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quarta-feira, 9 de maio de 2018

ACADEMIA BARRO BRANCO – 2013 – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA

ACADEMIA BARRO BRANCO – 2013 – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA


31. Leia a tira.

(Folha de S.Paulo, 23.04.2013)

O efeito de humor da tira decorre do fato de que “ler um livro de novo” não corresponde à ideia de releitura esperada como resposta. A expressão “releitura” significa

(A) criação de uma obra.
(B) ocultação de sentidos de uma obra.
(C) reinterpretação de uma obra.
(D) memorização da história de uma obra.
(E) negação dos sentidos de uma obra.

Leia o soneto de Cláudio Manuel da Costa para responder às questões de números 32 a 35.

Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;

Nem por isso trocara o abrigo terno
Desta choça, em que vivo, coas enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno.

Adorar as traições, amar o engano,
Ouvir dos lastimosos o gemido,
Passar aflito o dia, o mês, e o ano;

Seja embora prazer; que a meu ouvido
Soa melhor a voz do desengano,
Que da torpe lisonja o infame ruído.

(Biblioteca Virtual de Literatura. Em: www.biblio.com.br)

32. A característica árcade que norteia o estabelecimento de sentidos no poema é:

(A) inutilia truncat, ou cortar o que seja inútil, propondo que as paixões pessoais devem sobrepor-se às paixões coletivas.
(B) aurea mediocritas, ou equilíbrio do ouro, propondo que a simplicidade deve sobrepor-se ao luxo e à ostentação.
(C) fugere urbem, ou fugir da cidade, propondo que a vida no campo pode ser tão mais atrativa e rica que a do meio urbano.
(D) locus amoenus, ou lugar ameno/agradável, propondo que o verdadeiro líder governa do campo, longe das atribulações.
(E) carpe diem, ou aproveitar o presente, propondo que os prazeres mundanos devem ser explorados intensamente.

33. O eu-lírico deixa claro que

(A) dissemina traições e enganos.
(B) teme viver sem um amor.
(C) sofre por não ser admirado.
(D) rechaça os falsos e bajuladores.
(E) vive aflito com seu destino.

34. No verso – Se sou pobre pastor, se não governo – a conjunção, que se repete, estabelece relação de

(A) condição. (B) concessão. (C) finalidade. (D) causa. (E) proporção.

35. Considerando-se o contexto em que está inserido o verso – Nem por isso trocara o abrigo terno –, a forma verbal destacada poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido e em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, por

(A) troquei. (B) trocava. (C) trocasse. (D) troque. (E) trocaria.

Leia o texto para responder às questões de números 36 a 43.

Fronteiras do pensamento

SÃO PAULO – O livro é um catatau de quase 600 páginas e traz só uma ideia. Ainda assim, “Surfaces and Essences” (superfícies e essências), do físico convertido em cientista cognitivo Douglas Hofstadter e do psicólogo Emmanuel Sander, é uma obra importante. Os autores apresentam uma tese que é a um só tempo capital e contraintuitiva – a de que as analogias que fazemos constituem a matéria-prima do pensamento – e se põem a demonstrá-la. Para fazê-lo, eles se valem de um pouco de tudo. A argumentação opera nas fronteiras entre a linguística, a filosofia, a matemática e a física, com incursões pela literatura, o estudo comparativo dos provérbios e a enologia, para enumerar algumas poucas das muitas áreas em que os autores se arriscam. 
A ideia básica é que o cérebro pensa através de analogias. Elas podem ser infantis (“mamãe, eu desvesti a banana”), banais (termos como “e” e “mas” sempre introduzem comparações mentais) ou brilhantes (Galileu revolucionou a astronomia “vendo” os satélites de Júpiter como luas), mas estão na origem de todas as nossas falas, raciocínios, cálculos e atos falhos – mesmo que não nos demos conta disso.
Hofstadter e Sander sustentam que o processo de categorização, que muitos especialistas consideram a base do pensamento, não envolve nada mais do que fazer analogias. Para não falar apenas de flores (mais uma analogia), o livro ganharia bastante se tivesse passado por um bom editor disposto a cortar pelo menos uns 30% de gorduras. Algumas das digressões dos autores são francamente dispensáveis e eles poderiam ter sido mais contidos nos exemplos, que se contam às centenas, estendendo-se por páginas e mais páginas, quando meia dúzia teriam sido suficientes.
A prolixidade e o exagero, porém, não bastam para apagar o brilho da obra, que definitivamente muda nossa forma de pensar o pensamento.

