Fatec – Prova de
Língua Portuguesa - 2º Semestre - 2005
Texto I, para
responder às questões de 43 a 45.
Romance XXXIV
ou de Joaquim Silvério
Melhor negócio
que Judas
fazes tu,
Joaquim Silvério:
que ele traiu
Jesus Cristo,
Recebeu trinta
dinheiros...
- e tu muitas
coisas pedes:
pensão para
toda a vida,
perdão para
quanto deves,
comenda para o
pescoço,
honras,
glória, privilégios.
E andas tão
bem na cobrança
que quase tudo
recebes!
Melhor negócio
que Judas
fazes tu,
Joaquim Silvério!
Pois ele
encontra remorso,
coisa que não
te acomete.
Ele topa uma
figueira,
tu calmamente
envelheces,
orgulhoso
impenitente,
com teus
sombrios mistérios.
(Pelos
caminhos do mundo,
nenhum destino
se perde:
há os grandes
sonhos dos homens,
e a surda
força dos vermes.)
(Cecília
Meirelles, Romanceiro da Inconfidência.)
Questão 43 - Considere as
seguintes afirmações sobre o texto.
I. O emissor
assume postura argumentativa ao exprimir juízos de valor sobre as ações de
ambos os traidores célebres.
II. A
significação do texto constrói-se com base numa ampla comparação, na qual se
destaca crítica mais contundente à traição praticada por Joaquim Silvério.
III. O emissor
enfatiza as vantagens obtidas pelos atos de Joaquim Silvério, como forma de
expor sua vileza.
IV. Os versos
finais, postos entre parênteses, contêm um comentário de natureza ética e generalizante
que expressa o tema do texto.
Estão corretas
as afirmações:
a) I e III,
apenas. b) II e IV,
apenas.
c) I, III e
IV, apenas. d) II, III e
IV, apenas. e) I, II, III
e IV.
Questão 44 - Melhor negócio
que Judas / fazes tu, Joaquim Silvério: /que ele traiu Jesus Cristo
E andas tão
bem na cobrança que quase tudo recebes.
Assinale a
alternativa em que se identifica, correta e respectivamente, o valor sintático
e de sentido das orações em negrito.
a) Explicação
e conseqüência.
b) Causa e
causa.
c) Causa e
explicação.
d) Explicação
e explicação.
e)
Consequência e causa.
Questão 45 - À vista dos
traços estilísticos, é correto afirmar que o texto de Cecília Meirelles
a) representa
grande inovação na construção dos versos, marcando-se sua obra por experimentalismo
radical da linguagem e referência a fontes vivas da língua popular.
b) é despida
de sentimentalismo e pautada pelo culto formal expresso na riqueza das rimas e
na temática de cunho social.
c) simula um
diálogo, adotando linguagem na qual predomina a função apelativa, e opta por
versos brancos, de ritmo popular (caso dos versos de sete sílabas métricas).
d) expressa
sua eloqüência na escolha de temática greco-romana e nas tendências conservadoras
típicas do rigor formal de sua linguagem.
e) é de
tendência descritiva e heróica, adotando a sátira para expressar a crítica às
instituições sociais falidas.
Texto II, para
responder às questões de números 46 a 48
(1) Outra vez,
o terror arranha nossos olhos. Como é de seu feitio, cai sobre inocentes, de
surpresa e à toa, para que voltemos a nos lembrar dele. De fato, sinto-me
provocada a dar atenção a ele e a tentar compreendê-lo do ponto de vista não político, mas humano.
(2) Na sua
expressão política, o terror está sempre amparado por uma razão ideológica ou
religiosa. Razões supremas e sobre-humanas, pensa-se (a lei da natureza, a lei
da história, a lei de Deus), e que, por isso mesmo, justificariam todo o mal
decorrente de sua efetivação.
(3) Mas, na
vida cotidiana, nada legitima o terror, além da vontade e do interesse dos seus
agentes. Guardadas as devidas medidas e proporções, são também atos de
terrorismo aqueles que invadem as cenas cotidianas: da violência doméstica à
guerra civil que vem se instalando em algumas cidades brasileiras e cujas
primeiras manifestações já eram os arrastões realizados nas praias cariocas nos
anos 80.
(4) Seja na
esfera da vida política, seja na da vida privada, o ato de terror visa submeter
os outros homens à vontade do agente. Sempre através de uma violência que não
se anuncia, potencializada pelas armas e com o poder de exterminar sem dar
direito à defesa.
(5) Em nome de
que um homem pratica o terror? O que o autoriza? Qual o seu propósito?
(6) Penso que
o terror tenha sua origem na arrogância, nesse ato de tomar só para si o poder
de julgar os outros, de dar aos outros o que se pensa que merecem, recompensa
ou castigo, a vida ou a morte, de decidir por eles, especialmente sobre o seu
destino.
(7) A razão de
ser do terror é a arrogância. Não importa o motivo se por ódio, se por amor, se
por justiça, se por verdade. O arrogante não faz acordos nem observa regras. A
lei é a sua. A palavra é a sua. O momento é o seu. A
arrogância
condenou à morte Jesus, Sócrates, Gandhi.
Deu suporte ao nazismo, ao
stalinismo, à Inquisição; sustenta fundamentalismos políticos e
religiosos.
(Dulce
Critelli, Folha Equilíbrio, 01.04.2004.)
Questão 46 - Segundo o
texto,
a) existe a
crença de que as motivações do terror político ultrapassam as motivações
meramente humanas; justifica-se, assim, o mal que ele causa.
b) a
legitimação do terror na vida cotidiana excede o desejo e o arbítrio dos que
praticam essa forma de violência.
c) a aceitação
do terror, do ponto de vista humano, é garantida pela feição política desse
fenômeno que atinge tantos inocentes no mundo.
d) a
arrogância só leva ao terror quando há motivos fortes o ódio ou a justiça, entre outros.
e) a submissão
dos homens à vontade do agente do terror não se expõe na violência das armas.
Questão 47 - Considere as
seguintes afirmações sobre a organização do texto.
I.
Didaticamente, o 2º parágrafo contém desmembramento das idéias expostas no parágrafo
anterior.
II. O 4º
parágrafo reúne idéias expostas nos parágrafos anteriores, por meio da
identificação de um ponto em comum: o objetivo do terror.
III. As
indagações contidas no 5º parágrafo sãomeramente recurso retórico, visto que a
seqüência do texto não cuida de dar respostas a elas.
IV. O 7º
parágrafo consiste numa expansão do 6º, desenvolvendo a tese, expressa neste
último, de que o homem pratica o terror movido pela
arrogância.
Estão corretas
apenas as afirmações
a) I e II. b) I, II e
III. c) I e IV. d) I, II e IV. e) II, III e
IV.
Questão 48 - Assinale a
alternativa que identifica, adequada e respectivamente, as circunstâncias
expressas pelas seguintes expressões no contexto do 1º parágrafo:
Outra vez; de
surpresa; à toa.
a) Reiteração;
modo; causa.
b) Tempo;
meio; explicação.
c) Tempo;
lugar; causa.
d) Reiteração;
causa e modo.
e) Modo; meio;
modo.
GABARITO
43 – E 44 – A 45 – C 46 – A 47 – D 48 – A
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