Agostinho
da Silva
-
Nasceu na cidade do Porto, em 1906, e faleceu em Lisboa, em 1994.
- Com
apenas 23 anos defendeu a sua tese de doutoramento, sendo aprovado com louvor.
- Foi
filósofo, poeta e professor. Lecionou em diversas universidades portuguesas.
-
Residiu no Brasil por 25 anos, entre 1944 e 1969.
- A
educação e a cultura foram os principais temas de seus livros e ensaios.
-
Entre os principais temas de sua poética figuram a religião, Deus, o
racionalismo, a filosofia, as contradições humanas, a liberdade.
Agostinho
da Silva se autodefiniu com a seguinte frase:
“Não sou um ortodoxo nem um
heterodoxo. Sou um paradoxo.”
"Do
que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca
pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os
erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os
acertos, se eles forem meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar a
mim não teríamos talvez dois corpos ou duas cabeças também distintas. Os meus
conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da
oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe
pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque
esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que
mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem."
(Agostinho da Silva, in "Cartas a um jovem filósofo")
Meu
Amor que Te Foste sem Te Ver
Meu
amor que te foste sem te ver
que de mim te perdeste sem te amar
quem sabe se outra vida tu vais ter
ou se tudo se perde sem voltar
ou se é dentro de mim que tem de haver
tanta força no meu imaginar
que o poeta que é Deus o vá reter
e te dê vida e faça regressar
para de novo o sonho desfazer
num contínuo surgir e retornar
ao nada que dá ser ao que é querer
ao fado que só dá para se dar
por tudo estou amor e merecer
o que venha para eu te relembrar
só adorando o nada pretender
só vogando nas águas de aceitar.
(Agostinho da Silva, in “Poemas”)
"Quiet moment". Michael e Inês Garmash |
que de mim te perdeste sem te amar
quem sabe se outra vida tu vais ter
ou se tudo se perde sem voltar
ou se é dentro de mim que tem de haver
tanta força no meu imaginar
que o poeta que é Deus o vá reter
e te dê vida e faça regressar
para de novo o sonho desfazer
num contínuo surgir e retornar
ao nada que dá ser ao que é querer
ao fado que só dá para se dar
por tudo estou amor e merecer
o que venha para eu te relembrar
só adorando o nada pretender
só vogando nas águas de aceitar.
(Agostinho da Silva, in “Poemas”)
Vida
Três
votos fará aquele
que não ser tolo decida
e venha deles primeiro
o de obediência à vida
será o segundo a vir
o de não querer ser rico
o muito passe de largo
o pouco lhe apure o bico
não violar-se a si próprio
como principal o veja
alto ou baixo gordo ou magro
assim nasceu assim seja.
(Agostinho da Silva, in “Poemas”)
que não ser tolo decida
e venha deles primeiro
o de obediência à vida
será o segundo a vir
o de não querer ser rico
o muito passe de largo
o pouco lhe apure o bico
não violar-se a si próprio
como principal o veja
alto ou baixo gordo ou magro
assim nasceu assim seja.
(Agostinho da Silva, in “Poemas”)
Sonho
Teria
passado a vida
atormentado e sozinho
se os sonhos me não viessem
mostrar qual é o caminho
umas vezes são de noite
outras em pleno de sol
com relâmpagos saltados
ou vagar de caracol
quem os manda não sei eu
se o nada que é tudo à vida
ou se eu os finjo a mim mesmo
para ser sem que decida.
(Agostinho da Silva, in “Poemas”)
atormentado e sozinho
se os sonhos me não viessem
mostrar qual é o caminho
umas vezes são de noite
outras em pleno de sol
com relâmpagos saltados
ou vagar de caracol
quem os manda não sei eu
se o nada que é tudo à vida
ou se eu os finjo a mim mesmo
para ser sem que decida.
(Agostinho da Silva, in “Poemas”)
A
quem faz pão ou poema
só se muda o jeito à mão
e não o tema.
só se muda o jeito à mão
e não o tema.
