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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

ACADEMIA BARRO BRANCO – 2017 – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA

ACADEMIA BARRO BRANCO – 2017 – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Leia a tira para responder às questões de números 27 e 28.


(Adão Iturrusgarai. A vida como ela yeah. Folha de S.Paulo, 23.09.2017)

27. Entre os fatores determinantes do humor da tira, está

(A) a crítica ao descaso dos presos, quando a personagem usa sua esperteza para viver o sentido pleno da palavra “liberdade”.
(B) a impossibilidade de a personagem conseguir fugir e, assim, dar o real sentido ao título da tira.
(C) a oposição entre a ideia transmitida pela palavra “levar” e a atitude da personagem ao final da história.
(D) a quebra da expectativa ao final da história, considerando-se o sentido ambíguo presente no título da tira.
(E) o entendimento da palavra “conhecimento”, como equivalente à ideia de privação de liberdade.

28. Assinale a alternativa em que a frase está correta quanto à regência, de acordo com a norma-padrão.

(A) O preso aspira pela liberdade e está convicto que lhe alcançará.
(B) O preso anseia pela liberdade e está convicto de que a alcançará.
(C) O preso deseja a liberdade e está convicto que lhe alcançará.
(D) O preso quer à liberdade e está convicto que a alcançará.
(E) O preso busca pela liberdade e está convicto de que lhe alcançará.

Leia o texto para responder às questões de números 29 a 31.

A tensão com a violência na disputa entre grupos de traficantes e em meio a uma megaoperação de segurança na favela da Rocinha (zona sul do Rio) e arredores, neste sábado [23.09.2017], teve um saldo de três suspeitos mortos, uma criança ferida e nove homens presos no Rio de Janeiro. Houve intensa troca de tiros no início da tarde, depois de registro de tiros durante a madrugada.
O tiroteio do início da tarde, que aparentemente ocorria na parte alta da comunidade, durou cerca de dez minutos, por volta das 13h, e obrigou militares e jornalistas a se abrigarem na 11a DP, que fica no pé da favela. Ainda não há informações sobre o que teria desencadeado o tiroteio.
A Polícia Militar trocou tiros com suspeitos em pontos do Alto da Boa Vista, da Tijuca e de Santa Teresa. Nos dois primeiros casos, a Polícia Civil confirmou a suspeita de vínculo com os conflitos na Rocinha.

(UOL. https://noticias.uol.com.br. 23.09.17. Adaptado)

29. De acordo com o texto, a tensão vivida na favela da Rocinha ocorreu devido à

(A) disputa de poder na parte alta da comunidade, rapidamente controlada pela ação da Polícia Militar no local e em outros pontos da cidade.
(B) troca de tiros entre a Polícia Militar e suspeitos em pontos do Alto da Boa Vista e da Tijuca, pondo em risco militares e jornalistas.
(C) ação dos militares que deixou como saldo três suspeitos mortos, uma criança ferida e nove homens presos no Rio de Janeiro.
(D) suspeita de vínculos entre os conflitos dessa favela com outros, envolvendo a Polícia Militar em pontos do Alto da Boa Vista e da Tijuca.
(E) disputa entre grupos de traficantes e tornou-se ainda mais dramática em razão da megaoperação de segurança.

30. Na passagem “…e obrigou militares e jornalistas a se abrigarem na 11a DP, que fica no pé da favela.” (2o parágrafo), a oração em destaque traduz sentido de

(A) restrição, na qual a expressão “no pé da favela” consiste numa metáfora, ou seja, uma forma de relação de semelhança entre termos.
(B) conclusão, na qual a expressão “no pé da favela” consiste numa metonímia, ou seja, uma forma de substituir um termo ou locução.
(C) explicação, na qual a expressão “no pé da favela” consiste numa catacrese, ou seja, uma forma cristalizada de linguagem metafórica.
(D) adição, na qual a expressão “no pé da favela” consiste numa sinestesia, ou seja, uma forma de linguagem a partir de diferenças sensoriais.
(E) consequência, na qual a expressão “no pé da favela” consiste numa ironia, ou seja, uma alusão crítica ao local descrito no texto.

