Temas de Redação
- 1ª Fase – Unicamp – 2004
Tema: O
tema da prova de redação é CIDADE.
Coletânea: É
um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsídio para a sua
redação. Sugerimos que você leia toda a coletânea para depois selecionar os
elementos que julgar pertinentes à elaboração da proposta escolhida. Um bom
aproveitamento da coletânea não significa referência a todos os textos.
Esperamos, isso sim, que os elementos selecionados sejam articulados com a sua
experiência de leitura e reflexão. Se desejar, você pode valer-se também de
elementos presentes nos enunciados das questões da prova. ATENÇÃO: a coletânea
é única e válida para as três propostas.
Proposta: Escolha
uma das três propostas para a redação (dissertação, narração ou carta) e
assinale sua escolha no alto da página de resposta. Cada proposta faz um
recorte do tema geral da prova (CIDADE), que deve ser trabalhado de acordo com
as instruções específicas.
ATENÇÃO: Sua redação será anulada se você:
a)
fugir ao recorte do tema na proposta escolhida;
b)
desconsiderar a coletânea;
c)
não atender ao tipo de texto da proposta escolhida.
APRESENTAÇÃO
DA COLETÂNEA
A
cidade é um lugar significativo da experiência humana. Ela tem sido objeto de reflexão
de geógrafos, urbanistas, historiadores, profissionais da saúde, estudiosos da
linguagem, filósofos, engenheiros, matemáticos, artistas, enfim, de muitos profissionais
que procuram entender seu funcionamento. Ao atrair tantas e tão variadas
atenções, a cidade mostra-se complexa e multifacetada.
COLETÂNEA
1) No primeiro sinal verde após o relógio do canteiro central marcar 12h40min, cerca
de cem pessoas atravessaram a Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta. De
repente, tiraram um sapato, bateram com o solado repetidas vezes no chão, calçaram-no
novamente e seguiram seu caminho. Um novo tipo de manifestação política? Longe
disso. O que a Paulista viu foi a primeira flash mob (multidão instantânea)
brasileira. O fenômeno, mania na Europa e nos Estados Unidos, consiste em
reunir o maior número de pessoas no menor tempo possível - por e-mail e celular
- para fazer alguma coisa estranha simultaneamente. Os nova-iorquinos já
invadiram uma loja e gritaram em frente a um dinossauro de brinquedo. Na versão
brasileira, ficou decidido tirar o sapato e batê-lo no chão, como que para
tirar areia de dentro.
(Adaptado
de Angélica Freitas, “40 segundos de frenesi na Paulista. Flash Mob chega a São
Paulo”, Estado de S.Paulo, 14 de agosto de 2003).
2) No produtivo ano de 1979, o grupo encapuzou, com sacos de lixo, as estátuas da
cidade, visando chamar a atenção das pessoas que nunca, ou quase nunca, reparavam
em seu dia-a-dia as obras de arte em nossa cidade. Na manhã seguinte, a
imprensa registrou o fato. No mesmo ano vedaram as portas das principais galerias
[de lojas] com um X em fita crepe, deixando um bilhete em cada uma: “O que está
dentro fica, o que está fora se expande”. Em 1980, o grupo, em mais uma ação
noturna, estendeu 100 metros de plástico vermelho pelos cruzamentos e entradas
no anel viário da Avenida Paulista com rua Consolação. O Detran, porém,
desmontava essa e outras ações do grupo, que realizou uma série de 18 intervenções
pela cidade até 1982, quando dissolveu-se.
(Adaptado
de Celso Gitahy, “Graffiteiros passo a passo rumo à virada do milênio”, Revista
do Patrimônio Histórico, 2, n. 3, 1995, p. 30)
3) O Mapa
Olho
o mapa da cidade
Como
quem examinasse
A
anatomia de um corpo
(É
nem que fosse o meu corpo.)
Sinto
uma dor infinita
Das
ruas de Porto Alegre
Onde
jamais passarei.
Há
tanta esquina esquisita,
Tanta
nuança de paredes,
Há
tanta moça bonita,
Nas
ruas que não andei.
