PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA – CONCURSO PÚBLICO – CARGO: AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL (2009)
De acordo com o comando a que cada um dos itens a seguir se refira, marque, na folha de respostas, para cada item: o campo designado com o código C, caso julgue o item CERTO; ou o campo designado com o código E, caso julgue o item ERRADO.
Nossos projetos de vida dependem muito do futuro
do país no qual vivemos. E o futuro de um país não é
obra do acaso ou da fatalidade. Uma nação se constrói.
4 E constrói-se no meio de embates muito intensos — e, às
vezes, até violentos — entre grupos com visões de futuro,
concepções de desenvolvimento e interesses distintos e
7 conflitantes.
Para muitos, os carros de luxo que trafegam pelos
bairros elegantes das capitais ou os telefones celulares não
10 constituem indicadores de modernidade.
Modernidade seria assegurar a todos os habitantes
do país um padrão de vida compatível com o pleno exercício
13 dos direitos democráticos. Por isso, dão mais valor a um
modelo de desenvolvimento que assegure a toda a população
alimentação, moradia, escola, hospital, transporte coletivo,
16 bibliotecas, parques públicos. Modernidade, para os que
pensam assim, é sistema judiciário eficiente, com aplicação
rápida e democrática da justiça; são instituições públicas
19 sólidas e eficazes; é o controle nacional das decisões
econômicas.
Plínio Arruda Sampaio. O Brasil em construção. In: Márcia Kupstas (Org.). Identidade nacional em debate. São Paulo: Moderna, 1997, p. 27-9 (com adaptações).
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Considerando a argumentação do texto acima bem como as estruturas linguísticas nele utilizadas, julgue os itens a seguir.
1. Na linha 2, mantendo-se a correção gramatical do texto, pode-se empregar em que ou onde em lugar de “no qual”.
2. Infere-se da leitura do texto que o futuro de um país seria “obra do acaso” (R.3) se a modernidade não assegurasse um padrão de vida democrático a todos os seus cidadãos.
3. Para evitar o emprego redundante de estruturas sintático-semânticas, como o que se identifica no trecho “Uma nação se constrói. E constrói-se no meio de embates muito
intensos” (R.3-4), poder-se-ia unir as ideias em um só período sintático — Uma nação se constrói no meio de embates —, o que preservaria a correção gramatical do texto, mas reduziria a intensidade de sua argumentação.
4. Se o terceiro parágrafo do texto constituísse o corpo de um documento oficial, como um relatório ou parecer, por exemplo, seria necessário preservar o paralelismo entre as
ideias a respeito de “Modernidade” (R.11 e 16), por meio da conjugação do verbo ser, nas linhas 11 e 17, no mesmo tempo verbal.
5. O trecho “os que pensam assim” (R.16-17) retoma, por coesão, o referente de “muitos” (R.8), bem como o sujeito implícito da oração “dão mais valor a um modelo de desenvolvimento” (R.13-14).
6. O emprego do sinal de ponto-e-vírgula, no último período sintático do texto, apresenta a dupla função de deixar claras as relações sintático-semânticas marcadas por vírgulas dentro do período e deixar subentender “Modernidade” (R.16) como o sujeito de “é sistema” (R.17), “são instituições” (R.18) e “é o controle” (R.19).
1 Na verdade, o que hoje definimos como democracia
só foi possível em sociedades de tipo capitalista, mas não
necessariamente de mercado. De modo geral, a
4 democratização das sociedades impõe limites ao mercado,
assim como desigualdades sociais em geral não contribuem
para a fixação de uma tradição democrática. Penso que temos
7 de refletir um pouco a respeito do que significa democracia.
Para mim, não se trata de um regime com características
fixas, mas de um processo que, apesar de constituir formas
10 institucionais, não se esgota nelas. É tempo de voltar ao
filósofo Espinosa e imaginar a democracia como uma
potencialidade do social, que, se de um lado exige a criação
13 de formas e de configurações legais e institucionais, por
outro não permite parar. A democratização no século XX
não se limitou à extensão de direitos políticos e civis. O tema
16 da igualdade atravessou, com maior ou menor força, as
chamadas sociedades ocidentais.
Renato Lessa. Democracia em debate. In: Revista
Cult, n.º 137, ano 12, jul./2009, p. 57 (com adaptações).
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Com base nas estruturas linguísticas e nas relações argumentativas do texto acima, julgue os itens seguintes.
7. Seria mantida a coerência entre as ideias do texto caso o segundo período sintático fosse introduzido com a expressão “Desse modo”, em lugar de “De modo geral” (R.3).
8. Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual ao se optar pela determinação do substantivo “respeito” (R.7), juntando-se o artigo definido à preposição “a”, escrevendo-se ao respeito.
9. Na linha 8, a flexão de singular em “não se trata” deve-se ao emprego do singular em “um regime”.
10. Depreende-se da argumentação do texto que o autor considera as instituições como as únicas “características fixas” (R.8-9) aceitáveis de “democracia” (R.1 e 7).
11. Pela acepção usada no texto, o emprego da forma verbal pronominal “se limitou” (R.15) exige a presença da preposição “a” no complemento verbal; a substituição pela
forma não-pronominal — não limitou a extensão —, sem uso da preposição, preservaria a correção gramatical, mas mudaria o efeito da ideia de “democratização” (R.14).
12. Em textos de normatização mais rígida do que o texto jornalístico, como os textos de documentos oficiais, a contração de preposição com artigo, com em “da igualdade”
(R.16), deve ser desfeita, devendo-se escrever de a igualdade, para que o sujeito da oração seja claramente identificado.
