ACADEMIA
BARRO BRANCO – 2010 – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA
Instrução: Leia o texto de Carlos Drummond de Andrade para responder às
questões de números 41
e 42.
Que frio! Que vento!
Que calor! Que caro! Que absurdo!
Que bacana! Que
tristeza! Que tarde! Que amor! Que besteira!
Que esperança! Que
modos! Que noite! Que graça! Que horror!
Que doçura! Que
novidade! Que susto! Que pão! Que vexame!
Que mentira! Que
confusão! Que vida! Que talento! Que alívio!
Que nada...
Assim, em plena
floresta de exclamações, vai-se tocando
pra frente.
41. O texto, segundo o autor, revela que a vida é
(A) estimulante, pois o ser humano mais a desfruta do que sofre
com ela.
(B) enfadonha, já que as experiências do ser humano trazem pouca
emoção ao cotidiano.
(C) complexa, já que o ser humano está exposto a
experiências múltiplas.
(D) complicada, porque o ser humano não aproveita o que ela
lhe oferece.
(E) perturbadora, pois o ser humano tem dificuldade para vivenciar
as distintas situações.
42. Analise as afirmações.
I. No primeiro parágrafo, as frases são constituídas sem a presença
de verbos em sua estrutura, o que permite inferir que não se pretende enfatizar
ações e sim se reportar aos elementos do cotidiano do poeta, materializados nos
substantivos dessas frases.
II. O primeiro parágrafo caracteriza-se por frases que não
se articulam sintaticamente entre si por meio de conjunções e sim pela
justaposição.
III. Na passagem Que vida!,
evidencia-se uma ambiguidade, pois se pode pensar tanto em uma referência a
bons aspectos da existência como a aspectos negativos.
Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas. (B) III, apenas. (C) I e II, apenas. (D) II e
III, apenas. (E) I, II e III.
Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 43 e 44.
Se você pudesse ver
seu coração, não cuidaria melhor dele?
Marília
Gabriela conversa com Gabriel, o mais novo adepto da corrente do coração.
“Começou comigo, passou para o meu filho Christiano, depois para a Julia,
arquiteta do Christiano, e hoje eu estou aqui com o Gabriel, irmão de Julia.”
Gabriel também incluiu Becel no seu café da manhã. E não parou por aí.
Agora, quando vai
decidir o que comer, escuta seu coração. Foram escolhas simples, mas quando se
trata da saúde do coração, pequenas mudanças podem fazer toda a diferença.
“Minha Margarina? É
claro que é Becel!” (Época,
10.07.2010.)
43. Observando as informações apresentadas, o meio de
comunicação em que foram veiculadas e a intencionalidade do autor, conclui-se
que o texto é
(A) uma propaganda, na qual se mostram os perigos
relacionados ao consumo de margarina.
(B) uma reportagem, na qual se analisam os benefícios de se consumir
margarina.
(C) uma notícia, na qual se aborda a importância do consumo de
margarina no café da manhã.
(D) um anúncio, no qual se intenciona convencer o leitor a usar
a margarina.
(E) uma entrevista, na qual se elucida a importância da
margarina para o coração.
44. No contexto, a fala entre aspas do primeiro parágrafo deve ser
atribuída
(A) a Christiano. (B) a Marília Gabriela. (C) a Julia. (D) a
Gabriel. (E) ao redator.
45. Leia os quadrinhos.
(Folha
de S.Paulo, 23.07.2010. Adaptado.)
A personagem utiliza a locução verbal Tenho tido para se referir à dor que sente, o que sinaliza que esta é
(A) frequente nos últimos tempos.
(B) continuidade de tempos passados.
(C) suposição e não realidade.
(D) impossível de acontecer no futuro.
(E) pontual em relação ao momento da enunciação.
Instrução: As questões de números 46 e
47 baseiam-se no texto.
Cinema
– Quincas Berro D´Água, de Sérgio Machado
(Brasil, 2010). Lançada em 1959, a novela A
Morte e a Morte de Quincas Berro d´Água está entre os grandes textos do escritor
baiano Jorge Amado (1912-2001). Dela, o diretor de Cidade Baixa preservou o humor mórbido e o deboche.
Escolheu a dedo quatro atores não muito famosos para os papéis principais. Na
trama, Quincas (o experiente Paulo José) morre no dia de seu 72º aniversário.
