ou sermos
inutilmente ridículos. Se a maioria pronuncia mal uma palavra, temos que a
pronunciar mal. Se a maioria usa de uma construção gramatical errada, da mesma
construção teremos que usar. Se a maioria caiu em usar estrangeirismos ou
outras irregularidades verbais, assim temos que fazer. Os termos ou expressões
que na linguagem escrita são justos, e até obrigatórios, tornam-se em estupidez
e pedantaria, se deles fazemos uso no trato verbal. Tornam-se até em
má-criação, pois o preceito fundamental da civilidade é que nos conformemos o
mais possível com as maneiras, os hábitos, e a educação da pessoa com quem falamos,
ainda que nisso faltemos às boas maneiras ou à etiqueta, que são a cultura
exterior.
(Fernando Pessoa. A
língua portuguesa, 1999. Adaptado.)
QUESTÃO 02 - Em
sua argumentação, o autor estabelece que
(A) a palavra
escrita se espelha na palavra falada. Dessa forma, a boa comunicação implica
reconhecer que fala e escrita são de mesma natureza.
(B) as diferenças
entre fala e escrita são muitas. Dessa forma, a boa comunicação está
relacionada ao valor cultural da linguagem.
(C) o fenômeno
cultural está contido no natural. Dessa forma, a boa comunicação diz respeito
ao uso que cada pessoa faz, de acordo com as necessidades cotidianas.
(D) os fenômenos
naturais precedem os culturais. Dessa forma, a boa comunicação depende de
ajustar aqueles às especificidades destes.
(E) fala e escrita
são domínios distintos. Dessa forma, a boa comunicação implica conhecer e
empregar os recursos específicos de cada um deles.
QUESTÃO 03 - De
acordo com o autor, “ao falar, temos que obedecer à lei do maior número”.
Atendendo a esse princípio, para o português oral contemporâneo, está adequado
o enunciado:
(A) Olvidei-me de
trazer seu livro. Assistia a um filme deveras interessante. Você não se sente
chateado por isso, não é mesmo?
(B) Caso
assistisse a um filme e esquecesse teu livro... Sentir-te-ias magoado com esse
meu comportamento?
(C) Cara,
@#$&*...! Demorô!!! O fdm nem tchum... E pá... - E
o livro... Nem... - Que m***a!!!
(D) Me esqueci de
trazer seu livro, porque fiquei assistindo um filme. Cê não tá chateado por
causa disso, né?
(E) Nóis ia lê o
livro na aula, mais fiquei veno TV, sistino um firme e isquici dele. Ocê tá
chateado cumigu não né?
QUESTÃO 04 - Assinale
a alternativa cujo enunciado atende à norma-padrão da língua portuguesa.
(A) Durante a
leitura do livro, surgiram várias dúvidas. O enredo e a temática abordada, que
causou muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbraram-se vieses
interessantes na construção das personagens.
(B) Durante a
leitura do livro, ficou várias dúvidas. O enredo e a temática abordados, que
causou muita polêmica, mostrou a atualidade da obra. Vislumbrou-se vieses
interessantes na construção das personagens.
(C) Durante a
leitura do livro, houve várias dúvidas. O enredo e a temática abordada, que
causou muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbrou-se vieses interessantes
na construção das personagens.
(D) Durante a
leitura do livro, ficaram várias dúvidas. O enredo e a temática abordados, que
causou muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbrou-se vieses
interessantes na construção das personagens.
(E) Durante a
leitura do livro, houveram várias dúvidas. O enredo e a temática abordada, que
causou muita polêmica, mostrou a atualidade da obra. Vislumbraram-se vieses
interessantes na construção das personagens.
QUESTÃO 05 - Leia
o poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa.
Coroai-me de
rosas,
Coroai-me em
verdade
De rosas –
Rosas que se
apagam
Em fronte a
apagar-se
Tão cedo!
Coroai-me de rosas
E de folhas
breves.
E basta.
(As múltiplas
faces de Fernando Pessoa, 1995.)