(E
há uma rua encantada
Que
nem em sonhos sonhei...)
Quando
eu for, um dia desses,
Poeira
ou folha levada
No
vento da madrugada,
Serei
um pouco do nada
Invisível,
delicioso
Que
faz com que o teu ar
Pareça
mais um olhar,
Suave
mistério amoroso,
Cidade
de meu andar
(Deste
já tão longo andar!)
E
talvez de meu repouso...
(Mario
Quintana, Apontamentos de História Sobrenatural. Porto Alegre: Globo, IEL,
1976).
4) As favelas se constituem através de um processo arquitetônico e urbanístico singular
que compõe uma estética própria, uma estética das favelas. (...) Um barraco de
favela é construído pelo próprio morador, inicialmente, a partir de fragmentos
de materiais encontrados por acaso. A construção é cotidiana e continuamente
inacabada. (...) O tecido urbano da favela é maleável e flexível, é o percurso
que determina os caminhos. (...) As ruelas e becos são quase sempre
extremamente estreitos e intrincados. Subir o morro é uma experiência de
percepção espacial singular, a partir das primeiras quebradas se descobre um ritmo
de andar que o próprio percurso impõe.
(Adaptado
de Paola Berenstein Jacques, “Estética das favelas”, em http://www.vitruvius.com.br/ arquitextos/arq000/esp078.asp).
5) O dia-a-dia das sociedades gira em torno dos objetos fixos, naturais ou
criados, aos quais se aplica o trabalho. Fixos e fluxos combinados caracterizam
o modo de vida de cada formação social. Fixos e fluxos influem-se mutuamente. A
grande cidade é um fixo enorme, cruzado por fluxos enormes (homens, produtos, mercadorias,
ordens, idéias), diversos em volume, intensidade, ritmo, duração e sentido.
Aliás, as cidades se distinguem umas das outras por esses fixos e fluxos.
(Milton
Santos, “Fixos e fluxos – cenário para a cidade sem medo”, em O país distorcido.
O Brasil, a globalização e a cidadania. São Paulo: Publifolha, 2002).
6) Cidades globais são aquelas que concentram perícia e conhecimento em serviços
ligados à globalização, independente do tamanho de sua população. (...) Megacidade
é outra categoria dos estudos urbanos. As megacidades são áreas urbanas com
mais de 10 milhões de habitantes. (...) Algumas são megacidades e cidades
globais, simultaneamente, como Nova York e São Paulo. (...) As cidades médias
são outra categoria de classificação das cidades, com população entre 50 mil e
800 mil habitantes. Abaixo de 50 mil são as pequenas cidades, ideal utópico de
moradia feliz no imaginário de milhares de pessoas.
(Maria
da Glória Gohn, “O futuro das cidades”, em www.lite.fae.unicamp.br/revista/art03.htm).
7) Se, por hipótese absurda, pudéssemos levantar e traduzir graficamente o sentido
da cidade resultante da experiência inconsciente de cada habitante e depois
sobrepuséssemos por transparência todos esses gráficos, obteríamos uma imagem
muito semelhante à de uma pintura de Jackson Pollock, por volta de 1950: uma
espécie de mapa imenso, formado de linhas e pontos coloridos, um emaranhado
inextrincável de sinais, de traçados aparentemente arbitrários, de filamentos
tortuosos, embaraçados, que mil vezes se cruzam, se interrompem, recomeçam e,
depois de estranhas voltas, retornam ao ponto de onde partiram.
(Giulio
Carlo Argan, História da arte como história da cidade. Trad. Pier Luigi Cabra.
São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 231).
Jackson Pollock, "Silver over black" |
(Adaptado
de Heitor Frúgoli Jr., “Os Shoppings de São Paulo e a trama do urbano: um olhar
antropológico”, em Silvana Maria Pitaudi e Heitor Frúgoli Jr. (orgs.), Shopping
Centers – espaço, cultura e modernidade nas cidades brasileiras. São Paulo:
Editora Unesp, s/d, p. 78).