Beberrão e mulherengo, esse ex-funcionário público era símbolo da boemia na
capital baiana dos anos 50. Quatro inconformados amigos dele (interpretados por
Irandhir Santos, Luís Miranda, Flávio Bauraqui e Frank Menezes) roubam o
cadáver no velório para uma noitada de despedida pelas ladeiras do Pelourinho.
Com Mariana Ximenes e Vladimir Brichta (104 min). 14 anos. Estreou em 21/5/2010. (Veja
São Paulo, 14.07.2010.)
46. Existe continuidade de sentido quando se relacionam as
seguintes informações textuais:
(A) Jorge Amado + Cidade Baixa.
(B) Humor mórbido + roubam o cadáver no velório para uma noitada
de despedida.
(C) Quatro atores não muito famosos + Paulo José.
(D) Vladimir Brichta + morre no dia de seu 72º aniversário.
(E) Escritor baiano + beberrão e mulherengo.
47. Analise as afirmações, que se baseiam nas informações
textuais e nos contextos a que se reportam.
I. O texto é uma resenha do filme de Sérgio Machado, baseado
em uma obra do escritor baiano Jorge Amado, expressão do regionalismo
modernista da literatura brasileira.
II. O filme faz uma releitura da obra de Jorge Amado, em um
viés realista e sério.
III. No filme de Sérgio Machado, cuja ambientação são as ladeiras
do Pelourinho, em Salvador, o protagonista da trama – a exemplo de seus amigos
– é interpretado por um ator novato e desconhecido do grande público.
Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas. (B) III, apenas. (C) I e II, apenas. (D) II e
III, apenas. (E) I, II e III.
Instrução: Leia os textos para responder às questões de números 48 a 50.
Texto I - A seleção
montada pelo técnico Dunga deixa um aprendizado: jamais coloque no comando de
uma equipe alguém que não seja experiente o suficiente para os desafios que o
esperam, que não tenha capacidade de buscar os melhores profissionais para cada
área e que não consiga transmitir motivação e humildade ao grupo. Cobram-nos
como “torcedores”, alegando que sempre queremos vencer. Não queremos vencer
sempre, mas sim jogar com dignidade, arrojo e vibração.
Texto II - Sou mais um torcedor brasileiro que ainda sofre com a
eliminação precoce do Brasil na Copa do Mundo diante da seleção da Holanda.
Apesar disso, afirmo que o técnico Dunga está de parabéns: pela coerência,
disciplina, franqueza, união da equipe e por sua coragem. São procedentes as
críticas ao seu humor e aos atritos desnecessários com a imprensa; mas nada
disso foi
determinante para a
derrota. Seus títulos e números expressivos nestes quatro anos falam por si (Veja, 10.07.2010.)
48. Comparando os pontos de vista expressos nos dois textos, é correto
afirmar que seus autores têm
(A) opiniões distintas sobre a atuação de Dunga frente ao comando
da seleção brasileira, sendo o técnico exaltado apenas no Texto I.
(B) a mesma opinião sobre a atuação de Dunga frente ao comando
da seleção brasileira: o técnico deveria ter sido mais motivador.
(C) opiniões distintas sobre Dunga frente ao comando da seleção
brasileira, sendo a atuação do técnico defendida no Texto II.
(D) a mesma opinião sobre a atuação de Dunga frente ao comando
da seleção brasileira, achando o técnico experiente, porém mal-humorado e
orgulhoso.
(E) opiniões distintas sobre a atuação de Dunga frente ao comando
da seleção brasileira, ainda que ambos reconheçam o caráter humilde do técnico.
49. Mantendo-se fiel à norma-padrão e ao sentido do Texto I, o
período – Cobram-nos
como “torcedores”, alegando que sempre queremos vencer. – pode ser parafraseado da seguinte forma:
(A) Cobram nós como “torcedores”, porque alegam que sempre
queremos vencer.
(B) Nos cobram como “torcedores”, mas alegam que sempre queremos
vencer.
(C) A gente é cobrados como “torcedores”, pois alegam que sempre
queremos vencer.
(D) Somos cobrados como “torcedores”, e alegam que sempre queremos
vencer.
(E) Cobram à nós como “torcedores”, embora aleguem que sempre
queremos vencer.
50. No Texto II, quanto ao sentido que expressa, o emprego de Apesar disso indica
(A) retomada de informações textuais.
