Tema de Redação - UFG - 2009 - 2º Semestre
Instruções
A prova de redação apresenta três
propostas de construção textual. Para produzir o seu texto, você deve escolher
um dos gêneros indicados abaixo:
A – Discurso de formatura
B – Biografia
C – Carta de solicitação
O tema é único para os três gêneros
e deve ser desenvolvido segundo a proposta escolhida.
A fuga do tema anula a redação. A
leitura da coletânea é obrigatória. Ao utilizá-la, você não deve copiar trechos
ou frases sem que essa transcrição esteja a serviço do seu texto.
Independentemente do gênero escolhido, o seu texto NÃO deve ser assinado.
Tema: O
papel da arte na vida cotidiana: utilitário e/ou estético?
Coletânea
1.
Estética. S. f. 1. Estudo das condições e dos efeitos da criação artística. 2.
Tradicionalmente, estudo racional do belo, quer quanto à possibilidade da sua
conceituação, quer quanto à diversidade de emoções e sentimentos que ele suscita
no homem. 3. Caráter estético; beleza.
Utilitário.
Adj. 1. Relativo à utilidade. 2. Que tenha utilidade ou interesse, particular
ou geral, como fim principal de seus atos.
FERREIRA,
A. B. H. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 834 e 2038.
2. O universo da arte caracteriza um
tipo particular de conhecimento que o ser humano produz a partir de perguntas
fundamentais que desde sempre se fez com relação ao seu lugar no mundo. [...]
Ciência e arte são, assim, produtos que expressam as representações imaginárias
das distintas culturas, que se renovam através dos tempos, construindo o
percurso da história humana. [...] Apenas o ensino criador, que favoreça a
integração entre a aprendizagem racional e estética dos alunos, poderá
contribuir para o exercício conjunto complementar da razão e do sonho, no qual
conhecer é também maravilhar-se, divertir-se, brincar com o desconhecido,
arriscar hipóteses ousadas, trabalhar duro, esforçar-se e alegrar-se com
descobertas. [...] A obra de arte situa-se no ponto de encontro entre o
particular e o universal da experiência humana.
“Até mesmo asa branca / Bateu asas
do sertão / Então eu disse adeus Rosinha / Guarda contigo meu coração” (Luís
Gonzaga e Humberto Teixeira).
No exemplo da canção “Asa Branca”, o
voo do pássaro (experiência humana universal) retrata a figura do retirante (experiência
particular de algumas regiões). Cada obra de arte é, ao mesmo tempo, um produto
cultural de uma determinada época e uma criação singular da imaginação humana
cujo valor é universal. [...] Quando Guimarães Rosa escreveu: “Nuvens, fiapos
de sorvete de coco”, criou uma forma artística na qual a metáfora, uma maneira especial
de utilização da linguagem, reuniu elementos que, na realidade, estavam
separados, mas se juntaram numa frase poética pela ação criadora do artista.
Nessa apreciação estética importa não apenas o exercício da habilidade
intelectiva mas, principalmente, que o leitor seja capaz de se deixar tocar
sensivelmente para poder perceber, por exemplo, as qualidades de peso, luz,
textura, densidade e cor contidas nas imagens de nuvens e fiapos de sorvete de
coco [...]. A significação não está, portanto, na obra, mas na interação
complexa de natureza primordialmente imaginativa entre a obra e o expectador.
PARÂMETROS
Curriculares Nacionais: arte. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:
MEC-SEF, 1997. p. 32-40.
3. [...] a instalação de um objeto em
museus transforma-o em arte. A colher de pau de minha avó, o porta garrafas, a
roda de bicicleta, o mictório de Duchamps, colocados em pedestal ou vitrina,
permitem a eclosão de sentimentos de intuições evocadoras. [...] note-se que
esses objetos perderam sua função utilitária: “artística”, a colher de pau
deixou
de fazer sabão. Sua transformação em arte acarretou o gratuito: ela não faz
mais parte de um sistema racional de utilidade. E, livre, o supérfluo emerge
como essencial.
