Temas de Redação
- 1ª Fase – Unicamp – 2008
O
tema geral da prova da primeira fase é Saúde. A redação propõe três recortes
desse tema.
Propostas:
Cada
proposta apresenta um recorte temático a ser trabalhado de acordo com as
instruções específicas.
Escolha
uma das três propostas para a redação (dissertação, narração ou carta) e
assinale sua escolha no alto da página de resposta.
Coletânea:
A
coletânea é única e válida para as três propostas. Leia toda a coletânea e
selecione o que julgar pertinente para a realização da proposta escolhida.
Articule os elementos selecionados com sua experiência de leitura e reflexão. O
uso da coletânea é obrigatório.
ATENÇÃO
– sua redação será anulada se você desconsiderar a coletânea ou fugir ao
recorte temático ou não atender ao tipo de texto da proposta escolhida.
Apresentação
da Coletânea
Um
dos desafios do Estado é a promoção da saúde pública, que envolve o tratamento
e também a prevenção de doenças. Nas discussões sobre saúde pública, é
crescente a preocupação com medidas preventivas. Refletir sobre tais medidas
significa pensar a responsabilidade do Estado, sem desconsiderar, no entanto, o
papel da sociedade e
de cada indivíduo.
Coletânea
1)
O capítulo dedicado à saúde na Constituição Federal (1988) retrata o resultado
de todo o processo desenvolvido ao longo de duas décadas, criando o Sistema
Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de todos e dever do
Estado” (art. 196). A Constituição prevê o acesso universal e igualitário às
ações e serviços de saúde, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais.
(Adaptado
de “História do SUS” em www.portal.sespa.pa.gov.br, 20/08/2007.)
2)
Os grandes problemas contemporâneos de saúde pública exigem a atuação eficiente
do Estado que, visando à proteção da saúde da população, emprega tanto os
mecanismos de persuasão (informação, fomento), quanto os meios materiais
(execução de serviços) e as tradicionais medidas de polícia administrativa
(condicionamento e limitação
da liberdade individual). Exemplar na implementação de política pública é o
caso da dengue, que se expandiu e tem-se apresentado em algumas cidades
brasileiras na forma epidêmica clássica, com perspectiva de ocorrências
hemorrágicas de elevada letalidade. Um importante desafio no combate à dengue
tem sido o acesso aos ambientes particulares, pois os profissionais dos
serviços de controle encontram, muitas vezes, os imóveis fechados ou são
impedidos pelos proprietários de penetrarem nos recintos. Dada a grande
capacidade dispersiva do mosquito vetor, Aedes aegypti, todo o esforço de
controle pode ser comprometido caso os operadores de campo não tenham acesso às
habitações.
(Adaptado de Programa Nacional de Controle da Dengue. Brasília: Fundação
Nacional de Saúde, 2002.)
3)
Com 800 mil habitantes, o Rio de Janeiro era uma cidade perigosa. Espreitando a
vida dos cariocas estavam diversos tipos de doenças, bem como autoridades
capazes de promover sem qualquer cerimônia uma invasão de privacidade. A
capital da jovem República era uma vergonha para a nação. As políticas de
saneamento de Oswaldo Cruz mexeram com a vida de todo mundo. Sobretudo dos
pobres. A lei que tornou obrigatória a vacinação foi aprovada pelo governo em
31 de outubro de 1904; sua regulamentação exigia comprovantes de vacinação para
matrículas em escolas, empregos, viagens, hospedagens e casamentos. A reação
popular, conhecida como Revolta da Vacina, se distinguiu pelo trágico
desencontro de boas intenções: as de Oswaldo Cruz e as da população. Mas em
nenhum momento podemos acusar o povo de falta de clareza sobre o que acontecia
à sua volta. Ele tinha noção clara dos limites da ação do Estado.
(Adaptado de
José Murilo de Carvalho, “Abaixo a vacina!”. Revista Nossa História, ano 2, no.
