Quinze anos
Foi no último ano. Havíamos acabado as festas e tu te demoraste no Rio. Faltaste nos primeiros dias de aula. A turma havia se reunido, pensando já nas festas de fim de ano. Foi eleita uma comissão para providenciar o programa e, embora ausente, foste eleita presidente. Presidente da comissão de festas. Era o título. O primeiro que tiveste – creio eu.
Eu não ganhei nada. Apesar de minha condição de melhor aluno – afinal, todos sabiam que eu dava duro numa loja de eletricidade e que estudava até altas horas – não me quiseram pra nada. A cota do baile ia ser dividida igualmente entre os 27 alunos da turma. Mas alguém ponderou que eu não poderia ir ao baile – o que era uma verdade.
- Dividamos as cotas por 26. O Henrique não entra nisso.
E não entrei mesmo. Mas um dia chegaste. E tão logo soubeste que me haviam riscado das festas, fizeste valer a tua condição de presidente:
- Henrique também entra.
E sem quereres ser má, jogaste-me na cara a ofensa:
- Se ele não puder pagar, eu pago.
Então o meu orgulho colocou em minha mão o grito que a garganta não teve coragem de dar. Fui para um canto, a fim de evitar que viesses falar comigo. E fiquei por ali, chutando pedras, de mãos nos bolsos, até que ouvi tua voz:
- Desculpa, Henrique, não quis te magoar...
E quando me virei e olhei teus olhos, descobri que estava marcado. Eu era uma vítima, agora, do amor que nunca mais pude deixar de te dedicar.”
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