Tema
de Redação – Cásper Líbero – 2011
Cada uma das obras
obrigatórias que integram este exame vestibular veicula uma visão crítica
acerca do homem e da sociedade, de modo geral, sendo que algumas delas aplicam
essa crítica à sociedade brasileira, mais especificamente.
Tomando por base,
necessariamente, algumas das ideias veiculadas não só pelos livros e filmes
como também pelos textos de Caio Prado Júnior em torno dos quais algumas questões
foram elaboradas, redija um texto dissertativo em prosa no qual você apresente sua
visão crítica (pessoal) da sociedade brasileira, apontando a viabilidade de
algumas soluções para os problemas estruturais que o Brasil enfrenta desde sua
constituição como nação.
Observações:
1. Cuide para que seu texto não se transforme em um amontoado de frases
feitas e clichês sobre os problemas do Brasil. Procure desenvolver um ponto de
vista consistente e expressivo sobre a(s) questão(ões) a ser(em) abordada(s),
expondo as ideias de modo coerente.
2. O texto deve ser escrito na variante culta (formal) da língua
portuguesa. Portanto, não
use gírias e certos recursos expressivos muito informais.
3. Embora se trate de um texto dissertativo, é plenamente possível que o
candidato se
expresse na 1ª, 2ª ou 3ª pessoas do discurso.
Nota do blog:
As obras exigidas pela Cásper Líbero nesse ano foram:
Os filmes:
Abaixo os textos de Caio Prado Júnior presentes na prova.
A Independência (que
tem seu ponto de partida na transferência da corte portuguesa em 1808) assinala
a estruturação do Estado Brasileiro, o que determina, com a configuração da
nova individualidade nacional que o Brasil passava a apresentar, a grande e
variada série de consequências que derivam da inclusão no próprio país e sobre
a base exclusiva de nacionais, do seu centro político, administrativo e social.
A inspiração, orientação e direção do conjunto da vida brasileira se farão daí
por diante a partir de seu próprio interior onde se localizarão seus estímulos
e impulsos, o que torna possível definir, propor e realizar as aspirações e
interesses propriamente nacionais. Do ponto de vista estritamente econômico,
destaquemos unicamente o que a estruturação do Estado nacional representaria
como fator de ampliação das despesas públicas, com reflexo imediato nas
particulares; e portanto de ativação de vida econômica e financeira, aumento da
renda nacional e do consumo que isso representa. O efeito conjugado desses fatores resultará, em consequência da brusca transformação ocorrida, no
profundo desequilíbrio financeiro e nas crises que caracterizam a vida do
Império até meados do século. E constitui circunstância que influi
poderosamente no sentido de estimular a integração nacional da economia
brasileira. Isso será tanto mais sensível e de efeitos mais amplos, que acresce
um fator de ordem político-administrativa a atuar no mesmo sentido. Até a
Independência, as capitanias brasileiras, depois províncias e hoje Estados, se
achavam dispersas e cada qual muito mais ligada à metrópole portuguesa que às
demais. A administração sediada no Rio de Janeiro era de fato, no que respeita
ao conjunto da colônia, puramente nominal, e sua jurisdição não ia realmente
além da intitulada capital e sede do Vice-reinado e das capitanias meridionais.
A transferência da corte torna o Rio de Janeiro efetivamente em centro e
capital do país que se articulará assim num todo único. Essa situação se
consolidará com a efetivação da Independência e a formação do Estado nacional
brasileiro, que constituem assim a definitiva integração territorial do país
antes disperso e interligado unicamente através e por via da metrópole.
De maior proporção
ainda, no que respeita à transformação da antiga colônia em
coletividade nacional integrada e organizada, são estes primeiros
passos decisivos da incorporação efetiva da massa trabalhadora à sociedade
brasileira que consistem na supressão do tráfico africano (1850) e seus corolários
naturais: o estímulo à imigração europeia de trabalhadores destinados a
suprir a falta de mão-de-obra provocada pela supressão daquele tráfico, e a
abolição da escravidão (1888).
(Caio Prado Júnior. A revolução brasileira.)
“Em conclusão, apesar
das grandes transformações por que passou a economia brasileira, e que se vêm acentuando nestes últimos decênios, ela não
logrou superar algumas de suas principais debilidades originárias, e
libertar-se de sua dependência e subordinação no que respeita ao sistema
econômico e financeiro internacional de que participa e em que figura em
posição periférica e marginal. /.../ é um progresso que pela maneira como se
realiza , ou se realizou até hoje, se anula em boa parte e se autolimita,
encerrando-se em estreitas perspectivas. Isso porque se subordina a
circunstâncias que, embora aparentemente distintas do antigo sistema colonial, guardam
com esse sistema, na sua essência, uma grande semelhança. /.../ Em suma, /.../
o antigo sistema colonial em que se constituiu e evoluiu a economia brasileira,
apesar de todo o progresso e as transformações realizadas, fundamentalmente se
manteve, embora modificado e adotando formas diferentes.
E o processo de
integração econômica nacional, embora se apresente maduro para sua completa e
definitiva eclosão, se mostra incapaz de chegar a termo e se debate em
contradições que não consegue superar. Das contradições que no passado
solapavam a economia brasileira, passamos a outras de natureza diferente, mas
nem por isso menos graves. Essas contradições se manifestam sobretudo, e agudamente,
como vimos, na permanência, e até no agravamento da tendência ao desequilíbrio
de nossas contas externas, embora apresentando-se agora sob novas formas, e
implicando diretamente a ação imperialista. São as nossas relações financeiras
com o sistema internacional do capitalismo – e nisso se distingue a nossa situação
atual da do passado – que comandam o mecanismo das contas externas do país. Não
são mais unicamente as vicissitudes da exportação brasileira, como ocorria
anteriormente, que determinam o estado daquelas contas. E sim sobretudo e
decisivamente os fluxos de capitais controlados do exterior e que sob diversas formas
(inversões, financiamentos, empréstimos, amortizações, rendimentos etc.) se
fazem num e noutro sentido em função dos interesses da finança internacional. Ou
por fatores de ordem política que em última instância também se orientam por aqueles
interesses”.
PRADO, Jr. Caio. A revolução brasileira. São Paulo: Brasiliense,
1966.
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Tema de Redação – Cásper Líbero – 2016
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