Seguidores

domingo, 28 de outubro de 2012

Quadras de Fernando Pessoa


Quadras portuguesas de Fernando Pessoa

 “A quadra é o vaso de flores que o povo põe à janela da sua alma.
 Da órbita triste do vaso obscuro, a graça exilada das flores atreve o seu olhar de alegria.
 Quem faz quadras portuguesas comunga a alma do Povo, humildemente de nós todos e errante dentro de si próprio.” 

“Teus olhos tristes, parados
  Coisa nenhuma a fitar...
  Ah, meu amor, meu amor,
  Se eu fora nenhum lugar!”


“Quando a manhã aparece                 “Quando te apertei a mão
  Dizem que nasce alegria.                   Ao modo de assim-assim, 
  Isso era se ela viesse.                        Senti o me coração
  Até de noite era dia.”                        A perguntar-me por mim.”

“Se ontem à tua porta                        “Tens uns brincos sem valia
  Mais triste o vento passou -              E um lenço que não é nada,
  Olha: levava um suspiro ...                Mas quem me dera ser o dia
  bem sabes quem te mandou...”         De quem és a madrugada.”

“Tenho um livrinho onde escrevo       “O coração é pequeno
  Quando me esqueço de ti.                Coitado e trabalha tanto
  É um livro de capa negra                  De dia a ter que chorar
  Onde inda nada escrevi...”                De noite a fazer o pranto...”

“Por muito que pense e pense            “Vai alta a nuvem que passa,
  No que nunca me disseste,                Vai alto o meu pensamento
  Teu silêncio não convence,                Que é escravo da sua graça
  Faltaste quando vieste.”                     Como a nuvem o é do vento.”

“As gaivotas, tantas, tantas,               “Meu coração a bater
  Voam do rio para o mar...                Parece estar-me a lembrar
  Também sem querer encantas           Que, se um dia te esquecer,
  Nem é preciso voar.”                        Será por ele parar.”

“Dias são dias, e noites                       “Tens um anel imitado
  São noites e não dormi...                    Mas vais contente de o ter.
  Os dias a não te ver                           Que importa o falsificado
  As noites pensando em ti.”                 Se é verdadeiro o prazer.”

“Tenho vontade de ver-te                     “Há verdades que se dizem
  Mas não sei onde encontrar.               E outras ninguém dirá,
  Passeias onde não ando,                     Tenho uma coisa a dizer-te
  Andas sem eu te encontrar.”               Mas não sei onde ela está.”

(Fernando Pessoa)
“Entre aspas” – Fabrício Carpinejar
“O Diamante” – Luis Fernando Verissimo



Conheça as apostilas de literatura do blog Veredas da Língua. Clique em uma das imagens abaixo e saiba como adquiri-las.














ATENÇÃO: Além das apostilas, o aluno recebe também, GRATUITAMENTE, o programa em Powerpoint: 500 TEMAS DE REDAÇÃO

Nenhum comentário:

Postar um comentário