(Agostinho
da Silva)
Crente
é pouco sê-te Deus
e para o nada que é tudo
inventa caminhos teus.
e para o nada que é tudo
inventa caminhos teus.
(Agostinho
da Silva)
Fui
soldado no Brasil
marinheiro em Portugal
dos meses prefiro abril
aurora primaveril
de liberdade ideal
das festas vou por Natal
em que inocência infantil
triunfante vence o mal
e sempre em sonhos de anil
sempre em vagas de real
fui soldado no Brasil
marinheiro em Portugal.
marinheiro em Portugal
dos meses prefiro abril
aurora primaveril
de liberdade ideal
das festas vou por Natal
em que inocência infantil
triunfante vence o mal
e sempre em sonhos de anil
sempre em vagas de real
fui soldado no Brasil
marinheiro em Portugal.
O
que escrevo de versinho
e na verdade o que sinto
mas porque procuro a forma
de qualquer maneira minto
e na verdade o que sinto
mas porque procuro a forma
de qualquer maneira minto
o
que eu quero era poder
dar naquilo que escrevesse
de tal modo o que me sou
que a todos aprendesse
dar naquilo que escrevesse
de tal modo o que me sou
que a todos aprendesse
sem
os prender no entanto
deixando-os livres de ser
mas que sentissem então
o que eu fosse sem dizer
deixando-os livres de ser
mas que sentissem então
o que eu fosse sem dizer
ser
poema não poeta
é que vejo como um alvo
se o não for para que vivo
mas se for me vivo e salvo.
é que vejo como um alvo
se o não for para que vivo
mas se for me vivo e salvo.
(Agostinho
da Silva)
Vieram
com Lutero os vendilhões do templo – e o Sol se cobriu;
Vieram com os Césares os fumosde mandar – e o Sol se cobriu;
Vieram com Trento os autos-de-fé – e o Sol se cobriu;
e nunca mais Portugal foi luz.
Vieram com os Césares os fumosde mandar – e o Sol se cobriu;
Vieram com Trento os autos-de-fé – e o Sol se cobriu;
e nunca mais Portugal foi luz.
Porque,
porém, dobrou o joelho – eis aí a pergunta;
Porque é tão fácil, entregou o guerreiro a sua espada – eis aí a pergunta;
Porque foi tão fácil, renunciou o monge à sua alma– eis aí a pergunta;
a pergunta que, sem resposta, fez da Nação um luto.
Porque é tão fácil, entregou o guerreiro a sua espada – eis aí a pergunta;
Porque foi tão fácil, renunciou o monge à sua alma– eis aí a pergunta;
a pergunta que, sem resposta, fez da Nação um luto.
Inês
o sabe e não perdoa – que por ela pecaram os portugueses;
Fernando o o sabe e não perdoa – que por ele pecaram os portugueses;
África o sabe e não perdoa – que por ela pecaram os portugueses;
curva o remorso as frontes, abate a pena as mentes.
Fernando o o sabe e não perdoa – que por ele pecaram os portugueses;
África o sabe e não perdoa – que por ela pecaram os portugueses;
curva o remorso as frontes, abate a pena as mentes.
Só
pagará a dívida o que em mim for frade – num só claustro, o mundo;
Só pagará a dívida o que em mim for braço – de meu irmão ajuda;
Só pagará a dívida o que em mim for nada – perante um Deus que é Tudo;
como se Portugal inteiro em mim coubesse.
Só pagará a dívida o que em mim for braço – de meu irmão ajuda;
Só pagará a dívida o que em mim for nada – perante um Deus que é Tudo;
como se Portugal inteiro em mim coubesse.
(Agostinho
da Silva, in “Uns poemas de Agostinho”)
(Agostinho
da Silva)
“Toda a grande obra supõe um sacrifício; e no próprio sacrifício se encontra a mais bela e a mais valiosa das recompensas.”