31. No texto, em relação aos termos traficantes (1o parágrafo) e aparentemente (2o parágrafo), é correto afirmar que o primeiro deriva por

(A) sufixação, sendo que “-nte” forma nome de agente; e o segundo, por sufixação, com “-mente” agregando valor de modo ao vocábulo.
(B) parassíntese, sendo a palavra formada um adjetivo; e o segundo, por prefixação, com “a-” assumindo valor de negação no vocábulo.
(C) sufixação, sendo que “-nte” forma nome derivado de verbo; e o segundo, por parassíntese, sendo a palavra formada indicativa de causa.
(D) parassíntese, sendo que “-nte” expressa sentido de abundância; e o segundo, por prefixação, com “a-” assumindo valor de movimento.
(E) regressão, sendo que “-nte” forma nome de agente; e o segundo, por sufixação, com “-mente” assumindo valor de intensidade no vocábulo.

Leia o soneto para responder às questões de números 32 a 36.

Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andamos! Considera
Agora, d’esta altura fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos…

Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E noite, onde foi luz de primavera!
Olha a teus pés o mundo e desespera,
Semeador de sombras e quebrantos!

Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do penar tornado crente,

Respondeu: D’esta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se é isto a vida,
Nem foi demais o desengano e a dor.

(Antero de Quental, Antologia)

32. O sentido do poema é perpassado pelo

(A) pessimismo, que se manifesta na dualidade do eu lírico marcada na análise melancólica que faz da vida.
(B) idealismo, que reporta os sentimentos do eu lírico a uma dimensão de perfeição.
(C) transcendentalismo, que faz com que o eu lírico tenha uma visão entusiasmada da vida e do amor.
(D) desencanto, que sugere o eu lírico fraco e hesitante em relação às suas experiências de vida.
(E) estoicismo, que revela o eu lírico resignado diante das experiências negativas que marcaram sua vida.

33. Entende-se a resposta do coração ao eu lírico como uma

(A) confirmação de que sua vida foi de fato só sofrimento.
(B) constatação de que sua vida tenha sido só sofrimento.
(C) ressalva de que sua vida poderia ter sido só sofrimento.
(D) refutação de que sua vida tenha sido só sofrimento.
(E) hipótese de que sua vida poderia ter sido só sofrimento.

34. Considerando o contexto em que estão empregados na primeira estrofe do poema “Disse ao meu coração: Olha por quantos / Caminhos vãos andamos! Considera / Agora, d’esta altura fria e austera, / Os ermos que regaram nossos prantos…”, os termos destacados remetem, respectivamente, aos sentidos de

(A) ríspidos; sombria; banharam.
(B) presunçosos; tênue; trataram.
(C) fúteis; rigorosa; umedeceram.
(D) infrutíferos; branda; secaram.
(E) vazios; tenra; amenizaram.

35. Nos versos “Porém o coração, feito valente / Na escola da tortura repetida, / E no uso do penar tornado crente, / Respondeu...”, o termo em destaque estabelece relação coesiva, cujo sentido é de

(A) condição, sendo possível substituí-lo por “Desde que”.
(B) conclusão, sendo possível substituí-lo por “Portanto”.
(C) explicação, sendo possível substituí-lo por “Pois”.
(D) causa, sendo possível substituí-lo por “Porque”.
(E) oposição, sendo possível substituí-lo por “Todavia”.

36. Assinale a alternativa em que a reescrita de passagem do poema está em conformidade com a norma-padrão.

(A) Olha o mundo, coração, que aos pés de ti estão e desespera…
(B) O coração respondeu que o desengano e a dor nem foram demais.
(C) Onde flor e encantos frutificou, hoje há pó e cinzas!
(D) Coração, veja por quantos caminhos vãos andamos tu e eu!
(E) Esta altura fria e austera permitem ver os ermos que regaram nossos prantos…

Leia o texto para responder às questões de números 37 a 39.


