Seguidores

sábado, 31 de agosto de 2013

FUVEST 2003 – 1º Fase – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA

FUVEST 2003 – 1º FASE – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Texto para as questões de 1 a 4

Zoo

 Uma cascavel, nas encolhas*. Sua massa infame.
 Crime: prenderam, na gaiola da cascavel, um ratinho branco. O pobrinho se comprime num dos cantos do alto da parede de tela, no lugar mais longe que pôde. Olha para fora, transido, arrepiado, não ousando choramingar. Periodicamente, treme. A cobra ainda dorme.
*
 Meu Deus, que pelo menos a morte do ratinho branco seja instantânea!
*
 Tenho de subornar um guarda, para que liberte o ratinho branco da jaula da cascavel. Talvez ainda não seja tarde.
*
 Mas, ainda que eu salve o ratinho branco, outro terá de morrer em seu lugar. E, deste outro, terei sido eu o culpado.
______________
(*) nas encolhas = retraída, imóvel

(Fragmentos extraídos de Ave, palavra, de Guimarães Rosa)

01 - A situação do ratinho branco, preso na gaiola da cascavel, provocou no narrador

a) imediato sentimento de culpa, que o levou a declarar-se responsável pela situação.
b) desejo imediato de intervenção, a fim de antecipar o previsível desfecho.
c) reação espontânea e indignada, da qual veio a se arrepender mais tarde.
d) compaixão e desejo de intervir, seguidos de uma reflexão moral.
e) curiosidade e repulsa, a que se seguiu a indiferença diante do inevitável.

02 Por meio de frases como “A cobra ainda dorme”, “Talvez ainda não seja tarde” e “ainda que eu salve o ratinho branco”, o narrador

a) prolonga a tensão, alimentando expectativas.
b) exprime a inevitabilidade dos fatos, ao empregar os verbos no presente.
c) entrega-se a fantasias, desligando-se das circunstâncias presentes.
d) formula hipóteses vagas, argumentando de modo abstrato.
e) precipita a ação do tempo, apressando a narração dos fatos.

03 O último parágrafo permite inferir que a convicção final do narrador é a de que

a) a culpa maior está na omissão permanente.
b) os atos bem-intencionados são inocentes.
c) nenhuma escolha é isenta de responsabilidade.
d) não há como discordar da lei do mais forte.
e) não há culpa em quem aperfeiçoa as leis da natureza.

04 Neste texto, o parágrafo em que ocorrem elementos descritivos expressos por meio de frases nominais é o

a) primeiro.   b) segundo.   c) terceiro.   d) quarto.   e) quinto.

Texto para as questões de 5 a 8

Eu te amo

Ah, se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir...
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...
 (...)
Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...
 (...)
Como, se nos amamos como dois pagãos,
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair...
Não, acho que estás só fazendo de conta,
Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir...

(Tom Jobim – Chico Buarque)

05 O sentimento de perplexidade expresso nas frases “como hei de partir”, “pra onde é que inda posso ir”, “com que cara eu vou sair”, deve-se ao fato de que a relação amorosa do sujeito

a) foi marcada por sucessivos desencontros, em virtude da intensidade da paixão.
b) constituiu uma radical experiência de fusão com o outro, da qual não vê como sair.
c) provocou a subordinação emocional da pessoa amada, de quem ele já não pode se livrar.
d) ameaça jamais desfazer-se, agravando-se assim uma interdependência destrutiva.
e) está-se esgotando, sem que os amantes saibam o que fazer para reacender a paixão.

06 O prefixo assinalado em “desvario” expressa

a) negação.   b) cessação.   c) ação contrária.   d) separação.   e) intensificação.

