Tema de Redação - UFG - 2007
A prova de redação
apresenta três propostas de construção textual. Para produzir o seu texto, você
deve escolher um dos gêneros indicados abaixo:
A – artigo de opinião
B – fábula
C – carta pessoal
O tema é único para os
três gêneros e deve ser desenvolvido segundo a proposta escolhida.
A fuga do tema anula a
redação. A leitura da coletânea é obrigatória. Ao utilizá-la, você não deve copiar
trechos ou frases sem que essa transcrição esteja a serviço do seu texto.
Independentemente do
gênero escolhido, o seu texto não deve ser assinado.
Tema: Há padrões para ser feliz?
Coletânea
Felicidade não tem preço
Eu sonhei com um pote de ouro/ Meu lindo tesouro/ Pobreza nunca mais/
Sonho de menino, virei um grã-fino!
De quina pra Lua estou em cartaz/ O jogo da vida aprendi a ganhar/ Adeus
pindaíba, chega de chorar!
Oh! Felicidade me diz o teu preço/ Eu sei que mereço e posso pagar
Bem-me-quer meu bem querer!/ Vou comprar seu coração/ Tô pagando por um
beijo/ Saciando meu desejo no baú da ilusão
Sou o dono do mundo/ Meu tempo é dinheiro, eu quero investir/ Nessa
ciranda onde a grana fala alto
Lá no céu tô perdoado, já paguei sem refletir/ Mas a realidade da
desigualdade/ Me faz despertar
Não quero essa falsa alegria/ Chega de hipocrisia, pois a vida é muito
mais
A felicidade não tem preço/ Hoje reconheço que a riqueza se desfaz!
Eu quero é viver, a vida gozar!/ Saber ser feliz e aproveitar
Rocinha encanta e mostra a verdade/ Dinheiro não compra a felicidade
ACADÊMICOS DA ROCINHA. Samba enredo 1990. Disponível em: <www.
musicas.mus.br/letras> Acesso em: 6 nov. 2006.
[...] Para Aristóteles, a causa final do homem, seu objetivo supremo é a
felicidade. Ela não é um forte prazer que se esvai logo em seguida; ao
contrário, deve ser algo perene e tranquilo, sem excessos, pois o excesso faz
com que uma boa ação torne-se seu oposto. Uma pessoa amável em demasia, por exemplo,
não passa de um incômodo bajulador. Atingir a felicidade depende então de uma
conduta moral moderada, sem excesso, baseada no que Aristóteles denomina “meio-termo”.
Tal conduta deve ser forjada pelo hábito, de modo análogo ao atleta que se
forma por repetidos exercícios. Habituar-se a uma boa conduta é ter bons costumes, e isso vale muito mais do que
praticar uma série de ações isoladas. Tal hábito é adquirido, sobretudo, pelo
exercício do intelecto, que no campo moral, aspira ao que é razoável. A
felicidade, em suma, obtém-se por meio da vida contemplativa, uma vida
intelectual sossegada, longe das perturbações do cotidiano. [...] Em o Sistema
da Natureza, Paul Heinrich Thiry, barão de Holbach, defende teses
materialistas: as matérias distinguem-se umas das outras por propriedades
qualitativamente diferentes, e compõem todos os seres, cuja série ordenada é a
natureza.
Em tal série não há nenhuma causa final – mera superstição inventada por
sacerdotes –, e se os homens buscam certos valores como fim é porque desejam o
prazer e rejeitam a dor. Para Holbach, a religião, que impede a realização do
prazer, é antinatural; o que importa é, contra isso, reorganizar e reformar a
sociedade de tal maneira que cada um possa sentir prazer em desejar o bem estar
dos outros.
HISTÓRIA DA FILOSOFIA. São Paulo: Nova Cultural, 2004. p. 63 e 268.
(Coleção Os Pensadores). [Adaptado].