(Hélio Schwartsman, Fronteiras do pensamento. Folha de S.Paulo, 19.05.2013. Adaptado)

36. Para o autor do texto, a obra de Douglas Hofstadter e Emmanuel Sander – “Surfaces and Essences” (superfícies e essências) – é

(A) relevante para a análise do pensamento humano, uma vez que lança novas perspectivas para estudá-lo.
(B) importante para a análise do pensamento humano, uma vez que o desvincula da relação com analogias elementares.
(C) indiferente para a análise do pensamento humano, uma vez que se vale de várias áreas do conhecimento para estudá-lo.
(D) inovadora para a análise do pensamento humano, uma vez que comprova que este se dá sem formas de categorização.
(E) prescindível para a análise do pensamento humano, uma vez que não traz estudos expressivos para explicá-lo.

37. Para o autor, “Surfaces and Essences” deveria ser uma obra mais

(A) completa.
(B) coerente.
(C) concisa.
(D) acadêmica.
(E) interessante.

38. Na passagem do terceiro parágrafo – ... mas estão na origem de todas as nossas falas, raciocínios, cálculos e atos falhos – mesmo que não nos demos conta disso. – a expressão em destaque pode ser substituída, sem prejuízo de sentido ao texto, por

(A) inclusive que.
(B) até que.
(C) por mais que.
(D) se bem que.
(E) ainda que.

39. No trecho do terceiro parágrafo – Elas podem ser infantis (“mamãe, eu desvesti a banana”), banais (termos como “e” e “mas” sempre introduzem comparações mentais) ou brilhantes (Galileu revolucionou a astronomia “vendo” os satélites de Júpiter como luas)... – as informações organizam-se de tal forma que acabam por constituir, quanto ao seu sentido global, uma relação de

(A) contradição. (B) gradação. (C) causa e efeito. (D) redundância. (E) equivalência.

40. Na frase que inicia o segundo parágrafo – Para fazê-lo, eles se valem de um pouco de tudo. – o pronome “-lo” recupera a seguinte informação:

(A) pensar por analogia.
(B) escrever o livro.
(C) formular a ideia.
(D) demonstrar a tese.
(E) estudar o pensamento.

41. Sobre o trecho do penúltimo parágrafo – Para não falar apenas de flores (mais uma analogia), o livro ganharia bastante se tivesse passado por um bom editor disposto a cortar pelo menos uns 30% de gorduras. –, é correto afirmar que a expressão

(A) “falar apenas de flores”, no contexto em que está empregada, pode ser entendida como “questões superficiais”.
(B) “mais uma analogia” ratifica o postulado pelos autores de “Surfaces and Essences” de que o cérebro pensa através de analogias.
(C) “ganharia bastante” significa que o livro venderia mais se os autores fizessem uma versão mais comercial da obra.
(D) “se tivesse passado por um bom editor” sinaliza que o livro apresenta sérios problemas de tradução que comprometem o entendimento.
(E) “30% de gorduras” revela que as ideias essenciais do livro estão concentradas em 30% das suas 600 páginas.

42. Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa e mantendo-se a coesão textual, a oração do segundo parágrafo – ... em que os autores se arriscam. – está corretamente reescrita em:

(A) ... cujos os autores se arriscam.
(B) ... aonde os autores se arriscam.
(C) ... nas quais os autores se arriscam.
(D) ... que os autores se arriscam.
(E) ... às quais os autores se arriscam.

