JOSÉ PAULO PAES - POEMAS
Convite
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
(José Paulo Paes)
Epigrama
Entre sonho e lucidez, as incertezas.
Entre delírio e dever, as tempestades.
Ai, para sempre serei teu prisioneiro
Neste patíbulo amargo de saudades...
Entre delírio e dever, as tempestades.
Ai, para sempre serei teu prisioneiro
Neste patíbulo amargo de saudades...
"Onde um lúcido menino propõe uma nova infância. Ali repousa o poeta." |
Escolha de túmulo
Onde os cavalos do sono
batem cascos matinais.
Onde o mundo se entreabre
em casa, pomar e galo.
Onde ao espelho duplicam-se
as anêmonas do pranto.
Onde um lúcido menino
propõe uma nova infância.
Ali repousa o poeta.
Ali um voo termina,
outro voo se inicia.
(José Paulo Paes, in "Prosas Seguidas de Odes Mínimas")
O Aluno
São meus todos os versos já cantados;
A flor, a rua, as músicas da infância,
O líquido momento e os azulados
Horizontes perdidos na distância.
Intacto me revejo nos mil lados
De um só poema. Nas lâminas da estância,
Circulam as memórias e a substância
De palavras, de gestos isolados.
São meus também, os líricos sapatos
De Rimbaud, e no fundo dos meus atos
Canta a doçura triste de Bandeira.
Drummond me empresta sempre o seu bigode,
Com Neruda, meu pobre verso explode
E as borboletas dançam na algibeira.
(José Paulo Paes)
Um retrato
Eu mal o conheci
quando era vivo.
Mas o que sabe
um homem de outro homem?
Houve sempre entre nós certa distância,
um pouco maior que a desta mesa onde escrevo
até esse retrato na parede
de onde ele me olha o tempo todo. Para quê?
[...]
Até o dia em que tive de ajudar
a descer-lhe o caixão à sepultura.
Aí então eu o soube mais que ausência.
Senti com minhas próprias mãos o peso
do seu corpo, que era o peso
imenso do mundo.
Então o conheci. E conheci-me.
Ergo os olhos para ele na parede.
Sei agora, pai,
o que é estar vivo.
(José Paulo Paes)
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Lindos esses poemas!!!
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