9) O tombamento de espaços como terreiros de candomblé, sítios remanescentes de
quilombos, vilas operárias, edificações típicas de migrantes e outros dessa ordem,
isto é, ligados ao modo de vida (moradia, trabalho, religião) de grupos sociais
e/ou etnicamente diferenciados – já não causa muita estranheza: apesar de ainda
pouco comum, a inclusão de itens como esses na lista do patrimônio cultural
oficial mostra a presença de outros valores que ampliam os critérios tradicionais
imperantes nos órgãos de preservação. Em 1994 ocorreu, entretanto, um
tombamento em São Paulo que de certa maneira se diferencia até mesmo dos acima
citados: trata-se do Parque do Povo, uma área de 150.000 m2, localizada em
região nobre e das mais valorizadas da cidade. Dividida em vários campos de futebol
de terra, é ocupada por times conhecidos como “de várzea”.
(Adaptado
de José Guilherme Cantor Magnani e Naira Morgado, “Futebol de várzea também é patrimônio”,
Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 24, 1996, p. 175).
10) Na Rocinha não há quem não respeite o “Doutor” (cirurgião aposentado Waldir
Jazbik, 75 anos). Morador há 19 anos da maior favela da zona sul do Rio de Janeiro,
ele sabe que pode caminhar pelas ruas de lá sem medo, mesmo morando em uma
habitação fora dos padrões locais. Sua casa, em estilo colonial, fica num terreno
com mais de 10.000 m2. (...) “Meus amigos da high society diziam que eu era
maluco. Eu poderia ter escolhido uma casa num condomínio fechado aqui perto,
mas preferi vir para cá. (...) Só vim para cá porque quero viver a vida que eu
mereço viver.”
(Adaptado
de Antonio Gois e Gabriela Wolthers, “Médico busca vida tranquila na Rocinha”,
Folha de S.Paulo, 17 de agosto de 2003, p. C4).
PROPOSTAS DE REDAÇÃO
PROPOSTA
A
Trabalhe
sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:
A
cidade é o lugar da vida, espaço físico no qual acontecem encontros, negociações,
tensões, num dinamismo permanente de criação e transformação.
Instruções:
•
Discuta a cidade como um espaço múltiplo;
•
Argumente em favor de uma visão dinâmica dessa multiplicidade;
•
Explore os argumentos para mostrar que a cidade é um espaço que se configura a
partir de relações diversas.
PROPOSTA
B
Trabalhe
sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
Hoje,
mais do que nunca, podemos afirmar que “a cidade não dorme”. Além de frequentarem
bares, clubes, cinemas e bailes, há um crescente número de pessoas que
circulam à noite pela cidade, física ou virtualmente, trabalhando, consumindo, estudando,
divertindo-se.
Instruções:
•
Imagine a história de um(a) personagem que encontre um grupo que vivencia a
noite e, identificando-se com ele, passe a ver a cidade a partir de uma nova perspectiva;
•
Narre o encontro, o processo de descoberta e a transformação que o(a) personagem
experimentou;
•
Sua história pode ser narrada em primeira ou em terceira pessoa.
PROPOSTA
C
Trabalhe
sua carta a partir do seguinte recorte temático:
As
definições do que é patrimônio histórico têm mudado, incorporando âmbitos e
aspectos que ampliam o alcance do conceito e, com isso, o raio de ação da legislação.
Fala-se em patrimônio edificado, mas também em patrimônio afetivo.
Tudo o que é relevante para determinada comunidade pode ser considerado patrimônio.
Tudo o que é relevante para determinada comunidade pode ser considerado patrimônio.
Instruções:
•
Escolha um bem urbano, material ou não, que você considere relevante para ser
preservado em sua cidade;
•
Argumente em favor da preservação desse bem;
•
Dirija a carta a uma pessoa que, na sua opinião, pode vir a se tornar um aliado na
luta pelo tombamento desse bem.
Leia também:
Temas de redação – Unicamp – 1998
Conheça as apostilas de literatura do blog Veredas da Língua. Clique em uma das imagens abaixo e saiba como adquiri-las.
ATENÇÃO: Além das apostilas, o aluno recebe também, GRATUITAMENTE, o programa em Powerpoint: 500 TEMAS DE REDAÇÃO
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário