Tema
de Redação – FGV – 2019 – 2º semestre – ADMINISTRAÇÃO
A morte
moral do Brasil
O Brasil está moralmente morto. A vasta corrupção que destruiu as
instituições, a impunidade dos corruptores e de muitos corruptos notórios, os privilégios
dos políticos e do alto funcionalismo, a incapacidade do Estado e dos políticos
de resolver os problemas fundamentais do país e do povo, a vandalização da
Constituição pelo Judiciário, a devastadora destruição de Mariana, as chamas
que queimaram a nossa história no Museu Nacional, a regressão eleitoral e a
tragédia de Brumadinho são eventos de um único ambiente que provocou a morte
moral do Brasil.
Não há limites para os nossos retrocessos. O Brasil está entregue
ao grotesco, ao tenebroso, ao assombroso. Muitos dos maiores invocadores da
pátria não são patriotas. Alguns dos maiores invocadores de Deus são sócios do
demônio. Em nome do moralismo tosco, criminoso, anti-humano, contrário aos
direitos civis, apunhala-se a própria moral, busca-se legitimar a violência
como método de solução de conflitos, deixa-se de querer e de fazer o bem comum.
O Brasil está moralmente morto porque somos um povo incapaz de
acreditar no Brasil e em nós mesmos. Temos o pior índice de confiabilidade interpessoal.
Por isso somos dominados pela ausência de um sentido comum e não somos capazes
de construir uma comunidade de destino. No Brasil, o senso ético do bem comum
foi assassinado, seu corpo foi arrastado pelas ruas das nossas cidades e
crucificado nas praças públicas para advertir e impor o medo àqueles que lutam
por direitos, justiça e igualdade. Querem que nos curvemos à descrença e que só
acreditemos em que nada vale a pena, visando gerar o imobilismo social e
político, a impotência para a luta, a incapacidade para a virtude e a descrença
no futuro. A morte das vontades e dos desejos de mudança é a morte moral do
Brasil e de seu povo.
Um país que tem 106 milhões de pessoas que ganham até um salário
mínimo, que tem 54 milhões de pessoas pobres, mais de 15 milhões que vivem abaixo
da linha da pobreza e que ocupa a nona posição entre os mais desiguais do mundo
não pode ser um país moralmente vivo. Um país que mata 64 mil pessoas por ano
pela violência, que destroça milhares de pessoas no trânsito, que ocupa o
sétimo lugar entre aqueles países que mais matam jovens e o quinto lugar entre
aqueles que mais matam mulheres é um país moralmente morto.
Recentemente, elites dirigentes nacionais romperam com o consenso
que se havia construído após sua redemocratização: o de que o principal problema
do país é a desigualdade social e de que só haverá progresso e desenvolvimento
se esse problema for resolvido. O Brasil não terá futuro e nem dignidade se
esse consenso não for restabelecido e se os governantes não tiverem mais
capacidade e eficiência para resolver o problema. O Brasil também não terá paz
social se não houver uma união de uma grande maioria consciente e empenhada em
resolvê-lo. Sem enfrentar tal problema, a decadência do Brasil continuará de
forma inapelável e a riqueza que for aqui construída com o sacrifício de muitos
será um benefício de poucos, pois será uma riqueza assaltada pelos mecanismos
legais e extralegais da exploração despudorada.
Hoje, somos 212 milhões de brasileiros, todos estranhos entre si,
desconfiados uns dos outros, quase hostis. Vivemos mergulhados na solidão das nossas
angústias e dos nossos temores, sem capacidade de transformá-los em ação e
furor. Quase não temos vida associativa, os partidos são entes ocos, os
sindicatos são comitês de burocratas, a sociedade civil não tem capacidade de
reação e de mobilização. Se a razão tem motivos de sobra para ser pessimista, a
vontade precisa nos animar, restaurar as nossas virtudes cívicas para as lutas
e os combates, pois só neles reside a esperança.
Aldo
Fornazieri - Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e
Política de São Paulo (FESPSP) https://www.contextolivre.com.br. 2019. Adaptado.
O texto
acima reproduzido apresenta, de modo convicto e veemente, argumentos e exemplos
em favor da tese de que o Brasil se encontra moralmente morto. Considerando as
ideias nele contidas, além de outras informações que você julgue pertinentes, redija
uma dissertação em prosa, argumentando de modo a expor seu ponto de vista sobre
o tema: O Brasil está moralmente morto?
Instruções:
• A
redação deverá seguir as normas da língua escrita culta.
• O texto
da redação deverá ter, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas escritas. Redações
fora desses limites não serão corrigidas e receberão nota zero.
• A
redação terá nota zero, caso haja fuga total ao tema ou à estrutura definidos
na proposta apresentada.
•
Transcreva o rascunho da redação para a folha definitiva. O que estiver escrito
na folha de rascunho não será considerado para a correção.
• A
redação deverá ser redigida com letra legível e, obrigatoriamente, com caneta
de tinta azul ou preta. Redações que não seguirem essas instruções
não serão
corrigidas, recebendo, portanto, nota zero.
• É
recomendável dar um título a sua redação.
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