07 Examinando-se aspectos construtivos deste texto, verifica-se que

a) todas as ocorrências da conjunção se expressam uma condição, com o sentido de no caso de.
b) o emprego de como, no início da quarta estrofe, é uma retomada de “como hei de partir”, da primeira estrofe.
c) A repetição de conta, na última estrofe, reitera a mesma ideia do custo que a separação representa para o sujeito.
d) o emprego da vírgula depois de Não, na última estrofe, é facultativo, uma vez que a partícula negativa tem aqui o valor de uma simples ênfase.
e) o efeito dramático nele obtido nasce da reiterada oposição entre ações transcorridas no passado.

08 Neste texto, em que predomina a linguagem culta, ocorre também a seguinte marca da linguagem coloquial:

a) emprego de hei no lugar de tenho.
b) falta de concordância quanto à pessoa nas formas verbais estás, tomares e conta.
c) emprego de verbos predominantemente na segunda pessoa do singular.
d) redundância semântica, pelo emprego repetido da palavra conta na última estrofe.
e) emprego das palavras bagunça e cara.

Texto para as questões 9 e 10

História estranha

Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e... O homem aproxima-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Seus olhos se enchem de lágrimas. Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás.
O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental!

(Luis Fernando Verissimo, Comédias para se ler na escola)

09 A estranheza dessa história deve-se, basicamente, ao fato de que nela

a) há superposição de espaços sem que haja superposição de tempos.
b) a memória afetiva faz um quarentão se lembrar de uma cena da infância.
c) a narrativa é conduzida por vários narradores.
d) o tempo é representado como irreversível.
e) tempos distintos convergem e tornam-se simultâneos.

10 O discurso indireto livre é empregado na seguinte passagem:

a) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo.
b) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena.
c) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade.
d) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente.
e) O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta.
11 Dos verbos assinalados, só está corretamente empregado o que aparece na frase:

a) A atual administração quer crescer a arrecadação do IPTU em 40%.
b) A economia latino-americana se modernizou sem que a estrutura de renda da região acompanhou as transformações.
c) Se fazer previsões sobre a situação econômica já era difícil antes das eleições, agora ficou ainda mais complicado.
d) A indústria ficará satisfeita só quando vender metade do estoque e transpor o obstáculo dos juros.
e) Por mais que os leitores se apropriam de um livro, no final, livro e leitor tornam-se uma só coisa.

Texto para as questões de 12 a 15

Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos agora cumprir a promessa.
Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar acordo da vida achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava, porém que nunca lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o motivo por que tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a curiosidade de indagá-lo.
Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever. Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu... mestre, em falta de outro nome, uma vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por outro com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o mestre sustento e morada, e pagava-se do que por ele tinha já feito.
_____________________
(*) fâmulo: empregado, criado
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)

12 Neste excerto, mostra-se que o compadre provinha de uma situação de família irregular e ambígua. No contexto do livro, as situações desse tipo

a) caracterizam os costumes dos brasileiros, por oposição aos dos imigrantes portugueses.
b) são apresentadas como conseqüência da intensa mestiçagem racial, própria da colonização.
c) contrastam com os rígidos padrões morais dominantes no Rio de Janeiro oitocentista.
d) ocorrem com freqüência no grupo social mais amplamente representado.
e) começam a ser corrigidas pela doutrina e pelos exemplos do clero católico.

13 A condição social de agregado, referida no excerto, caracteriza também a situação de

a) Juliana, na casa de Jorge e Luísa (O primo Basílio).
b) D. Plácida, na casa de Quincas Borba (Memórias póstumas de Brás Cubas).
c) Leonardo (filho), na casa de Tomás da Sé (Memórias de um sargento de milícias).
d) Joana, na casa de Jorge e Luísa (O primo Basílio).
e) José Manuel, na casa de D. Maria (Memórias de um sargento de milícias).

14 Um traço de estilo, presente no excerto, também se encontrará nas Memórias póstumas de Brás Cubas, onde assumirá aspectos de provocação e acinte. Trata-se

a) das referências diretas ao leitor e ao andamento da própria narração.
b) do uso predominante da descrição, que confere maior realismo ao relato.
c) do emprego de adjetivação abundante e variada, que dá feição opinativa à narração.
d) da paródia dos clichês românticos anteriormente utilizados por José de Alencar e Álvares de Azevedo.
e) da narração em primeira pessoa, realizada por um narrador-personagem, que participa dos eventos narrados.