A Globo encerrou nesta segunda-feira [25.09.2017] a sua novela das seis, “Novo Mundo”. Aplaudida pelo público e crítica – merecidamente –, a produção teve média final no Ibope da Grande SP de 24 pontos. Seu sucesso é medido pelos números de audiência e também pela repercussão: foi uma novela comentada, que gerou buchicho.
Os puristas que clamaram por fatos históricos reproduzidos ipsis litteris* esquecem que essa nunca foi a proposta da novela. Afinal, tratava-se de uma obra baseada em fatos reais, logo a liberdade de criação estava assegurada. Sem a pretensão de ser uma “aula de História”, “Novo Mundo”, além de entreter, despertou no público o interesse pela História do Brasil, o que, por si só, já foi um mérito e tanto.

*ipsis litteris: tal como está escrito

(Blog do Nilson Xavier. https://nilsonxavier.blogosfera.uol.com.br. 25.09.2017. Adaptado)

37. No texto, a opinião do autor está explícita na passagem:

(A) A Globo encerrou nesta segunda-feira [25.09.2017] a sua novela das seis…
(B) Aplaudida pelo público e crítica – merecidamente…
(C) … a produção teve média final no Ibope da Grande SP de 24 pontos.
(D) Seu sucesso é medido pelos números de audiência…
(E) Os puristas que clamaram por fatos históricos reproduzidos ipsis litteris

38. De acordo com o texto, os puristas desejavam que

(A) os fatos históricos fossem banidos da novela, razão pela qual clamaram por uma obra em que a liberdade de criação dos autores fosse plena.
(B) a proposta inicial da novela fosse alterada, de tal sorte que os fatos históricos fossem relegados a um plano secundário na narrativa.
(C) a História do Brasil fosse retratada de forma idealizada, o que poderia engrandecer os fatos históricos reproduzidos na novela.
(D) a realidade e a ficção fossem equilibradas, de tal forma que o público pudesse entender a proposta didática a que a novela se propôs.
(E) a novela retratasse os fatos históricos como realmente aconteceram, o que comprometeria a liberdade de criação dos autores.

39. De acordo com a norma-padrão e com o sentido do texto original, a passagem “Sem a pretensão de ser uma ‘aula de História’, ‘Novo Mundo’, além de entreter, despertou no público o interesse pela História do Brasil…” está corretamente reescrita em:

(A) Sem a pretensão de ser uma “aula de História”, “Novo Mundo” entreteve o público e despertou-lhe o interesse pela História do Brasil…
(B) Embora sem a pretensão de ser uma “aula de História”, “Novo Mundo” entreteu o público, mas despertou nele o interesse pela História do Brasil…
(C) Sem a pretensão de ser uma “aula de História”, “Novo Mundo” entretinha o público e o despertou o interesse pela História do Brasil…
(D) Enquanto sem a pretensão de ser uma “aula de História”, “Novo Mundo” entreteve ao público, porque nele despertou o interesse pela História do Brasil…
(E) Sem a pretensão de ser uma “aula de História”, “Novo Mundo” entretivera o público e, inclusive, despertou ele para o interesse pela História do Brasil…

40. Leia a tira.



(CJ. Politicopatas. Folha de S.Paulo, 31.08.2017. Adaptado)

Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas nas falas das personagens devem ser preenchidas, respectivamente, com:

(A) suspensão … têm … Porque
(B) suspenção … tem … Por que
(C) suspensão … tem … Por quê
(D) suspenssão … tem … Porquê
(E) suspenção … têm … Por quê

Leia o texto para responder às questões de números 41 a 45.

