Temas de Redação
- 1ª Fase – Unicamp – 2005
Tema: O
tema da prova de redação é o Rádio.
Coletânea: É
um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsídio para a sua
redação. Sugerimos que você leia toda a coletânea para depois selecionar os
elementos que julgar pertinentes à elaboração da proposta escolhida. Um bom aproveitamento
da coletânea não significa referência a todos os textos. Esperamos, isso sim,
que os elementos selecionados sejam articulados com a sua experiência de
leitura e reflexão. Se desejar, você pode valer-se também de elementos
presentes nos enunciados das questões da prova. ATENÇÃO: a coletânea é única e válida para as
três propostas.
Proposta: Escolha
uma das três propostas para a redação (dissertação, narração ou carta) e
assinale sua escolha no alto da página de resposta. Cada proposta faz um
recorte do tema da prova de redação (o Rádio), que deve ser trabalhado de
acordo com
as instruções específicas.
ATENÇÃO: Sua redação será anulada se você:
a)
fugir ao recorte do tema na proposta escolhida;
b)
desconsiderar a coletânea;
c)
não atender ao tipo de texto da proposta escolhida.
APRESENTAÇÃO
DA COLETÂNEA
O
rádio demonstra constantemente sua condição de veículo indispensável no
cotidiano das pessoas, ao contrário do que muitos podem pensar, quando o
consideram um meio de difusão ultrapassado. Desde sua invenção, na passagem
para o século XX, época em que era conhecido como “telégrafo sem fio”, o papel
que exerce na sociedade vem se reafirmando. Nem o advento da televisão, nem o
da Internet, determinou o seu fim. Por isso, o rádio é um objeto de reflexão
instigante.
COLETÂNEA
1.
A primeira transmissão de rádio realizada no Brasil ocorreu no dia 07 de
setembro de 1922, na cerimônia de abertura do Centenário da Independência, na
Esplanada do Castelo. Foi um grande acontecimento. O público ouviu o
pronunciamento do presidente da República, Epitácio Pessoa, a ópera O Guarani,
de Carlos Gomes, transmitida diretamente do Teatro Municipal, além de
conferências e diversas atrações. Muitas pessoas ficaram impressionadas,
pensando que se tratava de algo sobrenatural. (...) Os primeiros a utilizar o
rádio na publicidade foram grandes empresas, como Philips, Gessy e Bayer, que
patrocinavam programas de auditório e radionovelas. Na política, o rádio também
exerceu enorme influência: a propaganda eleitoral, pronunciamentos do
presidente e a Hora do Brasil faziam parte da programação e alcançavam milhares
de ouvintes. A partir de 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, o rádio
se transformou em um importante veículo para difundir fatos diários e notícias
do front. Surgia o radiojornalismo, sendo o Repórter Esso marco dessa época.
(Adaptado
de “Rádio no Brasil”, em www.sunrise.com.br/amoradio, 29 de agosto de 2004).
2.
Ligada à política de integração nacional do governo Getúlio Vargas, em 1935 era
criada a Hora do Brasil, programa obrigatório de notícias oficiais. O programa
existe até hoje, de segunda a sexta-feira, com o nome de A Voz do Brasil. A partir
dos anos 90, sua obrigatoriedade tem sido contestada por várias emissoras e
algumas têm conseguido, por medidas judiciais, não transmiti-lo ou, ao menos,
não no horário das 19h00 às 20h00.
(Adaptado
de Gisela Swetlana Ortriwano, “Radiojornalismo no Brasil: fragmentos de
história”, Revista USP, n. 56, dez.jan.fev. 2002/2003, p. 71).
3.
Ao Pequeno Aparelho de Rádio
Você,
pequena caixa que trouxe comigo
Cuidando
que suas válvulas não quebrassem
Ao
correr do barco ao trem, do trem ao abrigo
Para
ouvir o que meus inimigos falassem
Junto
a meu leito, para minha dor atroz
No
fim da noite, de manhã bem cedo,
Lembrando
as suas vitórias e o medo:
Prometa
jamais perder a voz!
(1938-1941)
(Bertold
Brecht, Poemas 1913-1956. Seleção e tradução Paulo César de Souza. São Paulo:
Ed. 34, 2000, p. 272).
4.
Eu ouvia o rádio com avidez de quem gosta muito dele. Outras pessoas ouviam-no
comigo. Mas... quem ouvia a minha rádio? Ainda não tinha sido inventado o
transistor, essa maravilha da tecnologia que em certo sentido revitalizou a
vida do rádio depois do advento da televisão. Rádio a pilha ainda não existia.
Só os de imensas e custosas baterias ou então os que eram movidos a geradores
acoplados, ou mesmo movidos a acumuladores de autos em geral.
(Flávio
Araújo, O rádio, o futebol e a vida. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2001,
p. 37).
5.
A Internet como meio de comunicação prevê a coexistência e complementaridade de
diversas mídias. O rádio da Internet já nasce buscando em outros meios recursos
que possam ser agregados à mensagem radiofônica. Isso significa a possibilidade
de criação de produtos radiofônicos numa sequência particular para cada
ouvinte, inclusive com a opção de suprimir trechos ou escolher entre dois
enfoques de interesse. Essa possibilidade oferecida pela Internet atua
fortemente sobre o rádio e sobre uma de suas principais características como
meio de comunicação: a instantaneidade. Em relação ainda
ao público, a capacidade de agregar audiências de regiões antes inacessíveis
possibilita a existência e sobrevivência de projetos voltados a determinados
segmentos de público, que podem ser pequenos localmente mas não globalmente.