15 No excerto, temos derivação imprópria ou conversão (emprego de uma palavra fora de sua classe normal) no seguinte trecho:

a) fazer castelos no ar.
b) daquele arranjei-me.
c) dar acordo da vida.
d) nem tampouco o motivo.
e) por inaudito milagre.

16 Tanto Luísa (O primo Basílio) quanto Virgília (Memórias póstumas de Brás Cubas) praticaram o adultério

a) por influência direta do excesso de leituras romanescas.
b) com parentes próximos, o que tornava mais grave a situação moral de ambas.
c) com o fim de ascender socialmente, unindo-se a parceiros de classe social mais elevada.
d) por sua própria iniciativa, seduzindo abertamente seus respectivos parceiros.
e) com antigos namorados, que reencontraram depois de casadas.

17 Considere as seguintes afirmações sobre Libertinagem, de Manuel Bandeira:

I. O livro oscila entre um fortíssimo anseio de liberdade vital e estética e a interiorização cada vez mais profunda dos vultos familiares e das imagens brasileiras.
II. Por ser uma obra do início da carreira do autor, nela ainda são raras e quase imperceptíveis as contribuições técnicas e estéticas do Modernismo.
III. Em vários de seus poemas, a exploração de assuntos particulares e pessoais, aparentemente limitados, resulta em concepções muito amplas, de interesse geral, que
ultrapassam a esfera pessoal do poeta.

Está correto apenas o que se afirma em

a) I     b) II     c) I e II     d) I e III     e) II e III

18 A presença da temática indígena em Macunaíma, de Mário de Andrade, tanto participa -------------, quanto representa uma retomada, com novos sentidos, ------------.

Mantida a sequência, os trechos pontilhados serão preenchidos corretamente por

a) do movimento modernista da Antropofagia / do Regionalismo da década de 30.
b) do interesse modernista pela arte primitiva / do Indianismo romântico.
c) do movimento modernista da Antropofagia / do Condoreirismo romântico.
d) da vanguarda estética do Naturalismo / do Indianismo romântico.
e) do interesse modernista pela arte primitiva / do Regionalismo da década de 30.

19 “A ação desta história terá como resultado minha transfiguração em outrem (...)”.

Neste excerto de A hora da estrela, o narrador expressa uma de suas tendências mais marcantes, que ele irá reiterar ao longo de todo o livro. Entre os trechos abaixo, o único que NÃO expressa tendência correspondente é

a) “Vejo a nordestina se olhando ao espelho e (...) no espelho aparece o meu rosto cansado e barbudo. Tanto nós nos intertrocamos”.
b) “É paixão minha ser o outro. No caso a outra”.
c) “Enquanto isso, Macabéa no chão parecia se tornar cada vez mais uma Macabéa, como se chegasse a si mesma”.
d) “Queiram os deuses que eu nunca descreva o lázaro porque senão eu me cobriria de lepra”.
e) “Eu te conheço até o osso por intermédio de uma encantação que vem de mim para ti”.

20 Entre as mensagens abaixo, a única que está de acordo com a norma escrita culta é:

a) Confira as receitas incríveis preparadas para você. Clica aqui!
b) Mostra que você tem bom coração. Contribua para a campanha do agasalho!
c) Cura-te a ti mesmo e seja feliz!
d) Não subestime o consumidor. Venda produtos de boa procedência.
e) Em caso de acidente, não siga viagem. Pede o apoio de um policial.


GABARITO

1 –D       2 – A    3 – C    4 – A     5 – B    6 – E    7 – B    8 – E    9 – E   10 – A
11 – C  12 – D  13 – C  14 – A  15 – B  16 – E  17 – D   18 – B  19 – C  20 – D 

Leia também:

FUVEST 2016 – 1º Fase – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA
FUVEST 2015 – 1º Fase – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Conheça as apostilas de gramática do blog Veredas da Língua. Clique em uma das imagens abaixo e saiba como adquiri-las.