AUTOR – Eu sou o autor de uma mulher que inventei e a quem dei o nome de Ângela Pralini. Eu vivia bem com ela. Mas ela começou a me inquietar e vi que eu tinha de novo que assumir o papel de escritor para colocar Ângela em palavras porque só então posso me comunicar com ela. Eu escrevo um livro e Ângela outro: tirei de ambos o supérfluo.
Eu escrevo à meia-noite porque sou escuro. Ângela escreve de dia porque é quase sempre luz alegre. Este é um livro de não memórias. Passa-se agora mesmo, não importa quando foi ou é ou será esse agora mesmo.
(…)
ÂNGELA – Viver me deixa trêmula.
AUTOR – A mim também a vida me faz estremecer.
ÂNGELA – Estou ansiosa e aflita.
AUTOR – Vejo que Ângela não sabe como começar. Nascer é difícil. Aconselho-a a falar mais facilmente sobre fatos? Vou ensiná-la a começar pelo meio. Ela tem que deixar de ser tão hesitante porque senão vai ser um livro todo trêmulo, uma gota d’água pendurada quase a cair e quando cai divide-se em estilhaços de pequenas gotas espalhadas. Coragem, Ângela, comece sem ligar para nada.

(Clarice Lispector. Um sopro de vida)

41. A leitura do texto permite concluir que se trata de uma

(A) exposição objetiva, ou seja, aquela em que o narrador deixa prevalecer a racionalidade, sem mostrar-se subjetivamente.
(B) autobiografia, ou seja, aquela em que o narrador revela momentos de sua vida e os analisa com imparcialidade.
(C) reminiscência, ou seja, aquela lembrança vaga que desperta sentimentos do narrador, até então desconhecidos.
(D) metanarrativa, ou seja, aquela em que o narrador explicita e questiona o próprio processo de criação do enredo.
(E) narração impressionista, ou seja, aquela que carrega elementos objetivos sem intenção de explorar possíveis sentimentos das personagens.

42. Na construção da narrativa, revela-se que Autor e Ângela têm algumas preferências

(A) opostas e estabelecem entre si uma relação de interdependência, por meio da qual se evidenciam seus questionamentos íntimos.
(B) contraditórias e são naturalmente indecisos e apegados às memórias, reforçando a ideia de introspecção psicológica.
(C) comuns, notadamente aquelas alinhadas à tranquilidade de suas índoles, o que revela comportamentos previsíveis.
(D) excêntricas, e isso se deve à forma pouco entusiasmada como veem a vida, o que permite vislumbrar sem encantamento suas intimidades.
(E) ambíguas, fruto de uma concepção de vida pautada no medo de serem autênticos, o que destoa do caráter intimista da narrativa.

43. Na frase “AUTOR – A mim também a vida me faz estremecer.”, a expressão em destaque está empregada

(A) para dar ênfase à situação do autor, e nela falta o acento indicativo da crase.
(B) como um pleonasmo, proporcionando possíveis ambiguidades no enunciado do autor.
(C) de forma redundante, com a clara intenção de dar destaque ao sentimento do autor.
(D) para atenuar o sentimento do autor, funcionando como uma espécie de eufemismo.
(E) em sentido figurado, por meio da qual o autor compara a sua situação à de Ângela.

44. Com a frase “Ela tem que deixar de ser tão hesitante porque senão vai ser um livro todo trêmulo…”, entende-se que o Autor decide ensinar Ângela a começar o livro pelo meio para evitar que

(A) o leitor entre em contradição.
(B) a leitura seja automatizada.
(C) a fruição da leitura aconteça.
(D) os sentidos se dispersem.
(E) ela tenha uma diretriz na escrita.

45. Em relação aos períodos “Viver me deixa trêmula.” e “Vejo que Ângela não sabe como começar.”, é corretor afirmar que

(A) ambos são simples, com verbos de mesma regência.
(B) o primeiro é simples; e o segundo, composto de orações subordinadas.
(C) ambos são compostos por subordinação com orações substantivas.
(D) as orações do primeiro são coordenadas; e as do segundo, subordinadas.
(E) o primeiro é simples; e o segundo, formado de orações coordenadas.