(B) síntese das informações precedentes.
(C) conclusão das informações textuais.
(D) retificação das informações precedentes.
(E) oposição entre as informações textuais.
51. Considere as informações.
(A) a Olimpíada da China, em 2008, foi o evento esportivo mais
poluidor dentre os apresentados.
(B) o transporte por ônibus na Copa da África é de impacto semelhante
ao que se verifica com as construções.
(C) os países que organizam as copas do mundo têm condições precárias
de infraestrutura, o que gera poluição.
(D) a construção de estádios e o uso da energia elétrica são
os grandes vilões da poluição na Copa da África do Sul.
(E) há um decréscimo significativo na poluição nos eventos esportivos,
a cada dois anos.
52. Considere a informação.
A prática de
atividades físicas ajuda a raciocinar, a planejar, a exercitar a memória, a
compreender situações, linguagens e estratégias e a resolver problemas. (Superinteressante, julho de 2010. Adaptado.)
Em um texto que fala dos benefícios dos exercícios e da Educação
Física, as atividades físicas descritas relacionam-se à seguinte competência:
(A) Trabalha o espírito de competitividade.
(B) Ensina a respeitar o corpo.
(C) Aumenta a autoestima.
(D) Desenvolve habilidades cognitivas.
(E) Ensina a trabalhar em grupo.
Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 53 a 55.
Cada
um é suas ações, e não é outra coisa. Oh que grande doutrina esta para o lugar
em que estamos! Quando vos perguntarem quem sois, não vades revolver o
nobiliário* de vossos avós, ide ver a matrícula** de vossas ações. O que
fazeis, isso sois, nada mais. Quando ao Batista lhe perguntaram quem era não disse
que se chamava João, nem que era filho de Zacarias; não se definiu pelos pais,
nem pelo apelido. Só de suas ações formou a sua definição: Ego vox clamantis (Eu sou a voz que clama).
(Padre Antônio Vieira. Sermão da Terceira Dominga do Advento, 1655.)
* Nobiliário:
livro ou registro das famílias
nobres.
** Matrícula: rol.
53. O texto de Vieira exemplifica a prosa
(A) renascentista, notadamente marcada pela ligação com a
religiosidade, como o comprova a referência a João
Batista.
(B) barroca, na sua vertente conceptista, marcada pelo jogo de
ideias na construção da argumentação, ilustrada pela passagem bíblica.
(C) neoclássica, marcada pelo uso de linguagem simples, em enunciados
claros, enaltecendo-se os aspectos ligados à religião.
(D) romântica, marcada pelo nacionalismo e a idealização do
ser humano, tendo a religião como fundamento das relações humanas.
(E) realista, marcada por uma visão objetiva e racional, definindo-se
a necessidade de os homens explicarem a religião por meio da ciência.
54. De acordo com o texto, o valor de uma pessoa
(A) pauta-se por aquilo que ela fala de si mesma.
(B) depende de sua linhagem familiar.
(C) é determinado por suas posses materiais.
(D) tem relação imediata com família e dinheiro.
(E) está intrinsecamente ligado à sua conduta.
55. Em 3.ª pessoa do singular, a frase – Quando vos perguntarem
quem sois, não vades revolver o nobiliário de vossos avós, ide ver a matrícula
de vossas ações. – assume a seguinte redação:
(A) Quando o perguntarem quem és, não vás revolver o
nobiliário de teus avós, vás ver a matrícula de tuas ações.
(B) Quando te perguntarem quem você é, não vai revolver o nobiliário
de seus avós, vai ver a matrícula de suas ações.
(C) Quando lhe perguntarem quem você é, não vá revolver o nobiliário
de seus avós, vá ver a matrícula de suas ações.
(D) Quando lhe perguntarem quem você é, não vai revolver o nobiliário
de seus avós, vai ver a matrícula de suas ações.
(E) Quando perguntarem a você quem és, não vá revolver o nobiliário
de seus avós, vai ver a matrícula de suas ações.
56. Leia a charge.
(A) da confusão gerada pela expressão cheque especial, que despertou a cobiça do assaltante.
(B) da dissimulação do senhor, temendo ser assaltado, já que
o outro o interpelou armado.
(C) da aceitação tácita do assalto pelo senhor, que preferiu
entregar o que tinha a pagar o cheque especial.