Mas, fruto de gesto gratuito, a arte
possui uma existência frágil, pois não é necessária. Podemos constatar em nossa
cultura dois registros diferentes que a alimentam. Num deles, o objeto
artístico encontra-se instalado no interior de funções econômicas ou sociais:
embora enquanto arte o objeto continue sendo não utilitário, enquanto elemento
de um vasto mecanismo é empregado para outros fins. Esse emprego garante-lhe a
sobrevivência. No outro registro, o objeto artístico reduz-se à gratuidade;
esvaziado de toda função, ele depende de uma assistência ao mesmo tempo
intencional e artificial, provocada unicamente pelo seu prestígio de ser arte.
COLI,
J. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 1997. p. 88-90. (Coleção primeiros
passos, n. 46).
4. Confesso que, espontaneamente, nunca
me coloquei esta questão: para que serve a arte? Desde menino, quando vi as
primeiras estampas coloridas no colégio (que estavam muito longe de serem obras
de arte) deixei-me encantar por elas a ponto de querer copiá-las ou fazer
alguma coisa parecida.
Não foi diferente minha reação
quando li o primeiro conto, o primeiro poema e vi a primeira peça teatral. Não
se tratava de nenhum Shakespeare, de nenhum Sófocles, mas fiquei encantado com
aquilo. Posso deduzir daí que a arte me pareceu tacitamente necessária. Por que
iria eu indagar para que serviria ela, se desde o primeiro momento me tocou, me
deu prazer? [...] Na verdade, a arte – em si – não serve para nada. Claro, a
arte dos vitrais servia para acentuar a atmosfera mística das igrejas e os
afrescos as decoravam como também aos palácios. Mas não residia nesta função a
razão fundamental dessas obras e, sim, na sua capacidade de deslumbrar e
comover as pessoas. Portanto, se me perguntam para que serve a arte, respondo:
para tornar o mundo mais belo, mais comovente e mais humano.
GULLAR,
F. A beleza do humano, nada mais. Disponível em:
<http://ondajovem.terra.com.br/arquivodowload/%7B42535240-caba>.
Acesso em:
7 mai. 2009.
5. Bem, e qual é o significado da arte?
Para começar, podemos dizer que ela provoca, instiga, estimula nossos sentidos,
de forma a descondicioná-los, isto é, a retirá-los de uma ordem
preestabelecida, sugerindo ampliadas possibilidades de viver e de se organizar
no mundo. Como escreve o poeta Manoel de Barros: “Para apalpar as intimidades
do mundo é preciso saber: / a) que o esplendor da manhã não se abre com faca /
b) o modo como as violetas preparam o dia para morrer / c) por que é que as
borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos / d) se o homem que toca
de tarde sua existência num fagote tem salvação (...) Desaprender oito horas
por dia
ensina
os princípios. [...] A arte ensina justamente a desaprender os princípios do
óbvio que é atribuído aos objetos, às coisas. Ela parece esmiuçar o
funcionamento das coisas da vida, desafiando-as, criando para elas novas possibilidades”.
[...]
A
cena contemporânea
Com o passar do tempo, no entanto, a
arte moderna sofreu um desgaste. Por um lado, ela tornou-se tão experimental
que acabou por afastar-se do público, que passou a achar suas manifestações
cada vez mais estranhas e de difícil compreensão. [...] Com a mudança global
que se delineia a partir dos anos 80, torna-se mais gritante ainda a
necessidade de uma modificação no conceito de arte. Mais do que isso: torna-se
necessário que a arte se modifique para sobreviver. E é aí que sai de cena a
arte moderna e sobe ao palco a contemporânea. [...] A importância dada à moda,
às aparências e à “atitude”, aliada a uma tecnologia sofisticada de cirurgias,
implantes, aparelhos
de ginástica e substâncias químicas, além das possibilidades genéticas que se
abrem com os sequenciamentos cromossômicos, fazem do corpo um campo de
experimentações futurísticas. A busca pela originalidade, que caracterizava a
vanguarda modernista do século 20, é substituída pela atitude de busca de reconhecimento,
de celebridade. Transfere-se o alvo das preocupações da produção para o
produtor, da obra para o autor. [...] Se fosse convidada a reformular o ensino
da arte no momento contemporâneo, eu substituiria o estudo dos movimentos que
caracterizam a era moderna por esses grandes temas que acompanham a produção e
o pensamento dos artistas contemporâneos, permitindo que a arte continue a fazer
sentido e a ecoar nossa essência. [...] Em meio a múltiplas possibilidades de
uso de materiais, espaços e tempos, a arte contemporânea não separa a rua e o
museu. [...] Felizmente, a arte contemporânea tem a liberdade de apontar suas
heranças e sua história sem precisar ir ao grau zero da originalidade e está
cada vez mais infiltrada nas peles da vida. Assim ela permanece pulsando.