O tema tratado no
poema é a
(A) necessidade de
se buscar a verdadeira razão para uma vida plena.
(B) fugacidade do
tempo, remetendo à ideia de brevidade da vida.
(C) busca pela
simplicidade da vida, representada pela natureza.
(D) brevidade com
que o verdadeiro amor perpassa a vida das pessoas.
(E) rapidez com
que as relações verdadeiras começam e terminam.
QUESTÃO 06 - É
preciso ler esse livro singular sem a obsessão de enquadrá-lo em um determinado
gênero literário, o que implicaria em prejuízo paralisante. Ao contrário, a
abertura a mais de uma perspectiva é o modo próprio de enfrentá-lo. A descrição
minuciosa da terra, do homem e da luta situa-o no nível da cultura científica e
histórica. Seu autor fez geografia humana e sociologia como um espírito atilado
poderia fazê-las no começo do século, em nosso meio intelectual, então avesso à
observação demorada e à pesquisa pura. Situando a obra na evolução do
pensamento brasileiro, diz lucidamente o crítico Antonio Candido: “Livro posto
entre a literatura e a sociologia naturalista, esta obra assinala um fim e um
começo: o fim do imperialismo literário, o começo da análise científica
aplicada aos aspectos mais importantes da sociedade brasileira (no caso, as
contradições contidas na diferença de cultura entre as regiões litorâneas e o
interior).”
(Alfredo Bosi. História
concisa da literatura brasileira, 1994. Adaptado.)
O excerto trata da
obra
(A) Capitães da
areia, de Jorge Amado.
(B) O cortiço,
de Aluísio de Azevedo.
(C) Grande
sertão: veredas, de Guimarães Rosa.
(D) Vidas secas,
de Graciliano Ramos.
(E) Os sertões,
de Euclides da Cunha.
Leia o poema para
responder às questões de números 07 a 09.
Mau despertar
Saio do sono como
de uma batalha
travada em
lugar algum
Não sei na
madrugada
se estou ferido
se o corpo
tenho
riscado
de hematomas
Zonzo lavo
na pia
os olhos donde
ainda escorrem
uns restos de
treva
(Ferreira Gullar. Muitas
vozes, 2013.)
QUESTÃO 07 - A
leitura do poema permite inferir que
(A) o despertar do
eu lírico apaga as más lembranças da madrugada.
(B) a noite é
problema para o eu lírico, perturbado mais física que mentalmente.
(C) o eu lírico
atribui o seu mau despertar a uma noite de difícil sono.
(D) o eu lírico
encontra na noite difícil uma forma de enfrentar seus medos.
(E) o mau
despertar acentua as feridas e as dores que perturbam o eu lírico.
QUESTÃO 08 - Analisando-se
as três estrofes do poema, atribui-se a cada uma os seguintes sentidos,
respectivamente,
(A) a lembrança do
sono – as consequências do mau sono – a libertação da noite mal dormida.
(B) a consciência
do despertar – as hipóteses acerca do sono – a tentativa de se restaurar.
(C) a expectativa
com o despertar – a certeza da noite mal dormida – a certeza de um dia ruim.
(D) a causa do
sono conturbado – a possibilidade de recuperação – a ansiedade pela melhora.
(E) a renovação ao
despertar – a possibilidade de enfrentar o mau sono – a busca por um dia
melhor.
QUESTÃO 09 - Assinale
a alternativa em que a reescrita dos versos altera o sentido original do texto.
(A) “Não sei na
madrugada / se estou ferido” → não sei se ferido
estou na madrugada
(B) “se o corpo /
tenho / riscado / de hematomas” → se de hematomas
tenho o corpo riscado
(C) “ainda
escorrem / uns restos de treva” → uns restos de
treva escorrem ainda
(D) “travada em /
lugar algum” → travada em algum lugar
(E) “Saio do sono
como / de uma batalha” → do sono saio como de uma batalha
QUESTÃO 10
Ciência explica
____________.
Testes mostram que
______________ de Leonardo da Vinci está sumindo.
(www.uol.com.br,
05.06.2014. Adaptado.)
Em conformidade
com a norma-padrão da língua portuguesae com o Novo Acordo Ortográfico, as
lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
(A) por que –
auto-retrato.
