Tema de Redação - UFG - Vestibular - 2001
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A questão de Redação apresenta um tema único para as três modalidades –
dissertação, carta argumentativa e narração. Qualquer que seja a modalidade
escolhida por você, considere o tema proposto.
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A fuga ao tema, em cada uma das três propostas, implicará a ANULAÇÃO de sua
redação.
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Esta prova traz uma coletânea que tem a finalidade de avaliar sua capacidade de
leitura e sua habilidade no tratamento das informações apresentadas. Assim, a
consideração desses textos é obrigatória, mas você não deve, simplesmente,
copiar frases ou partes deles, sem que essa transcrição esteja a serviço de seu
projeto de redação. Os textos das quatro últimas questões discursivas, que
precedem a questão de Redação, estão associados ao tema. Desse modo,
considere-os também como parte da coletânea.
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Se você optar pela carta argumentativa, não a assine.
Tema
A
Amazônia sempre foi um espaço de conflitos, tanto entre seus habitantes, povos
nativos e grupos econômicos quanto entre os países que a compõem ou que tenham
algum interesse na região.
Em
vista do exposto, você vai ler uma coletânea cujo tema é
Internacionalização
da Amazônia: afronta à soberania nacional ou defesa do ecossistema global?
Proposta
A – DISSERTAÇÃO
Apoiando-se
na leitura da coletânea, elabore um texto dissertativo, no qual seja
apresentado o seu ponto de vista a respeito do tema proposto.
Em
seu texto, exponha argumentos por meio dos quais você possa analisar e
interpretar os dados e as informações contidos na coletânea.
Proposta
B – CARTA ARGUMENTATIVA
Com
base no tema indicado, escreva uma carta argumentativa a um dos chefes de
Estado das duas maiores potências que estão envolvidas no conflito de
interesses em torno da proposta de internacionalização da Amazônia. Se você for
contra, escreva ao presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, expondo
argumentos que demonstrem que a internacionalização da Amazônia é uma afronta à
soberania nacional; se você for a favor, dirija-se ao presidente do Brasil, Fernando
Henrique Cardoso, apresentando argumentos que defendam a internacionalização da
Amazônia como um ato de preservação do ecossistema global.
Proposta
C – NARRAÇÃO
Como
você já deve saber, a narração é uma modalidade de texto usada para se contar
uma história. Assim, tendo como referência as informações da coletânea, escreva
uma narrativa em terceira pessoa. Para elaborar o projeto de seu texto, você
deve levar em consideração os dramas da floresta amazônica, como, por exemplo, invasão
de terras indígenas, extermínio de animais pela caça predatória, destruição de
espécies vegetais raras e plantações, poluição dos rios devido à ação dos
garimpeiros, conflitos armados entre seringueiros e fazendeiros,
narcotraficantes e polícia,
desmatamento de grandes áreas, etc.
Independentemente
das situações escolhidas (“dramas”), você deve ter sempre em vista o tema da
coletânea.
Coletânea
Texto
1
A Amazônia é uma grande bacia
hidrográfica que se estende da cordilheira andina e avança por todo o Norte do
Brasil, recoberta predominantemente por um mosaico de formações florestais.
Fora do Brasil a floresta amazônica se estende pela Guiana Francesa, Suriname,
Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia
(Jurandyr
L. Sanches Ross (org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998. p.160).
Texto
2
As polêmicas sobre a atual ocupação
da Amazônia brasileira são intensas, envolvendo os que a apóiam e os que a criticam.
Os que apóiam a devastação florestal argumentam que esse é o preço do
progresso, que seria romantismo desejar o desenvolvimento econômico do Brasil
sem provocar grandes modificações ambientais e que a poluição é benéfica na medida
em que contribui para o país superar seu subdesenvolvimento, caminhando para se
tornar uma superpotência. Os que criticam a destruição da Floresta Amazônica
dizem que esse progresso beneficia apenas uma minoria da população e que em nome
de um falso desenvolvimento está sendo depredado um patrimônio de toda a
humanidade, uma paisagem natural pouco estudada
e conhecida, e que ainda não se sabe bem como aproveitá-la racionalmente
(José
W. Vesentini. Brasil – Sociedade & Espaço. 4.ed. São Paulo: Ática. p. 280).
Texto
3
A Amazônia é ocupada em grande parte
por povos indígenas, caboclos seringueiros e ribeirinhos, ocupantes
tradicionais da floresta que, por razões étnicas, culturais, históricas e
econômicas, praticam o extrativismo e uma agricultura itinerante. Essa forma de
exploração dos recursos naturais em níveis de baixo impacto ecológico sobre a
floresta tem sido substituída pelo extrativismo de escala altamente predatória,
levando ao extermínio de inúmeras espécies. A pecuária, a mineração, a extração
industrial da castanha, a caça e a comercialização de peles de animais têm
destruído aceleradamente a flora e a fauna amazônica, com conseqüências muito
negativas para a biodiversidade
(Jurandyr
L. Sanches Ross (org.). Op. cit. p.168).
Texto
4
Na década de 80, a Amazônia era
considerada o pulmão do mundo e nós, brasileiros, os incendiários que estavam
acabando com o oxigênio do planeta. Os outros países, de olho em nossas
riquezas, se diziam preocupados com a saúde da Terra e queriam dar palpite em
tudo que acontecia na Amazônia. Naquela época, existiam na região rotas de
tráfico de drogas, ocupação desordenada, invasão de áreas indígenas,
contrabando, ações predatórias – principalmente de madeireiras e garimpos ilegais
– e a ocorrência de uma série de outros crimes. Na verdade, com as dificuldades
de comunicação e controle da região, ficava difícil para o governo brasileiro
saber a real situação da Amazônia. Ao longo dos anos, a situação só piorou...