ATENÇÃO: Além das apostilas, o aluno recebe também, GRATUITAMENTE, o programa em Powerpoint: 500 TEMAS DE REDAÇÃO

FUVEST 2004 – 1º Fase – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA

FUVEST 2004 – 1º FASE – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA


01 - Observe, ao lado, esta gravura de Escher:

Na linguagem verbal, exemplos de aproveitamento de recursos equivalentes aos da gravura de Escher encontram-se, com frequência,

a) nos jornais, quando o repórter registra uma ocorrência que lhe parece extremamente intrigante.
b) nos textos publicitários, quando se comparam dois produtos que têm a mesma utilidade.
c) na prosa científica, quando o autor descreve com isenção e distanciamento a experiência de que trata.
d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor procedimentos construtivos do discurso.
e) nos manuais de instrução, quando se organiza com clareza uma determinada seqüência de operações.

Texto para as questões de 2 a 8

Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios. Quem diria que... Suspendamos a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal.

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)

02 A busca de “uma supremacia, qualquer que fosse”, que neste trecho caracteriza o comportamento de Quincas Borba, tem como equivalente, na trajetória de Brás Cubas,

a) o projeto de tornar-se um grande dramaturgo.
b) a ideia fixa da invenção do emplastro.
c) a elaboração da filosofia do Humanitismo.
d) a ambição de obter o título de marquês.
e) a obsessão de conquistar Eugênia.

03 Considere as seguintes afirmações:

I. Excesso de complacência e falta de limites assinalam não só a infância de Brás Cubas e a de Quincas Borba, referidas no excerto, mas também a de Leonardo (filho), das Memórias de um sargento de milícias.
II. Uma formação escolar licenciosa e indisciplinada, tal como a relatada no excerto, responde, em grande parte, pelas características de Brás Cubas, Leonardo (filho) e Macunaíma, personagens tipicamente malandras de nossa literatura.
III. A educação caracterizada pelo desregramento e pelo excesso de mimo, indicada no excerto, também é objeto de crítica em Libertinagem, de Manuel Bandeira, e Primeiras estórias, de Guimarães Rosa.

Está correto apenas o que se afirma em

a) I.    b) II.    c) III.    d) I e II.    e) II e III.

04 É correto afirmar que as festas do Espírito Santo, referidas no excerto, comparecem também em passagens significativas de

a) Memórias de um sargento de milícias, onde contribuem para caracterizar uma religiosidade de superfície, menos afeita ao sentido íntimo das cerimônias do que ao seu colorido e pompa exterior.
b) O primo Basílio, tornando evidentes, assim, as origensibéricas das festas religiosas populares do Rio de Janeiro do século XIX.
c) Macunaíma, onde colaboram para evidenciar o sincretismo luso-afro-ameríndio que caracteriza a religiosidade típica do brasileiro.
d) Primeiras estórias, cujos contos realizam uma ampla representação das tendências mágico-religiosas que caracterizam o catolicismo popular brasileiro.
e) A hora da estrela, onde servem para reforçar o contraste entre a experiência rural-popular de Macabéa e sua experiência de abandono na metrópole moderna.

05 Embora pertença à modalidade escrita da língua, este texto apresenta marcas de oralidade, que têm finalidades estilísticas. Dos procedimentos verificados no texto e indicados abaixo, o único que constitui marca típica da modalidade escrita é:

a) uso de frase elíptica em “Uma flor, o Quincas Borba”.
b) repetição de palavras como “nunca” e “pajem”.
c) interrupção da frase em “Quem diria que...”.
d) emprego de frase nominal, como em “E de imperador!”
e) uso das formas imperativas “suspendamos” e “não adiantemos”.