CANTON,
K. A pulsação do nosso tempo. Disponível em:
<http://ondajovem.terra.com.br/arquivodowload/%7B42535240-caba>. Acesso em:
7 mai. 2009.
6.
Alunos-luz
Estudar sempre foi para V. D.
(Drago) uma fonte interminável de aborrecimentos e humilhações. Expulso na 5ª série,
sofreu um baque em sua autoestima e, desde então, ganhou o rótulo de “aluno-problema”.
Chegaram a aconselhar sua mãe a matriculá-lo em colégios que recebessem
portadores de deficiência mental, entre outros
problemas
– ele sofreria de falta de orientação espacial. “Sabia que alguns professores
diziam que eu era retardado”. Por isso, hoje é um dos melhores dias na vida de
Drago. Nesta quarta-feira, Drago, 17 anos, vai inaugurar sua primeira exposição
fotográfica.
Por várias semanas, ele fotografou
diariamente estudantes de uma escola pública e fugiu do óbvio em seu enquadramento.
Procurou cenas em que os alunos mostrassem os olhos brilhando – e não as
previsíveis imagens sombrias da educação pública.
Sua proposta era garimpar cenas do
prazer em aprender. [...] A evidente habilidade com a fotografia não era suficiente
para que ele superasse a baixa autoestima desenvolvida em seu histórico
escolar.
Mas a descoberta ajudou-o a
construir um projeto: entrar numa faculdade para estudar fotografia. [...] À
medida que as fotos eram reveladas e aparecia o brilho nos olhos dos alunos,
decidiu-se que todo aquele material deveria virar uma exposição que
transformasse as paredes do Colégio Max numa galeria.
Drago tirou o nome para sua
exposição da raiz latina da palavra “aluno” que significa “sem luz”. “Foram os
dias de mais luz da minha vida”.
DIMENSTEIN,
G. Alunos-luz. Folha de S. Paulo, São Paulo, 24 set. 2008, Cotidiano, p. C2.
7. Shakespeare notava que, se acabarmos
com os objetos de luxo, não teremos nada além de animalidade. O que o luxo diz
é que o homem não se contenta apenas com a satisfação de suas necessidades
naturais. Há, acima de tudo, uma busca de excesso, de ultrapassamento da
simples naturalidade. Além disso, o luxo não é simplesmente uma demonstração de
riqueza. Pode o ser, mas esse não parece o seu sentido. Há uma busca de beleza
no luxo; uma busca de sensualidade. Há um gosto por tudo que é refinado. [...]
Haveria, ainda, uma questão muito delicada: a arte faz parte do luxo ou não?
Penso que sim. Costumamos deixar isso de lado, porque a arte tem uma dimensão espiritual,
com referências ao sagrado, à Beleza, mas se consideramos o preço de uma obra
de arte, vemos que estamos muito próximos de um objeto de luxo. Essa é a razão
pela qual as pessoas mais ricas, hoje, estão se tornando colecionadoras de arte
contemporânea. [...] para dar uma palavrinha sobre a Beleza, eu diria que, atualmente,
ela se “democratizou”: a maior parte das pessoas vê mais coisas belas hoje em
dia (na televisão, nas revistas, na publicidade etc.); nós consumimos beleza non
stop.
LIPOVETSKY,
G. Cult, São Paulo, n. 120, ano 10, p. 11 e 17, dez. 2007.
8. A utilização do produto culto visa a
um consumo que nada tem a ver com a presunção de uma experiência estética;
quando muito, o consumidor do produto, ao consumi-lo, entra em contato com
modos estilísticos que conservaram algo da nobreza original, e cuja origem ele
ignora. [...] Temos aqui produtos de massa que tendem para a provocação de
efeitos, mas que não se apresentam como substitutos da arte.
ECO,
U. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2004. p. 81.