(B) porque –
auto-retrato.
(C) porquê –
autorretrato.
(D) por que – auto
retrato.
(E) por quê –
autorretrato.
Leia o texto para
responder às questões de números 11 a 15.
Você
conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
Uma
organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos
poderão considerar impossível: ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook.
O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
O
projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos realizados pelo
próprio Facebook. A diferença neste caso é que o teste é completamente
voluntário. Ironicamente, para poder participar, o usuário deve trocar a foto
do perfil no Facebook e postar um contador na rede social.
Os
pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade dos participantes
no 33.º dia, no 66.º e no último dia da abstinência.
Os
responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam em média 17
minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, a soma média seria
equivalente
a mais de 28
horas, que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais
realizadoras”.
(http://codigofonte.uol.com.br.
Adaptado.)
QUESTÃO 11 - De
acordo com os pressupostos da campanha holandesa, o usuário do Facebook
(A) supera as suas
barreiras emocionais na rede social e garante uma existência com mais
felicidade.
(B) vivencia
experiências únicas na rede social e a tem como forma de ser mais equilibrado
emocionalmente.
(C) gasta tempo na
rede social e deixa de se dedicar a momentos mais significativos em sua vida.
(D) emprega o seu
tempo na rede social para trabalhar a emoção e entender melhor suas questões de
vida.
(E) dedica um
tempo exíguo à rede social e tem pouca motivação para atividades mais
realizadoras.
QUESTÃO 12 - Uma
informação possível de se concluir da leitura do texto é:
(A) O Facebook realizou
experimentos psicológicos sem o consentimento de seus usuários.
(B) Os usuários do
Facebook sentem-se mais felizes quando não acessam a rede social.
(C) Os estudos da
ONG holandesa têm o propósito de criar uma nova rede social.
(D) O tempo gasto
na rede social potencializou perturbações psicológicas em seus usuários.
(E) O grau de
satisfação e felicidade de uma pessoa independe de seu estado emocional.
QUESTÃO 13 - Examine
as passagens do primeiro parágrafo do texto:
• “Uma
organização não governamental holandesa está propondo um desafio”
• “O
objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede
social.”
A utilização dos
artigos destacados justifica-se em razão
(A) da retomada de
informações que podem ser facilmente depreendidas pelo contexto, sendo ambas
equivalentes semanticamente.
(B) de informações
conhecidas, nas duas ocorrências, sendo possível a troca dos artigos nos
enunciados, pois isso não alteraria o sentido do texto.
(C) da
generalização, no primeiro caso, com a introdução de informação conhecida, e da
especificação, no segundo, com informação nova.
(D) da introdução
de uma informação nova, no primeiro caso, e da retomada de uma informação já
conhecida, no segundo.
(E) de informações
novas, nas duas ocorrências, motivo pelo qual são introduzidas de forma mais
generalizada.
Considere os
enunciados a seguir para responder às questões de números 14 e 15.
• [...]
ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. (1.º parágrafo)
• [...]
que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
(4.º parágrafo)
QUESTÃO 14 - Nos
dois trechos, utilizam-se as aspas, respectivamente, para
(A) indicar o
sentido metafórico e marcar a fala coloquial.
(B) enfatizar o
discurso direto e marcar uma citação.
(C) marcar o
sentido pejorativo e enfatizar o sentido metafórico.
(D) assinalar a
ironia e indicar a fala de uma pessoa.
(E) realçar o
sentido do substantivo e indicar uma transcrição.
QUESTÃO 15 - Analisando-se
o emprego e a estrutura das palavras “olhadinha” e “emocionalmente”, é correto
afirmar que os sufixos nelas presentes indicam, respectivamente, sentido de
(A) morosidade e
intensidade. (B) modo e consequência.