(D) do mal-entendido entre as falas dos personagens, que compreendem
de forma diferente o termo Isso.
(E) da concordância de ideias, já que o assaltante também acreditou
que a alta do cheque especial era um assalto.
Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 57 a 60.
Entre
julho e outubro de 1932, a Região Sudeste foi palco do maior conflito armado da
história republicana brasileira. De maneira geral, os livros didáticos reservam
poucas linhas àquele episódio, mas, em 1997, o governo do estado de São Paulo
decidiu dedicar-lhe um feriado: o “Dia da Revolução Constitucionalista”. Mas
teria sido mesmo o anseio por uma Constituição o fator que levou tantos homens
a darem suas vidas nas trincheiras paulistas? E a vitória de São Paulo, que
consequência traria?
Mário
de Andrade, testemunha ocular da guerra, retratou nas páginas do Diário Nacional a pouca familiaridade de muitos voluntários
com a causa constitucionalista: “Na Rua das Palmeiras, três homens pobremente
vestidos seguem num passo decidido. Dois carregam fardas e botinões de soldado.
Um deles é rapaz ainda. De repente, interrompe a parolagem, perguntando: ‘Mas o
que é, direito, a Constituição?’ Se percebe uma certa atrapalhação nos outros
dois, o passo decidido em que vêm meio que tonteia”.
(...)
Na
epopeia épica Marco Zero, um dos personagens
de Oswald de Andrade exclama reveladoramente: “Adonde é a Casa do Sordado? Eu
me alistei por causo da boia”. A cultura política do brasileiro médio não era suficientemente
desenvolvida a ponto de mobilizar tanta gente em torno da luta pela ordem
constitucional.
(CartaCapital, 14.07.2010.)
57. No primeiro parágrafo do texto, sugere-se que
(A) almejar uma Constituição pode não ter sido o objetivo de
muitos homens que participaram da Revolução Constitucionalista.
(B) definir um dia como feriado devido à Revolução
Constitucionalista advém da sua importância enfatizada nos livros.
(C) haver pouco espaço para a discussão da Revolução
Constitucionalista nos livros não tira os méritos daqueles que nela lutaram.
(D) defender a ordem constitucional implicou uma revolução para
a qual São Paulo tinha plena condição de combate e vitória.
(E) mandar rapazes à guerra era algo que dava força ao
movimento, pois eles tinham plena consciência da ordem constitucional.
58. Analise as afirmações.
I. Em sua ficção, Mário de Andrade criou personagens pouco ligados
à causa constitucionalista, o que decorre de suas existências pobres, tanto
financeira como moralmente;
II. Oswald de Andrade traduz em seu personagem ficcional,
cujo registro é nitidamente da norma popular, o interesse subjetivo e imediato
sobrepondo-se à causa constitucionalista;
III. São Paulo venceu todos os combates na Revolução
Constitucionalista.
Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas. (B) II, apenas. (C) I e III, apenas. (D) II e
III, apenas. (E) I, II e III.
59. Em – De repente, interrompe a parolagem, perguntando... – o termo parolagem significa
(A) confusão. (B) marcha. (C) contenda. (D) balbúrdia. (E)
conversa.
60. Assinale a alternativa em que a reescrita do trecho indicado
se mantém fiel ao sentido original.
(A) Mas teria sido mesmo o anseio por uma Constituição... = Mas
teria sido o
mesmo anseio por uma Constituição...
(B) Dois carregam fardas e botinões de soldado. = Dois carregam
fardas e botinões do
soldado.
(C) Um deles é rapaz ainda. = Um desses dois é rapaz ainda.
(D) Se percebe uma certa atrapalhação nos outros dois... = Se
percebe uma
atrapalhação certa nos outros dois...
(E) “... o passo decidido em que vêm meio que tonteia”. = “...
o passo em que vêm meio que tonteia decidido”.
61. A Marquesa de Alegros
ficara viúva aos quarenta e três anos, e passava a maior parte do ano retirada
em sua quinta de Carcavelos. (...)
As
suas duas filhas, educadas no receio do Céu e nas preocupações da Moda, eram
beatas e faziam o chic falando com igual
fervor da humildade cristã e do último figurino de Bruxelas. Um jornalista de
então dissera delas: – Pensam todos os dias na toilette com que hão de entrar no Paraíso.
(Eça de Queirós. O crime do padre Amaro.)