46. Faz três semanas que o secretário-geral da OEA espera que o Conselho Permanente da entidade se reúna para adotar uma posição mais dura em relação à crise na Venezuela. Cabe ao diplomata brasileiro a tarefa de convocar os representantes dos 34 países-membros. Não se sabe se por alguma orientação do Itamaraty, mas o fato é que até agora o embaixador segue na dele.

(IstoÉ, 16.08.2017. Adaptado)

Com a frase final do texto – … até agora o embaixador segue na dele. –, o autor

(A) mostra, explicitamente, o receio que o diplomata brasileiro tem de atender ao pedido do secretário da OEA.
(B) pondera, com humor, que o diplomata brasileiro enfrenta o Itamaraty quando o assunto é a crise na Venezuela.
(C) critica, com graça, a falta de iniciativa do diplomata brasileiro em relação à crise na Venezuela.
(D) reitera, com desânimo, a negligência do diplomata brasileiro e dos países-membros da OEA quanto à crise na Venezuela.
(E) comenta, com euforia, a dinâmica com que o diplomata brasileiro avalia a crise na Venezuela.

Leia o texto para responder às questões de números 47 a 51.

– Bem dizia eu, que aquela janela…
– É a janela dos rouxinóis.
– Que lá estão a cantar.
– Então, esses lá estão ainda como há dez anos – os mesmos ou outros – mas a menina dos rouxinóis foi-se e não voltou.
– A menina dos rouxinóis? Que história é essa? Pois deveras tem uma história aquela janela?
– É um romance todo inteiro, todo feito, como dizem os franceses, e conta-se em duas palavras.
– Vamos a ele. A menina dos rouxinóis, menina com olhos verdes! Deve ser interessantíssimo. Vamos à história já.
– Pois vamos. Apeiemos e descansemos um bocado. Já se vê que este diálogo passava entre mim e outro dos nossos companheiros de viagem. Apeamo-nos, com efeito; sentamo-nos; e eis aqui a história da menina dos rouxinóis como ela se contou.
É o primeiro episódio da minha odisseia: estou com medo de entrar nele porque dizem as damas e os elegantes da nossa terra que o português não é bom para isto, que em francês que há outro não sei quê…
Eu creio que as damas que estão mal informadas, e sei que os elegantes que são uns tolos; mas sempre tenho meu receio, porque, enfim, deles me rio eu; mas poesia ou romance, música ou drama de que as mulheres não gostem é porque não presta.
Ainda assim, belas e amáveis leitoras, entendamo-nos: o que eu vou contar não é um romance, não tem aventuras enredadas, peripécias, situações e incidentes raros; é uma história simples e singela, sinceramente contada e sem pretensão. Acabemos aqui o capítulo em forma de prólogo e a matéria do meu conto para o seguinte.

(Almeida Garrett. Viagens na Minha Terra)

47. Na passagem lida, o narrador faz referência ao primeiro episódio de sua odisseia, o qual corresponde

(A) ao diálogo entre ele e um dos companheiros de viagem.
(B) a uma conversa sobre belas e amáveis leitoras.
(C) a um conto narrado à moda francesa.
(D) a um drama de que as mulheres não gostam.
(E) à história da menina dos rouxinóis.

48. Com a passagem “Ainda assim, belas e amáveis leitoras, entendamo-nos…”, o narrador faz

(A) uma advertência de que sua narrativa fugirá dos padrões vigentes, ideia sintetizada na frase “é uma história simples e singela, sinceramente contada e sem pretensão”.
(B) uma interação controlada para expor a história a ser narrada sem “situações e incidentes raros”, mas ainda assim nos moldes dos franceses, nos quais “há outro não sei quê”.
(C) uma crítica às suas leitoras, ao afirmar que se trata de “damas que estão mal informadas”, por isso propõe a elas “uma história simples e singela”.
(D) uma concessão às leitoras, atendendo-lhes o gosto literário, propondo, portanto, algo que “não é um romance, não tem aventuras enredadas”.
(E) uma exposição da sua limitação criativa, fruto da imposição de valores da cultura francesa, o que compromete sua arte: “estou com medo de entrar nele”.

