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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

“O menino que carregava água na peneira” – Manoel de Barros

O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos. 


Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o voo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos

(Manoel de Barros)


www.veredasdalingua.blogspot.com.br

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Tema de redação – UNIFENAS – 2006

Tema de redação – UNIFENAS – 2006


“É Deus quem dá a cura. Inventou o médico para mandar a conta.”

(Millôr Fernandes – “Reflexões sem dor”)

Posicione-se quanto ao que foi dito acima, assumindo uma atitude de aceitação ou de discordância. Leve em conta o papel do médico, sua atuação e importância. Elabore, depois de refletir sobre o tema, um texto dissertativo bastante crítico com, no mínimo, quatro parágrafos mais ou menos simétricos. Use a terceira pessoa e adote a estrutura clássica: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Tema de redação – UNIFENAS – 2005

Tema de redação – UNIFENAS – 2005


“De modo geral, o brasileiro cuida da doença; não cuida da saúde.”

Tendo em vista o exposto acima, elabore um texto dissertativo em que sejam abordados, entre outros, os seguintes aspectos:
·  inexistência de uma política eficaz quanto à medicina preventiva;
·  falta de tempo do indivíduo para cuidados preventivos;
·  falta de reflexão sobre a própria condição orgânica ou biológica;
·  ausência de conhecimentos sobre a extensão de certas doenças;
·  resistência ao “check cup” clínico;
·  precaridade de condições econômicas.

Faça sua redação com, no mínimo, quatro parágrafos, observando a divisão tradicional em INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO. Empregue a terceira pessoa e dê um título bastante expressivo.

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Tema de redação – UNIFENAS – 2004

Tema de redação – UNIFENAS – 2004


O escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor, entre outros livros, do clássico .As veias abertas da América Latina., no estádio Gigantinho, em Porto Alegre, no dia 26 de janeiro de 2003, durante o Fórum Social Mundial, fez uma palestra para uma plateia de mais de 15 pessoas em que analisa a conjuntura mundial. Entre suas considerações, que comoveram seus ouvintes, está a de que as organizações que governam o mundo (Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio) .afogam os países, mas depois nos vendem salva-vidas de chumbo..
Galeano considera que a mentira é a identidade perfeita do poder universal. Afirma que, onde se diz “trabalho livre”, deve-se ler: direitos dos empresários a jogar no lixo séculos de conquistas trabalhistas. “Trabalha-se o dobro em troca da metade: horários elásticos, salários anãos, demissões livres, e que Deus se ocupe dos acidentes, das doenças e da velhice”. Para o escritor, “no mundo de hoje, que castiga a honestidade e recompensa a falta de escrúpulos, o trabalho é objeto de desprezo. O poder se disfarça de destino, se diz eterno, e muita gente abre mão da esperança como se desmontasse um cavalo cansado”.
Nas palavras de Galeano “o poder identifica valor e preço. Diga-me quanto pagam por ti, e te direi quanto vales. Mas há valores que estão além de qualquer cotização. Não há quem os compre, porque não estão à venda. Estão fora do mercado e por isso sobrevivem”.
Continua o escritor:
“Teimosamente vivos, estes valores são a energia que move os músculos secretos da sociedade civil. Provêm da memória mais antiga e do mais antigo sentido comum. Este mundo de hoje, esta civilização do salve-se quem puder, sofre de amnésia e perdeu o sentido comunitário, que é o pai do sentido comum. Em épocas remotas, quando éramos os bichos mais vulneráveis da zoologia terrestre, quando não passávamos da categoria de almoço fácil na mesa de nossos vizinhos vorazes, fomos capazes de sobreviver porque soubemos nos defender juntos e compartilhar a comida. Hoje em dia, é mais do que nunca necessário lembrar estas velhas lições de sentido comum".

(Cadernos do Terceiro Mundo . nº 245, março de 2003)

Escreva um texto dissertativo (introdução, desenvolvimento e conclusão) em que fique clara uma resposta para a seguinte pergunta: Que valores a sociedade civil deve resgatar para, assim, fazer frente à conjuntura mundial?
Use, no mínimo, quatro parágrafos.