O comentário do jornalista deve ser entendido por um viés
(A) irônico, devido às ambiguidades flagradas na educação e
nas preocupações das filhas da Marquesa.
(B) satírico, devido à preocupação doentia que as filhas da
Marquesa tinham em harmonizar a beatice com as questões estéticas.
(C) pejorativo, devido às preocupações excessivas que a Marquesa
e suas filhas dispensavam à religião e à moda.
(D) cômico, devido ao apego excessivo à religião, o que
evidentemente afastava a Marquesa e suas filhas da moda.
(E) psicológico, devido à oscilação entre o desejo das
filhas da Marquesa de serem beatas, sem que se tornassem chiques.
62. Observe a imagem exposta no aeroporto de Brasília, em maio de
2010.
(A) Parabéns Brasília, pelos seus 50 anos.
(B) Parabéns, Brasília pelos seus 50 anos.
(C) Parabéns Brasília! pelos seus 50 anos.
(D) Parabéns! Brasília! pelos seus 50 anos.
(E) Parabéns, Brasília, pelos seus 50 anos.
Instrução: As questões de números 63 e
64 baseiam-se nos textos a seguir.
Texto I, de Luís Vaz de Camões
Os bons vi sempre
passar
No mundo graves
tormentos;
E para mais me
espantar,
Os maus vi sempre
nadar
Em mar de
contentamentos.
Cuidando alcançar
assim
O bem tão mal
ordenado,
Fui mau, mas fui
castigado.
Assim que, só para
mim,
Anda o mundo
concertado.
Texto II , de Leonardo Mota
O mundo está de tal
forma
Que ninguém pode
entender:
Uns devem, porém não
pagam,
Outros pagam sem dever.
63. A ideia comum aos dois textos é que
(A) os tormentos rondam o mundo.
(B) a justiça tarda, mas não falha.
(C) os maus são castigados.
(D) o mundo está desconcertado.
(E) o mundo é injusto com poucos.
64. Considerando as relações entre as palavras nas frases, os
dois últimos versos do Texto I, sem prejuízo à correção gramatical e ao
sentido, podem ser reescritos da seguinte forma:
(A) Assim que só o mundo anda concertado para mim.
(B) Assim que o mundo anda concertado só para mim.
(C) Assim que o mundo, anda só concertado para mim.
(D) Assim que o mundo só anda, concertado para mim.
(E) Assim que, o mundo anda concertado, para mim só.
65. Leia o trecho do texto publicado na Folha de S.Paulo, em 22.07.2010.
Semanas
atrás, a Folha noticiou a proposta de
criar-se uma agência especial para pesquisar os supostos efeitos medicinais da
maconha, patrocinada pela Secretaria Nacional Antidrogas do governo federal.
Esse
debate nos dias atuais, tal qual ocorreu com o tabaco na década de 60, ilude
sobretudo os adolescentes e aqueles que não seguem as evidências científicas
sobre danos causados pela maconha no indivíduo e na sociedade. Na revisão
científica feita por Robim Room e colaboradores (“Cannabis Policy”, Oxford
University, 2010), fica claro que a maconha produz dependência, bronquite
crônica, insuficiência respiratória, aumento do risco de doenças
cardiovasculares, câncer no sistema respiratório, diminuição da memória,
ansiedade e depressão, episódios psicóticos e, por fim, um comprometimento do
rendimento acadêmico ou profissional.
Apesar
disso, o senso comum é o de que a maconha é “droga leve, natural, que não faz
mal”.
(Ronaldo Ramos Laranjeira e Ana Cecilia Petta Roselli
Marques.)
Os autores do texto
(A) fizeram a revisão científica do uso medicinal da
maconha.
(B) acreditam que a maconha seja uma droga leve e natural.
(C) põem em dúvida o uso da maconha na medicina.
(D) creem que os jovens sabem usar maconha com consciência.
(E) mostram que o senso comum corrobora os estudos de Robim
Room.
Instrução: O texto a seguir é base para as questões de números 66 a 68.
Não
é possível idear nada mais puro e harmonioso do que o perfil dessa estátua de
moça.
Era
alta e esbelta. Tinha um desses talhes flexíveis e lançados, que são hastes de
lírio para o rosto gentil; porém na mesma delicadeza do porte esculpiam-se os
contornos mais graciosos com firme nitidez das linhas e uma deliciosa suavidade
nos relevos.
