Prova de
língua portuguesa – Unifesp 2014
(A)
Todos os dragões o tem.
(B) Todos os dragões têm isso.
(B) Todos os dragões têm isso.
(C) Os
dragões todos lhe tem.
(D) Sempre se encontra dragões com isso.
(E) Sofre disso todos os dragões.
(D) Sempre se encontra dragões com isso.
(E) Sofre disso todos os dragões.
Leia o
texto para responder às questões de números 02 e 03.
Casimiro de Abreu pertence à geração dos poetas que morreram prematuramente,
na casa dos vinte anos, como Álvares de Azevedo e outros, acometidos do “mal”
byroniano. Sua poesia, reflexo autobiográfico dos transes, imaginários e
verídicos, que lhe agitaram a curta existência, centra-se em dois temas
fundamentais: a saudade e o lirismo amoroso. Graças a tal fundo de juvenilidade
e timidez, sua poesia saudosista guarda um não sei quê de infantil.
(Massaud
Moisés. A literatura brasileira através dos textos, 2004. Adaptado.)
QUESTÃO
02 - Os versos de Casimiro de Abreu que se aproximam da ideia de
saudade, tal como descrita por Massaud Moisés, encontram-se em:
(A) Se
eu soubesse que no mundo / Existia um coração, / Que só por mim palpitasse / De
amor em terna expansão; / Do peito calara as mágoas, / Bem feliz eu era então!
(B) Oh!
não me chames coração de gelo! / Bem vês: traí-me no fatal segredo. / Se de ti
fujo é que te adoro e muito, / És bela – eu moço; tens amor, eu – medo!...
(C) Naqueles
tempos ditosos / Ia colher as pitangas, / Trepava a tirar as mangas, / Brincava
à beira do mar; / Rezava às Ave-Marias, / Achava o céu sempre lindo, /
Adormecia sorrindo / E despertava a cantar!
(D) Minh’alma
é triste como a flor que morre / Pendida à beira do riacho ingrato; / Nem
beijos dá-lhe a viração que corre, / Nem doce canto o sabiá do mato!
(E) Tu,
ontem, / Na dança / Que cansa, / Voavas / Co’as faces / Em rosas / Formosas /
De vivo, / Lascivo / Carmim; / Na valsa / Tão falsa, / Corrias, / Fugias, /
Ardente, / Contente,
/
Tranquila, / Serena, / Sem pena / De mim!
QUESTÃO
03 - Os substantivos do texto derivados pelo mesmo processo de formação
de palavras são:
(A)
juvenilidade e timidez. (B) geração e
byroniano.
(C)
reflexo e imaginários. (D)
prematuramente e autobiográfico.
(E)
saudade e infantil.
Leia o
soneto de Cláudio Manuel da Costa para responder às questões de números 04 a
07.
Onde
estou? Este sítio desconheço:
Quem
fez tão diferente aquele prado?
Tudo
outra natureza tem tomado;
E em
contemplá-lo tímido esmoreço.
Uma
fonte aqui houve; eu não me esqueço
De
estar a ela um dia reclinado;
Ali em
vale um monte está mudado:
Quanto
pode dos anos o progresso!
Árvores
aqui vi tão florescentes,
Que
faziam perpétua a primavera:
Nem
troncos vejo agora decadentes.
Eu me
engano: a região esta não era;
Mas
que venho a estranhar, se estão presentes
Meus
males, com que tudo degenera!
(Obras,
1996.)
QUESTÃO
04 - São recursos expressivos e tema presentes no soneto,
respectivamente,
(A)
metáforas e a ideia da imutabilidade das pessoas e dos lugares.
(B)
sinestesias e a superação pelo eu lírico de seus maiores problemas.
(C)
paradoxos e a certeza de um presente melhor para o eu lírico que o passado.
(D)
hipérboles e a força interior que faz o eu lírico superar seus males.
(E)
antíteses e o abalo emocional vivido pelo eu lírico.
QUESTÃO
05 - No soneto, o eu lírico expressa-se de forma
(A)
eufórica, reconhecendo a necessidade de mudança.
(B)
contida, descortinando as impressões auspiciosas do cenário.
(C)
introspectiva, valendo-se da idealização da natureza.
(D)
racional, mostrando-se indiferente às mudanças.
(E)
reflexiva, explorando ambiguidades existenciais.
QUESTÃO
06 - No contexto em que estão empregados, os termos sítio (1.º
verso), tímido (4.º verso) e perpétua (10.º verso) significam, respectivamente,
(A)
acampamento, imaturo e permanente.
