PROVA
DE LÍNGUA PORTUGUESA – CONCURSO PÚBLICO – POLÍCIA FEDERAL – CARGO: PAPILOSCOPISTA (2004)
PROVA OBJETIVA
De
acordo com o comando a que cada um dos itens a seguir se refira, marque, na
folha de respostas, para cada item: o campo designado com o código C, caso
julgue o item CERTO; ou o campo designado com o código E, caso julgue o item
ERRADO.
Texto para os itens de 1 a 15
1 O filme
Central do Brasil, de Walter Salles, tem como
protagonista a professora aposentada Dora, que
ganha um dinheiro
extra escrevendo cartas para analfabetos na
Central do Brasil,
4 estação
ferroviária do Rio de Janeiro. Outra personagem é o menino
Josué, filho de Ana, que contrata os serviços
de Dora para escrever
cartas passionais para seu ex-marido, pai de
Josué. Logo após ter
7 contratado
a tarefa, Ana morre atropelada. Josué, sem ninguém a
recorrer na megalópole sem rosto, sob o jugo
do estado mínimo
(sem
proteção social), vê em Dora a única pessoa que poderá levá-lo
10 até seu pai,
no interior do sertão nordestino.
Dos
vários momentos emocionantes do filme, o mais
sensibilizante
é o encontro de Josué com os presumíveis irmãos que,
13 como o pai
elaborado em seus sonhos, são também marceneiros. A
câmera
faz uma panorâmica no interior do sertão para mostrar um
conjunto habitacional de casas populares
recém-construídas; em uma
16 das casas, os
moradores são os filhos do pai de Josué que, em sua
residência simples, acolhem para dormir
Josué e Dora. Os irmãos
dormem juntos e dividem a mesma cama.
Existe uma comunhão de
19 sentimentos
entre os irmãos: os que têm um teto para morar, têm
trabalho, dão amparo ao menino órfão sem
eira nem beira.
No filme, a grande questão do
analfabetismo está acoplada
22 a outro
desafio, que é a questão nordestina, ou seja, o atraso
econômico e social da região. Não basta
combater o analfabetismo,
que, por si só, necessitaria dos esforços
de, no mínimo, uma geração
25 de
brasileiros para ser debelado, pois, em 1996, o analfabetismo
da população de 15 anos e mais, no Brasil,
era de 13,03%,
representando um total de 13,9 milhões de
pessoas. Segundo a
28 UNESCO, o
Brasil chegaria ao ano 2000 em sétimo lugar entre os
países com maior número de analfabetos.
No Brasil, carecemos de políticas públicas
que atendam, de
31 forma
igualitária, a população, em especial aquelas voltadas para as
crianças, os idosos e as mulheres. A
permanência da questão
nordestina é um exemplo constante das
nossas desigualdades, do
34 desprezo à
vida e da falta de políticas públicas que atendam aos
anseios mínimos do povo trabalhador. Não
saber ler nem escrever,
no Brasil, é um elemento a mais na
desagregação dos indivíduos que
37 serão párias
permanentes em uma sociedade que se diz moderna e
globalizada, mas que é debilitada naquilo
que é mais premente ao
povo: alimentação, trabalho, saúde e
educação. Sem essas condições
40 básicas,
praticamente se nega o direito à cidadania da ampla maioria
da população brasileira.
Os ensinamentos que podemos tirar de Central
do Brasil
43 são que
devemos atacar a questão social de várias frentes, em
especial na educação de todos os
brasileiros, jovens e velhos; lutar
por políticas públicas de qualidade que
direcionem os investimentos
46 para promover
uma desconcentração regional e pessoal da renda
no país, propugnando por um novo modelo
econômico e social.
Ao garantir uma vida digna, a maioria da
população saberá, por
49 meio da
solidariedade de classe, responder às necessidades da
construção de uma sociedade mais justa. Central
do Brasil é um
exemplo vivo de que o Brasil tem rumo e
esperança.
(Salvatore Santagada. Zero Hora,
20/3/1999 - com adaptações)
A partir do texto ao lado, julgue
os itens a seguir.