Não
era alva, também não era morena. Tinha sua tez a cor das pétalas da magnólia,
quando vão desfalecendo ao beijo do sol. Mimosa cor de mulher, se a aveluda a
pubescência* juvenil, e a luz coa pelo fino tecido, e um sangue puro a
escumilha** de róseo matiz. A dela era assim.
Uma
altivez de rainha cingia-lhe a fronte, como diadema cintilando na cabeça de um
anjo. Havia em toda a sua pessoa um quer que fosse de sublime e excelso que a
abstraía da terra. Contemplando-a naquele instante de enlevo, dir-se-ia que ela
se preparava para sua celeste ascensão.
(José de Alencar, Diva.)
* Pubescência:
puberdade.
** Escumilha:
borda sobre escumilha (tecido).
66. Sobre o texto, afirma-se que
I. apresenta a mulher, objeto de adoração, idealizada e descrita
de forma inacessível, como sugerem os termos: puro, altivez, rainha, anjo, sublime,
excelso, ascensão;
II. critica os costumes da sociedade da época, a exemplo da maioria
dos romances românticos do século XIX;
III. se vale de uma linguagem simples e popular, o que era comum
aos escritores do momento literário a que Alencar pertenceu.
Está correto o contido em
(A) I, apenas. (B) III, apenas. (C) I e II, apenas. (D) II e
III, apenas. (E) I, II e III.
67. Sobre a perspectiva de descrição da personagem, é correto afirmar
que o narrador tem um enfoque
(A) imparcial, o que pode ser constatado pela linguagem precisa,
racional e isenta de juízos de valor.
(B) objetivo e imparcial, ainda que, em algumas passagens, enalteça
traços da personalidade da moça.
(C) duplo, já que alude a aspectos comportamentais e
psicológicos tanto em 1.ª quanto em 3.ª pessoa.
(D) subjetivo, flagrante pela seleção vocabular, apesar de o
texto ser elaborado em 3.ª pessoa.
(E) parcial, marcado pelas impressões pessoais, que se
evidenciam pelo emprego da 1.ª pessoa.
68. Assinale a alternativa em que o pronome em destaque expressa
valor de possessividade.
(A) ... que ela se preparava
para sua celeste ascensão.
(B) Uma altivez de rainha cingia-lhe a fronte...
(C) ... e um sangue puro a escumilha...
(D) ... esculpiam-se os
contornos mais graciosos...
(E) Tinha um desses talhes
flexíveis...
69. Assinale a alternativa em que os termos preenchem
corretamente as lacunas do texto:
A
Lei da Ficha Limpa é uma prova da evolução do processo democrático no país. As
coisas estão andando na direção correta e numa velocidade até razoável.
O
movimento contra a corrupção tomou corpo. A Lei da Ficha Limpa teve o apoio de
1,6 ________ de assinaturas. Ayres Britto, chamado de ingênuo _______ quatro anos, ontem comemorava: “Como disse
Victor Hugo, ‘não há nada mais poderoso do que a força de uma ideia _______ tempo
chegou’ ”.
(Folha
de S.Paulo, 12.06.2010. Adaptado.)
(A) milhão ... há ... cujo
(B) milhões ... a ... que o
(C) milhão ... fazem ... de que o
(D) milhões ... faz ... que o
(E) milhão ... à ... cujo o
70. Leia os versos de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa.
Quando, Lídia, vier o
nosso Outono
Com o Inverno que há
nele, reservemos
Um pensamento, não
para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de
quem somos mortos,
Senão para o que fica
do que passa –
O amarelo atual que as
folhas vivem
E as torna diferentes.
Nesses versos, as estações do ano constituem metáforas pelas
quais o eu lírico
(A) analisa o que viveu e lamenta que, então na velhice, não
possa aproveitar a vida como na juventude.
(B) lamenta a inevitável chegada da velhice, sugerindo que preferia
estar ainda vivendo a juventude.
(C) se mostra amedrontado com a iminente chegada da velhice que
virá acompanhada pela morte.
(D) revela viver intensamente o presente, sem mostrar preocupações
com a inexorabilidade da morte.
(E) reconhece a fugacidade do tempo, deixando implícita a necessidade
de se aproveitar o momento presente.
Instituição responsável pela elaboração da prova: VUNESP
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