49. Na passagem – … mas a menina dos rouxinóis foi-se e não voltou. –, o pronome em destaque está empregado com valor enfático. Assinale a alternativa em que há emprego semelhante.

(A) É um romance todo inteiro, todo feito […], e conta-se em duas palavras.
(B) Já se vê que este diálogo passava entre mim e outro dos nossos companheiros de viagem.
(C) Apeamo-nos, com efeito; sentamo-nos; e eis aqui a história…
(D) … e eis aqui a história da menina dos rouxinóis como ela se contou.
(E) … mas sempre tenho meu receio, porque, enfim, deles me rio eu…

50. Assinale a alternativa correta quanto à concordância nominal.

(A) Dizem as damas e os elegantes da nossa terra que a língua portuguesa não é bom para isto.
(B) O que vou contar não tem bastantes aventuras enredadas, peripécias, situações e incidentes raros.
(C) As mulheres não gostam de poesia, romance, música ou drama más, e isso é sinal de que são ruim.
(D) Eu creio que haja má informações circulando entre as mulheres e os tolos de nossa terra.
(E) As damas e os elegantes acreditam que as narrativas em francês são melhor do que as em português.

51. Observe as frases:
• Chegamos __________ fim do capítulo em forma de  __________, com a matéria do meu conto para o seguinte.
• Discordo __________  certas damas e certos tolos, que preferem __________  para se contar uma história.

De acordo com a norma-padrão e os sentidos do texto, as lacunas devem ser preenchidas, respectivamente, com:

(A) ao … apresentação … a … o português mais que o francês
(B) no … conclusão … com … o francês do que o português
(C) ao … introdução … de … o francês ao português
(D) no … síntese … com … mais o português ao francês
(E) ao … prefácio … de … mais o francês do que o português

Leia o poema para responder às questões de números 52 a 54.

Duração

O tempo era bom? Não era
O tempo é, para sempre.
A hera da antiga era
roreja* incansavelmente.

Aconteceu há mil anos?
Continua acontecendo.
Nos mais desbotados panos
estou me lendo e relendo.

Tudo morto, na distância
que vai de alguém a si mesmo?
Vive tudo, mas sem ânsia
de estar amando e estar preso.

Pois tudo enfim se liberta
de ferros forjados no ar.
A alma sorri, já bem perto
da raiz mesma do ser.

(Carlos Drummond de Andrade. As impurezas do branco)

* brota gota a gota: orvalho, suor, lágrima

52. O poema de Drummond é exemplo de poesia

(A) existencialista, centralizando a atenção na passagem do tempo, sem que haja problemas que afetem o eu lírico.
(B) intimista, explorando a relação do eu lírico com a passagem do tempo, marcada pela indiferença.
(C) lírica, analisando a influência que o eu lírico recebe do tempo, que o resguarda de experiências cruéis.
(D) metafísica, abordando o tempo e suas contradições na existência humana, prendendo o homem e libertando-o.
(E) filosófica, negando a importância do tempo e pontuando a morte como opressão natural ao ser humano.

53. Na passagem “A alma sorri, já bem perto / da raiz mesma do ser.”, entende-se que a expressão em destaque aponta no ser humano

(A) a sua essência.
(B) o seu corpo.
(C) a sua razão.
(D) a sua crença.
(E) o seu poder.

54. Nos versos “A hera da antiga era” e “de ferros forjados no ar”, as figuras de linguagem presentes são, correta e respectivamente,

(A) hipérbole e personificação.
(B) hipérbole e onomatopeia.
(C) paronomásia e gradação.
(D) metáfora e assonância.
(E) paronomásia e aliteração.

GABARITO

27 - D  28 - B

29 - E
30 - C
31 - A
32 - A
33 - D
34 - C
35 - E
36 - B
37 - B
38 - E
39 - A
40 - C
41 - D
42 - A
43 - C
44 - D
45 - B
46 - C
47 - E
48 - A
49 - E
50 - B

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