(Agostinho da Silva)
Ação
Amizade
Jamais perdi um amigo
só a morte mo levou
e vivo o deu ao eterno
e vivo a mim o deixou.
(Agostinho da Silva)
(Agostinho da Silva)
“Não me interessa ser original: interessa-me ser verdadeiro.”
(Agostinho da Silva)
(Agostinho da Silva)
“De um modo geral, o filósofo só deve ter uma preocupação quanto a seu estilo: que ele seja tão exato como uma página de matemática; o que não quer dizer facilmente compreensível e claro: porque nada há de menos compreensível para o não-iniciado de que uma página de exata e compreensível matemática.”
(Agostinho da Silva)
(Agostinho da Silva)
(Agostinho da Silva)
(Agostinho da Silva)
“A mulher está muito perto da Natureza; há nela os mesmos encantos e os mesmos perigos.”
(Agostinho da Silva)
Ação
Na
tristeza dos triunfos
e na
alegria das dores
és
nada pelo que digas
só
vales pelo que fores.
(Agostinho
da Silva)
Jamais perdi um amigo
só a morte mo levou
e vivo o deu ao eterno
e vivo a mim o deixou.
(Agostinho da Silva)
“Escrevendo ou lendo nos unimos para além do tempo e do espaço, e os limitados braços se põem a abraçar o mundo; a riqueza de outros nos enriquece a nós. Leia.”
(Agostinho da Silva)
“Quem tem a consciência de que é alto e o afirma a si próprio e aos outros com orgulho, efetivamente não o é, porque nem sabe o que é ser alto; que noção poderá ter de altura o que só olha para baixo?”
(Agostinho da Silva)
“Tudo vence uma vontade obstinada, todos os obstáculos abate o homem que integrou na sua vida o fim a atingir e que está disposto a todos os sacrifícios para cumprir a missão que a si próprio se impôs.”
(Agostinho da Silva)
“É a posse mais terrível de todas, a escravatura mais completa, aquela que uma obra exerce sobre o seu criador. (...) Se você for um criador não dará a felicidade nem a si nem aos que estão imediatamente à sua volta.”
(Agostinho da Silva)
“O criador é uma espécie de monstro em que há o homem e o outro; quem desanima, quem se abate, quem chora é o homem: o outro, se é grande, até os desesperos utiliza. O essencial é que nunca o homem traia o artista, que a troco de uma felicidade que tanta gente tem se perca a obra que ninguém mais poderia realizar.”
"Life´s shaterred ones"-Henry Gerbault |
(Agostinho da Silva)
“Não me interessa ser original: interessa-me ser verdadeiro.”
(Agostinho da Silva)
“Por um lado, o artista furta o seu tema ao tempo, tornando-o acessível a todos em todos os momentos, por outro lado, salva-o ainda da corrente do tempo, na medida em que faz convergir num só instante o que foi beleza em instantes sucessivos.”
(Agostinho da Silva)
“De um modo geral, o filósofo só deve ter uma preocupação quanto a seu estilo: que ele seja tão exato como uma página de matemática; o que não quer dizer facilmente compreensível e claro: porque nada há de menos compreensível para o não-iniciado de que uma página de exata e compreensível matemática.”
(Agostinho da Silva)
“Temos, sobretudo, de aprender duas coisas: aprender o extraordinário que é o mundo e aprender a ser bastante largo por dentro, para o mundo todo poder entrar.”
(Agostinho da Silva)
"Se as pessoas me procuram não é por eu ser um gênio coisa nenhuma. Sou uma pessoa inteiramente normal. É por de repente verem do lado de fora dito aquilo que elas pensaram sempre do lado de dentro, e, por exemplo, os tais processos de educação aprenderam a reprimir.”
(Agostinho da Silva)
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Adorei a casualidade de encontrar este blogue sobro o Poeta-filósofo Agostinho da Silva.
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