(B)
campo, fraco e imprescindível.
(C)
fazenda, obscuro e frequente.
(D)
lugar, receoso e eterna.
(E)
imediação, inseguro e duradoura.
QUESTÃO
07 - Nesse soneto, são comuns as inversões, como se vê no verso – Quanto
pode dos anos o progresso! – que, em ordem direta, assume a seguinte
redação:
(A)
Quanto dos anos o progresso pode!
(B) O
progresso quanto pode dos anos!
(C)
Pode quanto dos anos o progresso!
(D)
Quanto o progresso dos anos pode!
(E)
Pode quanto o progresso dos anos!
QUESTÃO
08 –
Para
que a fala do pescador seja coerente, as lacunas do primeiro balão devem ser
preenchidas, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, com:
(A)
bocão – homenzão – rapagão.
(B)
bocona – homão – rapazão.
(C)
bocarra – homenzão – rapazão.
(D)
bocarra – homenzarrão – rapagão.
(E)
bocão – homenzarrão – rapazão.
Leia o
texto para responder às questões de números 09 a 14.
O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na sala, ao
piano.
– Está ali o sujeito do costume – foi dizer Juliana.
Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:
– Ah! meu primo Basílio? Mande entrar.
E chamando-a:
– Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre. Era o
primo! O sujeito, as suas visitas perderam de repente para ela todo o interesse
picante. A sua malícia cheia, enfunada até aí, caiu, engelhou-se como uma vela
a que falta o vento. Ora, adeus! Era o primo!
Subiu à cozinha, devagar, — lograda.
– Temos grande novidade, Sr.a Joana! O tal peralta é primo. Diz que
é o primo Basílio.
E com um risinho:
– É o Basílio! Ora o Basílio! Sai-nos primo à última hora! O diabo
tem graça!
– Então que havia de o homem ser se não parente? – observou Joana.
Juliana não respondeu. Quis saber se estava o ferro pronto, que
tinha uma carga de roupa para passar! E sentou-se à janela, esperando. O céu
baixo e pardo pesava, carregado de eletricidade; às vezes uma aragem súbita e
fina punha nas folhagens dos quintais um arrepio trêmulo.
– É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se
vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais
roupa-branca, e roupão novo, e tipoia para o passeio, e suspiros e olheiras!
Boa bêbeda! Tudo fica na família!
Os
olhos luziam-lhe. Já se não sentia tão lograda. Havia ali muito “para ver e
para escutar”. E o ferro estava pronto? Mas a campainha, embaixo, tocou.
(Eça
de Queirós. O primo Basílio, 1993.)
QUESTÃO
09 - Quando é avisada de que Basílio estava em sua casa, Luísa escandaliza-se
com a forma de expressão de sua criada Juliana. A reação de Luísa decorre
(A) da
linguagem descuidada com que a criada se refere a seu primo Basílio, rapaz
cortês e de família aristocrática.
(B) da
intimidade que a criada revela ter com o Basílio, o que deixa a patroa
enciumada com o comentário.
(C) do
comentário malicioso que a criada faz à presença de Basílio, sugerindo à patroa
que deveria envolver-se com o rapaz.
(D) da
indiscrição da criada ao referir-se ao rapaz, o qual, apesar do vínculo
familiar, não era visita frequente na casa da patroa.
(E) da
ambiguidade que se pode entrever nas palavras da criada, referindo-se com
ironia às frequentes visitas de Basílio à patroa.
QUESTÃO
10 - Observe as passagens do texto:
– Ora,
adeus! Era o primo! (7.º parágrafo)
– E o
ferro estava pronto? (penúltimo parágrafo)
Nessas
passagens, é correto afirmar que se expressa o ponto de vista
(A) da
personagem Juliana, em discurso direto, independente da voz do narrador.
(B) da
personagem Juliana, sendo que sua voz mescla-se à voz do narrador.
(C) do
narrador, em terceira pessoa, distanciado, portanto, do ponto de vista de
Juliana.
(D) do
narrador, em primeira pessoa, próximo, portanto, do ponto de vista de Juliana.
(E) da
personagem Luísa, em discurso indireto, independente da voz do narrador.
Considere
o antepenúltimo parágrafo do texto para responder às questões de números 11 e
12.
– É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se
vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais roupa-branca,
e roupão novo, e tipoia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda! Tudo
fica na família!
