Fatec
– Prova de Língua Portuguesa - 1º Semestre - 2006
Leia
o texto, para responder às questões de números 43 a 45.
Enquanto
um misto de tragédia e pantomima se desenrola aos nossos olhos atônitos,
escrevo esta coluna meio ressabiada: como estará o Brasil quando ela for
publicada, isto é, em dois dias? Estamos no meio de um vendaval desconcertante:
numa mistura entre público e privado como nunca se viu, correntes inimagináveis
de dinheiro sem origem ou destino declarados jorram sobre nós levando embora
confiança, ética e ilusões.
O
drama é que não somos arrastados por “forças ocultas” ou ventos inesperados.
Devíamos ter sabido. Muitos sabiam e vários participaram – embora apontem o
dedo uns para os outros feito meninos de colégio: “Foi ele, foi ele, eu não fiz
nada, eu nem sabia de nada, ele fez muito pior”. Espetáculo deprimente, que
desaloja de seu acomodamento até os mais crédulos.
Se
mais bem informados, poderíamos ter optado diferentemente em várias eleições –
mas nos entregamos a miragens sedutoras e idéias sem fundamento. Agimos como
cidadãos assim como fazemos na vida: omissos por covardia ou fragilidade, por
fugir da realidade que assume tantos disfarces. Deixamos de pegar nas mãos as
rédeas da nossa condição de indivíduos ou de brasileiros, e isso pode não ter
volta. Fica ali feito um fantasma pérfido: anos depois, salta da fresta, mostra
a língua, faz careta, ri da nossa impotência. Não dá para voltar, nem sempre há
como corrigir o que se fez de errado, ou que deixou de ser feito e causou
graves mazelas.
(Lya
Luft, É hora de agir. Veja, 27 de julho de 2005.)
Questão
43 - Quanto
à organização das idéias no texto,
a)
obedece à lógica de um texto de natureza jornalística, que tem o dever de
informar sem expressar o ponto de vista do autor ou do jornal.
b)
segue o modelo da crônica de costumes, com foco na percepção irônica da vida em
sociedade.
c)
observa o modelo clássico do texto literário, optando por tratar de temas
universais em linguagem filosófica.
d)
funda-se na relação entre apreciações de cunho pessoal e argumentos baseados em
fatos.
e)
centra-se na discussão da vida nacional, adotando o ponto de vista de
observador que se abstém de expor avaliações.
Questão
44 - Assinale
a alternativa em que o trecho do texto, reescrito, apresenta-se de acordo com
os princípios de concordância e colocação pronominal da norma culta.
a)
O drama é que “forças ocultas” ou ventos inesperados não o arrasta.
b)
Sobre nós jorra dinheiro sem origem ou destino, em correntes que não se
imaginam.
c)
Escrevo essa coluna mais ressabiada, enquanto nossos olhos atônitos vê se
desenrolar um misto de tragédia e pantomima.
d)
Se desaloja até os mais crédulos de seu acomodamento, graças a esse espetáculo
deprimente.
e)
Poderia-se ter optado diferentemente, em várias eleições, se a população toda
estivesse mais bem informado.
Questão
45 - Considere
as orações em destaque e numeradas nos períodos abaixo.
Muitos
sabiam e vários participaram – (I) embora apontem o dedo uns para os outros.
(II)
Se mais bem informados, poderíamos ter optado diferentemente em várias eleições
– (III) mas nos entregamos a miragens sedutoras e idéias sem fundamento.
Assinale
a alternativa correta.
a)
A oração (I) expressa condição e tem equivalente adequado em – mesmo apontando
o dedo uns para os outros.
b)
A oração (II) expressa modo e tem equivalente adequado em – a menos que
fôssemos mais bem informados.
c)
A oração (III) expressa conseqüência e tem equivalente adequado em – entretanto nos entregamos a miragens sedutoras
e idéias sem fundamento.
d)
As orações (I) e (III) são sintaticamente equivalentes, e as conjunções que as
introduzem podem ser corretamente substituídas por desde que.
e)
As orações (II) e (III) expressam, respectivamente, condição e ressalva, e a
(II) tem equivalente adequado em – caso fôssemos mais bem informados.