(C) rapidez e
modo. (D) intensidade e
causa. (E) afeto e tempo.
QUESTÃO 16 - Analise
a capa de um folder de uma campanha de trânsito.
Explicitando-se os complementos dos verbos em “Eu cuido, eu respeito.”,
obtém-se, em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa:
(A) Eu a cuido, eu respeito-lhe.
(A) Eu a cuido, eu respeito-lhe.
(B) Eu cuido dela,
eu lhe respeito.
(C) Eu cuido dela,
eu a respeito.
(D) Eu lhe cuido e
respeito.
(E) Eu cuido e
respeito-a.
Leia o texto para responder às questões de números 17 a 21.
Cumpridos
dez anos de prisão por um crime que não pratiquei e do qual, entanto, nunca me
defendi, morto para a vida e para os sonhos: nada podendo já esperar e coisa
alguma desejando – eu venho fazer enfim a minha confissão: isto é, demonstrar a
minha inocência.
Talvez
não me acreditem. Decerto que não me acreditam. Mas pouco importa. O meu
interesse hoje em gritar que não assassinei Ricardo de Loureiro é nulo. Não
tenho família; não preciso que me reabilitem. Mesmo quem esteve dez anos preso,
nunca se reabilita. A verdade simples é esta.
E
àqueles que, lendo o que fica exposto, me perguntarem: “Mas por que não fez a
sua confissão quando era tempo? Por que não demonstrou a sua inocência ao
tribunal?”, a esses responderei: – A minha defesa era impossível. Ninguém me
acreditaria. E fora inútil fazer-me passar por um embusteiro ou por um doido…
Demais, devo confessar, após os acontecimentos em que me vira envolvido nessa
época, ficara tão despedaçado que a prisão se me afigurava uma coisa
sorridente. Era o esquecimento, a tranquilidade, o sono. Era um fim como
qualquer outro – um termo para a minha vida devastada. Toda a minha ânsia foi
pois de ver o processo terminado e começar cumprindo a minha sentença.
De
resto, o meu processo foi rápido. Oh! o caso parecia bem claro… Eu nem negava
nem confessava. Mas quem cala consente… E todas as simpatias estavam do meu
lado.
O
crime era, como devem ter dito os jornais do tempo, um “crime passional”. Cherchez
la femme*. Depois, a vítima um poeta – um artista. A mulher romantizara-se desaparecendo.
Eu era um herói, no fim de contas. E um herói com seus laivos de mistério, o
que mais me aureolava. Por tudo isso, independentemente do belo discurso de
defesa, o júri concedeu-me circunstâncias atenuantes. E a minha pena foi curta.
Ah!
foi bem curta – sobretudo para mim… Esses dez anos esvoaram-se-me como dez
meses. É que, em realidade, as horas não podem mais ter ação sobre aqueles que
viveram um instante que focou toda a sua vida. Atingido o sofrimento máximo,
nada já nos faz sofrer. Vibradas as sensações máximas, nada já nos fará
oscilar. Simplesmente, este momento culminante raras são as criaturas que o
vivem. As que o viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas –
os desencantados que, muita vez, acabam no suicídio.
* Cherchez la
femme: Procurem a mulher.
(Mário de
Sá-Carneiro. A confissão de Lúcio, 2011.)
QUESTÃO 17 - No
texto, o narrador sugere que tinha sido condenado por um crime
(A) praticado pelo
poeta, de quem tomou a responsabilidade para que este pudesse fugir com a
mulher amada, isento de culpa.
(B) motivado por
questões amorosas, sobre o qual não emitiu um posicionamento claro que negasse
ou confirmasse a sua culpa.
(C) ocorrido
acidentalmente, fruto da percepção equivocada de que o poeta estaria em um
romance proibido com a sua mulher.
(D) praticado pela
esposa do artista, a quem acreditava que deveria recair a pena, mas não
dispunha de provas suficientes para poder incriminá-la.