QUESTÃO
11 - Nas reflexões de Juliana, está sugerido o que acaba por ser o tema
gerador desse romance de Eça de Queirós, a saber:
(A) o
amor impossível, em nome do qual Luísa abandona o marido.
(B) a
vingança, em que Luísa vitima seu amante Basílio.
(C) o
triângulo amoroso, em que Basílio ocupa o lugar de amante.
(D) o
casamento por interesse, mediante a compra do amor de Basílio.
(E) o
casamento por conveniência, no qual Luísa foi lograda.
QUESTÃO
12 - A leitura do parágrafo permite concluir que as reflexões de Juliana
são pautadas
(A)
pelo inconformismo com os encontros, que lhe representam mais afazeres.
(B)
pela falta de interesse que tem de se ocupar dos afazeres domésticos.
(C)
pelo ressentimento que experimenta, por não receber a atenção desejada.
(D)
pela insatisfação de contemplar o bem-estar da família.
(E)
pelo descaso que revela ter em relação a Luísa e aos seus familiares.
QUESTÃO
13 - O trecho do texto reescrito sem prejuízo para o sentido original e
para a correção gramatical encontra-se em:
(A) –
Ouça, caso vêm o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre. (6.º parágrafo)
(B) E
sentou-se na janela enquanto esperava. (13.º parágrafo)
(C) –
Ah! meu primo Basílio? Mande-lhe entrar. (4.º parágrafo)
(D)
[...] engelhou-se tal como uma vela para a qual faltasse o vento. (7.º
parágrafo)
(E) Os
olhos luziam para Juliana. (15.º parágrafo)
QUESTÃO
14 - A leitura do trecho de O primo Basílio, em seu conjunto,
permite concluir corretamente que essa obra
(A)
expõe a sociedade portuguesa da época para recuperar a tradição e os vínculos
sociais.
(B)
traz as relações humanas de forma idealista, ainda que recupere a ideologia
vigente.
(C)
retrata a sociedade portuguesa da época de forma romântica e idealizada.
(D)
faz explicitamente a defesa das instituições sociais, como a família.
(E)
faz um retrato crítico da sociedade portuguesa da época, exibindo os seus
costumes.
Leia o
texto para responder às questões de números 15 e 16.
NO LIMITE DO BRASIL
70% 16.886 km de terra - EXTENSÃO DAS FRONTEIRAS - 30% 7.367 km de mar
Pegamos os nossos 24.253 km de fronteiras e os esticamos em uma
linha reta. Assim, fica possível entender o que acontece em cada canto desse
Brasilzão: ______ invasões de terra, ______ de drogas e cenários de tirar o
fôlego.
(http://super.abril.com.br. Adaptado.)
QUESTÃO
15 - As lacunas do texto são preenchidas, correta e respectivamente, por:
(A)
ocorre – tráfego. (B) há – tráfico.
(C)
existe – tráfego. (D) se vê –
tráfego. (E) acontece – tráfico.
QUESTÃO
16 - De acordo com o texto, é correto afirmar que
(A)
problemas contrastam com belos cenários nas fronteiras do Brasil, cuja maior
parte está em terra.
(B)
problemas se sobrepõem a cenários de grande beleza nas fronteiras do Brasil,
cuja maior parte está em mar.
(C)
belos cenários estimulam grandes problemas nas fronteiras do Brasil, cuja maior
parte está em terra.
(D)
problemas e lugares exóticos se equilibram nas fronteiras do Brasil, as quais
também estão em equilíbrio em extensão.
(E)
belos cenários convivem com a gravidade dos problemas nas fronteiras do Brasil,
cuja maior parte está em mar.
Leia o
texto para responder às questões de números 17 a 22.
Poetas
e tipógrafos
Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de
Melo Neto foi a um médico por causa de sua crônica dor de cabeça. Ele lhe
receitou exercícios físicos, para “canalizar a tensão”. João Cabral seguiu o
conselho. Comprou uma prensa manual e passou a produzir à mão, domesticamente,
os próprios livros e os dos amigos. E, com tal “ginástica poética”, como a
chamava, tornou-se essa ave rara e fascinante: um editor artesanal.
Um livro recém-lançado, “Editores Artesanais Brasileiros”, de
Gisela Creni, conta a história de João Cabral e de outros sonhadores que, desde
os anos 50, enriqueceram a cultura brasileira a partir de seu quarto dos fundos
ou de um galpão no quintal.
