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sábado, 17 de março de 2012

MACIEL MONTEIRO – POEMAS

MACIEL MONTEIRO

– Antônio Peregrino de Maciel Monteiro, 2º Barão de Itamaracá, nasceu em Recife, em 1804, e faleceu em Lisboa, em 1868.
– Doutorou-se em Medicina pela Universidade de Paris. Foi médico, jornalista, diplomata e político, exercendo diversos cargos públicos.
– Não teve nenhum livro publicado em vida. Sua pequena produção foi compilada somente no início do século XX.
– É o patrono da cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras.
– Segundo o célebre crítico Silvio Romero, Maciel Monteiro foi um dos escritores cujas poesias já manifestavam as características da estética romântica, antes mesmo de Gonçalves de Magalhães.
– Obra de caráter essencialmente lírico-amoroso. Seu soneto mais famoso, “Formosa”, é presença constante em antologias poéticas sobre o século XIX.



FORMOSA

"Angelica", Pino Daeni.
Formosa, qual pincel em tela fina
Debuxar jamais pôde ou nunca ousara;
Formosa, qual jamais desabrochara

Na primavera rosa purpurina;

Formosa, qual se a própria mão divina
Lhe alinhara o contorno e a forma rara;
Formosa, qual jamais no céu brilhara

Astro gentil, estrela peregrina;

Formosa, qual se a natureza e a arte,
Dando as mãos em seus dons, em seus lavores

Jamais soube imitar no todo ou parte;

Mulher celeste, oh! anjo de primores!
Quem pode ver-te, sem querer amar-te?
Quem pode amar-te, sem morrer de amores?!

(Maciel Monteiro)

ERA JÁ POSTO O SOL

Era já posto o sol. A natureza
Em ondas de perfume se banhava;
Aqui, pendia a rosa, além brilhava
Alguma flor de virginal pureza.

Nuvem sutil, de pálida tristeza,
Pelo cândido rosto lhe vagava.
Nas negras tranças do cabelo estava
Murcha e mais triste uma saudade presa.

Oh! pintor que a pintaste! Era mais bela
Que a lua deslumbrante de fulgores,
Surgindo dentre as sombras da procela!

Ao vê-la, aos meus olhos matadores,
Voou meu coração aos lábios dela,
Minh´alma ardente se banhou de amores.

(Maciel Monteiro)

UM SONHO

Ao embarque e partida de uma Senhora.

Ela foi-se! E com ela foi minh’alma
n’asa veloz da brisa sussurrante,
que ufana do tesouro que levava,
ia... corria... e como vai distante!

Voava a brisa e no atrevido rapto
frisava do Oceano a face lisa:
eu que a brisa acalmar tentava insano,
com meus suspiros alentava a brisa!

No horizonte esconder-se anuviado
eu a vi; e dois pontos luminosos
apenas onde ela ia me mostravam:
eram eles seus olhos lacrimosos!

Pouco e pouco empanou-se a luz confusa,
que me sorria lá dos olhos seus;
e dalém ondulando uma aura amiga
aos meus ouvidos repetiu adeus!

Nada mais via eu, nem mesmo um raio
fulgir a furto a esperança bela;
mas meus olhos ilusos descobriram
numa amável visão a imagem dela.

Esvaiu-se a visão, qual nuvem áurea
ao bafejar da vespertina aragem;
se aos olhos eu perdia a imagem sua,
no meu peito eu achava a sua imagem.

Ela foi-se! ... E com ela foi minh’alma
na asa veloz da brisa sussurrante,
que ufana do tesouro que levava,
ia... corria... e como vai distante!

(Maciel Monteiro)

"Ao nascerdes, senhora, um astro novo
Vos inundou de luz, que inda hoje ensina,
No fogo desses vossos olhos belos,
Vossa origem divina.

O ar, que respirastes sobre a terra,
Foi um sopro de Deus embalsamado
Entre as flores gentis que vos ornavam
O berço abençoado.

Ao ver-vos sua igual no empíreo os anjos
Hinos de amor cantaram nesse dia;
E o que se escuta, se falais, é o eco
Da angélica harmonia.

Gerada para o Céu, que o Céu somente
Da criação a pompa e o brilho encerra,
Das mãos do Criador vos escapastes,
Caístes cá na terra.

Um anjo vos seguiu para guardar-vos;
E quais gêmeos um no outro retratado,
Quem pode distinguir o anjo que guarda
Do anjo que é guardado?

Só um raio do Céu arde perene
Sem que o tempo lhe apague o fulgor santo!
Por isso os vossos dons são sempre os mesmos,
O mesmo o vosso encanto.

Em vós é tudo eterno. E se na fronte
(Tão bela sempre em tempos tão diversos!)
Uma c’roa murchar-se, é decerto
A c’roa dos meus versos.

Dos meus versos! Ah! Não! Que inextinguível
É o incenso queimado à divindade:
E ao canto que inspirais, vós dais, senhora,
Vossa imortalidade."

(Maciel Monteiro)

Leia também:

"Luzia-Homem" - Domingos Olímpio
Cassiano Ricardo
"Rita Baiana" - "O cortiço" - Aluísio Azevedo
"A borboleta preta" - Machado de Assis

www.veredasdalingua.blogspot.com.br

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