06 A enumeração de substantivos expressa gradação ascendente em

a) “menino mais gracioso, inventivo e travesso”.
b) “trazia-o amimado, asseado, enfeitado”.
c) “gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas”.
d) “papel de rei, ministro, general”.
e) “tinha garbo (...), e gravidade, certa magnificência”.

Em “Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade.”, a palavra assinalada pode ser substituída, sem que haja alteração de sentido, por:

a) mas sim.   b) de outro modo.   c) exceto.   d) portanto.   e) ou.

08 Na frase “(...) data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal”, ocorre o mesmo recurso expressivo de natureza semântica que em:

a) Meu coração/ Não sei por que/ Bate feliz, quando te vê.
b) Há tanta vida lá fora,/ Aqui dentro, sempre,/ Como uma onda no mar.
c) Brasil, meu Brasil brasileiro,/ Meu mulato inzoneiro,/ Vou cantar-te nos meus versos.
d) Se lembra da fogueira,/ Se lembra dos balões,/ Se lembra dos luares, dos sertões?
e) Meu bem querer/ É segredo, é sagrado,/ Está sacramentado/ Em meu coração.

09 CONTRA A MARÉ

A tribo dos que preferem ficar à margem da corrida dos bits e bytes não é minguada. Mas são os renitentes que fazem a tecnologia ficar mais fácil. Nesta nota jornalística, a expressão “contra a maré” liga-se, quanto ao sentido que ela aí assume, à palavra

a) tribo.   b) minguada.    c) renitentes.   d) tecnologia.   e) fácil.
Texto para as questões de 10 a 14

Olhar para o céu noturno é quase um privilégio em nossa atribulada e iluminada vida moderna. (...) Companhias de turismo deveriam criar “excursões noturnas”, em que grupos de pessoas são transportados até pontos estratégicos para serem instruídos por um astrônomo sobre as maravilhas do céu noturno. Seria o nascimento do “turismo astronômico”, que complementaria perfeitamente o novo turismo ecológico. E por que não?
Turismo astronômico ou não, talvez a primeira impressão ao observarmos o céu noturno seja uma enorme sensação de paz, de permanência, de profunda ausência de movimento, fora um eventual avião ou mesmo um satélite distante (uma estrela que se move!). Vemos incontáveis estrelas, emitindo sua radiação eletromagnética, perfeitamente indiferentes às atribulações humanas.
Essa visão pacata dos céus é completamente diferente da visão de um astrofísico moderno. As inocentes estrelas são verdadeiras fornalhas nucleares, produzindo uma quantidade enorme de energia a cada segundo. A morte de uma estrela modesta como o Sol, por exemplo, virá acompanhada de uma explosão que chegará até a nossa vizinhança, transformando tudo o que encontrar pela frente em poeira cósmica. (O leitor não precisa se preocupar muito. O Sol ainda produzirá energia “docilmente” por mais uns 5 bilhões de anos.)

(Marcelo Gleiser, Retalhos cósmicos)

10 O autor considera a possibilidade de se olhar para o céu noturno a partir de duas distintas perspectivas, que se evidenciam no confronto das expressões:

a) “maravilhas do céu noturno” / “sensação de paz”.
b) “instruídos por um astrônomo” / “visão de um astrofísico”.
c) “radiação eletromagnética” / “quantidade enorme de energia”.
d) “poeira cósmica” / “visão de um astrofísico”.
e) “ausência de movimento” / “fornalhas nucleares”.

11 Considere as seguintes afirmações:

I. Na primeira frase do texto, os termos “atribulada” e “iluminada” caracterizam dois aspectos contraditórios e inconciliáveis do que o autor chama de “vida moderna”.
II. No segundo parágrafo, o sentido da expressão “perfeitamente indiferentes às atribulações humanas” indica que já se desfez aquela “primeira impressão” e desapareceu a “sensação de paz”.
III. No terceiro parágrafo, a expressão “estrela modesta”, referente ao Sol, implica uma avaliação que vai além das impressões ou sensações de um observador comum.

Está correto apenas o que se afirma em

a) I.    b) II.    c) III.    d) I e II.    e) II e III.