O editor artesanal dispõe de uma minitipografia e faz tudo:
escolhe a tipologia, compõe o texto, diagrama-o, produz as ilustrações, tira
provas, revisa, compra o papel e imprime – em folhas soltas, não costuradas –
100 ou 200 lindos exemplares de um livrinho que, se não fosse por ele, nunca seria
publicado. Daí, distribui-os aos subscritores (amigos que se comprometeram a
comprar um exemplar). O resto, dá ao autor. Os livreiros não querem nem saber. Foi
assim que nasceram, em pequenos livros, poemas de – acredite ou não – João
Cabral, Manuel Bandeira, Drummond, Cecília Meireles, Joaquim Cardozo, Vinicius
de Moraes, Lêdo Ivo, Paulo Mendes Campos, Jorge de Lima e até o conto “Com o
Vaqueiro Mariano” (1952), de GuimarãesRosa. E de Donne, Baudelaire,
Lautréamont, Rimbaud, Mallarmé, Keats, Rilke, Eliot, Lorca, Cummings e outros,
traduzidos por amor.
João Cabral não se curou da dor de cabeça, mas valeu.
(Ruy
Castro. Folha de S.Paulo, 17.08.2013. Adaptado.)
QUESTÃO
17 - As informações do texto permitem afirmar que
(A) a
edição artesanal, como a praticada por João Cabral de Melo Neto, permitiu que a
cultura nacional fosse enriquecida com obras de expressivos escritores.
(B) as
edições artesanais, como as de João Cabral de Melo Neto, raramente se destinam
à produção de obras literárias para pessoas dos círculos íntimos de convivência
dos autores.
(C) a
edição artesanal é uma realidade específica do Brasil, retratando a dificuldade
que autores como Vinícius de Moraes e Guimarães Rosa tiveram para publicar suas
obras.
(D) a
venda de uma edição artesanal se dá com um grande volume de livros, razão pela
qual desperta grande interesse comercial e cultural dos editores no Brasil.
(E) os
livreiros normalmente têm pouco interesse por livros artesanais, como os de
Manuel Bandeira e Cecília Meireles, por considerarem-nos uma forma menor de
expressão artística.
QUESTÃO
18 - Com a frase – tornou-se essa ave rara e fascinante – (1.º
parágrafo), o autor vale-se de uma
(A)
hipérbole para sugerir que João Cabral melhorou após a prensa.
(B)
redundância para afirmar que João Cabral poderia dispensar a prensa.
(C)
ironia para questionar João Cabral como editor artesanal.
(D)
metáfora para externar uma avaliação positiva de João Cabral.
(E)
metonímia para atribuir uma ideia de genialidade a João Cabral.
QUESTÃO
19 - Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de
Melo Neto foi a um médico por causa de sua crônica dor de cabeça.
O
trecho pode ser reescrito, sem prejuízo de sentido ao texto, por:
(A)
Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, tão logo sentiu sua crônica dor de
cabeça, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico.
(B)
Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, como sentia dor de cabeça crônica,
o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico.
(C)
Embora fosse vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de
Melo Neto foi a um médico sentindo crônica dor de cabeça.
(D)
Por ser vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo
Neto foi a um médico com crônica dor de cabeça.
(E)
Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto
foi a um médico, mas era vítima de uma crônica dor de cabeça.
QUESTÃO
20 - Na oração – como a chamava – (1.º parágrafo), o pronome retoma:
(A) ave
rara e fascinante. (B) tensão.
(C) ginástica
poética. (D) crônica
dor de cabeça. (E) prensa
manual.
QUESTÃO
21 - Na passagem – O editor artesanal dispõe de uma minitipografia e
faz tudo: escolhe a tipologia, compõe o texto, diagrama-o, produz as
ilustrações –, se a expressão editor artesanal for para o
plural, a sequência em destaque assume a seguinte redação, de acordo com a
norma-padrão da língua portuguesa:
(A)
compõe o texto, diagrama-no, produz as ilustrações.
(B)
compõem o texto, diagrama-lo, produz as ilustrações.
(C)
compõem o texto, diagramam-no, produzem as ilustrações.
(D)
compõe o texto, diagramam-o, produzem as ilustrações.
(E)
compõem o texto, diagramam ele, produz as ilustrações.
QUESTÃO
22 - Assinale a alternativa em que se analisa corretamente o fato linguístico
do texto.
(A) No
trecho – O resto, dá ao autor. – (3.º parágrafo), a vírgula está
indevidamente empregada, pois não se separam termos imediatos, no caso, sujeito
e verbo da oração.