(E) marcado pelo
mistério, que teve como vítimas o poeta e a mulher, e que contou com uma defesa
confusa e permeada de inconsistências.
QUESTÃO 18 - No
primeiro parágrafo, afirma-se: “eu venho fazer enfim a minha confissão”.
Tal confissão se materializa textualmente em
(A) uma
argumentação confusa, com oscilação dos tempos verbais entre presente, passado
e futuro, relacionados a situações da vida do narrador.
(B) uma narrativa
objetiva, com predomínio de verbos nos tempos passado e presente, relacionados
a situações conhecidas do narrador.
(C) uma narrativa
subjetiva, com predomínio de verbos no tempo passado, relacionados a situações
das quais participara o narrador.
(D) uma
argumentação racional, com predomínio de verbos no tempo presente, relacionados
a situações analisadas pelo narrador.
(E) uma descrição
pessoal, com predomínio de verbos no tempo presente, relacionados a situações
que marcaram a existência do narrador.
QUESTÃO 19 - Segundo
o narrador afirma, a prisão lhe serviria para
(A) amenizar os
transtornos pessoais que arruinaram a sua existência.
(B) mostrar a
todos que estava sendo injustiçado e que deveriam rever o caso.
(C) coroar a sua
existência de erros e desacertos, impossível de ser recomposta.
(D) reverter a seu
favor a simpatia do júri e ter um novo julgamento em breve.
(E) colocá-lo em
equilíbrio com a justiça dos homens e a justiça divina.
QUESTÃO 20 - Observe
as passagens do texto:
• “Decerto
que não me acreditam.” (2.º parágrafo)
• “E
um herói com seus laivos de mistério” (5.º parágrafo)
• “nada
já nos fará oscilar.” (6.º parágrafo)
No contexto em que
estão empregados, os termos em destaque significam, respectivamente,
(A) ocasionalmente
– vestígios – transformar.
(B) possivelmente
– marcas – afastar.
(C) eventualmente
– características – mudar.
(D) imperiosamente
– tipos – descobrir.
(E) certamente –
indícios – variar.
QUESTÃO 21 - Quando
se quer chamar atenção para o Objeto Direto que precede o verbo, costuma-se
repeti-lo. É o que se chama Objeto Direto Pleonástico, em cuja constituição entra
sempre um pronome pessoal átono.
(Celso Cunha e
Lindley Cintra. Nova gramática do português contemporâneo, 2000.)
Verifica-se a
ocorrência de objeto direto pleonástico em:
(A) “As que o
viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas – os desencantados”
(B) “Esses dez
anos esvoaram-se-me como dez meses.”
(C) “Por tudo
isso, independentemente do belo discurso de defesa, o júri concedeu-me
circunstâncias atenuantes.”
(D) “Simplesmente,
este momento culminante raras são as criaturas que o vivem.”
(E) “Atingido o
sofrimento máximo, nada já nos faz sofrer.”
Para responder às
questões de números 22 a 24, leia as opiniões em relação ao
projeto de adaptação que visa facilitar obras de Machado de Assis.
Texto 1 - Isso é
um assassinato e eu endosso. A autora [da adaptação] quer que a Academia se
manifeste. Para ela, vai ser a glória. Mas vários acadêmicos se manifestaram. Eu
me manifestei. Há temas em que a instituição não pode se baratear. Essa mulher
quer que nós tenhamos essa discussão como se ela estivesse propondo a
ressurreição eterna de Machado de Assis, como se ele dependesse dela. Confio na
vigilância da sociedade. Vamos para a rua protestar.
(Nélida Piñon. http://entretenimento.uol.com.br)
Texto 2 - É melhor
que o sujeito comece a ler através de uma adaptação bem feita de um clássico do
que seja obrigado a ler um texto ilegível e incompreensível segundo a linguagem
e os parâmetros culturais atuais. Depois que leu a adaptação, ele pode pegar o
gosto, entrar no processo de leitura e eventualmente se interessar por ler o Machadão
no original. Agora, dar uma machadada em um moleque que tem PS3, Xbox, 1000
canais a cabo e toda a internet à disposição é simplesmente burrice.