43. Assinale a alternativa correta quanto à norma-padrão e em conformidade com o sentido do texto.

(A) Para apagar o brilho da obra, não basta, pois, a prolixidade e o exagero.
(B) Não bastam, portanto, a prolixidade e o exagero para apagar o brilho da obra.
(C) Para apagar o brilho da obra, no entanto, a prolixidade e o exagero não basta.
(D) Enquanto não bastam para apagar o brilho da obra a prolixidade e o exagero.
(E) Todavia, não basta a prolixidade e o exagero para apagar o brilho da obra.

Leia o texto para responder às questões de números 44 a 55.

A seca

De repente, uma variante trágica.
Aproxima-se a seca.
O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.
Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.
Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra.
Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estoico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem-número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.
Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar. Aparelha-se com singular serenidade para a luta. Dois ou três meses antes do solstício de verão, especa e fortalece os muros dos açudes, ou limpa as cacimbas. Faz os roçados e arregoa as estreitas faixas de solo arável à orla dos ribeirões. Está preparado para as plantações ligeiras à vinda das primeiras chuvas.
Procura em seguida desvendar o futuro. Volve o olhar para as alturas; atenta longamente nos quadrantes; e perquire os traços mais fugitivos das paisagens...
Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos de uma moléstia cíclica, da sezão assombradora da Terra. Passam as “chuvas do caju” em outubro, rápidas, em chuvisqueiros prestes delidos nos ares ardentes, sem deixarem traços; e pintam as caatingas, aqui, ali, por toda a parte, mosqueadas de tufos pardos de árvores marcescentes, cada vez mais numerosos e maiores, lembrando cinzeiros de uma combustão abafada, sem chamas; e greta-se o chão; e abaixa-se vagarosamente o nível das cacimbas... Do mesmo passo nota que os dias, estuando logo ao alvorecer, transcorrem abrasantes, à medida que as noites se vão tornando cada vez mais frias. A atmosfera absorve-lhe, com avidez de esponja, o suor na fronte, enquanto a armadura de couro, sem mais a flexibilidade primitiva, se lhe endurece aos ombros, esturrada, rígida, feito uma couraça de bronze. E ao descer das tardes, dia a dia menores e sem crepúsculos, considera, entristecido, nos ares, em bandos, as primeiras aves emigrantes, transvoando a outros climas...
É o prelúdio da sua desgraça.

(Euclides da Cunha, Os Sertões. Em: Massaud Moisés, A literatura brasileira através dos tempos, 2004.)

44. No texto, o narrador apresenta

(A) o pavor do sertanejo diante da seca, da qual foge tão logo ela se anuncia.
(B) a fragilidade do sertanejo, ante a ação do meio à qual este não tem como resistir.
(C) a inadaptação do sertanejo ao meio em que vive, face às contínuas calamidades.
(D) a gênese do sertanejo, em função do seu condicionamento ao meio em que vive.
(E) o desinteresse do sertanejo pelo meio em que vive, que faz suas energias e sua existência minguarem.

45. Considere os enunciados:
O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.
Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra.
– ... tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar.

Com essas informações, o narrador afirma, respectivamente, que o sertanejo

(A) desdenha a possível chegada da seca; reconhece as suas próprias limitações; estuda o mal para conhecê-lo, suportá-lo e dominá-lo.
(B) julga a chegada da seca um mistério insondável; comporta-se como os vizinhos peruanos; estuda o mal para conhecê-lo, suportá-lo e administrá-lo.
(C) tem dificuldade para reconhecer os sinais objetivos da seca;
é alimentado pelo flagelo; estuda o mal para conhecê-lo, suportá-lo e controlá-lo.
(D) reconhece a seca pelos seus sinais cíclicos; está afeiçoado às calamidades naturais; estuda o mal para conhecê-lo, suportá-lo e superá-lo.
(E) sabe da chegada da seca pelos seus sinais inequívocos; teme os episódios terríveis como qualquer homem; estuda o mal para conhecê-lo, suportá-lo e vencê-lo.