(B) No
trecho – João Cabral não se curou da dor de cabeça, mas valeu. – (5.º
parágrafo), o verbo valer está flexionado, concordando com a expressão João
Cabral.
(C) No
trecho – enriqueceram a cultura brasileira a partir de seu quarto –
(2.º parágrafo), o pronome em destaque refere-se ao poeta João Cabral de Melo
Neto.
(D) No
trecho – Comprou uma prensa manual e passou a produzir à mão –
(1.º parágrafo), a expressão em destaque indica circunstância de conformidade.
(E) No
trecho – 100 ou 200 lindos exemplares de um livrinho – (3.º
parágrafo), o diminutivo do substantivo em destaque carrega-o de conotação
afetiva.
Leia o
poema para responder às questões de números 23 a 26.
O nada
que é
Um
canavial tem a extensão
ante a
qual todo metro é vão.
Tem o
escancarado do mar
que
existe para desafiar
que
números e seus afins
possam
prendê-lo nos seus sins.
Ante
um canavial a medida
métrica
é de todo esquecida,
porque
embora todo povoado
povoa-o
o pleno anonimato
que dá
esse efeito singular:
de um
nada prenhe como o mar.
(João
Cabral de Melo Neto. Museu de tudo e depois, 1988.)
QUESTÃO
23 - Ao comparar o canavial ao mar, a imagem construída pelo eu lírico formaliza-se
em
(A)
uma assimetria entre a ideia de nada e a de anonimato.
(B)
uma descontinuidade entre a ideia de mar e a de canavial.
(C)
uma contradição entre a ideia de extensão e a de canavial.
(D) um
paradoxo entre a ideia de nada e a de imensidão.
(E) um
eufemismo entre a ideia de metro e a de medida.
QUESTÃO
24 - Nos versos iniciais do poema – Um canavial tem a extensão / ante
a qual todo metro é vão. –, metro é concebido como
(A)
forma ineficaz de se medir a extensão de um canavial.
(B)
forma de se medir corretamente um canavial.
(C)
meio de se dizer mais de um canavial do que só sua extensão.
(D)
tradução subjetiva da extensão de um canavial.
(E)
meio de se medir a extensão de um canavial com precisão.
QUESTÃO
25 - O poema está organizado em versos de
(A)
dez sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia descaracterizada pela
falta de emoção.
(B)
oito sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia de expressão emocional
contida.
(C)
doze sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia que prima pela razão,
mas sem abrir mão da emoção.
(D)
cinco sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia de expressão
sentimental exagerada.
(E)
sete sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia de equilíbrio entre
razão e sentimentalismo.
QUESTÃO
26 - No título do poema – O nada que é –, ocorre a
substantivação do pronome nada. Esse processo de formação de palavras também
se verifica em:
(A) A
arquitetura do poema em João Cabral define-lhe o processo de criação.
(B) A
poética de João Cabral assume traços do Barroco gongórico.
(C)
Poema algum de João Cabral escapa de seu processo rigoroso de
composição.
(D) Em
Morte e Vida Severina, João Cabral expressa o homem como coisa.
(E) A
poesia de João Cabral tem um quê de despoetização.
QUESTÃO
27 - Leia os textos enviados a uma revista por dois de seus leitores.
Leitor
1: O alto número de óbitos entre as mulheres fez com que os cuidados com a
saúde feminina se tornassem mais necessários. Hoje sabemos que estamos expostas
a muitos fatores; por isso, conhecer os sintomas do infarto é fundamental.
Leitor
2: Os médicos devem se aprofundar nos estudos relacionados à saúde da
mulher. A paciente, por sua vez, não pode deixar de se prevenir. Nesse
processo, a informação, os recursos adequados e profissionais capacitados são
determinantes para diminuir os infartos.
(Cartas.
IstoÉ, 04.09.2013. Adaptado.)
A
comparação dos textos enviados pelos leitores permite afirmar corretamente que
(A)
dois leitores escrevem à revista para informar a falta de conhecimentos sobre o
infarto feminino.
(B)
duas mulheres escrevem à revista para falar da prevenção dos infartos, mais
incidentes no sexo feminino.
(C)
duas pessoas escrevem à revista para ressaltar a importância dos cuidados com a
saúde da mulher.
(D)
duas pessoas escrevem à revista para expressar sua indignação com a falta de
recursos destinados à saúde da mulher.
(E)
dois profissionais da saúde escrevem à revista para reforçar a necessidade da
medicina preventiva.
Leia o
texto para responder às questões de números 28 a 30.
