UFBA
– 2003 – Prova de Redação
INSTRUÇÕES:
• Responda
à questão com caneta de tinta azul, de forma clara e legível.
• Caso
utilize letra de imprensa, destaque as iniciais maiúsculas.
• O
rascunho deve ser feito no local apropriado do Caderno de Questões.
• Na
Folha de Resposta, utilize apenas o espaço destinado à resposta.
• Será
anulada a Redação
− redigida
fora do tema;
− apresentada
em forma de verso;
− assinada
fora do cabeçalho da folha;
− escrita a lápis ou de forma ilegível.
Leia os textos a seguir e, a partir dos fatos,
opiniões, dados, reflexões e juízos de valor neles contidos, escreva uma
dissertação que discuta criticamente as relações do homem brasileiro com as
realidades urbana e rural, podendo apresentar outras informações que julgue
necessárias para apoiar o seu texto. Exponha suas idéias de forma clara,
coerente e em conformidade com o registro padrão da língua escrita.
Nos últimos dez anos, a população de
oito regiões metropolitanas (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória,
Porto Alegre, Curitiba, Recife e Salvador) saltou de 37 milhões para 42 milhões
de habitantes. Agora, o mais surpreendente: nesse período, a taxa de
crescimento das periferias dessas cidades foi de 30% contra 5% das regiões mais
ricas.
O surgimento da periferia é
decorrente de uma transformação profunda ocorrida no Brasil nas últimas
décadas, que é a urbanização. Quando o campo entrou em colapso por excesso de
gente e falta de oportunidades, começou uma intensa migração rumo às capitais
industrializadas. Em apenas duas décadas, 20 milhões de pessoas se mudaram em
busca dos confortos e das oportunidades que imaginavam desfrutar nas grandes
cidades. Foi um dos processos de urbanização mais acelerados e caóticos já
vistos no mundo. Em 1970, pela primeira vez, a população urbana superou a
rural. A migração não produziria grandes problemas se as cidades às quais as
periferias estão ligadas pudessem gerar riqueza suficiente para oferecer
condições de vida satisfatórias aos que chegam. O Brasil não conseguiu fazer
isso.
SECCO, Alexandre; SQUEFF, Larissa. A
explosão da periferia. VEJA, São Paulo, ed. 1684, ano 34, n. 3, p.
86-90, 24 jan.2001.
Nas últimas décadas, o grau de
urbanização no Brasil tem continuado a crescer, embora com novas
características espaciais, questões que também devem ser consideradas ao se
discutirem as perspectivas da moradia na atualidade.
Segundo os estudos recentes sobre
padrões de urbanização e demografia, com base no Censo de 1991, os anos oitenta
representam um momento de inflexão, detectando-se, em algumas das grandes
cidades brasileiras, indicações do que se denominou “desconcentração
metropolitana”, caracterizada pelo crescimento de população em cidades médias,
o que implica novas relações entre cidades de determinadas regiões. Assim,
visualiza-se, cada vez mais, um mercado urbano unificado e, ao mesmo tempo,
segmentado, com as cidades médias se qualificando como pólos de serviços
especializados, turísticos ou tecnológicos, e, portanto, locais preferenciais
de classes médias, enquanto que as grandes metrópoles continuariam atraindo um
fluxo crescente de pobres, com taxas de crescimento econômico menores do que as
de suas regiões. Para Milton Santos, essas novas relações detectadas no território
brasileiro indicam que o processo de metropolização deve prosseguir
paralelamente ao de desmetropolização. (...)
GORDILHO-SOUZA, Angela. Limites do habitar: segregação e exclusão
na configuração urbana contemporânea de Salvador e perspectivas no final do
século XX. Salvador: EDUFBA, 2000. p. 66.
ESTRADA
Esta
estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa
mais que uma avenida urbana.
Nas
cidades todas as pessoas se parecem.
Todo
o mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente.
Aqui,
não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada
criatura é única.
Até
os cães.
Estes
cães da roça parecem homens de negócios:
Andam
sempre preocupados.
E
quanta gente vem e vai!
E
tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro
a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.
Nem
falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que
a vida passa! que a vida passa!
E
que a mocidade vai acabar.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida
inteira. São Paulo: Círculo do Livro, [1995?]. p. 115.
Petrópolis, 1921
LAMENTO
SERTANEJO
Por
ser de lá
Do
sertão, lá do cerrado
Lá
do interior, do mato
Da
caatinga, do roçado
Eu
quase não saio
Eu
quase não tenho amigo
Eu
quase que não consigo
Ficar
na cidade
Sem
viver contrariado
Por
ser de lá
Na
certa, por isso mesmo
Não
gosto de cama mole
Não
sei comer sem torresmo
Eu
quase não falo
Eu
quase não sei de nada
Sou
como rês desgarrada
Nessa
multidão boiada
Caminhando a esmo
GIL, Gilberto; DOMINGUINHOS.
Gilberto Gil e as canções de Eu Tu
Eles. Salvador: WR; Rio de Janeiro:
Nas Nuvens, s.d. 1 compact disc.
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UFBA – 2002 – Prova de Redação
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