A visão do sujeito indivíduo — indivisível —
pressupõe um caráter singular, único, racional e pensante em
cada um de nós. Mas não há como pensar que existimos
4 previamente a nossas relações sociais: nós nos fazemos em
teias e tensões relacionais que conformarão nossas
capacidades, de acordo com a sociedade em que vivemos.
7 A sociologia trabalha com a concepção dessa relação entre
o que é “meu” e o que é “nosso”. A pergunta que propõe
é: como nos fazemos e nos refazemos em nossas relações
10 com as instituições e nas relações que estabelecemos com os
outros? Não há, assim, uma visão de homem como uma
unidade fechada em si mesma, como Homo clausus.
13 Estaríamos envolvidos, constantemente, em tramas
complexas de internalização do “exterior” e, também, de
rejeição ou negociação próprias e singulares do “exterior”.
16 As experiências que o homem vai adquirindo na relação com
os outros são as que determinarão as suas aptidões, os seus
gostos, as suas formas de agir.
Flávia Schilling. Perspectivas sociológicas. Educação & psicologia.
In: Revista Educação, vol. 1, p. 47 (com adaptações).
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Julgue os seguintes itens, a respeito das estruturas linguísticas e do desenvolvimento argumentativo do texto acima.
13. Ao ligar dois períodos sintáticos, o conectivo “Mas” (R.3) introduz a oposição entre a ideia de um sujeito único e indivisível e a ideia de um sujeito moldado por teias de relações sociais.
14. A inserção do sinal indicativo de crase em “existimos previamente a nossas relações sociais” (R.3-4) preservaria a correção gramatical e a coerência do texto, tornando
determinado o termo “relações”.
15. Na linha 4, para se evitar a sequência “nós nos”, o pronome átono poderia ser colocado depois da forma verbal “fazemos”, sem que a correção gramatical do trecho fosse prejudicada, prescindindo-se de outras alterações gráficas.
16. O emprego do sinal de dois-pontos, na linha 9, anuncia que uma consequência do que foi dito é explicitar a pergunta proposta pela sociologia.
17. O emprego das aspas nos termos das linhas 8, 14 e 15 ressalta, no contexto, o valor significativo não usual desses termos.
18. O uso da forma verbal flexionada na primeira pessoa do plural “Estaríamos” (R.13) inclui autor e leitores no desenvolvimento da argumentação, de tal modo que seria
coerente e gramaticalmente correto substituir “o homem vai adquirindo” (R.16) por vamos adquirindo, no período seguinte.
19. Na linha 15, a flexão de plural em “próprias e singulares” estabelece relações de coesão tanto com “rejeição” quanto com “negociação” e indica que esses substantivos têm referentes distintos e não podem ser tomados como sinônimos.
1 O uso do espaço público nas grandes cidades é um
desafio. Sobretudo porque algumas regras básicas de boa
convivência não são respeitadas. Por exemplo, tentar sair de
4 um vagão do metrô com a multidão do lado de fora querendo
entrar a qualquer preço, sem esperar e dar passagem aos
demais usuários. Ou andar por ruas sujas de lixo, com fezes
7 de cachorro e cheiro de urina. São situações que transformam
o convívio urbano em uma experiência ruim. A saída é a
educação. Convencidos disso, empresas e governos estão
10 bombardeando a população com campanhas de
conscientização — e multas, quando só as advertências não
funcionarem. Independentemente da estratégia, o senso de
13 urgência para uma mudança de comportamento na sociedade
brasileira veio para ficar.
As iniciativas são louváveis. Caso a população,
16 porém, se sinta apenas punida ou obrigada a uma atitude, e
não parte da comunidade, os benefícios não se tornarão
duradouros.
Suzane G. Frutuoso. Vai doer no bolsão.
In: Istoé, 22/7/2009, p. 74-5 (com adaptações).
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A respeito da organização das estruturas linguísticas do texto acima e da redação de correspondências oficiais, julgue os itens subsequentes.
20. Respeitam-se a coerência da argumentação do texto e a sua correção gramatical, se, em vez de se empregar “do espaço público” (R.1), no singular, esse termo for usado no plural: dos espaços públicos.
21. A fragmentação sintática de ideias coordenadas, decorrente do emprego do ponto-final antes de “Sobretudo” (R.2), de “Ou” (R.6) e de “São situações” (R.7), que é admitida em textos jornalísticos, deve ser evitada, para facilitar a objetividade e a clareza, na redação de documentos oficiais.
22. Na relação entre as ideias do texto, subentende-se ao imediatamente antes de “tentar” (R.3) e de “andar” (R.6); por isso, a inserção de ao nessas posições tornaria o texto mais claro, além de manter a sua correção gramatical.
23. Na linha 11, a presença da conjunção “e” torna desnecessário o uso do travessão, que tem apenas a função de enfatizar a aplicação de “multas”; por isso, a retirada
desse sinal de pontuação não prejudicaria a correção nem a coerência do texto.
24. A substituição de “Caso” (R.15) pela conjunção Se preservaria a correção gramatical da oração em que se insere, não demandaria outras modificações no trecho e
respeitaria a função condicional dessa oração.
GABARITO OFICIAL
1 – C
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2 – E
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3 – C
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4 – E
|
5 – C
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6 – C
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7 – E
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8 – E
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9 – E
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10 – E
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11 – C
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12 – E
|
13 – C
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14 – E
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15 – E
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16 – C
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17 – C
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18 – E
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19 – C
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20 – C
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21 – C
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22 – E
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23 – E
|
24 – E
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