Temas de Redação
- 1ª Fase – Unicamp – 2011
TEXTO
1
Imagine-se
como um jovem que, navegando pelo site da MTV, se depara com o gráfico “Os
valores de uma geração” da pesquisa Dossiê MTV Universo Jovem, e resolve
comentar os dados apresentados, por meio do “fale conosco” da emissora. Nesse
comentário, você, necessariamente, deverá:
a)
comparar os três anos pesquisados, indicando dois (2) valores relativamente estáveis
e duas (2) mudanças significativas de valores;
b)
manifestar-se no sentido de reconhecer-se ou não no perfil revelado pela
pesquisa.
I -
Viver em uma sociedade mais segura, menos violenta.
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G - Ter
uma vida tranquila, sem correrias, sem estresse.
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A - Ter
união familiar, boa relação familiar.
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B -
Divertir-se, aproveitar a vida.
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K - Ter
uma carreira, uma profissão, um emprego.
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F - Ter
independência financeira/ Ter mais dinheiro do que já tem.
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H -
Viver num país com menos desigualdade social/ Viver numa sociedade mais
justa.
|
M -
Poder comprar o que quiser, poder comprar mais.
|
C - Ter
fé/ Crer em Deus. E - Ter mais liberdade do que já tem.
|
J - Ter
amigos. D - Beleza física/ Ser bonito.
|
TEXTO
2
Coloque-se
no lugar de um líder de grêmio estudantil que tem recebido reclamações dos
colegas sobre o ensino de ciências em sua escola e que, depois de ler a
entrevista com Tatiana Nahas na revista de divulgação científica Ciência Hoje,
decide convidá-la a dar uma palestra para os alunos e professores da escola.
Escreva um discurso de apresentação do evento, adequado à modalidade oral
formal. Você, necessariamente, deverá:
a)
apresentar um diagnóstico com três (3) problemas do ensino de ciências em sua
escola; e
b)
justificar a presença da convidada, mostrando em que medida as ideias por ela
expressas na entrevista podem oferecer subsídios para a superação dos problemas
diagnosticados.
Escola
na mídia
Tatiana
Nahas. Bióloga e professora de ensino médio, tuiteira e blogueira. Aos 34 anos,
ela cuida da página Ciência na mídia, que, nas suas palavras, "propõe um
olhar analítico sobre como a ciência e o cientista são representados na
mídia".
Ciência
Hoje: É perceptível que seu blogue dá destaque, cada vez mais, à educação e ao
ensino de ciências.
Tatiana
Nahas: Na verdade, é uma retomada dessa direção. Eu já tinha um histórico de
trabalho em projetos educacionais diversos. Mas, mais que isso tudo, acho que
antes ainda vem o fato de que não dissocio sobremaneira pesquisa de ensino. E
nem de divulgação científica.
CH:
Como você leva a sua experiência na rede e com novas tecnologias para os seus
alunos?
TH:
Eu não faço nenhuma separação que fique nítida entre o que está relacionado a
novas tecnologias e o que não está. Simplesmente ora estamos usando um livro,
ora os alunos estão criando objetos de aprendizagem relacionados a determinado
conteúdo, como jogos. Um exemplo do que quero dizer: outro dia estávamos em uma
aula de microscopia no laboratório de biologia. Os alunos viram o microscópio, aprenderam
a manipulá-lo, conheceram um pouco sobre a história dos estudos citológicos
caminhando em paralelo com a história do desenvolvimento dos equipamentos
ópticos, etc. Em dado ponto da aula, tinham que resolver o problema de como
estimar o tamanho das células que observavam. Contas feitas, discussão encaminhada,
passamos para a projeção de uma ferramenta desenvolvida para a internet por um
grupo da Universidade de Utah. Foi um complemento perfeito para a aula. Os alunos
não só adoraram, como tiveram a possibilidade de visualizar diferentes células,
objetos, estruturas e átomos de forma comparativa, interativa, divertida e
extremamente clara. Por melhor que fosse a aula, não teria conseguido o alcance
que essa ferramenta propiciou. Veja, não estou competindo com esses recursos e
nem usando-os como muleta. Esses recursos são exatamente o que o nome diz:
recursos. Têm que fazer parte da educação porque fazem parte do mundo, simples
assim.
Ah,
mas e o monte de bobagens que encontramos na internet? Bom, mas há um monte de
bobagens também nos jornais, nos livros e em outros meios “mais consolidados”.
Há um monte de bobagens mesmo nos livros didáticos. A questão está no que deve
ser o foco da educação: o conteúdo puro e simples ou as habilidades de
relacionar, de interpretar, de extrapolar, de criar, etc.?
CH:
Você acha que é necessário mudar muita coisa no ensino de ciências,
especificamente?