46. No penúltimo parágrafo do texto (Os sintomas do flagelo despontam-lhe (...) a outros climas...), há 

(A) um relato sobre situações em que o flagelo se dissipa da realidade do sertanejo.
(B) uma crítica ao comportamento das pessoas, notadamente quando querem resistir ao flagelo.
(C) uma análise subjetiva do flagelo, mostrando que sua chegada é pouco notada pelas pessoas.
(D) uma descrição da disseminação dos efeitos do flagelo no cotidiano das pessoas.
(E) uma observação jocosa em relação ao comportamento das pessoas vitimadas pelo flagelo.

47. Na frase do último parágrafo – É o prelúdio da sua desgraça. – o termo em destaque significa

(A) fim. (B) sinal. (C) retorno. (D) espetáculo. (E) arrefecimento.

48. Na frase – Aproxima-se a seca. –, a expressão “a seca” tem a mesma função na sintaxe da oração que a destacada em:

(A) ... com que se desencadeia o flagelo.
(B) ... de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam.
(C) Aparelha-se com singular serenidade para a luta.
(D) ... sucedendo-se inflexíveis...
(E) ... as noites se vão tornando cada vez mais frias.

49. Assinale a alternativa em que o termo em destaque pode ser substituído por pronome possessivo.

(A) O sertanejo adivinha-a...
(B) ... assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem...
(C) Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então...
(D) ... à medida que as noites se vão tornando cada vez mais frias.
(E) A atmosfera absorve-lhe, com avidez de esponja, o suor na fronte...

50. Assinale a alternativa em que a frase do texto reescrita mantém a correta relação entre as palavras, em conformidade com a norma culta e sem alteração do sentido original.

(A) O sertanejo adivinha-a e prefixa-a devido o ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.
(B) Entretanto não foge logo, abandonando a terra muito pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.
(C) Povo algum tem mais pavor aos terremotos que o peruano, e lá as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra.
(D) Está o homem sertanejo ligeiramente preparado para as plantações à vinda das primeiras chuvas.
(E) A armadura de couro, sem mais a flexibilidade do passado, endurece os ombros do sertanejo, esturrada, rígida, pois é feita de bronze.

51. Observe os trechos do texto.
Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar.
Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos de uma moléstia cíclica, da sezão assombradora da Terra.
– ... as primeiras aves emigrantes, transvoando a outros climas...

No contexto em que estão empregadas, a preposição “Com”, no primeiro trecho; a conjunção “como”, no segundo; e a preposição “a”, no terceiro, estabelecem nos enunciados, respectivamente, sentido de

(A) modo, comparação e movimento.
(B) meio, conformidade e finalidade.
(C) modo, causa e lugar.
(D) meio, conformidade e comparação.
(E) modo, comparação e tempo.

52. Do ponto de vista da literatura, é correto afirmar que o texto trata de

(A) uma apologia à seca, havendo na argumentação do autor a defesa em favor da terra, normalmente judiada pelo sertanejo.
(B) um relato pessoal, havendo na abordagem da psicologia do sertanejo uma forma de denunciar as desigualdades sociais.
(C) uma denúncia política, havendo mescla do cientificismo em moda e do subjetivismo herdado dos escritores românticos.
(D) um manifesto, havendo nas considerações do autor um claro apego à terra descrita e aos sertanejos que nela vivem.
(E) uma problemática social, havendo no enfoque científico do autor um expediente para evitar o subjetivismo exagerado.

53. Observe os parágrafos iniciais do texto.

De repente, uma variante trágica.
Aproxima-se a seca.
O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.
Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.
Esses parágrafos permitem afirmar que o estilo do autor é

(A) impreciso, subjetivo e conciso.
(B) incisivo, preciso e despojado.
(C) objetivo, claro e prolixo.
(D) ameno, sugestivo e empolado.
(E) contundente, paradoxal e rebuscado.

Leia a letra da canção do cantor cearense Falcão para responder às questões de números 54 a 58.