13, novembro de 2004, p. 74.)
4)
Atribuir ao doente a culpa dos males que o afligem é procedimento tradicional
na história da humanidade. Na Idade Média, a sociedade considerava a hanseníase
um castigo de Deus para punir os ímpios. No século XIX, quando a tuberculose
adquiriu características epidêmicas, dizia-se que a enfermidade acometia
pessoas enfraquecidas pela vida devassa. Com a epidemia de Aids, a mesma
história: apenas os promíscuos adquiririam o HIV. Coube à ciência demonstrar
que são bactérias os agentes causadores de tuberculose e hanseníase, que a Aids
é transmitida por um vírus, e que esses microorganismos são alheios às virtudes
e fraquezas humanas. O mesmo preconceito se repete agora com a obesidade, até
aqui interpretada como condição patológica associada ao
pecado da gula. No entanto, a elucidação dos mecanismos de controle da fome e
da saciedade tem demonstrado que engordar ou emagrecer está longe de ser mera
questão de vontade.
(Adaptado de Dráuzio Varela, “O gordo e o magro”. Folha de
São Paulo, Ilustrada, 12/11/2005.)
5)
“Nós temos uma capacidade razoável de atuar na cura, recuperação da saúde e
reabilitação, mas uma capacidade reduzida no campo da promoção e prevenção”,
disse o então secretário e hoje ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O
objetivo do governo é aumentar a cobertura nas áreas de promoção da saúde e medicina
preventiva. Temporão afirma que as doenças cardiovasculares - como hipertensão
arterial e diabetes – são a principal causa de mortalidade, seguidas pelo
câncer. Em ambos os casos, “o controle de peso, tabagismo, ingestão de álcool,
sedentarismo e hábitos alimentares têm um papel extremamente importante”. Por
isso, quando o Ministério atua “na educação, informação, prevenção e promoção
da saúde, está evitando que muitas pessoas venham a adoecer”.
(Adaptado de
Alessandra Bastos, “Programas assistenciais podem ‘desfinanciar’ saúde” em
www.agenciabrasil.gov.br/notícias, 15/09/2006.)
6)
Apesar das inúmeras campanhas, estima-se que cerca de 30 milhões de brasileiros
sejam fumantes. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, mais de 70 mil mortes
por ano podem ser atribuídas ao cigarro. O SUS gasta quase R$ 200 milhões
anualmente apenas com casos de câncer relacionados ao tabagismo. Diante desse quadro,
a questão é saber se o cerco ao fumo deveria ser ainda mais radical do que tem
sido no Brasil. Ou seja, se medidas como a proibição das propagandas e a
colocação de imagens chocantes em maços de cigarro são suficientes para conter
o consumo.
(Adaptado de “O que você acha das campanhas contra o fumo?” em www.bbc.co.uk/portuguese/forum,
01/08/ 2002.)
7)
Um mundo com risco cada vez maior de surtos de doenças, epidemias, acidentes
industriais, desastres naturais e outras emergências que podem rapidamente
tornar-se uma ameaça à saúde pública global: é esse o cenário traçado pelo
relatório anual da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a OMS, desde
1967, terão sido identificadas mais trinta e nove novas doenças, além do HIV,
do Ebola, do Marburgo e da pneumonia atípica. Outras, como a malária e a
tuberculose, terão sofrido mutações e resistirão cada vez mais aos medicamentos.
“Estas ameaças tornaram-se um perigo muito grande para um mundo caracterizado
por grande mobilidade, interdependência econômica e interligação eletrônica. As
defesas tradicionais nas fronteiras nacionais não protegem das invasões de
doenças ou de seus portadores”, disse Margaret Chan, diretora geral da OMS. “A
saúde pública internacional é uma aspiração coletiva, mas também uma
responsabilidade mútua”, acrescentou. O relatório deixa recomendações aos
governos, entre as quais a implementação definitiva do regulamento sanitário
internacional e a promoção de campanhas de prevenção e simulação de surtos epidêmicos,
para garantir respostas rápidas e eficazes.