A
sensível
Foi então que ela atravessou uma crise que nada parecia ter a ver
com sua vida: uma crise de profunda piedade. A cabeça tão limitada, tão bem
penteada, mal podia suportar perdoar tanto. Não podia olhar o rosto de um tenor
enquanto este cantava alegre – virava para o lado o rosto magoado, insuportável,
por piedade, não suportando a glória do cantor. Na rua de repente comprimia o
peito com as mãos enluvadas – assaltada de perdão. Sofria sem recompensa, sem mesmo
a simpatia por si própria.
Essa mesma senhora, que sofreu de sensibilidade como de doença,
escolheu um domingo em que o marido viajava para procurar a bordadeira. Era
mais um passeio que uma necessidade. Isso ela sempre soubera: passear. Como se
ainda fosse a menina que passeia na calçada. Sobretudo passeava muito quando
“sentia” que o marido a enganava. Assim foi procurar a bordadeira, no domingo
de manhã. Desceu uma rua cheia de lama, de galinhas e de crianças nuas – aonde
fora se meter! A bordadeira, na casa cheia de filhos com cara de fome, o marido
tuberculoso – a bordadeira recusou-se a bordar a toalha porque não gostava de
fazer ponto de cruz! Saiu afrontada e perplexa. “Sentia-se” tão suja pelo calor
da manhã, e um de seus prazeres era pensar que sempre, desde pequena, fora
muito limpa. Em casa almoçou sozinha, deitou-se no quarto meio escurecido,
cheia de sentimentos maduros e sem amargura. Oh pelo menos uma vez não “sentia”
nada. Senão talvez a perplexidade diante da liberdade da bordadeira pobre.
Senão talvez um sentimento de espera. A liberdade.
(Clarice
Lispector. Os melhores contos de Clarice Lispector, 1996.)
QUESTÃO
28 - A narrativa delineia entre as personagens da senhora e da bordadeira
uma relação de
(A)
cumplicidade, entendida como ajuda entre duas mulheres cujas vidas mostram-se
tão distintas.
(B)
animosidade, marcada pela recusa afrontosa da segunda em atender ao pedido
emergencial da primeira.
(C)
oposição, determinada pela superioridade social e econômica da primeira e a
liberdade da segunda.
(D)
sujeição, fortalecida naturalmente pelas condições econômicas da primeira,
superiores às da segunda.
(E)
incompreensão, decorrente do desejo da primeira de que a segunda trabalhasse
num dia de domingo.
QUESTÃO
29 - O emprego do adjetivo “sensível” como substantivo, no título do
texto, revela a intenção de
(A)
ironizar a ideia de sentimento, então destituído de subjetividades e
ambiguidades na expressão da senhora.
(B)
priorizar os aspectos relacionados aos sentimentos, como conteúdo temático do
conto e expressão do que vive a senhora.
(C)
explorar a ideia de liberdade em uma narrativa em que o efeito de objetividade
limita a expressão dos sentimentos da senhora.
(D)
traduzir a expressão comedida da senhora ante a vida e os sentimentos mais
intensos, como na relação com a bordadeira.
(E)
dar relevância aos aspectos subjetivos das relações humanas, pondo em sintonia
os pontos de vista da senhora e da bordadeira.
QUESTÃO
30 - A alternativa em que o enunciado está de acordo com a norma-padrão
da língua portuguesa e coerente com o sentido do texto é:
(A) A
senhora, pensando na recusa da bordadeira, não sabia se a perdoaria, mas achava
melhor esquecer daquilo.
(B) Ao
descer pela rua cheia de lama, a senhora se perguntava aonde é que estava,
confusa no lugar que caminhava.
(C)
Era comum de que a senhora, distraída com sua sensibilidade, fosse roubada, o
que lhe fazia levar as mãos ao peito em sinal de inquietação.
(D) A
senhora, quando se dispôs a ir à bordadeira, esperava que esta não lhe
recusasse o trabalho solicitado.
(E)
A senhora gostava muito de passear, embora tivesse ainda a impressão que era
menina passeando pela calçada.
GABARITO:
1
- B 2 - C 3 - A 4 - E 5 - E 6 - D 7 - D 8 - D 9 - E 10 - B 11 - C 12 - A 13 - D
14 - E
15
- B 16 - A 17 - A 18 - D 19 - B 20 - E 21 - C 22 - E 23 - D 24 - A 25 - B 26 -
E
27 - C 28 - C 29 - B
30 - Dwww.veredasdalingua.blogspot.com.br
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