(Ronaldo Bressane.
http://entretenimento.uol.com.br)
Texto 3 - Não
defenderia, jamais, que Secco [autora da adaptação] fosse impedida de realizar
seu projeto, mas não me parece que a proposta devesse merecer apoio do
Ministério da Cultura e ser realizada com a ajuda de leis que, afinal,
transferem impostos para a cultura. Trata-se, na melhor das hipóteses, de
ingenuidade; na pior, de excesso de “sagacidade”. Não será a adulteração de
obras, para torná-las supostamente mais legíveis por ignorantes, que irá
resolver o problema do acesso a textos literários históricos – mesmo porque,
adulterados, já terão deixado de ser o que eram.
(Marcos Augusto
Gonçalves. http://www.folha.uol.com.br)
QUESTÃO 22 - Em
relação à questão da facilitação das obras machadianas, a leitura comparativa
dos textos deixa claro que eles
(A) mantêm alguns
pontos de concordância, havendo em 3 uma clara evidência de que se deve coibir
essa iniciativa.
(B) externam uma
visão bastante romantizada, o que se pode confirmar com a defesa que 2 faz do
alcance do projeto.
(C) expressam o
mesmo ponto de vista, o que pode ser confirmado em 3 pela anuência ao apoio do
Ministério da Cultura.
(D) divergem
quanto ao apoio financeiro, defendido claramente em 2, velado em 3 e negado
veementemente em 1.
(E) apresentam
posicionamentos diferentes, sendo que 1 expressa sua ideia de contrariedade de
forma bastante radical.
QUESTÃO 23 - Examine
os enunciados:
• “Vamos
para a rua protestar.” (Texto 1)
• “Não
será a adulteração de obras, para torná-las supostamente mais legíveis
por ignorantes” (Texto 3)
O termo “para”, em
destaque nos enunciados, expressa, respectivamente, sentido de
(A) movimento e
finalidade.
(B) modo e
conformidade.
(C) tempo e
comparação.
(D) movimento e
comparação.
(E) conformidade e
finalidade.
QUESTÃO 24 - Examine
a passagem do texto 2:
“e eventualmente
se interessar por ler o Machadão no original. Agora, dar uma machadada
em um moleque”
Os dois termos em
destaque, derivados por sufixação, reportam a Machado de Assis. Tal recurso
atribui aos substantivos, respectivamente, sentido de
(A) pejo e
intimidade. (B) ironia e simpatia.
(C) humor e
reverência. (D) simpatia e ironia. (E) tamanho e humor.
QUESTÃO 25 - O
crítico Massaud Moisés assinala o filosofismo como uma das características de Memórias
póstumas de Brás Cubas, romance que inaugura a produção madura de Machado de
Assis. Tal filosofismo pode ser identificado na passagem:
(A) “O fundador da
minha família foi um certo Damião Cubas, que floresceu na primeira metade do
século XVIII. Era tanoeiro de ofício, natural do Rio de Janeiro, onde teria
morrido na penúria e na obscuridade, se somente exercesse a tanoaria.”
(B) “Entre o
queijo e o café, demonstrou-me Quincas Borba que o seu sistema era a destruição
da dor. A dor, segundo o Humanitismo, é uma pura ilusão. Quando a criança é
ameaçada por um pau, antes mesmo de ter sido espancada, fecha os olhos e treme;
essa predisposição, é que constitui a base da ilusão humana, herdada e
transmitida.”
(C) “Dito isto,
expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na
minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e
prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao
cemitério por onze amigos.”
(D) “Não houve
nada, mas ele suspeita alguma coisa; está muito sério e não fala; agora saiu.
Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo, carrancudo.
Não me tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus queira que isto
passe. Muita cautela, por ora, muita cautela.”
(E) “Por exemplo,
um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de
coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de
cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a
escrava é que estragara o doce ‘por pirraça’; e eu tinha apenas seis anos.”