(Adaptado
de Lígia Maria Trigo-de-Souza, “Rádios.internet.br: o rádio que caiu na
rede...”, Revista USP, n. 56, dez.jan.fev. 2002/2003, p. 94-5).
6.
Rumo Oeste
O
rádio no carro canta pelas cidades.
Já
sei onde está a melhor garapa
de
Araras, o melhor algodão em Leme.
Em
Pirassununga o hábito do Ângelus
ainda
veste de santa qualquer tarde.
O
locutor e seu melhor emplastro
para
curar no peito aquela velha aflição.
Todas
as rádios abrem para o mundo
o
coração do largo e um recado de Ester:
esta
canção vai para W.J.
que
ainda não esqueci.
O
céu de todas as rádios
se
estende para a capital:
o
que se dança
em
New York direto para São Simão.
Para
você, Lucinha, mexer o que Deus lhe deu.
A
velha teia das cidades
enleia
agora as estrelas.
ao
som da sétima badalada
do
coração da Matriz
desligue
o rádio! e respire
de
passagem tudo o que fica:
são
ondas soltas no ar.
(Alcides
Villaça, Viagem de Trem. São Paulo: Duas Cidades, 1988, p. 80).
7.
Para aqueles que pensam em mídia globalizada no Brasil, basta uma viagem
exploratória pelas cidades de interior para perceber que a história não é bem
assim. Existem lugares em que as pessoas ainda se comunicam com recados
afixados em árvores
da Praça Central. Não acredita? Pois o maior grupo de cutelaria do Brasil
escolheu o rádio como forma de alcançar seu público alvo. O objetivo é divulgar
a marca de ferramentas e equipamentos, cuja distribuição é pulverizada em milhares
de pequenos pontos-de-venda e cooperativas, através de programações especiais.
(Adaptado
de “Ao pé do rádio”, Revista Grandes Ideias de Marketing, n. 46, junho de
2000).
8.
Navegando pelo site www.radiolivre.org encontramos informações sobre duas novas
rádios:
“Estão abertas as inscrições para a rádio
Interferência. O prazo vai até 20 de agosto. A rádio interferência é um
coletivo horizontal e heterogêneo que busca possibilitar a comunicação de uma
forma aberta, sem controle ou reivindicações. É uma rádio livre. Um espaço onde
não há patrulhas estéticas ou ideológicas. Um lugar onde todos os discursos
podem existir. É uma forma diferente de ver o mundo e que tenta ser alternativa
aos grandes meios de comunicação e às tentativas de se construir um discurso
contra-hegemônico baseadas no pensamento único e na representação. Um grupo
onde todos têm autonomia, mas onde, ao mesmo tempo, há uma construção
coletiva”. (17 de agosto de 2004).
“Rádio Uhmmmmm... Agora pode ser conectada em
grande parte da área central de Porto Alegre, na frequência 105,7 FM, a mais
nova rádio livre da cidade. Informando, debatendo, confundindo e questionando
pelas ondas de rádio. Ainda em fase experimental, a rádio Uhmmmm... é tocada no
maior amadorismo, mas com muita paixão e convicção de que o acesso a
informações diferenciadas realmente faz a diferença”. (6 de junho de 2004).
9.
As manifestações da presença do rádio como elemento de construção da história
individual se dão de diversas maneiras. Vinculações são estabelecidas através
de identificações com tipos de programas em que estão presentes o musical, o jornalístico,
a publicidade. Da escuta radiofônica guardam-se recordações que acabam sendo
recriadas, repetidas, reconfiguradas com o passar dos anos.
(Adaptado
de Graziela Soares Bianchi, “A participação do rádio nas construções e sentidos
do rural vivido e midiatizado”, em www.bocc.ubi.pt, 15 de agosto de 2004).
PROPOSTAS DE REDAÇÃO
PROPOSTA A
PROPOSTA A
Trabalhe
sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:
A
permanente reconfiguração do rádio, com suas mudanças na forma de transmissão e
de recepção, mostra-nos a força desse meio de informação, divulgação,
entretenimento e contato.
Instruções:
•
Discuta o rádio como meio de difusão e aproximação;
•
Argumente no sentido de demonstrar sua atualidade;
•
Explore argumentos que destaquem as várias formas de sua presença na sociedade.
PROPOSTA
B
Trabalhe
sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
Ouvir
rádio é uma prática comum na sociedade moderna. O rádio é um veículo que atinge
o ouvinte em muitas situações: o radinho na cozinha que acompanha as refeições,
o rádio no ônibus, no campo de futebol, no carro, na lanchonete, o
rádio-relógio no quarto de dormir, o walkman na caminhada, o rádio na Internet.
O rádio é o companheiro de toda hora.
Instruções:
•
Imagine a história de um(a) ouvinte para quem o rádio é essencial;
•
Narre as circunstâncias em que o rádio se tornou importante na vida desse(a)
personagem;
•
Construa sua narrativa em primeira ou em terceirapessoa.
PROPOSTA
C
Trabalhe
sua carta a partir do seguinte recorte temático:
Atendendo
aos vários segmentos do público em diferentes horários, as emissoras de rádio
definem sua programação em torno de um leque variado de opções: programas de
música, esportes, informação, religião, etc. Programas que um dia fizeram muito
sucesso já não existem mais, como a rádio-novela e os programas de auditório.
Instruções:
•
Imagine um programa de rádio que, em sua opinião, deva sair do ar;
•
Argumente pela retirada desse programa da grade de programação;
•
Dirija a carta a um interlocutor que possa interferir nessa decisão.
www.veredasdalingua.blogspot.com.br
Temas de redação – Unicamp – 1998
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