Propostas
de redação
A
– DISCURSO DE FORMATURA
O discurso de formatura é um gênero
discursivo produzido para ser proferido oralmente a um auditório em um evento
solene. Expressa formalmente a maneira de pensar e de agir do(s) locutor(es) e
sua visão acerca dos interlocutores presentes na solenidade. Por se tratar de
um texto construído com o objetivo de defender um ponto de vista sobre
determinado assunto, buscando o convencimento do auditório e, logo, sua adesão
às ideias defendidas, é um gênero com características predominantemente
expositivo-argumentativas. Devido a essa forma de interação, o ponto de vista
defendido deve ser fundamentado com explicações, razões, ilustrações, citações
etc.
Imagine que você esteja concluindo
um curso da área de Artes e tenha sido eleito para ser o orador da turma na
solenidade de formatura. Por isso, você deverá escrever o discurso em nome da turma
e, considerando os interlocutores presentes, deverá dirigir-se a um auditório
composto por autoridades, professores, familiares e amigos. Sua argumentação
deve contemplar uma reflexão acerca do papel da arte na vida cotidiana. Defenda
o ponto de vista da turma em relação a esse tema e explicite o posicionamento
assumido diante das funções estética e utilitarista da arte.
B
– BIOGRAFIA
O gênero discursivo biografia é
composto por uma narração que busca reconstituir os fatos mais relevantes da
vida de uma pessoa ou personagem, que, geralmente, alcançou a celebridade por
meio de suas ações. A biografia tem como público, na maioria das vezes, pessoas
curiosas que se interessam pelo lado mais humano da história e que, por meio da
leitura, podem sentir-se mais próximas das personagens que admiram. Por se
tratar de um texto de natureza narrativa, seu autor
possui
uma certa liberdade para se expressar, visto que as cenas criadas por ele são
recriações de uma dada realidade, o que admite um componente ficcional,
permitindo a exploração de recursos de linguagem para valorizar o texto. O
texto biográfico objetiva proporcionar ao leitor a reconstituição, o mais real
possível, de uma imagem da personalidade cuja vida está sendo contada. Por
isso, as citações funcionam como um interessante recurso, porque permitem
incorporar ao texto a “voz” daquela pessoa, associando-a a momentos importantes
da sua vida.
Considerando as explicações acima,
escreva a biografia de um artista (fictício ou real), cujas ações relativas ao
reconhecimento e à difusão da arte no Brasil o tenham colocado no lugar de celebridade.
Para justificar o registro da história do biografado, produza o texto
destacando os principais acontecimentos e realizações do artista em uma área
das artes. Conte a história da celebridade escolhida, demonstrando como sua
obra propõe e reforça as funções estética e/ou utilitária da arte no cotidiano.
Por meio de fatos ocorridos, de falas da personagem e de sua interação com
outras personagens, explicite o ponto de vista do artista sobre o papel da arte
na vida das pessoas.
C
– CARTA DE SOLICITAÇÃO
O gênero carta de solicitação possui
caráter predominantemente argumentativo-persuasivo. Tem por função apresentar a
um interlocutor competente a solicitação de alguma medida que possa solucionar
o problema apresentado pelo locutor. Após a apresentação do problema, os
argumentos que fundamentam a solicitação devem ser selecionados e organizados
de forma a comprovar as razões do remetente. A estratégia
argumentativo-persuasiva busca convencer o destinatário por meio de
explicações, relações de causa e efeito, comparações, exemplos etc.
Suponha que você seja um artista e
resolva concorrer a uma bolsa de estudos oferecida pelo Ministério da Cultura a
artistas que ainda não tenham cursado o ensino superior. O edital de divulgação
da bolsa prevê recursos financeiros, passagens e moradia em países da Europa
aos selecionados no concurso. Para atender a uma das etapas da seleção, você
deve escrever uma carta solicitando a bolsa de estudos na sua área de atuação
artística, justificando os motivos pelos quais você merece ser selecionado. Os
argumentos para comprovar suas razões e persuadir a comissão julgadora a
atender seu pedido devem demonstrar e sustentar o seu ponto de vista quanto ao
papel da arte no cotidiano e suas funções estética e/ou utilitária.
Para escrever sua carta, considere
as características interlocutivas próprias desse gênero. O título, por exemplo,
não é necessário.
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