12 De acordo com o texto, as estrelas

a) são consideradas “maravilhas do céu noturno“ pelos observadores leigos, mas não pelos astrônomos.
b) possibilitam uma “visão pacata dos céus“, impressão que pode ser desfeita pelas instruções de um astrônomo.
c) produzem, no observador leigo, um efeito encantatório, em razão de serem “verdadeiras fornalhas nucleares“.
d) promovem um espetáculo noturno tão grandioso, que os moradores das cidades modernas se sentem privilegiados.
e) confundem-se, por vezes, com um avião ou um satélite, por se movimentarem do mesmo modo que estes.

13 Transpondo-se corretamente para a voz ativa a oração “para serem instruídos por um astrônomo (...)”, obtém-se:

a) para que sejam instruídos por um astrônomo (...).
b) para um astrônomo os instruírem (...).
c) para que um astrônomo lhes instruíssem (...).
d) para um astrônomo instruí-los (...).
e) para que fossem instruídos por um astrônomo (...).

14 Na frase “O Sol ainda produzirá energia (...)”, o advérbio ainda tem o mesmo sentido que em:

a) Ainda lutando, nada conseguirá.
b) Há ainda outras pessoas envolvidas no caso.
c) Ainda há cinco minutos ela estava aqui.
d) Um dia ele voltará, e ela estará ainda à sua espera.
e) Sei que ainda serás rico.

Texto para as questões de 15 a 17

O OLHAR TAMBÉM PRECISA APRENDER A ENXERGAR

Há uma historinha adorável, contada por Eduardo Galeano, escritor uruguaio, que diz que um pai, morador lá do interior do país, levou seu filho até a beira do mar. O menino nunca tinha visto aquela massa de água infinita. Os dois pararam sobre um morro. O menino, segurando a mão do pai, disse a ele: “Pai, me ajuda a olhar”. Pode parecer uma espécie de fantasia, mas deve ser a exata verdade, representando a sensação de faltarem não só palavras mas também capacidade para entender o que é que estava se passando ali.
Agora imagine o que se passa quando qualquer um de nós pára diante de uma grande obra de arte visual: como olhar para aquilo e construir seu sentido na nossa percepção? Só com auxílio mesmo. Não quer dizer que a gente não se emocione
apenas por ser exposto a um clássico absoluto, um Picasso ou um Niemeyer ou um Caravaggio. Quer dizer apenas que a gente pode ver melhor se entender a lógica da criação.

(Luís Augusto Fischer, Folha de S. Paulo)

15 Relacionando a história contada pelo escritor uruguaio com “o que se passa quando qualquer um de nós pára diante de uma grande obra de arte”, o autor do texto defende a ideia de que

a) o belo natural e o belo artístico provocam distintas reações de nossa percepção.
b) a educação do olhar leva a uma percepção compreensiva das coisas belas.
c) o belo artístico é tanto mais intenso quanto mais espelhe o belo natural.
d) a lógica da criação artística é a mesma que rege o funcionamento da natureza.
e) a educação do olhar devolve ao adulto a espontaneidade da percepção das crianças.

16 Analisando-se a construção do texto, verifica-se que

a) há paralelismo de ideias entre os dois parágrafos, como, por exemplo, o que ocorre entre a frase do menino e a frase “Só com auxílio mesmo”.
b) a expressão “espécie de fantasia”, no primeiro parágrafo, é retomada e traduzida em “lógica da criação”, no segundo parágrafo.
c) a expressão “Agora imagine” tem como função assinalar a inteira independência do segundo parágrafo em relação ao primeiro.
d) a afirmação contida no título restringe-se aos casos dos artistas mencionados no final do texto.
e) as ocorrências da expressão “a gente” constituem traços da impessoalidade e da objetividade que marcam a linguagem do texto.