A felicidade começa no cérebro. Faça algo bem feito, receba um agrado ou
um carinho ou ache graça em uma piada, e seu sistema de recompensa se encarrega
de fazer com que as regiões do cérebro que cuidam de movimentos automáticos –
aqueles que fazemos sem precisar pensar – estampem um belo sorriso em seu
rosto. A neurociência explica: um trabalho recente mostrou que o sorriso
genuíno já basta para ativar o córtex da insula, região do cérebro que nos dá
sensações subjetivas como a do bem-estar. Ver alguém sorrir também funciona. Um
sorriso no rosto de quem fala com você aciona as mesmas áreas do cérebro responsáveis pelo seu próprio sorriso. [...] É
como se ver alguém sorrindo bastasse para você se sentir sorrindo por dentro
também. Uma vez que seu cérebro repete por dentro o sorriso que ele vê por
fora, o bem-estar do outro é contagiante. Felicidade gera felicidade: ela passa
de um cérebro para o próximo por meio do sorriso.
HERCULANO – HOUZEL, Suzana. A beleza do sorriso. Folha de S. Paulo,
São Paulo,17 ago. 2006, p. 5. Equilíbrio [Adaptado].
Em respostas obtidas na pesquisa do Datafolha, 76% dizem-se felizes e
22% se dizem mais ou menos felizes, e comparando os números aos obtidos quando
tinham de falar da felicidade dos outros, ficamos surpresos com a diferença. Só
28% dos entrevistados vêem felicidade na vida desses outros, e 55% os acham
mais ou menos felizes. Pode parecer paradoxal, mas não é absurdo. Quando falo
da minha felicidade, falo de esperança e futuro. Quando falo dos outros,
idealizo menos.
MAUTNER, Ana Verônica. Felicidade vai-se embora. Folha de S. Paulo,
São Paulo, 10 set. 2006, p. C1.
Com este objetivo de medir o grau de felicidade de uma população, a New
Economics Foundation (NEF), em parceria com a organização ambiental Friends of
the Earth, decidiu criar um ranking diferente: o índice Planeta Feliz
(IPF). No total, 178 países se classificaram a partir de um critério curioso: a
comparação entre a expectativa de vida, o sentimento de alegria na população e
quantidade de recursos naturais consumidos no País. [...] O primeiro lugar,
ficou com o desconhecido Vanuatu, um arquipélago no Oceano Pacífico, formado
por 83 ilhas e com uma população total de 211 mil habitantes, que vivem da
pesca, agricultura e de um turismo ainda pouco explorado. Para estar no topo do
IPF, os vanuatenses preservam suas praias e florestas e se declaram satisfeitos
com a própria vida. Inversamente, os países mais ricos do mundo, como Estados
Unidos (150o) e França (129o) ocupam as últimas posições devido ao consumismo
desenfreado de sua população, que destrói o ambiente e não é capaz de deixar
seus cidadãos felizes. O Brasil ocupa a 63o colocação, coincidentemente a mesma
posição em que está no ranking de Desenvolvimento Humano da Organização das
Nações Unidas (ONU).
Felicidade: é realmente possível atingi-la. Filosofia, ciência e vida.
São Paulo: Escala, ano 1, n. 2, 2006. p. 36.[Adaptado].
Os manuais de autoajuda são exemplos de tirania. De pequenas tiranias
consumidas por escravos dóceis e fiéis que acreditam em dois equívocos. O
primeiro é conhecido: não existe manual de autoajuda que não apresente o
infortúnio como um elemento estranho à condição humana. A tristeza é uma anormalidade,
dizem. O fracasso não existe e, quando existe, deve ser imediatamente apagado, ordenam.
Na sapiência dos manuais, a infelicidade não é um fato; é uma vergonha e uma
proibição. O que implica o seu inverso: se a infelicidade é uma proibição, a
felicidade é obrigatória por natureza. Obrigatória e radicalmente individual.
Ela não depende da sorte, da contingência e da ação de terceiros: daqueles que
fazem, e tantas vezes desfazem, o que somos e não somos. Depende, exclusiva, e infantilmente,
de nós.
COUTINHO, João Pereira. O direito à infelicidade. Folha de S. Paulo,
São Paulo, 30 ago. 2006, p. E2.
Daniel Gilbert, professor de psicologia da Universidade de Harvard,
levanta uma bela questão: estamos apostando todas as nossas fichas em lugares
errados na tentativa de sermos felizes. Fazemos planos de comprar uma casa, ter
filhos, ganhar mais dinheiro, ser mais reconhecidos profissionalmente, uma série
de outros projetos que, para ele, não serão necessariamente sinônimo de
felicidade no futuro. Gilbert propõe o seguinte exercício: “Pense que você só
tem mais 10 minutos de vida. O que faria com esse tempo?” [...] Imagine quais
seriam suas respostas – segundo Gilbert, elas vão retratar exatamente tudo o
que você dá valor hoje em dia. É de arrepiar.