Tema de redação – UNIFENAS – 2003

Tema de redação – UNIFENAS – 2003


SIM AO TRABALHO INFANTIL

       (...) Impedir que jovens adolescentes com idade entre 12 e 16 anos tenham acesso a oportunidades de trabalho ou que possam responder às suas necessidades básicas é sinônimo de direcioná-los para o ócio, para o crime ou para as drogas. Ainda mais, é prejuízo para suas famílias, que deixam de contar com uma sadia renda complementar.
     (...) É preciso disciplinar e incentivar o trabalho desses jovens, que, obrigatoria e simultaneamente, devem estudar e apresentar bom rendimento escolar. Isso se tornaria viável com a criação de uma carteira especial “trabalho-escola”: um documento único que mesclaria o registro de uma atividade profissional com o tradicional boletim escolar.
         (...) Trabalho infantil é sadio e deve ser estimulado. O contrato formal com uma atividade produtiva gera um positivo efeito-demosntração pelo convívio com dezenas, centenas, milhares de profissionais honestos e trabalhadores, e ainda proporciona renda obtida por meio de esforço próprio, o que se constitui num coquetel de benefícios cujo resultado é um tremendo e imediato impacto na auto-estima dos jovens”.

(David Feffer-Exame, Editora Abril, 23/4/2003)

NÃO AO TRABALHO INFANTIL

“Não faltam no país aqueles que são defensores ferrenhos do trabalho infantil. Para eles, tal prática, além de evitar a ociosidade e a malandragem, concorre para a disciplina e prepara para a vida. Os que assim pensam colocam-se flagramente contra o Estatuto da Criança e do adolescente, que é bastante claro: “É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz”.
Não devemos esquecer, ainda, que a criança que trabalha tem sua formação e desenvolvimento comprometidos pela impossibilidade de atividades próprias à sua idade e, ainda por cima, não pode se educar direito.
Pesquisa realizada pelo IBGE e OIT (Organização Internacional do Trabalho) dá conta (os dados são de 2001, mas foram divulgados no último 16 de abril) que no Brasil há 5,5 milhões de crianças e adolescentes trabalhando. Desse total, 49 por cento trabalhavam sem remuneração e no grupo de crianças de 5 a 9 anos, 92 por cento trabalhavam sem receber. Também registrou-se que o maior número de trabalhadores precoces localiza-se nas regiões Sul e Nordeste. No Sul 15,1 por cento dos menores nessa faixa etária trabalhavam e no Nordeste esse percentual chegou a 16,6 por cento.
Pelo exposto, é aceitável a declaração de Carlos Alexim, da OIT, para quem “é difícil encontrar no Brasil uma mercadoria que não tenha a marca da mão de uma criança”. Trata-se de uma marca penosa, já que advinda de atividades perigosas, insalubres, sem direitos trabalhistas, sem remuneração e sem direito à escola. A grande maioria dos menores submetidos a essa dura realidade (mais acentuada em determinadas regiões do país) não consegue conciliar trabalho com estudo. Assim, terminam por abandonar os estudos, ou ficam defasados em relação a seus colegas.
Lugar de criança é na escola. O trabalho fica para mais tarde. Para o momento em que, um indivíduo, após viver com intensidade os sonhos acalentados na infância, pode exercer com inteireza a cidadania e, assim, contribuir para o progresso do seu país.

(Pedro Paulo Rodrigues- Texto especialmente produzido para esta redação)

Posicionando-se diante dos textos acima, elabore um texto dissertativo com, no mínimo, quatro parágrafos. Procure responder a algumas indagações : Crianças devem trabalhar? Por que há tantas trabalhando? A situação delas tem melhorado? Que políticas tem sido implementados para diminuir o problema do trabalho infantil?

“A lua foi ao cinema” – Paulo Leminski

A lua foi ao cinema

A lua foi ao cinema, 

passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
– Amanheça, por favor!


(Paulo Leminski)


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