1 – Depreende-se, pelo primeiro
parágrafo, que o texto faz parte de um relatório técnico, por meio do qual é dada
ao leitor a síntese do roteiro elaborado por Walter Salles.
2 – De acordo com o texto, o
filme Central do Brasil é perpassado por uma emocionante comunhão afetiva e um
elevado sentimento de solidariedade entre Dora e Josué, assim como entre este e
seus irmãos.
3 – O elemento de articulação “como”
expressa diferentes relações nas linhas 1 e 13, não podendo ser substituído,
nessas duas ocorrências, por porque.
4 – Na linha 3, uma vírgula pode
ser colocada após “extra”, sem que se firam o sentido do texto e as regras
gramaticais de pontuação.
5 – O segundo parágrafo do texto
é, predominantemente, descritivo, mas, a partir do terceiro parágrafo, o texto tem
caráter dissertativo, por apresentar argumentos que defendem o ponto de vista
do redator.
6 – Pela passagem do texto “o
mais sensibilizante é o encontro de Josué com os presumíveis irmãos que, como o
pai elaborado em seus sonhos, são também marceneiros” (R.11-13), deduz-se que
tanto os irmãos quanto a figura paterna são personagens imaginados pelo garoto.
7 – Com referência ao emprego do
sinal indicativo de crase, é correto substituir o período “No Brasil (...) as mulheres”
(R.30-32) pela seguinte construção: As políticas públicas devem auxiliar, de
forma igualitária, à população, em especial às crianças, aos idosos e às mulheres.
8 – Nas formas verbais
sublinhadas em “têm um teto para morar, têm trabalho” (R.19-20), distintamente
de “tem rumo e esperança” (R.51), foi empregado o acento circunflexo porque o verbo
ter está flexionado no plural.
9 – Os adjetivos “acoplada” (R.21),
“debelado” (R.25) e “debilitada” (R.38) significam no texto, respectivamente, ligada,
extinto e fraca.
10 – Está correta a pontuação e a
concordância na seguinte reescritura do trecho “em 1996 (...) de pessoas” (R.25-27):
em 1996, 13,03% da população de 15 anos e mais no Brasil, eram analfabetos, percentual
esse que representavam o total de 13,9 milhões de pessoas.
11 – No período simples “Segundo
a UNESCO, o Brasil chegaria ao ano 2000 em sétimo lugar entre os países com
maior número de analfabetos” (R.27-29), há uma única oração cujo sentido não se
altera com a seguinte reescritura: O Brasil, segundo a UNESCO, iria chegar em
sétimo lugar entre os países com maior número de analfabetos, no ano 2000.
Julgue as reescrituras apresentadas
nos itens a seguir quanto à grafia, à acentuação, à pontuação e à preservação
das idéias do último parágrafo do texto de referência.
12 – Podemos extrair de Central
do Brasil o ensinamento de que devemos atacar a questão social de várias
formas, especialmente educando todos os brasileiros, infantes, jovens e idosos.
13 – Lutar em favor de políticas
de qualidade pública, que direcionem os investimentos à promoção de uma desconcentração
da renda no País, propunando por um novo modelo econômico de benefício social,
regional e particular, é um dos ensinamentos que se pode tirar de Central do Brasil.
14 – Garantindo uma vida com
dignidade à maioria da população, todos saberão que, por intermédio da
solidariedade entre as classes trabalhadoras, responder-se-á as necessidades da
construção de uma sociedade mais justa.
15 – Central do Brasil é um
exemplo pulsante de que o Brasil tem rumo e esperança, desde que a maioria da
população, por meio da solidariedade de classe, ao garantir uma vida digna para
todos, saberá responder aos apelos no sentido da construção de uma sociedade
mais justa.
GABARITO OFICIAL
1 – E 2 – E 3 – C 4 – C 5 – C 6 – E 7 – E
8 – C 9 – C 10 – E 11 – C 12 – C 13
– E 14 – E 15 – E
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