TN:
Eu diria que há duas principais falhas no nosso ensino de ciências. Uma reside
no quase completo esquecimento da história da ciência na sala de aula, o que
faz com que os alunos desenvolvam a noção de que ideias e teorias surgem
repentinamente e prontas na mente dos cientistas. Outra falha que vejo está no fato
de que pouco se exercita o método científico ao ensinar ciências. Não dá para
esperar que o aluno entenda o modus operandi da ciência sem mostrar o método
científico e o processo de pesquisa, incluindo os percalços inerentes a uma
investigação científica. Sem mostrar a construção coletiva da ciência. Sem mostrar
que a controvérsia faz parte do processo de construção do conhecimento
científico e que há muito desenvolvimento na ciência a partir dessas
controvérsias. Caso contrário, teremos alunos que farão coro com a média da
população que se queixa, ao ouvir notícias de jornal, que os cientistas não se resolvem
e uma hora dizem que manteiga faz bem e outra hora dizem que manteiga faz mal.
Ou seja, já temos alguns meios de divulgação que não compreendem o funcionamento
da ciência e a divulgam de maneira equivocada. Vamos também formar leitores
acríticos?
(Adaptado
de Thiago Camelo,Ciência Hoje On-line. Disponível em http.cienciahoje.com.br.
Acesso em: 04/03/2010.)
TEXTO
3
Coloque-se
na posição de um articulista que, ao fazer uma pesquisa sobre as recentes
catástrofes ocorridas em função das chuvas que afetaram o Brasil a partir do
final de 2009, encontra a crônica de Drummond, publicada em 1966, e decide
dialogar com ela em um artigo jornalístico opinativo para uma série especial sobre
cidades, publicada em revista de grande circulação. Nesse artigo você,
necessariamente, deverá:
a)
relacionar três (3) problemas enfrentados recentemente pelas cidades
brasileiras em função das chuvas com aqueles trabalhados na crônica;
b)
mostrar em que medida concorda com a visão do cronista sobre a questão.
Os
dias escuros
Carlos
Drummond de Andrade
Amanheceu
um dia sem luz – mais um – e há um grande silêncio na rua. Chego à janela e não
vejo as figuras habituais dos primeiros trabalhadores. A cidade, ensopada de
chuva, parece que desistiu de viver. Só a chuva mantém constante seu movimento
entre monótono e nervoso. É hora de escrever, e não sinto a menor vontade de
fazê-lo. Não que falte assunto. O assunto aí está, molhando, ensopando os
morros, as casas, as pistas, as pessoas, a alma de todos nós. Barracos que se
desmancham como armações de baralho e, por baixo de seus restos, mortos,
mortos, mortos. Sobreviventes mariscando na lama, à pesquisa de mortos e de pobres
objetos amassados. Depósito de gente no chão das escolas, e toda essa gente
precisando de colchão, roupa de corpo, comida, medicamento. O calhau solto que
fez parar a adutora. Ruas que deixam de ser ruas, porque não dão mais passagem.
Carros submersos, aviões e ônibus interestaduais paralisados, corrida a mercearias
e supermercados como em dia de revolução. O desabamento que acaba de acontecer
e os desabamentos programados para daqui a poucos instantes.
Este,
o Rio que tenho diante dos olhos, e, se não saio à rua, nem por isso a imagem é
menos ostensiva, pois a televisão traz para dentro de casa a variada pungência
de seus horrores. Sim, é admirável o esforço de todo mundo para enfrentar a
calamidade e socorrer as vítimas, esforço que chega a ser perturbador pelo
excesso de devotamento desprovido de técnica. Mas se não fosse essa mobilização
espontânea do povo, determinada pelo sentimento humano, à revelia do governo
incitando-o à ação, que seria desta cidade, tão rica de galas e bens
supérfluos, e tão miserável em sua infraestrutura de submoradia, de
subalimentação e de condições primitivas de trabalho? Mobilização que de certo
modo supre o eterno despreparo, a clássica desarrumação das agências oficiais,
fazendo surgir de improviso, entre a dor, o espanto e a surpresa, uma corrente
de afeto solidário, participante, que procura abarcar todos os flagelados.
Chuva
e remorso juntam-se nestas horas de pesadelo, a chuva matando e destruindo por
um lado, e, por outro, denunciando velhos erros sociais e omissões
urbanísticas; e remorso, por que escondê-lo? Pois deve existir um sentimento
geral de culpa diante de cidade tão desprotegida de armadura assistencial, tão
vazia de meios de defesa da existência humana, que temos o dever de implantar e
entretanto não implantamos, enquanto a chuva cai e o bueiro entope e o rio
enche e o barraco desaba e a morte se instala, abatendo-se de preferência sobre
a mão de obra que dorme nos morros sob a ameaça contínua da natureza; a mão de
obra de hoje, esses trabalhadores entregues a si mesmos, e suas crianças que
nem tiveram tempo de crescer para cumprimento de um destino anônimo.
No
dia escuro, de más notícias esvoaçando, com a esperança de milhões de seres
posta num raio de sol que teima em não romper, não há alegria para a crônica,
nem lhe resta outro sentido senão o triste registro da fragilidade imensa da
rica, poderosa e martirizada cidade do Rio de Janeiro.
Correio
da Manhã, 14/01/1966.
www.veredasdalingua.blogspot.com.br
Leia também:
Temas
de redação – Unicamp – 1998
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