QUESTÃO 26 - “A
pessoa é presa por pirataria – e aí a cadeia mostra filmes piratas?”, denunciou
o americano Richard Humprey, condenado a 29 meses de prisão por distribuir
conteúdo pirateado na internet. O presídio onde ele está, em Ohio, foi pego
exibindo uma cópia ilegal do filme O lobo de Wall Street. (Superinteressante,
julho de 2014.)
A fala do
condenado revela
(A) a sua
deliberação pessoal para pagar pelas contravenções e lutar contra a pirataria
em todos os setores.
(B) a sua vontade
de livrar-se da contravenção, o que se torna impossível a ele com a pirataria
na prisão.
(C) o seu
desencanto com a vida do crime, já que até mesmo na cadeia é obrigado a
conviver com a pirataria.
(D) o seu inconformismo
com a contradição entre o que se prega como certo e o que se pratica, no caso
da pirataria.
(E) a falta de
critérios mais específicos para condenar uma pessoa por piratear conteúdos
livres da internet.
Leia o trecho do
conto “O mandarim”, de Eça de Queirós, para responder às questões de números 27
a 29.
Então
começou a minha vida de milionário. Deixei bem depressa a casa de Madame
Marques – que, desde que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz-doce,
e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos. Comprei, habitei
o palacete amarelo, ao Loreto: as magnificências da minha instalação são bem conhecidas
pelas gravuras indiscretas da Ilustração Francesa. Tornou-se famoso na
Europa o meu leito, de um gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de lâminas
de ouro lavrado e cortinados de um raro brocado negro onde ondeiam, bordados a
pérolas, versos eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no interior, derrama ali
a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão. [...]
Entretanto
Lisboa rojava-se aos meus pés. O pátio do palacete estava constantemente
invadido por uma turba: olhando-a enfastiado das janelas da galeria, eu via lá branquejar
os peitilhos da Aristocracia, negrejar a sotaina do Clero, e luzir o suor da
Plebe: todos vinham suplicar, de lábio abjeto, a honra do meu sorriso e uma
participação no meu ouro. Às vezes consentia em receber algum velho de título
histórico: – ele adiantava-se pela sala, quase roçando o tapete com os cabelos
brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente, espalmando sobre o peito a
mão de fortes veias onde corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma
filha bem-amada para esposa ou para concubina.
Todos
os cidadãos me traziam presentes como a um ídolo sobre o altar – uns odes
votivas, outros o meu monograma bordado a cabelo, alguns chinelas ou boquilhas,
cada um a sua consciência. Se o meu olhar amortecido fixava, por acaso, na rua,
uma mulher – era logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou
prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as complacências da
lascívia.
Os
jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha
grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr.
Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste
Sr. Teodoro! Diante de mim nenhuma cabeça ficou jamais coberta – ou usasse
a coroa ou o coco. Todos os dias me era oferecida uma presidência de Ministério
ou uma direção de confraria. Recusei sempre, com nojo.
(Eça de Queirós. O
mandarim, s/d.)
QUESTÃO 27 - Ao
descrever a sua vida de milionário, o narrador
(A) reconhece que
as pessoas se aproximam dele com mais respeito e cautela, fato que o deixa
desconfortável, por sua natureza humilde.
(B) sente-se
lisonjeado pelo tratamento cerimonioso de que é alvo constante, sobretudo
porque as pessoas são honestas em seu proceder.
(C) ironiza as
relações de interesses decorrentes da sua nova condição social, deixando
evidente que as pessoas se humilham perante ele.
(D) ignora a forma
como os mais pobres o interpelam, pois não consegue identificar os contatos sem
interesses monetários.
(E) despreza a
falta de veneração à sua pessoa, principalmente pelos mais bem nascidos, que
não o veem como pertencente à aristocracia.
QUESTÃO 28 - “Os
jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha
grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr.
Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste
Sr. Teodoro!”