SGARIONI, Marina. A tal felicidade. Emoção e inteligência. São
Paulo: Abril. n. 9, 2006. p. 61. [Adaptado].
Gilbert descarta rapidamente a ideia de que os antigos têm o monopólio
sobre a sabedoria com relação à felicidade, em parte porque as vidas deles eram
fundamentalmente diferentes das nossas. Como diz, nós raramente pensamos sobre
o fato de que quase todos nós temos três grandes decisões a tomar: onde viver,
o que fazer, e com quem casar. Mas estamos entre os primeiros seres humanos a
exercer esse direito de escolha. Ao longo da maior parte da história
documentada, as pessoas viviam na região em que nasciam, faziam o que seus pais
faziam, e se casavam de acordo com suas religiões, castas ou por influência da
geografia. [...] As revoluções agrícola, industrial e tecnológica deflagraram
uma explosão de liberdade pessoal que nossos ancestrais nunca exerceram e, como
diz Gilbert, “pela primeira vez a felicidade está em nossas mãos”. [...] De
modo semelhante, continuamos a nos esforçar para adquirir carros maiores ou
amantes melhores, mesmo quando a experiência nos ensina que nos adaptaremos rapidamente aos novos encantos e que eles não nos tornarão
mais felizes. “Os psicólogos definem esse processo como ‘habituação’, os
economistas empregam o termo ‘utilidade marginal declinante’ e o resto de nós
usa a palavra ‘casamento’”, diz Gilbert. [...] Os pesquisadores acreditam que
entre 50% e 80% da variação entre os diferentes médios níveis de felicidade que
as pessoas ostentam pode ser explicada pelos seus genes, e não pelas
experiências de vida pelas quais elas passam.
CLARK, Pilita. A felicidade não se compra. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 27 ago. 2006, p. 4-5. Mais! [Adaptado].
Propostas de redação
A — ARTIGO DE OPINIÃO
O artigo de opinião é
um texto escrito para ser publicado em jornais e revistas, e traz reflexões a
respeito de um tema atual de interesse do grande público. Nesse gênero, o autor
desenvolve um ponto de vista a respeito do tema com argumentos sustentados por
informações e opiniões que se complementam ou se opõem. No texto, predominam
sequências expositivo-argumentativas.
Escreva um artigo de
opinião para um jornal local, discutindo a necessidade e a imposição de um
padrão de felicidade. Defenda seu ponto de vista, apresentando argumentos que o
sustentem e que possam refutar outros pontos de vista.
B — FÁBULA
A fábula é uma
narrativa ficcional curta cuja mensagem pode ser sintetizada em uma moral no final
do texto, ou seja, um ensinamento encerra uma lição. Suas personagens,
geralmente animais, representam características e sentimentos humanos e é comum
o diálogo entre elas.
Escreva uma fábula em
que as personagens (animais) vivam um conflito ao saberem que só têm uma semana
de vida. A história que você vai criar deve apresentar as personagens vivendo o
drama da busca pela felicidade nos seus últimos momentos de existência. Isso
deve ser evidenciado por meio de ações, convicções, comportamentos,
relacionamentos e desejos das personagens. A moral da história deve transmitir
um ensinamento a respeito do que significa ser feliz.
C – CARTA PESSOAL
A carta pessoal é
um gênero utilizado para comunicar a amigos ou familiares notícias ou assuntos
de interesse comum, de forma mais longa e detalhada.
Imagine que você seja
um jornalista em viagem pelo arquipélago de Vanuatu e decide morar definitivamente
naquele lugar. Escreva uma carta a algum familiar ou amigo, comunicando a sua decisão.
Argumente em favor de sua escolha, procurando convencer o seu interlocutor de
que naquele lugar, entre os muitos que já conheceu como correspondente
internacional, você encontrou verdadeiras razões para ser feliz. Para escrever
sua carta, considere as características interlocutivas próprias desse gênero.
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