Guerra de Facão

A dor do cocho é não ter ração pro gado
A dor do gado é não achar capim no pasto
A dor do pasto é não ver chuva há tanto tempo
A dor do tempo é correr junto da morte
A dor da morte é não acabar com os nordestinos
A dor dos nordestinos é ter as penas exageradas
E a viola por desculpa pra quem lhe pisou no lombo
e lhe lascou no cucurute vinte quilos de lajedo.
Em vez de achatar pra caixa-prego o vagabundo,
que se deitou no trono e acordou num pau-de-sebo.
Eh eh eh boi, eh boiada, eh eh boi
A dor do jegue, tadin, nasceu sem chifre
A dor do chifre é não nascer em certa gente
A dor de gente é confiar demais nos outros
A dor dos outros é que nem todo mundo é besta
A dor da besta é não parir pra ter seu filho
A dor pior de um filho é chorar e mãe não ver.
Tá chegando o fim das épocas, vai pegar fogo no mundo,
e o pior, que os vagabundos toca música estrangeira
em vez de aproveitar o que é da gente do Nordeste.
Vou chamar de mentiroso quem dizer que é cabra da peste.

(Falcão, Guerra de Facão. Em: http://letras.mus.br. Adaptado)

54. O tema comum ao texto de Euclides da Cunha e à letra da canção é a

(A) fome. (B) resignação. (C) música. (D) seca. (E) migração.

55. Na canção, o verso – A dor da morte é não acabar com os nordestinos – tem sentido bastante próximo da seguinte passagem do texto de Euclides da Cunha:

(A) O sertanejo adivinha-a e prefixa-a...
(B) ... se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam.
(C) Enfrenta-a, estoico.
(D) Procura em seguida desvendar o futuro.
(E) ... considera, entristecido, nos ares, em bandos, as primeiras aves emigrantes...

56. Considerando o gênero textual, um dos recursos de composição presente na letra da canção é o emprego

(A) de linguagem popular, marcada por termos obscenos.
(B) de palavras arcaicas, indicativas de linguagem formal.
(C) de termos ambíguos e infrequentes na linguagem cotidiana.
(D) da repetição de termos, notadamente no início de cada verso.
(E) da rima alternada em todos os versos.

57. Observe o trecho da canção: Tá chegando o fim das épocas, vai pegar fogo no mundo,/ e o pior, que os vagabundos toca música estrangeira / em vez de aproveitar o que é da gente do Nordeste. / Vou chamar de mentiroso quem dizer que é cabra da peste.
Nessa passagem, o autor vale-se de registros coloquiais, em conformidade
com suas intenções comunicativas, em função do gênero textual utilizado. Isso se comprova com as expressões:

(A) fim das épocas, vai pegar, e o pior.
(B) Tá, toca, dizer.
(C) toca, o que é, Vou chamar.
(D) e o pior, música estrangeira, cabra da peste.
(E) pegar fogo, os vagabundos, da gente.

58. No verso – A dor pior de um filho é chorar e mãe não ver. –, a conjunção “e” articula duas orações, encerrando entre elas sentido de

(A) alternância. (B) causa. (C) oposição. (D) consequência. (E) finalidade.
51
Para responder às questões de números 59 e 60, leia o poema de Camilo Pessanha.

Água morrente

Meus olhos apagados,
Vede a água cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.
Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Como a água morrente.

(Camilo Pessanha, Clepsidra)

59. Levando em conta as informações textuais, é correto afirmar que está presente no poema

(A) o pessimismo, por meio do qual o eu-lírico expressa a sua desintegração interior.
(B) a idealização da existência, por meio da qual o eu-lírico afasta o medo da morte.
(C) a indiferença, por meio da qual o eu-lírico expressa o marasmo de sua existência.
(D) o encantamento amoroso, por meio do qual o eu-lírico reconhece o valor da vida.
(E) a desilusão amorosa, por meio da qual o eu-lírico se desencantou pela própria vida.

60. No verso – Na tristeza ambiente. –, o adjetivo em destaque significa

(A) imperceptível. (B) desejável. (C) opulenta. (D) comum. (E) vazia.
















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