Nesta passagem do
último parágrafo, identifica-se uma
(A) hipérbole, por
meio da qual o narrador enfatiza a intensidade
de atenção recebida da imprensa portuguesa.
(B) gradação, por
meio da qual o narrador reforça a ideia de bajulação posta em prática pelos
jornais portugueses.
(C) ironia, por
meio da qual o narrador refuta o tratamento que lhe dispensavam os jornalistas
portugueses.
(D) redundância,
por meio da qual o narrador deixa entrever o modo como as pessoas lhe
especulavam a vida.
(E) antítese, por
meio da qual o narrador explica as contradições dos jornais portugueses ao
tomarem-no como assunto.
QUESTÃO 29 - Assinale
a alternativa que apresenta uma correta análise de passagem do texto.
(A) Em “que, desde
que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz-doce” (1.º parágrafo),
a locução conjuntiva em destaque estabelece relação de tempo entre as orações.
(B) Em “e ela mesma
me servia, com o seu vestido de seda dos domingos” (1.º parágrafo), o termo
em destaque pode ser substituído por “mesmo”, sem prejuízo de sentido ao texto.
(C) Em “olhando-a
enfastiado das janelas da galeria” (2.º parágrafo), o pronome em destaque
recupera o substantivo “Lisboa”.
(D) Em “era logo
ao outro dia uma carta em que a criatura ” (3.º parágrafo), a expressão
em destaque pode ser substituída, de acordo com a norma-padrão, por “cuja”.
(E) Em “derrama ali
a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão” (1.º parágrafo), o
advérbio em destaque recupera a expressão “versos eróticos de Catulo
QUESTÃO 30 - Leia
o soneto de Cruz e Sousa.
Silêncios
Largos Silêncios
interpretativos,
Adoçados por funda
nostalgia,
Balada de consolo
e simpatia
Que os sentimentos
meus torna cativos;
Harmonia de doces
lenitivos,
Sombra, segredo,
lágrima, harmonia
Da alma serena, da
alma fugidia
Nos seus vagos
espasmos sugestivos.
Ó Silêncios! ó
cândidos desmaios,
Vácuos fecundos de
celestes raios
De sonhos, no mais
límpido cortejo...
Eu vos sinto os
mistérios insondáveis
Como de estranhos
anjos inefáveis
O glorioso
esplendor de um grande beijo!
(Cruz e Sousa. Broquéis,
Faróis, Últimos Sonetos, 2008.)
A análise do
soneto revela como tema e recursos poéticos, respectivamente:
(A) a aura de
mistério e de transcendentalidade suaviza o sofrimento do eu lírico; rimas
alternadas e sinestesias se evidenciam nos versos de redondilha maior.
(B) o esforço de
superação do sofrimento coexiste com o esgotamento das forças do eu lírico;
assonâncias e metonímias reforçam os contrastes das rimas alternadas em versos
livres.
(C) a
religiosidade como forma de superação do sofrimento humano; metáforas e
antíteses reforçam o negativismo da desagregação existencial nos versos livres.
(D) a apresentação
da condição existencial do eu lírico, marcada pelo sofrimento, em uma abordagem
transcendente; assonâncias e aliterações reforçam a sonoridade nos versos
decassílabos.
(E) o apelo à
subjetividade e à espiritualidade denota a conciliação entre o eu lírico e o
mundo; metáforas e sinestesias reforçam o sentido de transcendentalidade nos
versos de doze sílabas.
GABARITO:
1 – E 2 – E 3 – D
4 – A 5 – B 6 – E 7 – C 8 – B 9 – D 10 – E 11 – C 12 – A 13 – D
14 – E 15 – C 16 –
C 17 – B 18 – C 19 – A 20 – E 21 – D 22 – E 23 – A 24 – D 25 – B
26 – D 27 – C 28 – B
29 – A 30 – D www.veredasdalingua.blogspot.com.br
Leia também:
UNIFESP 2017 – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA
UNIFESP 2016 – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA
UNIFESP 2014 – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA
UNIFESP 2008 - PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA
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