UFBA
– 2005 – Prova de Redação
INSTRUÇÕES:
• Responda à questão com caneta de tinta azul, de forma clara e
legível.
• Caso utilize letra de imprensa, destaque as iniciais maiúsculas.
• O rascunho deve ser feito no local apropriado do Caderno de
Questões.
• Na Folha de Resposta, utilize apenas o espaço destinado à resposta.
• Será anulada a Redação
− redigida fora do tema;
− apresentada em forma de verso;
− assinada fora do cabeçalho da folha;
− escrita a lápis ou de forma ilegível.
Leia os textos a seguir, que servirão de base para a sua Redação.
I.
O que você vai ser quando... o
mercado crescer?
O mercado de trabalho está mudando à
velocidade de vários gigahertz. Profissões antes inimaginadas não param de
surgir: na tela do designer de games, no telão do VJ, no escritório do advogado
eletrônico, na empresa do economista ambiental, onde quer que apareça uma nova necessidade.
O adolescente de hoje poderá se tornar especialista numa profissão que ainda
nem existe.
Os desbravadores das novas
atividades não têm alternativa a não ser se virarem sozinhos: o autodidatismo é
predicado dos pioneiros. Seus seguidores, no entanto, já podem e devem estudar.
Apesar da rapidez do ciclo que vai de uma idéia seminal à sua transformação em
ofício, as universidades [...] estão, cada vez mais, tentando não ficar para
trás.
Estabelecimentos de ensino apostam
na formação em assuntos que, há pouco tempo, interessariam apenas a jovens
obcecados por novas tecnologias. [...]
[...] O profissional do futuro deve
se preparar, ainda, para ser um especialista multidisciplinar. A contradição é
apenas aparente. Ele precisará conhecer sua área tanto quanto possuir uma
formação que lhe permita ter uma visão abrangente das diversidades da sociedade
contemporânea.
MENEZES, Cynara. O que você vai ser quando... o mercado crescer? Folha
de S. Paulo, São Paulo, 29 abr. 2003. Folha [Sinapse], n. 10, p. 10-12.
Fui a São Paulo, a convite do Grêmio
dos Politécnicos, bater um papo com os rapazes em sua Faculdade. Recusei-me a
fazer uma palestra, pois sou homem de língua emperrada; mas os motivos para a
minha ida, como me foram apresentados pelos futuros engenheiros paulistas, pareceram-me
bastante válidos, além de modestos. Têm eles que a carreira escolhida oferece o
perigo de canalizar o pensamento para problemas puramente tecnológicos, em
prejuízo de uma humanização mais vasta, tal como a que pode ser adquirida em
contato com o homem em geral e as artes em particular.
Há muito não me sentava diante de
tantos moços, com um microfone na mão, para lhes responder sobre o que desse e
viesse. –– “Quem sou eu –– perguntei-me, não sem uma certa amargura –– quem sou
eu, que não sei sequer consertar uma tomada elétrica, para arrogar-me o direito
de vir responder às perguntas destes jovens que amanhã estarão construindo
obras concretas e positivas para auxiliar o desenvolvimento deste louco país?”
Mas eles, aparentemente pensavam o contrário, pois puseram-se a bombardear-me
de perguntas que, falar verdade, não dependiam em nada de cálculos, senão de
experiência, bom-senso e um grão de poesia.
MORAES, Vinícius de. Para viver um grande amor. 7. ed. Rio de
Janeiro: Sabiá, 1962. p. 141.
III.
A arquitetura
como construir portas,
de abrir; ou
como construir o aberto;
construir,
não como ilhar e prender,
nem construir
como fechar secretos;
construir
portas abertas, em portas;
casas
exclusivamente portas e teto.
O arquiteto:
o que abre para o homem
(tudo se
sanearia desde casas abertas)
portas
por-onde, jamais portas-contra;
por onde,
livres: ar luz razão certa.
MELO NETO, João Cabral de. Fábula de um arquiteto. In: Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. único, p. 345-346. Organização Marly de
Oliveira.
IV.
Ou isto ou
aquilo
Ou se tem
chuva e não se tem sol
ou se tem sol
e não se tem chuva!
Ou se calça a
luva e não se põe o anel,
ou se põe o
anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos
ares não fica no chão,
quem fica no
chão não sobe nos ares.
É uma grande
pena que não se possa
estar ao
mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o
dinheiro e não compro o doce,
ou compro o
doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou
aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo
o dia inteiro!
Não sei se
brinco, não sei se estudo,
se saio
correndo ou fico tranqüilo.
Mas não
consegui entender ainda
qual é
melhor: se é isto ou aquilo.
MEIRELES, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro:
José Aguilar, 1972. p.734.
Tomando como ponto
de partida os textos apresentados –– que podem ser objeto tanto de
consentimento quanto de discordância –– escreva um texto argumentativo em que
você se posicione sobre a escolha da profissão dentro de uma perspectiva que
atenda às necessidades individuais do ser humano e às exigências da sociedade
contemporânea.
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UFBA – 2002 – Prova de Redação
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