Leia
o texto abaixo para responder às questões de números 46 a 48.
A
velha Sinhá não sabia mesmo o que se passava com o seu marido. Fora ele sempre
de muito gênio, de palavras duras, de poucos agrados. Agora, porém, mudara de
maneira esquisita. Via-o vociferar, crescer a voz para tudo, até para os bichos,
até para as árvores. Não podia ser velhice, a idade abrandava o coração dos
homens. Pobre da Marta que o pai não podia ver que não viesse com palavras de
magoar até as pedras. Por ela não, que era um resto de gente só esperando a morte.
Mas não podia se conformar com a sorte de sua filha. O que teria ela de menos
que as outras? Não era uma moça feia,
não era uma moça de fazer vergonha. E no entanto nunca apareceu rapaz algum que
se engraçasse dela. Era triste, lá isso era. Desde pequena via aquela menina
quieta para um canto e pensava que aquilo fosse até vantagem. A sua comadre Adriana
lhe chamava a atenção:
– Comadre, esta menina precisa ter
mais vida.
Não fazia questão. Moça era para viver
dentro de casa, dar-se a respeito. E Marta foi crescendo e não mudou de gênio.
Botara na escola do Pilar, aprendeu a ler, tinha um bom talhe de letra, sabia
fazer o seu bordado, tirar o seu molde, coser
um vestido. E não havia rapaz que parasse para puxar uma conversa. Havia moças
mais feias, mais sem jeito, casadas desde que se puseram em ponto de casamento.
Estava com mais de trinta anos e agora aparecera-lhe aquele nervoso, uma
vontade desesperada de chorar que lhe metia medo. Coitada da filha. E depois
ainda por cima o pai nem podia olhar para ela. Vinha com gritos, com
despropósitos, com implicâncias. O que sucederia à sua filha, por que Deus não lhe
dera uma sina mais branda?, pensava assim a velha Sinhá enquanto na tenda o
mestre José Amaro batia sola. Aquele ofício era doentio.
(José
Lins do Rego, Fogo morto.)
Questão
46 - Considere
os enunciados a respeito do fragmento:
I.
As expectativas familiares de Sinhá frustram-se no momento em que percebe que o
marido tem um gênio difícil.
II.
A ausência de pretendente para se casar com Marta revela a Sinhá que ela não
soubera educar sua filha.
III.
A velha Sinhá se dá conta de que o marido vive uma crise cujas razões, porém,
ela desconhece.
IV.
A relação entre pai e filha, no momento das reflexões da velha Sinhá, está
marcada pela violência verbal.
V.
A velha Sinhá tem crises de choro ao perceber que sua família está se tornando
desconhecida para ela.
São
corretos os enunciados:
a)
I, II e IV. b)
II, IV e V. c)
II e III. d)
III e IV. e)
I, III e V.
Questão
47 - Fogo
morto, de José Lins do Rego, é um romance característico
a)
do regionalismo romântico do século XIX, como se comprova pela descrição da
personagem idealizada pelo sofrimento exagerado.
b)
da ficção dos anos 30 e 40 do século XX, em que a observação do meio social não
reduz o alcance da análise dos conflitos humanos.
c)
da experimentação dos anos 20 do século XX, uma vez que o autor critica os
valores da família burguesa e sua inadequação aos padrões culturais.
d)
do regionalismo realista-naturalista de finais do século XIX, pois o
comportamento das personagens é determinado pelo meio natural.
e)
da prosa de vanguarda dos anos 60 do século XX.
Questão
48 - Substituindo-se
os termos sublinhados em – Nunca apareceu rapaz nenhum que se engraçasse dela
–, assinale a alternativa na qual a
regência nominal e/ou verbal se apresenta de acordo com a norma culta.
a)
Nunca surgiu rapaz nenhum que com ela se encantasse.
b)
Nunca soube de rapaz nenhum que se interessasse dela.
c)
Nunca ouviu falar sobre rapaz nenhum que lhe admirasse.
d)
Nunca a apresentaram rapaz nenhum que lhe amasse.
e)
Nunca conheceu a rapaz algum que namorasse com ela.
GABARITO
43
– D 44 – B 45 – E
46 – D 47 – B 48 – A
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