Tema de redação — UNB - 2009 - 2º
Semestre
PROVA DE REDAÇÃO
ATENÇÃO: Nesta prova, faça o que
se pede, utilizando, caso deseje, o espaço indicado para rascunho no presente
caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA
PROVA DE REDAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA, no local apropriado, pois não será
avaliado fragmento de texto escrito em local indevido. Utilize, no máximo,
trinta linhas. Qualquer fragmento de texto além dessa extensão máxima será
desconsiderado. Na FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DE REDAÇÃO EM LÍNGUA
PORTUGUESA, identifique-se apenas no cabeçalho, pois será atribuída nota zero
ao texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local
apropriado.
TEXTOS
Cecília era
uma mulher doce, mas comum. Dessas que passam despercebidas em meio à multidão.
Casada com um tirano, ela não tinha amigos e acabara de perder o emprego. O cinema
era seu único divertimento. Encantada com um filme em especial, assistiu a ele
repetidamente, até que foi surpreendida por uma situação estranha: o ator
principal saiu da enorme tela e veio ao seu encontro, confessando-lhe seu amor.
Quando fantasia e realidade se encontram, Cecília tomou consciência de que sua
vida, por mais difícil que fosse, jamais seria como as histórias do cinema, o
que a levou a uma nova perspectiva de si mesma e de seus problemas.
Essa é a
trama do filme preferido do cineasta Woody Allen, A Rosa
Púrpura do Cairo, realizado em 1985. A obra se antecipou à tese de que o
cinema pode ter um efeito curativo nas pessoas, ajudando- as a enfrentar suas
dificuldades, ou seja, a alcançar, pela representação dramática, a purificação
(catarse). Segundo o filósofo grego Aristóteles, a catarse é o processo
no qual o espectador sente alívio das desordens emocionais através da jornada
dos personagens e, ao reviver suas experiências, liberta-se de conflitos
pessoais e atinge um estado de tranquilidade diante da vida.
Os
filmes Americanos de ação são retrato da perversão mais moderna da cultura
americana, algo próximo da superpropraganda de controle, do eletrochoque, da
robotização dos operários, da morte e dos sonhos programados, Neles, os
policiais são heróis da supereficiência, além da coragem; são mais que isso:
são superamericanos. Antigamente, sofríamos no enredo, esperando que os casais
se dessem bem no final. Hoje, sabemos que vão acabar bem, mas nos interessam os
infernos que eles vão atravessar para chegar até o final fatalmente bom. A
catarse chegará, mas, antes, temos amputações, bazucas estourando peitos,
bombas, perigos e vemos que, mais importantes que os personagens, são as coisas
em volta.
Arnaldo Jabor. Brasil na cabeça,
São Paulo: Siciliano, 1995, P. 195-6 (com adaptações).
No
final do filme Central do Brasil, na Vila do João, retorna a sensação de
claustrofobia, agora trazida pela arquitetura desumana de projetos
habitacionais que tentam mascarar a favelização crescente no Brasil. È como se
tivesse voltado o universo massificado do início do filme. Então, por que Dora
deixa Josué por lá? Porque o afeto é mais forte que o ambiente
desindividualizado da Vila João. Da cacofonia da Central e dos barulhos da
cidade que invadem constantemente os ambientes de Dora, Irene e Yolanda,
passa-se lentamente para um processo em que os sons se tornam mais
individualizados e rarefeitos, à medida que os protagonistas adentram o país.
Em outras palavras, os sons tornam-se mais discerníveis à medida que Dora se
ressensibiliza.
Internet.
<www.centraldobrasil.com.br> (com adaptações).
Considerando unicamente como
motivadores os textos das provas objetivas e os apresentados acima, elabore um
texto constituído de duas partes. Na primeira parte, narre, de forma sucinta, a
história de um filme que tenha contribuído para o desenvolvimento se sua
consciência crítica acerca das relações afetivas ou sociais; na segunda,
explique por que você considerou relevante esse filme.
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