(Texto
institucional sobre o Sivam extraído da Internet).
Texto
5
As ameaças de internacionalização da
Amazônia tornam-se dia a dia mais frequentes, visíveis, concretas. (...)
Políticos e militares da região mostram-se preocupados com a perspectiva da
intervenção estrangeira, já vista por alguns como inevitável, e deploram a
ausência do Estado nos grandes vazios amazônicos e em particular nas extensas
faixas de fronteira da região. (...) Mais grave é que, no presente, a questão
da soberania nacional sobre a região não tem mais o condão de conter a língua
de alguns dos mais reconhecidos líderes políticos da atualidade no mundo, que
se mostram incerimoniosos em discutir o futuro da Amazônia, como se a região já
lhes pertencesse. A propósito, é fácil recolher depoimentos que vão de Margareth
Taecher a Henry Kissinger e tantos outros, passam por John Major e chegam a Al
Gore, atual vice-presidente e virtual presidente dos estadunidenses, para quem
“ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos
nós”, em nome de princípios humanitários, que justificariam qualquer
intervenção em armas na região.
(A
internacionalização da Amazônia. Paulo Figueiredo, advogado e professor de
Direito da Fundação Universidade do Amazonas. Texto extraído da Internet).
Texto
6
(...) poderão vicejar projetos
intervencionistas internacionais, inclusive com a probabilidade real de
receberem o apoio de contingentes de nativos da região. (...) é comum ouvir-se
na Amazônia que talvez fosse melhor entregar tudo aos americanos, porque com
eles ao menos chegaria o progresso e o bem-estar para as populações regionais,
vítimas do abandono secular, enteados da pátria. (...) não são poucos os que
pensam assim, fruto da desesperança e do isolamento, diante da outra face do país,
próspera e desenvolvida
(Paulo
Figueiredo. Id., ibid.).
Texto
7
Os Estados Unidos, há muito, desejam
controlar a Amazônia. Não foi por outra razão que “ambientalistas” americanos iniciaram
um movimento para declarar a Amazônia área de interesse mundial (essa questão
foi a pauta não oficial da Eco-92, realizada no Rio, em julho de 1992). A
chantagem econômica e financeira também faz parte dessa estratégia. Em troca de novos
empréstimos e assistência tecnológica, a Casa Branca impõe, como condição, a
militarização do combate ao narcotráfico, com a devida ingerência de seus
“assessores” nos assuntos dos países latino-americanos, incluindo o comando de
“operações especiais”
(José
Arbex. A invasão da Amazônia. Caros Amigos, nº 30, set. 1999. p.37).
Texto
8
O governo brasileiro não deve se
envolver nessa questão da Colômbia, inclusive com outros países da América do
Sul. Deverá, apenas, comunicar aos países protagonistas da operação que a
possível presença de tropas brasileiras na fronteira será para não permitir a
invasão de seu território; não tendo essa atitude nenhuma conotação belicosa.
Eu acredito que essa providência seria adotada por qualquer outro país que
tivesse uma fronteira tão extensa e nas condições da nossa. A ação dos Estados
Unidos, de combate ao plantio e ao tráfico de drogas na Colômbia, é válida,
pois, quando um país produz uma desgraça que é exportada para o mundo inteiro e
não consegue destruí-la, é necessário que um outro país que tenha condições o
faça.
(Carta
de Rubens Correia Leite, de Jundiaí-SP, enviada à Folha de S. Paulo, de 16 set.
2000).
Texto
9
Camilo Fuentes acreditava firmemente
que, para sobreviver no mundo hostil em que vivia, era preciso estar preparado para
matar. Seu pai fora morto na fronteira porque vacilara ao enfrentar seu
assassino. Camilo tinha sete anos quando isso aconteceu, mas seu tio Miguel lhe
contara tudo: o homem que matara seu pai era brasileiro, como eram brasileiros
os usurpadores de larga parte do território boliviano, um território tão grande
que se transformara num dos estados da República do Brasil, o vizinho imperialista
que, com a conveniência de governantes bolivianos corruptos, há séculos roubava
as riquezas naturais do seu país. Camilo, na infância e na adolescência,
sofrera a arrogância dos seus vizinhos ricos do outro lado da fronteira, aos
quais prestava pequenos serviços humilhantes em troca de pagamento miserável.
Por esse motivo e outros mais obscuros, odiava os brasileiros
(Rubem
Fonseca. A Grande Arte. 12.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p.104).
Texto
10
Era
uma vez na Amazônia, a mais bonita floresta
mata
verde, céu azul, a mais imensa floresta
no
fundo d’água as iaras, caboclo, lendas e mágoas
e
os rios puxando as águas.
(...)
No
lugar que havia mata, hoje há perseguição
grileiro
mata posseiro só para lhe roubar seu chão
castanheiro,
seringueiro já viraram até peão
afora
os que já morreram como ave-de-arribação
Zé
de Nana tá de prova, naquele lugar tem cova
gente
enterrada no chão:
Pois
mataram índio que matou grileiro que matou posseiro
disse
um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
roubou
seu lugar
(...)
(Vital
Farias. “Saga da Amazônia”)
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