17 A frase “Não quer dizer que a gente não se emocione apenas por ser exposto a um clássico absoluto” é pouco clara. Mantendo-se a coerência com a linha de argumentação do texto, uma frase mais clara seria: “Não quer dizer que

a) algum de nós se emocione pelo simples fato de estar diante de uma obra clássica”.
b) a primeira aparição de um clássico absoluto venha logo a nos emocionar”.
c) nos emocionemos já na primeira reação diante de um clássico indiscutível”.
d) o simples contato com um clássico absoluto não possa nos emocionar”.
e) tão-somente em nossa relação com um clássico absoluto deixemos de nos emocionar”.

18 Tendo em vista as diferenças entre O primo Basílio e Memórias póstumas de Brás Cubas, conclui-se corretamente que esses romances podem ser classificados igualmente como realistas apenas na medida em que ambos

a) aplicam, na sua elaboração, os princípios teóricos da Escola Realista, criada na França por Émile Zola.
b) se constituem como romances de tese, procurando demonstrar cientificamente seus pontos de vista sobre a sociedade.
c) se opõem às idealizações românticas e observam de modo crítico a sociedade e os interesses individuais.
d) operam uma crítica cerrada das leituras romanescas, que consideram responsáveis pelas falhas da educação da mulher.
e) têm como objetivos principais criticar as mazelas da sociedade e propor soluções para erradicá-las.

Texto para a questão 19

ORAÇÃO A TERESINHA DO MENINO JESUS

Perdi o jeito de sofrer.
Ora essa.
Não sinto mais aquele gosto cabotino da tristeza.
Quero alegria! Me dá alegria,
Santa Teresa!
Santa Teresa não, Teresinha...
Teresinha... Teresinha...
Teresinha do Menino Jesus.
(...)

(Manuel Bandeira, Libertinagem)

19 Sobre este trecho do poema, só NÃO é correto afirmar o que está em:

a) Ao preferir Teresinha a Santa Teresa, o eu-lírico manifesta um desejo de maior intimidade com o sagrado, traduzida, por exemplo, no diminutivo e na omissão da palavra “Santa”.
b) O feitio de oração que caracteriza estes versos não é caso único em Libertinagem nem é raro na poesia de Bandeira.
c) Embora com feitio de oração, estes versos utilizam principalmente a variedade coloquial da linguagem.
d) Em “do Menino Jesus”, qualificativo de Teresinha, pode-se reconhecer um eco da predileção de Bandeira pelo tema da infância, recorrente em Libertinagem e no conjunto de sua poesia.
e) Apesar de seu feitio de oração, estes versos manifestam intenção desrespeitosa e mesmo sacrílega em relação à religião estabelecida.

20 Identifique a afirmação correta sobre A hora da estrela, de Clarice Lispector:

a) A força da temática social, centrada na miséria brasileira, afasta do livro as preocupações com a linguagem, freqüentes em outros escritores da mesma geração.
b) Se o discurso do narrador critica principalmente a própria literatura, as falas de Macabéa exprimem sobretudo as críticas da personagem às injustiças sociais.
c) O narrador retarda bastante o início da narração da história de Macabéa, vinculando esse adiamento a um autoquestionamento radical.
d) Os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo contraste entre suas desventuras na cidade grande e suas lembranças de uma infância pobre, mas
vivida no aconchego familiar.
e) O estilo do livro é caracterizado, principalmente, pela oposição de duas variedades linguísticas: linguagem culta, literária, em contraste com um grande número de expressões regionais nordestinas.

GABARITO

1 – D      2 – B    3 – A   4 –A     5 – E    6 – E     7 – A    8 – B    9 – C  10 – E
11 – C  12 – B  13 –D  14 – D  15 – B  16 – A  17 – D  18 – C  19 – E   20 –C


FUVEST 2013 – 1º Fase – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Conheça as apostilas de gramática do blog Veredas da Língua. Clique em uma das imagens abaixo e saiba como adquiri-las.














ATENÇÃO: Além das apostilas, o aluno recebe também, GRATUITAMENTE, o programa em Powerpoint: 500 TEMAS DE REDAÇÃO