(Adaptado de “OMS prevê novas
ameças à saúde pública e pede prevenção global” em www.ultimahora.publico.clix.pt/sociedade,
23/08/ 2007.)
8)
9)
Na 48ª. sessão da Comissão de Narcóticos e Drogas da ONU, os EUA encabeçaram
uma ‘’coalizão’’ que rejeitou a proposta feita pelo Brasil de incluir os
programas de redução de danos no conceito de Saúde como um direito básico do
cidadão. A redução de danos é uma estratégia pragmática para lidar com usuários
de drogas injetáveis. Disponibiliza seringas descartáveis ou mesmo drogas de
forma controlada. Procura manter o viciado em contato com especialistas no
tratamento médico e tem o principal objetivo de conter o avanço da Aids no grupo
de risco, evitando o uso de agulhas infectadas. Apesar de soar contraditório à
primeira vista, o programa é um sucesso comprovado pela classe científica. O
Brasil é um dos países mais bem-sucedidos na estratégia, assim como a
Grã-Bretanha, o Canadá e a Austrália. O Ministério da Saúde brasileiro, por
exemplo, estima que os programas de redução de danos foram capazes de diminuir
em 49% os casos de Aids em usuários de drogas injetáveis entre 1993 e 2002. A
posição norte-americana reflete as políticas da Casa Branca, que se preocupou, por
exemplo, em retirar a palavra ‘’camisinha’’ de todos os sites do governo
federal. Essa mesma filosofia aloca recursos para organizações americanas de
combate à Aids que atuam fora dos EUA, pregando a abstinência e a fidelidade
como remédios fundamentais na prevenção da doença.
(Adaptado de Arthur Ituassu,
“EUA atacam programas de combate à AIDS”. Jornal do Brasil, 12/03/2005.)
PROPOSTAS DE REDAÇÃO
Proposta
A
Trabalhe
sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:
Segundo
o artigo 196 da Constituição, a saúde é direito de todos e dever do Estado,
devendo ser garantida mediante políticas públicas. Tal responsabilidade permite
ao Estado intervir no comportamento individual e coletivo com ações
preventivas, que podem gerar conflitos.
Instruções:
1-
Discuta os desafios que as ações preventivas lançam ao Estado na promoção da
saúde pública.
2-
Trabalhe seus argumentos no sentido de apontar as tensões geradas por essas
ações preventivas.
3-
Explore os argumentos de modo a justificar seu ponto de vista sobre tais
desafios e tensões.
Proposta
B
Trabalhe
sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
O
avanço da tecnologia e da ciência médica desmistifica muitos dos preconceitos
em torno das doenças. Entretanto, algumas delas, consideradas atualmente
problemas de saúde pública, como obesidade, alcoolismo, diabetes, AIDS, entre
outras, continuam a trazer dificuldades de auto-aceitação e de relacionamento
social.
Instruções:
1-
Imagine uma personagem que receba o diagnóstico de uma doença que é tema de
campanhas preventivas.
2-
Narre as dificuldades vividas pela personagem no convívio com a doença.
3-
Sua história pode ser narrada em primeira ou terceira pessoa.
Proposta
C
Trabalhe
sua carta a partir do seguinte recorte temático:
O
governo brasileiro tem promovido campanhas de alcance nacional, a fim de
combater o tabagismo, o uso de álcool e drogas, a proliferação da dengue, do
vírus da Aids e da gripe, entre outras doenças que comprometem a saúde pública.
Instruções:
1-
Escolha uma campanha promovida pelo Ministério da Saúde que, na sua opinião,
deva ser mantida.
2-
Argumente no sentido de apontar aspectos positivos da estratégia dessa
campanha.
3-
Dirija sua carta ao Ministro da Saúde, justificando a manutenção da campanha
escolhida.
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